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Tendo como ponto de partida a nossa categoria AE, devemos dizer que das obras analisadas, especificamente a (3), (4), (5) e (7) não apresentam os movimentos oscilatórios, o que achamos pertinente ressaltar, pois uma abordagem sobre esse tópico serviria de base para a compreensão posterior do movimento ondulatório. De maneira geral, nestas obras se faz referência a termos que são comuns aos dois movimentos, mas ainda assim, a forma de apresentação não nos parece clara e transparece a falta de rigor nas definições que são apresentadas. Ao falar de seqüências aceitáveis, a obra número (2) o livro de Máximo e Alvarenga trata como único movimento oscilatório o MHS, em uma seção no início do capítulo do movimento ondulatório. Similarmente acontece com a obra (6) o livro “Universo da Física”, de Sampaio e Calçada. Neles, são definidas grandezas e conceitos que serão vistos novamente no estudo do movimento ondulatório. Tais declarações possibilitam que exista uma melhor compreensão do conteúdo referente às ondas e conteúdos subseqüentes dentro do livro. Nesse mesmo sentido, devemos fazer uma crítica aos livros (2) e (6), pois em nenhum momento dentro da abordagem feita a este movimento se declara que o MHS constitui um modelo físico. Isto acontece na obra número (1), o livro de Física de Décimo grado, o qual não só se limita a este movimento, abordando outros movimentos vibratórios.

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CAPÍTULO 3: CONCLUSÕES.

Uma vez realizada a análise dos livros e exposto os resultados da mesma chegamos às considerações apresentadas a seguir, as quais são um reflexo da nossa interpretação da abordagem realizada nos LDs.

Tendo em conta a nossa categoria AE, podemos dizer que, percebemos que o tratamento feito ao movimento ondulatório é mais completo, nas obras 1, 2 e 6 as quais se dedicam inicialmente ao estudo dos movimentos oscilatórios. Sob esta mesma visão, durante a abordagem realizada, os autores apresentam a frequência como grandeza física fundamental. Os livros analisados colocam esta grandeza, em meio aos conceitos, fenômenos e princípios, acima de outras que epistemologicamente também contribuem para a melhor compreensão do tema.

No que diz respeito à categoria AH, abordagem histórica do tema, observamos que os LDs carecem deste tratamento no conteúdo analisado. De maneira geral as obras não promovem a reflexão sobre o desenvolvimento histórico destes saberes. Os LDs que assinalam elementos históricos mencionam simplesmente a vida e obra de algum cientista isolado, que tenha feito contribuições na área, desvinculando assim, o labor científico do contexto histórico no qual se desenvolve o saber. Desta maneira, nas obras analisadas, a reflexão sobre a influência do contexto histórico no labor científico não é discutido. Esta visão da ciência possibilitaria que o aluno não a visse como um caminho contínuo pelo qual transitam os cientistas lado a lado com o saber, mas como um percurso tortuoso, influenciado pelo contexto histórico no qual se desenvolve o conhecimento. Nesse sentido, a reflexão sobre o entorno histórico no qual se desenvolve a atividade científica deve possibilitar também que sejam eliminados preconceitos e idéias erradas ao redor deste tópico.

Com a análise feita através da categoria RFM conseguimos perceber, que um dos fatores que dificulta a visão da relação entre Física e Música pela sociedade em sua amplitude é a insuficiente discussão apresentada nos LDs a favor deste vínculo. Nesse sentido, os PCN fazem sugestões

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desde1996, as quais apontam para levar em conta no ensino de ciências, as ligações entre os diversos setores da vida do aluno, de forma que o aprendizado seja útil. Sendo assim, as competências, as informações, as habilidades e os valores desenvolvidos devem-se converter em instrumentos reais que propiciem não só a possibilidade da interpretação, percepção e satisfação, mas que o aluno possa julgar atuar e tomar uma determinada postura ante a interpretação dos eventos da natureza e em particular daqueles ligados ao som.

No que diz respeito à apresentação do conhecimento científico e sua relação com o cotidiano nos LDs de Física do PNLEM 2009, é válido mencionar que foi detectada através da categoria RC, existe contextualização do conhecimento nos temas de interesse para nossa pesquisa, embora a relação da Física e a Música não fique muito explícita. O caso em que não encontramos representada esta categoria, além da obra 7 a qual consideramos um caso especial, o constitui o livro 6, “Universo da Física” de Sampaio e Calçada.

Por outro lado, percebemos uma deficiência nos livros de Física do PNLEM 2009 e as proposições apresentadas pelos PCN 2000. Nesse sentido, nenhuma das obras motiva a reflexão sobre os problemas de poluição sonora, categoria PS, e sua influência na saúde humana. Não existe uma abordagem ambientalista que leve as pessoas a tomar partido da preservação do meio ambiente, no que diz respeito ao som. Dessa forma, é questionável que os livros de Física escolhidos para integrar o PNLEM 2009 não enfoquem de alguma maneira o tema das ondas vinculado a este problema, tendo em vista as ideias contemporâneas para o ensino de ciências apresentadas nos PCN 2000.

Esta pesquisa se propôs promover a reflexão sobre a relação da Física com a Música, a partir da apresentação dada aos conteúdos relativos ao Movimento Harmônico e Movimento Ondulatório, pelos autores dos LDs de Física do PNLEM 2009 e por sua vez, está pautada nas sugestões dos PCN para o ensino de ciências.

Vivemos um momento em que lidamos com música constantemente. Ela está espalhada por todos os lados e o acesso a ela é muito fácil devido à

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enorme variedade de meios de reprodução com os que contamos. Sendo assim pensamos que a discussão a favor da relação desta arte com a Física nas aulas de Física Acústica pode possibilitar uma melhor compreensão do mundo. De maneira que se potencialize um conhecimento mais contextualizado onde o ensino de Física tome novas dimensões e guarde coerência com a visão de ciência que se pretende hoje.

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