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5.1 Feirantes de hortaliças

5.1.3 Comercialização de hortaliças nas feiras livres

Os feirantes apresentaram longo período de experiência nas feiras livres (TAB. 20). A maior parte dos entrevistados possui mais de 7 anos de participação em feiras em todos os municípios. Chapada Gaúcha apresentou feirantes com menor tempo de participação em feira livres justificado por apresentar a feira com menor tempo de existência. O município de Itacarambi apresentou feirantes mais experientes, onde as maiores freqüências se enquadraram nas faixas de 13 a 18 e 25 a 30 anos. Semelhante à Itacarambi, os municípios de Januária e Manga apresentaram feirantes com bastante experiência no comércio em feiras livres, porém vale ressaltar que é expressiva nesses municípios as frequências de feirantes com pouco tempo de participação na feira livre, indicando que a feira livre está despertando interesse de novos agricultores em busca de complementação da renda familiar.

Tabela 20

Frequência relativa (%) de feirantes, em função do tempo de participação na feira nos municípios pesquisados. Montes Claros, 2011

intervalo de classes(anos)

MUNICÍPIOS CHAPADA

G. ITACARAMBI JANUÁRIA MANGA

01 - 06 29 0 33 37 07 - 12 71 13 0 12 13 - 18 0 37 0 13 19 - 24 0 13 44 13 25 - 30 0 37 23 25 Fonte: Do autor

Os feirantes pesquisados identificaram diferenças na comercialização durante o mês (TAB. 21). Na primeira quinzena do mês é o período de maiores vendas, coincidindo com o pagamento da população assalariada, aposentados e também com os programas de transferência de renda do governo. Segundo Ribeiro (2007), as aposentadorias conferem certo

dinamismo econômico às feiras do Vale do Jequitinhonha. Gera aumento da comercialização e proporciona segurança na cadeia produtiva dos agricultores promovendo assim estabilidade da renda das famílias rurais.

Tabela 21

Frequência relativa (%) de feirantes, em função da variação do volume de vendas durante o mês nos municípios pesquisados. Montes Claros, 2011

Municípios

Variação da comercialização Início do mês Não há Outros

Chapada G. 43 28 29

Itacarambi 88 12 0

Januária 63 25 12

Manga 50 50 0

Nota: Não significativo a 5% pelo teste Phi (p-valor=0,330; N = 32). Fonte: Do autor

Apesar de haver escalonamento da produção, com o objetivo de obter hortaliças prontas para comercialização todas as semanas, não há o planejamento do plantio, visando disponibilizar maior volume de hortaliças nos períodos de maior procura (TAB. 21). O indicativo dessa afirmação vem das respostas quanto à forma de decisão de quais espécies e da quantidade de produto irá levar para feira TAB. 22, ou seja, os agricultores verificam no dia anterior se as hortaliças estão no ponto de colheita, ou como eles próprios gostam de dizer, “o que está bom pra colher na época agente leva para feira”.

Tabela 22

Frequência relativa (%) de feirantes, em função da decisão de colheita nos municípios pesquisados. Montes Claros, 2011

Municípios Decisão Pelo ponto de colheita Experiência Chapada G. 85 15 Itacarambi 88 12 Januária 86 14 Manga 71 29

Nota: Não significativo a 5% pelo teste Phi (p-valor = 0,180; N = 32). Fonte: Do autor

A falta de planejamento tanto na produção como na comercialização gera um baixo aproveitamento dos períodos de boas vendas, por falta de produtos, e por outro lado, o desperdício, devido sobras geradas por produções incompatíveis com a procura de hortaliças em períodos de declínio econômico, durante o mês. Verifica-se que a maior parte dos feirantes (84%) apresenta sobras ao final da feira. Essa é uma característica normal por se tratar de produtos frágeis, porém pode estar potencializado por falta de planejamento (TAB. 23).

Há mercadorias altamente perecíveis, como o cheiro verde e hortaliças folhosas, que não podem ser guardadas para o dia seguinte. Outras têm um prazo de validade mais elástico, podendo ser estocadas por mais tempo, sem perder as suas propriedades.

Tabela 23

Frequência relativa (%) de feirantes, em função da ocorrência de sobras ao final das feiras nos municípios pesquisados. Montes Claros, 2011

Municípios Ocorrência de sobras Sim Não Chapada G. 85 15 Itacarambi 88 12 Januária 75 25 Manga 88 12

Nota: Não significativo a 5% pelo teste Phi (p-valor=0,150; N = 32) Fonte: Do autor

.

Observa-se que o principal destino das sobras é a alimentação animal juntamente com a doação para pessoas menos afortunadas (TAB. 24). Conforme Coêlho (2009), jogar no lixo, dar para pessoas necessitadas e/ou para animais são destinos relacionados aos feirantes de hortifrutigranjeiros. Juntar e fazer pacotes, é uma estratégia adotada pelos feirantes de especiarias e hortifrutigranjeiros, no sentido de aproveitar produtos que ainda estão bons, mas não têm tanta saída como outros, vendendo por um preço mais acessível.

Tabela 24

Frequência relativa (%) de feirantes, em função do destino das sobras de hortaliças e dos municípios pesquisados. Montes Claros, 2011 Destino das

sobras

MUNICÍPIOS Chapada

Gaúcha Itacarambi Januária Manga Alimentação animal 29 63 0 29 Doação 42 12 50 29 Consumo 0 0 12 42 Outros 29 25 38 0 Fonte: Do autor

Na tabela TAB. 25, estão expostas as principais dificuldades enfrentadas pelos feirantes na comercialização de hortaliças nas feiras livres dos municípios pesquisados. Os municípios de Chapada Gaúcha, Itacarambi e Januária foram agrupados, por apresentarem caracteristica semelhante, quanto a essa variável e inversa ao município de Manga. Nas cidades de Chapada Gaúcha, Itacarambi e Manga os feirantes declaram não enfrentar dificuldades na comercialização de hortaliças. No município de Manga, a maior parte dos feirantes relatarou dificuldade no comércio.

Tabela 25

Frequência relativa (%) de feirantes, em função da existência de dificuldade de comercializar as hortaliças e dos municípios pesquisados. Montes Claros,

2011

Municípios

Dificuldade para

comercializar¹ Tipo de dificuldade² Sim Não Concorrência Transporte Chapada G./

Itacarambi/ Januária

38 62 76 24

Manga 73 27 70 30

Nota: ¹Significativo a 5% pelo teste Fisher (p-valor = 0,033; N = 56)

²Não significativo a 5% pelo teste Phi (p-valor = 0,078; N = 23). Fonte: Do autor

O principal problema com relação à comercialização vem da concorrência com os revendedores de hortaliças compradas em CEASA. Apesar de não ter sido mensurado nesta pesquisa, é nítida a maior proporção desse tipo de feirante no municipio de Manga. No caso de Campinas-SP, os varejões, supermercados e hipermercados estão contribuindo para um movimento cada vez menor nas feiras livres (GASQUES, 2000). Ressalte-se que vem aumentando a preferência dos consumidores por compras de frutas, verduras e legumes em supermercados (SESSO FILHO, 2001). Grande parte dessa preferência se deve às

comodidades como estacionamento, limpeza, entre outros, fator importante principalmente em grandes cidades, apesar desse comércio ainda apresentar a impessoalidade no atendimento impossibilitando a barganha de preços. Em Campinas-SP a presença de estacionamento é considerada como ponto positivo para a maioria dos entrevistados e a falta desse nas feiras livres é um ponto negativo (FONSECA; AZEVEDO; SALAY, 1999).

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