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2 – COMO INSPIRAR CONFIANÇA ÀS DONZELAS

ma vez que o casamento tenha tido lugar, os esposos devem dormir no chão durante três noites, permanecerem castos e tomar bebidas sem melaço nem sal. Nos sete dias seguintes, devem banhar-se acompanhados por música e cantos de bom presságio, dedicando-se à limpeza pessoal. Devem comer juntos. Devem ir a festas e assistir a espetácu- los e dar graças às famílias; isto vale para todas as classes sociais.

Durante todo o período, à noite, sozinho, o homem deve dirigir-se à sua esposa com atenção e muita sensibilidade. A jovem verá que ele está lá, sem dizer uma palavra, quieto, sensível e atento. Isto dizem os discípulos de Babhravya. Vâtsyâyana aconselha ficar junto da mulher para inspirar-lhe confiança, mas recomenda não transgredir-lhe a castidade.

O homem, quando se aproxima da mulher, tem que proceder de modo a não forçar nada. Co- mo as mulheres têm a mesma natureza que uma flor, devemos enfrentá-las com a maior deli- cadeza. Se, ao contrário, o homem são souber conquistar sua confiança estas odiarão a relação matrimonial. Por isso, é preciso tratá-las com extrema doçura.

Quando, porém, mesmo com pedidos de desculpa, o homem nota que pode, deve seguir adi- ante.

Abrace-a como ela gosta, ou seja, sem insistir por muito tempo, começando pela parte superi- or do seu corpo, já que é uma parte menos delicada; se a mulher já não é mais tão jovem ou se já existe certa intimidade entre o casal, deve ser feito à luz de velas, caso contrário, deve ser feito às escuras.

Versão em português: Alexandre Prado (da versão em espanhol) Página 56

Uma vez que ela consinta em ser abraçada, ele deve dar-lhe betel à boca; se ela não aceita, o homem deve convidá-la a beber com palavras doces, súplicas, e pedidos a seus pés. Por mais tímida que seja, ou por mais enfadada que esteja, nenhuma mulher resiste a um homem que se ponha prostrado a seus pés; e isto vale para todas as mulheres. Aproveitando a ocasião de ofe- recer-lhe betel, dá-lhe um beijo terno, suave, sem ultrapassar os limites. Uma vez convencida, leve-a com uma boa conversa. Para ouvi-la dizer alguma coisa, faça-a uma pergunta qualquer, fingindo não saber a resposta e ela poderá lhe responder com poucas palavras. Se ela perma- necer em silêncio, repita-lhe várias vezes a pergunta, amavelmente, sem assustá-la. Ghotaka- mukha diz que as donzelas costumam ficar ouvindo de bom grado os pensamentos de um ho- mem, sem dizer uma só palavra.

Depois de muito insistir, ela replicará movendo a cabeça; para ouvi-la dizer algo, pergunte: “queres-me ou não me queres?” Pensará bastante sobre esta pergunta. Se seguir insistindo, sinalizará que sim com a cabeça. Mas cuidado, se insistir demais poderá torná-la rebelde em virtude da pressão.

Se já há alguma familiaridade, faça intervir uma amiga bem intencionada e de confiança para ambos e a convide a que conte uma história (a sua história de amor). Ela vai rir com a cabeça abaixada; mais tarde a amiga discutirá o assunto com ela. Então, a amiga, em tom de piada, deve atribuir-lhe algumas afirmações que ela nunca fez; então ela negará veementemente a amiga e, ao insistir para que ela responda, ficará em silêncio. Após alguma insistência, pro- nunciará palavras confusas, evasivas e pouco claras, tais como “eu não falo essas coisas...”; e rindo, de vez em quando, olhará para o homem furtivamente. É uma forma de iniciar um diá- logo.

Quando, por este caminho, já tiver conquistado alguma confiança da mulher, sem dizer uma palavra porá, perto dela, os objetos pedidos: betel, unguento, uma grinalda. Ao fazer este ges- to, roce-lhe os seios, tenros como botões, com o arranhão “crepitante”. Se você parar e ela pedir para que você a abrace, imponha esta condição: “abraça-me também tu, e eu não faço mais isso”. Então, deixe que sua mão resvale, várias vezes, até o umbigo dela, e logo a retire; e com muita suavidade, coloque-a sentada sobre seus joelhos, indo mais e mais longe. Mas ela não deve se assustar. “Vou deixar seus lábios marcados e seus seios arranhados e eu contarei às suas amigas que você também me deixou assim. O que você diria disso?” Essas intimida- ções infantis são formas de se ganhar a confiança e ela, a pouco e pouco, irá cedendo.

A segunda e a terceira noites, quando ela já estiver mais confiante, toque-a, e depois decida-se por beijar seu corpo inteiro. Coloque as mãos em suas coxas e, pouco a pouco, tente acariciar- lhe a virilha. Se for impedido, repreenda-a, dizendo: “que mal há nisso?” e continue acarici- ando-a. Uma vez convencida, ouse até as áreas mais íntimas, afrouxe seu cinto, desate o nó da

Versão em português: Alexandre Prado (da versão em espanhol) Página 57

sua saia acariciando novamente sua virilha. Peça para ela para segurar e acariciar o seu pênis e brincar com ele. Mas você ainda não pode romper com o seu voto de castidade.

Em seguida lhe ensine o amor. Mostre-lhe como é agradável a sensação do prazer. Descreva- lhe os desejos, as sensações, os sentimentos. Prometa-lhe que, no futuro, você estará sempre pronto a lhe ajudar e tire-lhe da cabeça o temor de outras esposas; inclusive, lhe diga que esse temor é infundado, que isso é coisa de menina, que vai amá-la e desejá-la sempre. Isso é uma forma de inspirar confiança.

Sobre esse assunto, eis algumas estrofes:

Ele ganha a donzela com estratagemas,