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5 RESULTADOS 6 

5.5 Propriedades físico-mecânicas e microestruturais dos

5.5.4 Compósitos de feixes de malva 82 

A análise de variância da influência da modificação química dos feixes de malva nos compósitos foi significativa para as propriedades de MOEf, MOR

e I (Anexo A). A Tabela 12 representa os resultados do teste de médias para as propriedades físico-mecânicas dos compósitos, valores médios seguidos do desvio padrão.

Tabela 12 Influência das modificações químicas de feixes de malva nas propriedades físico-mecânicas dos compósitos

Flexão (MPa) Impacto (kJ.m2) - Tração (MPa)

Material

MOEf MOR I Et ft

MA-S 7179 ± 1197 A 83 ± 16 A 13,87 ± 3,17 A 2691 ± 667 A 31,0 ± 4,3 A

MA-A 5659 ± 425 B 51 ± 8 B 9,52 ± 2,68 B 1982 ± 565 A 26,3 ± 7,2 A

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo

teste de Scott-Knott (α=0,05). Onde: (MOEf) módulo de elasticidade na flexão, (MOR)

módulo de ruptura na flexão, (I) resistência ao impacto, (Et) módulo de elasticidade na

tração, (ft) resistência à tração, (MA-S) compósitos de malva sem modificação química e

(MA-A) compósitos de malva modificada com anidrido maleico.

Os compósitos MA-S e MA-A foram estatisticamente diferentes para as propriedades de MOEf, MOR e I. Os valores encontrados para essas

propriedades foram inferiores para os compósitos confeccionados com feixes de malva que sofreram modificação química, demonstrando um efeito negativo da modificação sobre essas propriedades. Os compósitos MA-A e MA-S foram estatisticamente iguais para as propriedades de Et e ft .

cânhamo, sisal e bananeira em matriz de resina Novolac. Também foram avaliados: a adição de anidrido maleico como agente de acoplamento e a quantidade de reforço que variou de 40 a 60%. Os resultados de MOEf

demonstraram que os melhores desempenhos foram obtidos em compósitos com 50% de reforço e que o anidrido maleico não acarretou em melhorias para todos os materiais de reforço. Para a propriedade de resistência ao impacto os compósitos com anidrido maleico tiveram um aumento.

Alvarez, Ruscekade e Vazquez (2003) utilizando uma matriz biodegradável e incorporando sisal sem e com modificação por NaOH observaram que os valores de MOEf e Et não apresentaram quase nenhuma

diferença quando comparados compósitos com sisal modificado ou sem modificação. Neste estudo a mesma tendência foi observada para a propriedade Et.

Joseph, Medeiros e Carvalho (1999) pesquisaram a incorporação de feixes de sisal (20%) com 3,5 cm de comprimento em compósito poliéster insaturado e encontraram valores médios de 31,8 MPa para ft e de 1950 MPa

para Et , esses valores são bem próximos aos encontrados neste estudo. Os

autores observaram que os valores dessas propriedades aumentam com o aumento na proporção de feixes (até 50% de feixes).

Carvalho, Cavalcanti e Cavalcanti (2000) encontraram valores médios de MOEf em torno de 1200 MPa para compósitos de resina poliéster ortoftálica

com incorporação de tecidos tricotados de juta (22% de juta). O valor de MOEf

neste estudo foi superior ao desses autores, mesmo utilizando uma menor quantidade de feixes.

Razera (2006) avaliou a incorporação de feixes de bananeira (50%) modificados com NaOH e ar ionizado em compósitos fenólicos. Foram realizados testes nos feixes de bananeira tratada e não tratada e os resultados demonstraram que o tratamento com NaOH (5% e 1h) levou a uma diminuição

da resistência à tração, a autora atribuiu essa diminuição a uma possível diminuição da cristalinidade, além da possibilidade de ter ocorrido degradação das fibras em decorrência da degradação de cadeias de celulose e hemiceluloses. E a extração da lignina poderia ter alterado o arranjo das fibras de tal forma que diminuiu a resistência à tração das fibras. Já o tratamento com ar ionizado promoveu uma melhora na resistência à tração das fibras. Para os resultados de impacto o tratamento com ar ionizado não influenciou (116 J.m-1) compósitos

com bananeira sem tratamento (120 J.m-1) e para compósitos com bananeira

modificada com NaOH ocorreu uma diminuição dos valores médios (78,4 J.m-1).

