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Comparaçã o Entre os Três Sistemas de Custeio – Exemplo Prático

A melhor forma de se comparar os dados e indicaçõ es obtidos por cada um destes três sistemas é através de um exemplo prá tico.

Exemplo 2:

A empresa Trifaz, Lda. dedica-se ao fabrico de acessórios para portas. Em 2007 o gestor decidiu solicitar aos seus responsá veis, um estudo sobre qual seria o sistema de custeio que melhor se adaptaria à empresa. Para tal, pegou na produçã o de Janeiro de duas das suas linhas de produçã o e nos custos mensais e pediu que lhe fizessem o quadro comparativo dos diversos métodos. Solicitou também que lhe dessem uma opiniã o relativamente aos preços praticados, sabendo de antemã o que as margens liquidas pretendidas seriam de: produtos A e B – 15%; produtos C e D – 10 %.

Dados produtivos relativos a Janeiro:

• Produçã o: (11850 unidades) Produto A - 5000; Produto B - 2350; Produto C - 3300; Produto D -1200.

• Custo matérias-primas incorporados por produto: Produto A – 0,50 €;

Produto B – 0,72 €; Produto C – 0,45 €; Produto D -1,25 €.

• Tempo fabricaçã o por produto:

Produto A – 1 minutos – Linha 1; Produto B – 1,5 minutos – Linha 2; Produto C – 2 minutos – Linha 2; Produto D – 4 minutos – Linha 1.

Dados financeiros relativos a Janeiro:

• Custos directos variá veis: (3700 €) Linha 1 – 1500 €; Linha 2 – 2200 €;

• Custos directos fixos: (5000 €) Linha 1 – 3000 €; Linha 2 – 2000 €;

• Custos indirectos variá veis: (1320 €) Qualidade – 820 €; Planeamento – 500 €;

• Custos indirectos fixos: (10550 €) Qualidade – 7200 €; Planeamento – 3350 €;

• Vendas por produto (em 1 de Janeiro o Stock era 0 de todos os produtos): Produto A – 3500 a 2,00 €/cada;

Produto B – 2000 a 2,50 €/cada; Produto C – 2900 a 1,90 €/cada; Produto D – 1100 a 3,75 €/cada.

Em Março o Sr. José, responsá vel pelo departamento financeiro da empresa apresenta os seguintes dados:

⇒ Cá lculo do custo dos produtos pelo método do custeio variá vel

Produto A = 0,5g + (1500+2200+820+500)h/11850i= 0,92 € Produto B = 0,72 + (1500+2200+820+500)/11850= 1,14 € Produto C = 0,45 + (1500+2200+820+500)/11850= 0,87 € Produto D = 1,25 + (1500+2200+820+500)/11850= 1,67 €

g Custo das matérias-primas

h Custo variá vel directo mais custo variá vel indirecto i

Produto A Produto B Produto C Produto D Volume Vendas 7.000 € 5.000 € 5.510 € 4.125 € Custo Produtos Vendidos 3.220 € 2.280 € 2.523 € 1.837 € Outros Custos 6.561 € 3.084 € 4.330 € 1.575 € Resultado - 2.781 € - 364 € - 1.343 € 713 € - 3.775 € Nº Produtos Vendidos 3500 2000 2900 1100 Nº Produtos Fabricados 5000 2350 3300 1200 Preço Unitário 2,00 € 2,50 € 1,90 € 3,75 € Custo Unitário 0,92 € 1,14 € 0,87 € 1,67 € Margem 117% 119% 118% 125% Valor Stock 1.380 € 399 € 348 € 167 € Tabela 3.1

⇒ Cá lculo do custo dos produtos pelo método do custeio total

Produto A = 0,5 + (1500+2200+3000+2000+820+500+7200+3350)j/11850= 2,24 € Produto B = 0,72 + (1500+2200+3000+2000+820+500+7200+3350)/11850 = 2,46 € Produto C = 0,45 + (1500+2200+3000+2000+820+500+7200+3350)/11850 = 2,19 € Produto D = 1,25 + (1500+2200+3000+2000+820+500+7200+3350)/11850 = 2,99 € j Custo totais

Produto A Produto B Produto C Produto D Volume Vendas 7.000 € 5.000 € 5.510 € 4.125 € Custo Produtos Vendidos 7.840 € 4.920 € 6.351 € 3.289 €

Outros Custos Resultado - 840 € 80 € - 841 € 836 € - 765 € Nº Produtos Vendidos 3500 2000 2900 1100 Nº Produtos Fabricados 5000 2350 3300 1200 Preço Unitário 2,00 € 2,50 € 1,90 € 3,75 € Custo Unitário 2,24 € 2,46 € 2,19 € 2,99 € Margem -11% 2% -13% 25% Valor Stock 3.360 € 861 € 876 € 299 € Tabela 3.2

