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Publicação de um documento único alterado no seguimento da aprovação de uma alteração menor nos termos do artigo 53.o, n.o 2, segundo parágrafo, do Regulamento (UE) n.o 1151/2012

(2019/C 215/04)

A Comissão Europeia aprovou o pedido de alteração menor nos termos do artigo 6.o, n.o 2, terceiro parágrafo, do

Regulamento Delegado (UE) n.o 664/2014 da Comissão, de 18 de dezembro de 2013.

O pedido de aprovação desta alteração menor pode consultar-se na base de dados DOOR da Comissão. DOCUMENTO ÚNICO «ΦΑΒΑ ΣΑΝΤΟΡΙΝΗΣ» (FAVA SANTORINIS) N.o UE: PDO-GR-00520-AM01 — 16.5.2018 DOP ( X ) IGP ( ) 1. Nome(s) «Φάβα Σαντορίνης» (Fava Santorinis) 2. Estado-Membro ou país terceiro

Grécia

3. Descrição do produto agrícola ou género alimentício 3.1. Tipo de produto

Classe 1.6. Frutas, produtos hortícolas e cereais não transformados ou transformados 3.2. Descrição do produto correspondente ao nome indicado no ponto 1

Cotilédone seco, descascado e partido, da planta Lathyrus clymenum L. (família das Fabáceas), de cor amarelada, forma circular achatada, com cerca de 2 mm de diâmetro e teor máximo de humidade de 13 %. Além do teor especialmente elevado de proteínas, apresenta alto teor de hidratos de carbono. Dadas as suas características físico-químicas, a «Fava Santorinis» é muito fácil de cozinhar (exige muito pouco tempo de cozedura), o que lhe confere, bem como aos pratos em que é usada, características organoléticas únicas, como textura macia e leve e sabor ligeiramente doce.

3.3. Alimentos para animais (unicamente para os produtos de origem animal) e matérias-primas (unicamente para os produtos

transformados)

3.4. Etapas específicas da produção que devem decorrer na zona geográfica delimitada

As qualidades específicas da «Fava Santorinis» formam-se nas seguintes etapas da produção: cultura de Lathyrus

clymenum L. (leguminosa), envelhecimento (secagem) das sementes, remoção das cascas e acondicionamento. Todas estas fases ocorrem obrigatoriamente na área delimitada, na medida em que o caráter específico do produto é determinado pelos parâmetros ambientais e culturais distintivos e pelo processo de secagem (utilização dos terre­ nos de Santorini). O maior risco de alteração das qualidades da «Fava Santorinis» reside numa alteração destes parâmetros.

3.5. Regras específicas relativas à fatiagem, ralagem, acondicionamento, etc., do produto ao qual se refere o nome registado O processo de acondicionamento realiza-se obrigatoriamente na área delimitada, como forma de garantir a quali­ dade e o controlo da origem do produto final. Depois de descascado e escolhido, o frágil produto final tem de ser imediata, rápida e adequadamente acondicionado para evitar que absorva humidade. O acondicionamento do pro­ duto fora de Santorini implica o seu transporte a granel por via marítima e, consequentemente, elevado risco de absorção de humidade e de contaminação por parasitas e doenças pós-colheita suscetíveis de deteriorar a sua qualidade.

3.6. Regras específicas relativas à rotulagem do produto ao qual se refere o nome registado

4. Delimitação concisa da área geográfica

A área geográfica de produção da «Fava Santorinis» abrange as ilhas de Tira, Terásia, Velha Caméni e Nova Caméni, Áspro (Aspronisi), Cristiana e Ascânia, do nomós (divisão administrativa) das Cíclades, região do Egeu Meridional, na República Helénica.

5. Relação com a área geográfica 5.1. Especificidade da área geográfica

a) Clima: considera-se que os dados climáticos seguidamente referidos influenciam diretamente a qualidade da «Fava Santorinis»:

1) Teor médio anual de humidade relativa do ar: 71 %; 2) Pluviosidade total anual: 370 mm;

3) Vento norte dominante durante todo o ano; 4) Temperatura média anual: 17,5 °C;

5) Exposição solar: 202 dias/ano; 6) Ausência praticamente total de geada.

b) Solo: o material de base do solo vulcânico de praticamente toda a ilha consiste em depósitos do terciário, de pedra-pomes e lava. Os solos são profundos, apresentando raras ravinas e encostas suaves. Em geral, o solo apresenta estrutura fina e ausência dos nutrientes inorgânicos básicos como o potássio ou o azoto, sendo tam­ bém extremamente pobre em matéria orgânica. Por último, os recursos hídricos do solo são mínimos ou mesmo inexistentes.

