• Nenhum resultado encontrado

Memorial-Vivencial

COMO DESTRUIR UM SONHO EM 10 PASSOS

(MARIA TERESA DE ARRUDA CAMPOS, 21/fev/2003)

1. VALORIZE A INICIATIVA. MOSTRE QUE O QUE ELA FAZ É MUITO MELHOR DO QUE O QUE VOCÊ FAZ. DEIXE SEUS IDEALIZADORES COM O EGO SATISFEITO, CONFIANTES NO QUE PRODUZIRAM ATÉ AQUELE MOMENTO.

2. FALE DA GLOBALIZAÇÃO. MOSTRE TABELAS E GRÁFICOS QUE APONTAM PARA A NECESSIDADE DE ESTAR INTEGRADO PARA PODER SOBREVIVER. DEIXE CLARO QUE A ÚNICA MANEIRA DE CONTINUAR FAZENDO TANTAS COISAS BOAS É UNIR-SE A UMA EMPRESA MAIOR.

3. SEJA PONTUAL NOS PRIMEIROS MESES. PAGUE O CONTRATO FIRMADO COM ALEGRIA E DEMONSTRE SATISFAÇÃO, RECONHECENDO PUBLICAMENTE A UNIÃO DAS EMPRESAS E O QUANTO AMBAS ESTÃO GANHANDO COM ISSO.

4. ABANDONE SUAS FUNÇÕES NA EMPRESA DEIXANDO A CONDUÇÃO DO

NEGÓCIO POR CONTA DAQUELE SÓCIO QUE NÃO ESTAVA CONVENCIDO DA UNIÃO POR CERTO RECEIO EM PERDER SEU ESPAÇO.

5. DESVIE TALENTOS E RECURSOS DA INSTITUIÇÃO PARA CAUSAS PESSOAIS, TORNANDO A EMPRESA DEVEDORA E SEM POSSIBILIDADE DE APRESENTAR UM BOM TRABALHO PARA SEUS CLIENTES.

6. LEVE PARENTES QUE NÃO SÃO ADMINISTRADORES PARA TRABALHAR NA

EMPRESA, MAS QUE CANTAM COM SE FOSSEM.

7. ORIENTE ESTES PARENTES PARA QUE SEJAM INTRASIGENTES COM TODOS OS PARTICIPANTES DA EMPRESA: OS USUÁRIOS, OS FUNCIONÁRIOS, OS PRESTADORES DOS MAIS DIFERENTES SERVIÇOS, NÃO DANDO ESPAÇO PARA QUE POSSAM TRABALHAR COMO FAZIAM ANTIGAMENTE NAS SUAS EMPRESAS DE ORIGEM. 8. ATRASE PAGAMENTOS DE SALÁRIOS, IMPOSTOS, TAXAS, FORNECEDORES, ATÉ DAS EMPRESAS QUE VOCÊ COMPROU E PROPOSITALMENTE NÃO TRANSFERIU PARA SEU NOME.

9. CRIE PROBLEMAS ATÉ COM AQUELES QUE LHE FORAM FIÉIS JOGANDO A CULPA TODA EM CIMA DAS EMPRESAS QUE VOCÊ COMPROU E ILUDIU.

10. VENDA A EMPRESA QUE TODOS PENSAVAM QUE FOSSE UMA SÓ, MAS QUE SÃO VÁRIAS PORQUE NÃO FORAM DEVIDAMENTE TRANSFERIDAS PARA VOCÊ, E DIGA SIMPLESMENTE: O PROBLEMA NÃO É MAIS MEU.

No final de 1999, me despedi do Colégio Anglo. Fiquei muito triste com o que aconteceu, mas precisei acionar juridicamente minha própria escola. Isso me desencadeou problemas de saúde, uma úlcera de esôfago que retratou claramente que não engoli o que aconteceu.

Em abril de 1999 eu e os adolescentes do Projeto Semente resolvemos fundar uma ONG para que levássemos para fora dos muros do Colégio aquilo que ali fazíamos. Fundamos o Centro de Voluntariado de Rio Claro e contamos com o apoio do Conselho da Comunidade Solidária com uma ajuda de R$ 20.000,00 para compra dos primeiros equipamentos.