⇒ Cá lculo do custo dos produtos pelo método do custeio CBA

Reafectaçã o custos por linha:

Qualidade – 30 % Linha 1; 70% Linha 2; ( critério nº resoluçã o conflitos) Planeamento – 49 % Linha 1; 51% Linha 2 ( critério nº fichas produçã o)

Produto A = 0,5 + [(4500k+(8020x0,3)l +(3850x0,49)m)/9800n]x1o= 1,40 € Produto B = 0,72 + [(4200+(8020x0,7) +(3850x0,51))/10125]x1,5 = 2,46 € Produto C = 0,45 + [(4200+(8020x0,7) +(3850x0,51))/10125]x2 = 2,78 € Produto D = 1,25 + [(4500+(8020x0,3) +(3850x0,49))/9800]x4= 4,84 € k

Custo totais directos da linha l Afectaçã o custos indirectos qualidade m Afectaçã o custos indirectos planeamento n Tempo de utilizaçã o mensal da linha de produçã o o Tempo necessá rio para a fabricaçã o do produto

Produto A Produto B Produto C Produto D Volume Vendas 7.000 € 5.000 € 5.510 € 4.125 € Custo Produtos Vendidos 4.900 € 4.920 € 8.062 € 5.324 €

Outros Custos Resultado 2.100 € 80 € - 2.552 € - 1.199 € - 1.571 € Nº Produtos Vendidos 3500 2000 2900 1100 Nº Produtos Fabricados 5000 2350 3300 1200 Preço Unitário 2,00 € 2,50 € 1,90 € 3,75 € Custo Unitário 1,40 € 2,46 € 2,78 € 4,84 € Margem 43% 2% -32% -23% Valor Stock 2.100 € 861 € 1.112 € 484 € Tabela 3.3

Como podemos concluir, qualquer um dos métodos utilizados mostrou que a empresa precisa urgentemente de rever o preço dos produtos. No entanto, a decisã o que o gestor terá que tomar dependerá bastante do método que estiver a utilizar.

Assim, tendo em atençã o que o gestor pretenderá ter uma margem fixa de lucro líquido final de 10 % para os produtos C e D e 15% para os A e B a decisã o que tomaria seria a que consta no seguinte quadro:

Produto A Produto B Produto C Produto D

P_Actual N_Preço P_Actual N_Preço P_Actual N_Preço P_Actual N_Preço Custeio Variável 2,00 € 2,57 € 2,50 € 2,82 € 1,90 € 2,40 € 3,75 € 3,28 €

Decisã o Subia 28 % Subia 13 % Subia 26 % Descia 13 %

Custeio Total 2,00 € 2,58 € 2,50 € 2,83 € 1,90 € 2,41 € 3,75 € 3,29 €

Decisã o Subia 29 % Subia 13 % Subia 27 % Descia 12 %

Custeio CBA 2,00 € 1,61 € 2,50 € 2,83 € 1,90 € 3,06 € 3,75 € 5,32 €

Decisã o Descia 20 % Subia 13 % Subia 61 % Subia 42 %

Desta tabela poderá nã o só constatar-se uma enorme importância relativamente à escolha de método de cá lculo dos custos do produto (quando a determinaçã o do preço é feito com base no mesmo), como também da informaçã o que daí deriva. Informaçã o similar à partida leva, a tomada no final de decisõ es em alguns casos contraditórias.

O Preço Com Base Na Concorrência

A empresa nã o está só a operar no mercado – a nã o seja que estejamos perante um mercado de monopólio – e como tal, os factores concorrenciais sã o de bastante importância. Nã o importa que a empresa queira vender um produto por 40 quando o mercado só lhe pagará 20.

Muitos sã o os gestores em Portugal, que fixam o preço dos seus produtos com base nos preços dos seus concorrentes. A este facto muito se deve à fraca implementaçã o de sistemas de custeio dos produtos indispensá vel para a tomada de decisõ es com base em informaçã o interna preferencial.

Os preços dos produtos concorrentes sã o no entanto, um bom marco de referência para a própria empresa. Um produto concorrente que, tenha um preço superior ao custo de fabricaçã o, implica que, o processo produtivo daquele produto está desactualizado e que a empresa ou optimiza o processo ou, a sobrevivência daquela linha de produtos está comprometida. Se por outro lado, o preço do produto concorrente está com valor muito superior ao preço que o gestor inicialmente pretendia fixar, isto quer dizer que, o mercado deste produto ainda tem um “folga de contracçã o” e a probabilidade de surgir novos produtos é grande ou entã o, que a concorrência neste segmento de mercado se faz ao nível de outras características intrínsecas dos produtos como o design, a marca ou a qualidade do produto.