5.2. Especificidade do produto

A principal característica da «Fava Santorinis» reside no tipo diferente de planta utilizada na produção, ou seja, o Lathyrus clymenum L. (família das Fabáceas). A planta é cultivada unicamente na área delimitada, exclusivamente para a produção de «Fava Santorinis».

As qualidades especiais do produto devem-se à sua origem única, que o distingue de produtos idênticos. Salienta-se, nomeadamente:

Características físicas: a «Fava Santorinis» é constituída por pedaços de cotilédones das sementes, de cor amarelo-clara, forma circular achatada de 2 mm de diâmetro, com teor máximo de humidade de 13 % e entre 1 % e 5 % de cotilédones partidos, consoante o processo de produção.

Características químicas: devido às condições edafoclimáticas e ao tipo de planta, a «Fava Santorinis» contém ele­ vado teor de glícidos (63 %) e de proteínas (20 %).

Convém igualmente notar que a sua utilização na preparação de alimentos lhes confere características organoléticas especiais que os distinguem de outros pratos de leguminosas, contribuindo para o grande renome da «Fava Santori­ nis». As suas características mais típicas são:

Textura suave e leve: resultado da pequena dimensão e da homogeneidade dos cotilédones, associados ao elevado teor de glícidos.

Durabilidade do produto: devido ao elevado grau de secagem e de descontaminação das sementes.

Facilidade de cozedura: as pequenas dimensões e a homogeneidade dos cotilédones, associados ao elevado teor de glícidos, contribuem para a rapidez de cozedura e a reduzida quantidade de água necessária.

Sabor: a presença de açúcar no tecido vegetal contribui para o sabor do produto, caracterizado por ser ligeiramente doce, contrariamente a produtos semelhantes, caracterizados por um ligeiro amargor.

5.3. Relação causal entre a área geográfica e uma determinada qualidade, a reputação ou outras características do produto

O conjunto de particularidades da «Fava Santorinis», expresso nas suas características físicas e químicas e nas carac­ terísticas organoléticas dos pratos com ela cozinhados, é o resultado da combinação de fatores ambientais, do saber-fazer local e dos seus substratos genéticos únicos.

A cultura de Lathyrus clymenum L., da família das Fabáceas, data de tempos antigos, tal como o reconhecimento das suas características específicas. É por esta razão que a «Fava Santorinis» é tão apreciada em comparação com outros produtos análogos.

a) Qualidade: o desenvolvimento das qualidades especiais da «Fava Santorinis» reside, tal como referido anterior­ mente, na combinação de três fatores. Descreve-se seguidamente, de forma sucinta, a influência de cada um deles:

Material genético: a «Fava Santorinis» (Lathyrus clymenum L., leguminosa da família das Fabáceas) é exclusiva­ mente cultivada em Santorini e nas pequenas ilhas que a rodeiam, desde a Antiguidade. Tal deve-se às condições edafoclimáticas particulares prevalecentes nestas ilhas, que dificultam ou impossibilitam o cultivo de outras vari­ edades utilizadas para produção de leguminosas. Os últimos grãos recolhidos na eira eram armazenados à parte, para utilização na sementeira do ano seguinte. Esta prática está na origem, há mais de 3 500 anos, do cultivo desta variedade distinta de leguminosa local, utilizada exclusivamente para a produção da famosa «Fava Santorinis».

À Lathyrus clymenum L. devem-se as suas propriedades físicas, ligadas à expressão fenotípica específica das prin­ cipais características taxonómicas da «Fava Santorinis», de que se destacam o tamanho e a cor dos cotilédones. A composição química específica dos cotilédones constitui outra característica de qualidade geneticamente controlada.

Saber-fazer: o saber-fazer local é importante não só para o cultivo exclusivo da planta Lathyrus clymenum L., mas também para o tratamento das sementes, e a ele se deve o baixo teor de humidade e a pequena quantidade de cotilédones partidos.

