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De acordo com a Lei das Sociedades Anônimas (Lei n.º 6.404/76), as sociedades anônimas têm a obrigatoriedade de destinar, no mínimo, 25% dos resultados aos seus investidores (BRASIL, 2019b). A administração da empresa deve propor a destinação dos dividendos e demais resultados na data da confecção do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), além de apresentar tais cálculos à assembleia para a tomada de decisões e a aprovação dos membros.

Conforme Verbiski (2019), de acordo com o artigo 997 do Código Civil, a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas é cláusula obrigatória, no entanto, na maioria dos casos a participação deste é proporcional as respectivas quotas.

O artigo 1.007 do Código Civil corrobora com esse entendimento ao dispor a seguinte redação:

Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas,

na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas (BRASIL, 2019c).

Embora o estatuto ou contrato social possa estabelecer a distribuição de lucros de maneira desigual para os sócios, é importante salientar que não terá validade a cláusula que exclua qualquer sócio dessa distribuição.

Quanto às limitadas, o Código Civil Brasileiro estipula que o sócio participará dos lucros e perdas na proporção de suas quotas, porém a mesma norma permite que haja a estipulação da não distribuição dos ganhos no contrato ou estatuto social da companhia. Nele, deve estipular previamente, toda a destinação dos lucros, detalhando se haverá retenção total ou parcial dos proveitos para constituir reservas, a fim de reforçar o capital de giro, entre outras destinações.

Conforme, Nascimento (2017), a periodicidade da distribuição dos lucros e dividendos é de livre determinação no estatuto social da empresa e pode ser mensal, trimestral, semestral ou anual. A escolha dos prazos independe do regime de tributação e do porte da companhia.

Nascimento (2017) acrescenta que a principal exigência legal para que haja a distribuição é a regularidade da contabilidade. A escrituração do lucro efetivamente gerado pelo empreendimento deve ser precisa e de acordo com as normas contábeis. A empresa deve possuir recursos para quitar o valor a ser distribuído. A porcentagem de cada sócio prevalecente é a registrada no estatuto ou contrato social, porém recomenda-se que a distribuição seja proporcional à participação de cada um deles, pois a divisão organizada não provoca falta no capital de giro (quantia destinada a dar continuidade ao negócio), auxiliando no progresso econômico da companhia. Não haverá distribuição de lucros ou dividendos se a empresa tiver débitos de tributos federais vencidos, portanto estar de acordo com as normas fiscais também constitui uma exigência para o ato. Além disso, existem algumas regalias caso a empresa se mantenha regular ao fisco, como a não incidência de contribuições previdenciárias ou imposto de renda sobre os dividendos.

Diante dessas considerações vemos que apenas o sócio pode se beneficiar por direito da distribuição de lucros, no entanto é também imprescindível se atentar as condições

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especificadas no estatuto ou contrato social, pois é possível que haja distribuição desproporcional, como também, observar se a empresa está adimplente com as obrigações tributárias.

4 PLANEJAMENTO NA DISTRIBUIÇÃO DE LUCRO

O art. 725 do Decreto 9580/2018, determina que:

Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido, arbitrado, Simples Nacional e Microempreendedor Individual à pessoa física ou jurídica domiciliada no país ou no exterior, não estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte (BRASIL, 2018a).

4.1 Da isenção do imposto sobre a renda sobre valores pagos a titular ou sócio

O art. 145 da Resolução CGSN nº 140/18 considera isentos do imposto sobre a renda na fonte e na declaração de ajuste do beneficiário os valores efetivamente pagos ou distribuídos ao titular ou sócio da ME ou da EPP optante pelo Simples Nacional e o Microempreendedor Individual, desde que não correspondem a pró-labore, aluguéis ou serviços prestados. Para tanto, caso mantenha escrituração contábil não poderá evidenciar lucro superior ao limite, ou seja, superior a receita bruta do período, e, obviamente, deve ser suportado pelo saldo de caixa existente (BRASIL, 2018b). A isenção fica limitada ao valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta mensal, no caso de antecipação de fonte, ou sobre a receita bruta total anual, no caso de declaração de ajuste, subtraído do valor do IRPJ devido no âmbito do Simples Nacional no período (BRASIL, 2019d).

4.2 Lucros e dividendos pagos ou creditados por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido e arbitrado

O art. 27 da IN/RFB nº 1.397/13, determina que as pessoas jurídicas tributadas no lucro presumido ou arbitrado poderão distribuir lucros de forma que não incida o Imposto de Renda na Fonte nos seguintes limites: o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; e se excedente a esse valor base, a parcelados lucros ou dividendos (BRASIL, 2013). Caso a empresa demonstre por meio de

escrituração contábil fiscal, que o lucro obtido com observância dos métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007 é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Desta forma, a pessoa jurídica que dispuser de contabilidade completa poderá distribuir, sem a incidência da retenção do Imposto de Renda, o lucro evidenciado contabilmente mesmo que superior ao cálculo fiscal.

Conforme o item I do artigo 27 da IN/RFB nº 1.397/13, a metodologia do cálculo para apuração dos lucros e dividendos a distribuir, vem como no lucro presumido para apuração do IR a pagar (BRASIL, 2013). E essa metodologia do cálculo está prevista no artigo 15 da Lei 9.249/95, que determina que a base de cálculo, em cada mês, será mediante a aplicação de um percentual sobre a receita bruta auferida mensalmente, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 (BRASIL, 2019d). Esse percentual poderá ser de 8% (comércio), 1,6% (revenda de combustível), 16% (serviços de transporte) e 32% (prestação de serviços em geral) dependendo da atividade prestada pela empresa.

4.2.1 Estudo de Caso 1

Admitamos que uma empresa tributada pelo lucro presumido, sem contabilidade completa, cuja atividade é a venda de apartamentos, obteve de receita bruta no ano-calendário de 2017 o valor de R$ 850.000,00 (oitocentos e cinquenta mil reais). Qual será o valor que pode ser distribuído aos sócios?

Quadro 1 – Simulação pelo Lucro Presumido sem contabilidade completa RECEITA BRUTA RECEBIDA - ANO 2017 R$ 850.000,00

LUCRO PRESUMIDO CSLL (12%) R$ 102.000,00 LUCRO PRESUMIDO IRPJ (8%) R$ 68.000,00