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Como realizam os alunos do 2.º ano tarefas investigativas na aprendizagem do tema

CAPÍTULO 5 CONCLUSÃO

5.2. Conclusões do estudo

5.2.1. Como realizam os alunos do 2.º ano tarefas investigativas na aprendizagem do tema

Para conseguir responder a esta questão foi implementado uma tarefa investigativa que percorreu as etapas do método estatístico, onde os alunos escolheram um tema a investigar, redigiram as questões de investigação, elaboraram os instrumentos de recolha de dados, recolheram os dados, organizaram e interpretaram os dados e por fim apresentaram os resultados obtidos. Na definição do tema e das questões de investigação, os alunos ao refletirem sobre que questões iriam investigar, desenvolveram o seu pensamento matemático e aprenderam a linguagem e o método estatístico. Ao permitir que fossem os alunos a definir as questões a investigar, pretendi favorecer o desenvolvimento de capacidades no âmbito da formulação de questões e da tomada de decisões. O NCTM (2007) afirma que os alunos mais novos gostam de fazer questões mais relacionadas com o seu meio, mais simples para efetuarem a recolha de dados, pois assim é mais fácil encontrar respostas para as suas

questões. Como aconteceu com a escolha dos temas a investigar pelos três grupos, onde tinham de escolher temas diferentes para cada grupo. O grupo G1 foi o grupo mais audaz pois optou por escolher um tema que havia estudado no primeiro período – alimentação saudável. Já os restantes grupos, G2 e G3, optaram por temas recentemente estudados, os animais e as plantas.

Batanero e Diaz (2004) afirmam que as investigações podem ser começadas sem terem as perguntas de investigação claramente definidas, cabendo ao professor ajudar os alunos a passar de um tema para uma pergunta que possa ser respondida. Na redação das suas questões de investigação, o grupo G1 e G2 foram autónomos e rapidamente entenderam a forma de as redigir. Já os alunos do grupo G3 optaram por elaborarem questões similares às do grupo G2, uma vez que os temas são muito próximos. Através destas atividades, os alunos conseguiram compreender as primeiras fases do método estatístico, a definição do problema e a importância de uma planificação no processo da sua resolução.

Na preparação da recolha de dados, os alunos tiveram de encontrar o método adequado para fazerem a recolha dos dados e elaborar o instrumento. Os alunos analisaram um texto onde se demonstrava a aplicação de dois métodos possíveis de recolha de dados — o inquérito por questionário e a entrevista —, tendo estes optado pelo inquérito por questionário por lhes parecer mais fácil pois assim não tinham de falar com tanta gente e escrever tudo aquilo que eles respondessem. Quando decidiram o método a aplicar, iniciaram a sua elaboração. Esta fase foi bastante complicada para os alunos pois inicialmente achavam que teriam de questionar os conhecimentos dos seus colegas e não saber a sua opinião sobre o tema em estudo. Isto deveu- se ao facto de os alunos possuírem pouco contato com este tipo de recolha de informação (dados). Segurado e Ponte (1998) afirmam que a pouca atenção dada à formulação de questões, à interpretação e à validação dos seus instrumentos contribui para criar nos alunos uma visão empobrecida do modo de trabalhar e aprender nesta disciplina. Para que esta adversidade fosse superada houve necessidade de analisar cada uma das questões dos questionários em conjunto com os grupos para que percebessem que o mais importante era a opinião sobre cada tema que cada aluno tinha e não o conhecimento que estes já tinham sobre cada temática. Existiu a necessidade de verificar as diferentes opções de resposta que cada pergunta permitia, uma vez que inicialmente os grupos não contemplavam as opções “Nenhuma” ou “Outra”.

Após a elaboração dos questionários, cada grupo validou o seu instrumento de recolha de dados analisando cada questão em conjunto com os restantes grupos e fazendo as alterações que achassem mais pertinentes de forma a melhorar. No entanto, na elaboração do instrumento de recolha dos dados mostraram-se empenhados, envolvidos e ligados à tarefa que desenvolviam escolhendo eles próprios aquilo que se ia contar (NCTM, 1998). Carvalho (2004) refere que a escolha de uma atividade e o modo como os alunos a realizam é determinante para a qualidade do seu desempenho.

Na organização dos dados, os alunos sentiram necessidade de agrupar e organizar as respostas obtidas nos questionários. Inicialmente, os alunos optaram por contar só as respostas dadas em cada uma das questões para cada opção, mas cedo se aperceberam que perdiam informação. Assim, decidiram elaborar tabelas para cada questão que lhes permitisse colocar o número de respostas que obtiveram em cada opção de resposta. Os alunos criaram tabelas de frequências absolutas, termo que ainda não lhes tinha sido fornecido. Esta etapa foi bastante morosa, devido ao número de inquéritos por questionário respondidos. Carvalho (2004) diz que para que haja sucesso nestas atividades é necessário que os alunos interpretem e compreendam a informação com que trabalham, ato este que pode ser ultrapassado com a utilização das novas tecnologias na sala de aula. Após terem todas as tabelas de frequências absolutas feitas no caderno diário, os alunos recorreram aos seus computadores para criarem os gráficos de barras. Atendendo à novidade do recurso, sentiram dificuldades na utilização da Folha de Cálculo, tendo sido a primeira vez que a utilizaram, o que se repercutiu na utilização do mesmo tipo de gráfico sem explorarem as diferentes possibilidades desta ferramenta.

Na análise e interpretação de dados, os alunos após a representação dos dados em gráficos de barras, elaboraram cartazes sobre o seu tema de trabalho e redigiram uma análise sucinta, limitando-se a apresentar os limites máximos que cada resposta obtinha, havendo uma necessidade de voltar a analisar os gráficos. Após esta reanálise, os alunos do grupo G1 já conseguiram fazer inferências relativamente aos hábitos alimentares dos inquiridos. O grupo G2 conseguiu estabelecer algumas comparações entre o género, o ano escolar e a preferência dos inquiridos. Já o grupo G3 não conseguiu fazer inferências limitando-se a identificar só o número de respostas obtidas em cada opção de resposta.

Com a realização desta experiência de ensino vamos de encontro à opinião da NCTM (1991) e Carvalho (2003) que referem que os alunos do 1.º ciclo devem aprender estatística através de um processo investigativo, com base na colocação de questões, recolha, organização

e apresentação de dados, não esquecendo a interpretação do seu significado. No entanto, se os alunos não identificarem este tipo de trabalho como relevante para a sua aprendizagem, podem assumir uma atitude de rejeição, como afirma Segurado e Ponte (1998). Algo que foi evidenciado nos elementos do grupo G3, porque na maioria das tomadas de decisão, na construção de instrumentos ou na análise dos dados, estes alunos tentavam imitar o trabalho do grupo G2. Demonstrando, assim, que o nível de desenvolvimento dos alunos parece ter implicações na forma como estes se envolvem nas atividades desencadeadas por tarefas de estrutura aberta (Ponte, 2005), uma vez que este grupo era composto pelos alunos mais novos da turma.

5.2.2. Que atitudes, capacidades e conhecimentos desenvolvem os alunos do 2.º