Entre as práticas de cultivo específicas, adaptadas ao ambiente local, citam-se a sementeira, a colheita e a debu­ lha, bem como a escolha do material de reprodução a utilizar na plantação do ano seguinte, garantes da conti­ nuidade da cultura.

Dois elementos são particularmente importantes na relação da «Fava Santorini» com o ambiente da ilha, decor­ rente do saber-fazer específico desenvolvido no que respeita ao envelhecimento das sementes. Por um lado, a utilização do solo de Santorini e, por outro, os silos subterrâneos para conservação e armazenagem das sementes, consoante os casos. Este procedimento protege-as de ataques de insetos e contribui para que adquira o grau de dureza que evita que se parta durante a transformação. Atualmente, com as instalações e câmaras de envelhecimento modernas disponíveis, o envelhecimento pode igualmente realizar-se em instalações especiais com condições de humidade e temperatura controladas, ou em secadores, utilizando-se recipientes de armaze­ nagem fabricados com materiais de qualidade alimentar modernos. Assim, o tempo de envelhecimento pode ser reduzido para apenas três meses. No entanto, o produto final deve ter o teor máximo de humidade de 13 % característico da «Fava Santorinis».

b) Ambiente: a relação com o ambiente prende-se com o cultivo da Lathyrus clymenum L., o desenvolvimento de propriedades quantitativas como os componentes químicos dos cotilédones e os fatores únicos de produção como o solo de Santorini.

A escolha da variedade Lathyrus clymenum L. e a modelagem dos métodos de cultivo foi determinada pelos fato­ res que caracterizam o ambiente, como os ventos fortes, a escassez de água e a pobreza do solo. O desenvolvi­ mento rasteiro da planta ajuda-a a proteger-se do vento forte e a sua adaptação à seca permite-lhe sobreviver em condições praticamente desérticas. Além disso, a sua capacidade de fixação do azoto atmosférico permite-lhe compensar a ausência de nutrientes básicos. O indicador característico da maior da adaptação da cultura ao ambiente de Santorini reside na sua sobrevivência após a erupção vulcânica.

Por último, a escassez de recursos hídricos é responsável pelo elevado teor de açúcar, o qual permite à planta aumentar a retenção de água através de fenómenos osmóticos.

c) Reputação: a presença da «Fava Santorinis» na área delimitada está documentada desde o século XVI a.C., como atestam os achados arqueológicos datados da última época da Idade do Bronze encontrados durante as escava­ ções do Povoado Ocidental, em Acrotíri, que identificaram restos de sementes de Lathyrus clymenum L.

Além disso, o nome «fava» aparece em documentos escritos pela primeira vez entre os séculos VI e V a.C., em excertos de uma tragédia perdida de Ésquilo, sendo o termo utilizado para transmitir a ideia de prato dos pobres.

A primeira ligação entre o termo «fava» e o alimento deve-se a Dioscórides (séc. II), o qual se refere à «fava» como o nome latino para as favas (Vicia faba L.), a leguminosa mais comummente usada na preparação do prato.

No século VI é referida, por Cirilo de Citópolis, a utilização de «pisaria»), ou seja, de pequenas vagens, para a preparação da «fava», estabelecendo pela primeira vez a relação, num documento literário, entre o termo «arakisko» do grego antigo com a produção da «fava».

A «fava», enquanto um dos produtos tradicionais de Santorini, surge como a quarta cultura mais importante da ilha num registo de inventário de 1850, sendo igualmente referida a sua elevada qualidade em 1914, por Gená­ dio, que reconhece a «vagem» como o vegetal utilizado para produção da «Fava Santorinis». Esta relação surge em inúmeras fontes do século XX, mas é só em 1943, através de Rechinger, que se identifica a planta local como Lathyrus clymenum L.

A identificação da designação tradicional local «arakas» com a planta Lathyrus clymenum L. dá-se já no século XXI, quando, no quadro da preparação deste processo, foram enviadas amostras da planta ao Laboratório de Botânica da Universidade de Agronomia de Atenas, onde foi reconhecida como Lathyrus clymenum L.

Assim, foi possível concluir que a «Fava Santorinis» é cultivada ininterruptamente na área identificada há mais de 3 600 anos.

Referência à publicação do caderno de especificações

(Artigo 6.o, n.o 1, segundo parágrafo, do presente regulamento)

ISSN 1725-2482 (edição em papel)

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