A diminuição dos valores de impacto também foi atribuída a uma possível degradação das fibras.

A Tabela 13 representa os resultados do teste de médias da influência das modificações químicas sobre a absorção de água de compósitos de malva, valores médios seguidos do desvio padrão.

Tabela 13 Influência das modificações químicas de feixes de malva na absorção de água dos compósitos

Material AA (%)

MA-S 4,51 ± 0,65 B

MA-A 2,91 ± 0,65 A

Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (α=0,05). Onde: (AA) absorção de água dos compósitos após a saturação, (MA-S) compósitos de malva sem modificação química e (MA-A) compósitos de malva modificada com anidrido maleico.

A análise de variância da influência da modificação química dos feixes de malva na absorção de água dos compósitos foi significativa (Anexo A). Observou-se que os compósitos MA-A diferiram dos MA-S e que, por isso, a modificação química teve efeito positivo sobre essa propriedade já que ocasionou diminuição da absorção de água. A menor absorção de água também

está relacionada com a menor quantidade de bolhas de ar presente nos compósitos MA-A (Figura 32).

Angrizani et al. (2006) avaliaram o efeito da incorporação de feixes de 3 cm de sisal (28%) modificados com NaOH (2M/1hora) na absorção de água de compósitos poliéster isoftálico. Foi encontrado que a modificação afetou a AA de forma positiva, já que promoveu redução da AA. Compósitos com sisal modificado apresentaram valores de 16% contra 22% dos sem modificação. Esses valores estão bem acima dos encontrados neste estudo, porém a metodologia de medição de AA foi feita em água fervente por 2 horas. Segundo Espert, Vilaplana e Karlsson (2004) a temperatura aumenta a absorção de água dos materiais compósitos.

Alvarez, Ruscekade e Vazquez (2003) utilizando uma matriz biodegradável e incorporando sisal sem e com modificação por NaOH concluíram que os compósitos com sisal modificado teve maior absorção de água. Segundo os autores isso estaria relacionado à mudança de celulose I para celulose II.

Os resultados do MEV mostram que os feixes de malva estão concentrados em determinadas regiões e que houve arrancamento de feixes em ambos os tratamentos (Figuras 30A e 31A). A região de interface reforço/matriz apresentou fendas nos dois tratamentos (Figuras 30B e 31B). O tratamento químico provavelmente causou degradação dos feixes de malva já que as propriedades mecânicas apresentaram valores menores que os de compósitos com feixes sem tratamento.

Figura 30 Imagens de microscopia eletrônica de varredura da região de fratura de compósitos fabricados com feixes de malva sem tratamento. (A) Círculo indica concentração de feixes e seta indica arrancamento de feixe. (B) Setas indicam arrancamento de feixes e espaços vazios deixados pelo arrancamento das mesmas

Figura 31 Imagens de microscopia eletrônica de varredura da região de fratura de compósitos fabricados com feixes de malva modificados com anidrido maleico. (A) Círculo indica concentração de feixes e setas indicam arrancamento de feixes (B) seta indica região interfacial

Figura 32 Imagens de raio-x mostram a formação de bolhas de ar nos compósitos de malva sem modificações (MA-S) e malva modificado com anidrido maleico (MA-A)

De maneira geral os tratamentos químicos foram satisfatórios para as propriedades físicas. Para as propriedades mecânicas não ficou claro a eficácia dos tratamentos químicos porque para algumas propriedades os tratamentos implicaram em diminuição dos valores médios e outras não sofreram alterações. Na região interfacial também não foram observados avanços no sentido de melhorar a dispersão e a interação feixe/matriz. Contudo devido ao excelente desempenho dos feixes desse reforço novas pesquisas devem ser realizadas com novas formulações e metodologias.