Estar no mercado implica conhecer o mercado, as empresas nã o se devem fechar em si mesmas. Os custos, sã o uma boa base de partida para a determinaçã o do preço dos

produtos, no entanto, conhecer o preço dos produtos concorrentes é uma mais valia para a determinaçã o da tabela de preços das empresas. É também uma forma de avaliaçã o da produtividade interna relativo aos seus processos de produçã o e/ou aprovisionamento. Permitindo assim analisar e reduzir desvios face à concorrência.

O Preço Com Base Na Gama

Os preços dos produtos baseados na gama parece à primeira vista um factor menos importante, no entanto, o mercado mostra que este paradigma está errado. Cada vez mais, o ser humano vive de conceitos como, «o que é caro é que é bom». Como tal, o preço do produto deve conter as expectativas do cliente alvo.

Existem vá rios exemplos prá ticos destes procedimentos como é o caso da roupa de marca. Nã o importa ao comerciante ou responsá vel da marca que uma camisa (por ex. Gant) custe 4,50 € para ser produzida, como o público-alvo é o de estrato social médio alto o preço de venda terá que se fixar no mínimo nos 50 a 60 €, dez vezes mais do que ela custou a ser fabricada. Pois se assim nã o fosse, a marca acabaria por banaliza-se e perder prestígio. O bem passava a ser um produto de consumo em vez de um sonho só ao alcance de alguns.

Um outro exemplo é da construçã o de bairros sociais. Se as habitaçõ es forem vocacionadas para a classe baixa, a margem de lucro é menor, por outro lado, se as habitaçõ es forem vocacionadas para um estrato social mais elevado, a margem de lucro sobe e os preços serã o fixados de forma a garantir, que a classe social inferior nã o terá poder de compra para as adquirir.

A reduçã o acentuada dos preços dos produtos pode dar ao cliente a sensaçã o da perda de qualidade e um sinal de vulgarizaçã o da marca, levando o cliente preferencial a deixar de o ser e a procurar junto da concorrência alternativas. Para fazer face a algumas destas situaçõ es e visto que o poder de compra tem diminuído em Portugal (com tendência a manter-se bastante reduzido), as indústrias optam geralmente por criarem uma soluçã o para a alternativa de preço que vulgarmente lhes chamam “marca branca”.

Este conceito permite incutir no produto as características relativas ao público-alvo sem afectar a imagem e qualidade da marca principal comercializada. Muitas vezes o produto é tã o similar ao principal que, o que os distingue na realidade sã o ligeiros pormenores.

É importante aqui referir também que, dependendo da gama do produto e do estrato social a que se destina, a concorrência far-se-á em factores distintos. Se um produto se destina a uma gama mais baixa a concorrência faz-se essencialmente ao nível do preço e as margens de comercializaçã o serã o baixas. Se por outro lado o produto se destina a uma gama mais elevada o design e a fiabilidade da marca sã o armas bastante importantes na conquista do mercado, normalmente neste tipo mercado as margens tendem a subir bastante.

PARTE IV

CASO PRÁ TICO

DOCE FRIO E O MERCADO

Breve Apresentaçã o

A Doce Frio SA. é uma empresa que se dedica à concepçã o e produçã o de móveis refrigerados para a distribuiçã o alimentar e horecap. Apareceu no final da década de setenta da reorganizaçã o de actividades da Hiperteam Lda e faz actualmente parte dum grupo empresarial que se chama Hiperworld SA. É certificada desde 2003 pela norma de qualidade ISO 9001:2000 (pela APCER e IQNET), no âmbito de toda a sua actividade. Tem um volume de negócios próximos dos 10 milhõ es de euros ano.

Figura 4.1 Fonte: Organograma retirado do manual da qualidade da Doce Frio

Actualmente, a Doce Frio emprega cerca de 94 trabalhadores distribuídos pelos diversos departamentos organizacionais (70 ligados a departamentos de produçã o, 21 em departamentos de apoio e logística e 3 afectos exclusivamente a investigaçã o e desenvolvimento de novos produtos). A produçã o média diá ria ronda os 30 móveis sendo o mercado externo o principal destinatá rio (70%). A Doce Frio está presente em mais de 30

p

Horeca – ramo de negócio ligado à hotelaria (hotéis, bares, cafés, etc.)

Direcçã o Geral

Departamento Comercial Direcçã o Industrial Direcçã o Qualidade

Planeamento Produçã o Aprovisionamentos Investigaçã o e

Desenvolvimento

Armazé ns Linhas Produçã o Componentes

Linhas Montagem Té cnico Departamento Financeiro Departamento

países, através de parcerias estratégicas com instaladores e distribuidores locais. A proximidade destes com o mercado é um dos factores preponderantes para a determinaçã o da escolha da estratégia para a internacionalizaçã o da marca.

