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CAPÍTULO 3 – HISTÓRIAS DE VIDA

3.3 Características da tradicionalidade

3.3.4. Como trabalham?

As famílias trabalham na lida na roça, plantando na terra e colhendo o que é produzido. A EMATER/Manga presta assistência nas dez comunidades assistidas pelo INCRA, auxiliando e dando suporte nas questões agrícolas e implantando projetos que beneficiam as comunidades, melhorando a qualidade das colheitas e conscientizando os moradores a produzir e consumir produtos de maneira sustentável. Plantam em suas terras para autoconsumo, se alimentam do que colhem e uma parte da produção é comercializada no Mercado Municipal de Manga, onde compram as mercadorias que não produzem na própria terra e vendem as mercadorias que plantam. As plantações de mandioca servem para se alimentarem,

fazer farinha, beiju. A farinha é produzida em quantidade suficiente para estocar e consumir por um amplo período de tempo. Plantam nas suas propriedades de tudo um pouco, hortaliças, frutas, verduras, milho, feijão, mandioca.

A cachaça feita no município de Manga é produto de boa qualidade, tipo exportação, porém a comunidade não produz mais a cachaça em grande quantidade. Existia uma fábrica de cachaça, um projeto do Governo Estadual, mas atualmente encontra-se abandonada, sem funcionar a algum tempo.

Figura 28: Fabrica de rapadura e cachaça abandonada. Fonte: Arquivo pessoal, julho, 2012.

A fábrica de rapadura e cachaça esta desativada. A cachaça produzida na fabrica era tipo exportação. Segundo os moradores da comunidade, encontra-se abandonada por falta de mão de obra para trabalhar, pois os jovens foram embora da comunidade em busca de uma vida melhor nas grandes capitais do país.

Acreditamos que outro fator que pode ter contribuído para o fechamento da fábrica, pode ter sido o alto consumo da bebida que existia na comunidade, bem como a vinda da Congregação Cristã no Brasil, Igreja Evangélica, que surgiu na comunidade, contribuindo para solucionar o problema do alcoolismo. O exemplo do Senhor Jovino e do Senhor Cândido, sujeitos participantes da pesquisa, comprovam esse fato. Eles eram católicos e tinham problemas com a bebida, até chegar a Igreja

Evangélica e coincidentemente ocorrer o fechamento da fábrica de cachaça. Esses dois fatores: Igreja evangélica e fechamento da fábrica de cachaça tiveram forte influência na questão da diminuição do índice de alcoolismo na comunidade.

Existe na comunidade um Centro Comunitário de Produção e Resfriamento de leite, conseguido por meio de projeto do Governo Estadual, que ajuda a atingir a temperatura ideal e a conservar o leite por um período maior, auxiliando na sua comercialização, porém também não está funcionando, está desativado.

Figura 29: Centro Comunitário de Produção Resfriamento de Leite –

Justa I.

Fonte: Arquivo pessoal, julho, 2012.

A figura acima mostra o Centro Comunitário de Produção de Resfriamento de leite da comunidade, que também não esta em funcionamento. É preciso atentar para os reais motivos do não funcionamento tanto da fabrica de rapadura e cachaça, como para o Centro comunitário de Resfriamento de leite. São projetos que beneficiam a comunidade e merecem uma atenção especial.

Essa é uma realidade que merece especial atenção: o fato de dois grandes projetos governamentais terem sido desativados. Quais os motivos para isso? Estariam os moradores realmente envolvidos na consecução desses empreendimentos, ou foram propostas criadas “de cima para baixo”, desconsiderando o interesse e as demandas concretas da comunidade? Conforme afirma a pesquisadora Valéria Oliveira de Vasconcelos (2010), é preciso atentar para projetos que representam formas paliativas de enfrentamento da realidade social,

descontextualizados e sem significado para as pessoas envolvidas. Com o fracasso da proposta, mais uma vez a comunidade pode ser culpabilizada e tida como “acomodada” e “desinteressada”. Por isso a importância da construção conjunta de ações comunitárias empreendedoras.

Com relação ao escoamento da produção, antigamente as mercadorias eram transportadas em carros de boi, cavalos, burros. Com o passar dos anos, esse transporte passou a ser feito em veículos particulares ou fretados, ônibus que vai e volta para Manga uma vez por dia, no trator que a comunidade possui, aquisição conseguida com verba do Governo Federal, que além de fazer o serviço de aragem da terra, transporta os moradores para Manga, que pagam uma pequena taxa, dividida entre eles para colocar o combustível e muitas vezes os próprios compradores buscam as mercadorias negociadas nas propriedades, facilitando e muito a vida dos produtores quilombolas.

Figura 30: Trator da comunidade - Veículo particular. Fonte: Arquivo pessoal, julho, 2012.

Esses são alguns dos meios de transporte utilizado pelos moradores da comunidade, o trator os leva para Manga, dividem o valor do combustível, vão também em veículos particulares, alguns moradores possuem. Andam a cavalo para

ir até a cidade. E passam duas linhas de ônibus diariamente atendendo às comunidades rurais.

A terra é um dos elementos fundamentais para os povos que vivem no e do campo, encontra-se intimamente ligada a suas raízes, faz parte de suas histórias de vida. É o espaço onde essa população vive, trabalha, reúnem suas histórias de vida, suas alegrias, tristezas, lutas, conquistas. A terra é um elo que une o presente, o passado e o futuro dos povos campesinos.

Figura 31: A terra castigada pela seca que assola a região norte-mineira. Fonte: Arquivo pessoal, Julho, 2012.

Na foto acima percebemos como a seca castiga a região norte-mineira. Com a falta da chuva, as regiões do Norte de Minas, enfrentam muitos problemas e sofrem na pele com a falta d’água, por longos períodos de estiagem.

Por meio do diálogo, através do processo de coletivização das ideias, das ações, compartilham suas escolhas e decisões em prol do bem estar de todos, sempre trabalhando na terra, em busca de uma vida mais digna e de qualidade para a comunidade.

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