De lá para cá, temos trabalhado na comunidade com diferentes projetos, mas na sua grande maioria com projetos de/para/com a juventude. Temas como saúde (sexualidade, Aids, DSTs, Drogas, PSF), educação (capacitação de professores para o trabalho com adolescentes), cultura de paz (formação de Grêmios Estudantis, participação juvenil), drogas, relações entre gêneros, têm sido pauta dos projetos que temos desenvolvido em parcerias com o Ministério da Saúde (Coordenação nacional de DST/ AIDS, área de saúde do adolescente e jovem e Secretaria Estadual de Saúde), Ministério da Justiça (Secretaria de Direitos Humanos e Programa Paz nas Escolas), Ministério do Desenvolvimento Social (Programa agente jovem), Ministério da Cultura ( Ponto de Cultura e Projetos com a Lei Rouanet), BNDES. Cada um deles daria um livro e por falar em livro os três anos do Projeto “A Paz também é a gente que faz” estão registrados em dois livros.

Participei do Conselho Municipal de Educação de Rio Claro e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e embora reconheça a necessidade da participação e do controle da sociedade nos conselhos, descobri que não tenho vocação para esta nobre tarefa. Pouco ajudei e ainda arrumei confusão, pois não consigo aceitar que a burocracia impeça a transformação social. A burocracia tem que ajudar e nunca atrapalhar. Infelizmente não é essa a realidade.

O relógio rouba de mim Impiedosamente

O tempo Vejo-o passar por mim

Sem ter o que fazer Sem conseguir contê-lo

Os ponteiros a correr Tudo por fazer O tempo a passar

Fugindo de mim Sem me avisar

No momento me vejo uma produtora, uma escritora: tenho sido chamada para trabalhar escrevendo o conteúdo de cursos à distância, materiais educativos para o Ministério da Saúde, projetos sociais para empresas, enfim parece que registrar, colocar no papel, fazer a prova, têm sido minha sina nestes últimos anos. Acho que isso me motivou a voltar para a Universidade. Escrever tem sido minha prática mais presente e quanto mais escrevo, mais vejo que alguns ciclos se fecham, outros se abrem e que o movimento me apresenta o novo, que o novo me desafia para a vida, que a vida me convida para agir, que agir me chama para pensar, que pensar me leva a criar, que criar me dá prazer, que o prazer me traz outro novo, que o novo...

Vida

Oh vida leve Me leve De leve

Mas me leve, bem leve

Esse novo sempre presente, que me desafia a todo instante, vejo estampado na adolescência, e me pergunto: seria por isso que ela me captura? Seria esta a razão ou uma das razões de não nos bastarmos, de estarmos, em tantos momentos, tecidas uma na outra? Ousar, inventar, olhar para o que está aparecendo sem ter uma resposta pronta, pasteurizada, cristalizada. Assim tenho sido chamada a viver: pensar as adolescências, multiplicidades

(im)possíveis, jogo de esconde-esconde com as verdades postas, que me mobiliza e me leva para a janela para olhar outras paisagens que podem se apresentar, que podem variar a depender do sol, da chuva, da árvore que cresce, do animal que passa, das pessoas que respeitam ou modificam, do meu novo processo a cada vez que me aproximo ou me afasto delas. Sem a pretensão de ser advogada de “uma adolescência”, venho, com o que o agora me brinda, olhar para as muitas possibilidades desse viver e propor que desconstruamos o igual para descobrirmos que o plural faz a diferença que colore a vida.

Ao escrever este memorial pude olhar para mim, viver-revivendo algumas marcas do tempo, precisando selecionar qual delas eu deixaria escapar, olhando para cada uma como aquela florista que não despreza nenhuma flor, apenas opta por aquelas que melhor poderiam compor um buquê, o meu buquê...

Parei diante do espelho Fiquei olhando para aquela outra Dei a palavra para aquela que habita em mim

“- Vai, sim a vida vai Deixa para trás a sombra de muitos mais Há sempre algo novo a desvendar Deixe-se nua Revele seus medos Roça seu rosto ao meu Lembre-se Não és de alguém Nem de ti também” Minhas muitas em mim não me deixam

Cuidam para que eu não titubeie Me acarinham como cuidado Olho no espelho e me despeço ... outra em mim virá

ANEXO 2

RELATO E AVALIAÇÃO DO 8º. ENCONTRO