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4.1 Significação das Evidências: a Formação Discursiva

4.1.6 Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania

Após os posicionamentos das Comissões de Economia, Indústria, Comércio e Turismo, e de Finanças e Tributação, é a vez da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania manifestar-se formalmente sobre a constitucionalidade do Projeto de Lei nº 3.741/2000 em vinte e seis de outubro de 2007. Segundo o Deputado eleito por Minas Gerais, pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Carlos Willian, Advogado, Especialista em Gestão Pública, Relator do projeto, nada há em prejuízo na constituição do Projeto de Lei.

Além de considerar todo o processo até então, também contou com um quadro comparativo comentado das propostas de mudanças na lei elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e do interesse pela aprovação da matéria por parte do governo federal em razão de recurso do Banco do Brasil, que se antecipara às alterações.

Seu fundamento está centrado em dois efeitos oriundos das mudanças. O primeiro refere-se à diminuição dos riscos da desinformação que impedem investimentos, visto que os riscos refletem nos preços que, por sua vez, aumentam os custos totais. Já o segundo considera o fato de que será experimentada uma evolução da economia nacional de forma sustentável.

O relatório foi aprovado por unanimidade pelos membros da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania em oito de novembro de 2007. Em onze de dezembro de 2007, a apenas dezessete dias de sua promulgação, a redação final do Projeto de Lei é remetida ao Senador Efraim Morais, Primeiro-Secretário do Senado Federal, pelo Deputado Osmar Serraglio, Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados Federais.

A única manifestação do Senado Federal dá-se em um parecer assinado pelo Senador do PSDB, eleito pelo Pará, Flexa Ribeiro, Engenheiro Civil, ex-diretor da Confederação Nacional da Indústria, em dezoito de dezembro 2007. Sua análise buscou evidenciar, ainda que sinteticamente, apenas o mérito do projeto quanto à constitucionalidade, injuridicidade e adequação. Destacou o alto grau de legitimidade do processo de elaboração da proposta, repisando a sua função para o fortalecimento do mercado de capitais nacional a partir da implementação de princípios, regras e padrões de contabilidade e auditoria reconhecidos internacionalmente, com vistas à transparência e à qualidade das informações disponíveis. Em seu voto, manifesta-se pela aprovação.

Em vinte e um de dezembro de 2007 o Primeiro-Secretário do Senado Federal encaminha para o Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados o oficio nº 1.990 que informa o encaminhamento do Projeto de Lei para a sanção do Presidente da República, visto que no Senado não houve alteração no texto produzido pelos Deputados. Tal publicação consolida uma tramitação de apenas dez dias no Senado onde, oficialmente, consta apenas o breve relatório já mencionado, sugerindo uma aprovação referendada por maioria em privilégio de um interesse maior.

No dia vinte e oito de dezembro de 2007, último dia útil do ano e na mesma data de publicação da Lei nº 11.638/2007, é remetido ao Primeiro-Secretário do Senado Federal pela então Ministra de Estado Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, uma sanção presidencial, com veto parcial ao artigo 181 que trata dos resultados de exercícios futuros.

O veto, oficializado pela mensagem nº 1.045, também de vinte e oito de dezembro de 2007, foi encaminhado ao Presidente do Senado Federal, Garibaldi Alves Filho, pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A justificativa para o veto está centrada na contrariedade do referido artigo ao interesse público, visto que a redação apresentada determinava o reconhecimento apenas no futuro, quando integrassem o resultado da companhia, dos resultados não realizados,

decorrentes de operações efetuadas entre as sociedades controladoras, controladas ou sob controle comum e, ainda, das receitas não realizadas decorrentes de doações e subvenções para investimentos.

Segundo o Presidente da República, a redação é falha por não especificar o que são resultados não realizados, dispensar o confronto de receitas e despesas para contabilização em resultados futuros, gerando a inobservância do regime de competência, ferindo, assim, o princípio da entidade em relação à apuração do resultado e a consequente tributação pelas pessoas jurídicas, bem como a tempestividade necessária a ambos.

A principal razão para o veto apresentado está resumida ao final da mensagem, onde consta que uma vez reconhecido o resultado das empresas relacionadas “na rubrica de resultados de exercícios futuros, causaria um diferimento da tributação, pois a realização das receitas ocorreria no momento em que fossem efetuadas operações com outras empresas”, causando prejuízos ao controle dos efeitos tributários, em especial se a controlada ou controladora for domiciliada no exterior.

Com esta alteração, em vinte e oito de dezembro de 2007 fechava-se o ciclo de discussões do Projeto de Lei nº 3.741, originado em janeiro de 2000. Porém, mesmo após a sua publicação, ainda ocorreram alguns procedimentos burocráticos para atender o rito processual sobre o veto do Presidente. Em oito de fevereiro de 2008 o Presidente do Senado remeteu ofício nº 17/2008-CN para o Presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, comunicando e solicitando a indicação de três membros do Congresso Nacional e mais um membro para composição de uma Comissão Mista responsável pelo relato do veto.

Atendendo à solicitação, o Presidente do Senado designa para a Comissão Mista os Deputados Carlos Willian, Vignatti e Armando Monteiro, todos já atuantes no projeto em suas comissões, e o Deputado Abelardo Camarinha do Partido Social Brasileiro (PSB) de São Paulo. Apenas em seis de maio de 2009 o Presidente do Senado, José Sarney, comunica ao Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, a ocorrência da sessão que manteve o veto presidencial.

O resumo temporal da tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal podem ser verificadas, respectivamente, na integra, nos Anexos A e B deste estudo.