A empresa tem como principal objectivo, ir para além do que é exigido, nã o descurando as relaçõ es com os clientes e com o meio ambiente. O slogan da empresa é: “Criar a inovaçã o do cliente, é a capacidade de ir para além do que é normal”.

A empresa é detentora de duas marcas certificadas de produtos que sã o, Docefrio e Softfrio.

Mercado Concorrencial

O mercado concorrencial está dividido em duas realidades estratégicas bastante distintas: o mercado nacional onde operam praticamente empresas portuguesas e três operadores externos ligados a grandes grupos económicos internacionais e; o mercado externo onde para além dos que concorrem no mercado interno estã o também concorrentes oriundos do mercado de leste e da Turquia.

Ao nível do mercado nacional, a empresa adoptou pela concentraçã o vertical a montante da fabricaçã o dos produtos. Criou vá rias representaçõ es comerciais que lhes permita escoar cerca de 30% da produçã o com especial destaque para duas linhas de produtos a «Linha Hiper» e a «Linha Horeca». A disputa do mercado faz-se ao nível do preço, do serviço pós- venda e da proximidade cliente / fornecedor. Existem dois produtores nacionais e três internacionais que competem ao mesmo nível neste mercado, existindo ainda outros pequenos concorrentes que se debruçam em pequenos nichos de mercado, normalmente focalizados em pequenas á reas de acçã o.

No contexto internacional (em especial no espaço europeu), a concorrência toma uma faceta diferente. O mercado é dominado por grandes instaladores e distribuidores locais que conseguem competir de igual forma com os grandes grupos empresariais (grupos de empresas que englobam produçã o e comercializaçã o da marca) do sector.

Por essa via, a estratégia de negócios da Doce Frio é diferente. A internacionalizaçã o faz- se através da criaçã o de parcerias estratégicas com distribuidores e instaladores locais, quer através da venda e comercializaçã o de marca própria, quer através da comercializaçã o e venda de produtos de linha brancaq.

Com a abertura dos mercados de leste europeu, a disputa por estes distribuidores tornou-se mais incisiva e determinante. A chegada de artigos substitutos com relativa qualidade e a preços mais baixos começou a ser uma preocupaçã o para os produtores nacionais, pois a sua principal vantagem competitiva neste mercado, era precisamente a relaçã o preço qualidade.

Uma outra contrariedade que as empresas neste sector têm que superar nestes mercados internacionais, é o preço a que compram grande parte das suas matérias-primas. A maior parte dos materiais que englobam nos seus produtos finais sã o oriundos de países europeus (em especial de França, Itá lia e Alemanha). Sendo Portugal um país na periferia da Europa, os custo de transporte e logística associados à compra das matérias sã o superiores à de outros países que estã o bastante mais próximos. Se a estes custos somarmos também os outros custos de distribuiçã o decorrentes da disponibilizaçã o dos produtos no cliente, verificamos que é preciso as empresas nacionais terem uma produtividade interna bastante superior à concorrência. Produtividade, como as diversas estatísticas mostram, nã o se verifica em Portugal, sendo inclusive um dos piores ao nível de produtividade no espaço europeu.

q Quando se fala em produtos de linha branca, refere-se a produtos descaracterizados e ou semelhantes aos produtos de marca própria. Por outras palavras, os produtos deixam de ter a marca do fabricante e passam a ter a marca do distribuidor ou instalador.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 B ulgá ria

Roménia Letónia Estónia Lit uâ nia Polónia Port ugal Hungria Rep. Checa Eslová quia Chipre Eslovénia M alt a Dinamarca Grécia Espanha A lemanha Itá lia Finlandia Holanda Reino Unido Suécia Á ustria Franç a Bélgica Irlanda Luxemburgo

Produtividade 2008 - Uniã o Europeia a 27

Figura 4.2 Fonte: Euro stat and DG ECFIN

DOCE FRIO 2008 – A ESTRATÉ GIA E AS ALTERNATIVAS

A Origem do Caso

O ano de 2008 foi um ano atípico ao nível da instabilidade dos preços das matérias-primas em especial do aço. Com uma forte subida, de Novembro de 2007 até Setembro de 2008, seguida desde entã o de uma forte quebra, cotando-se em Fevereiro de 2009 a preços de 2000. Embora os próximos grá ficos nã o traduzam com exactidã o os preços que a Doce Frio pagou pela aquisiçã o das matérias-primas, eles reflectem bem a grande instá vel do preço das matérias-primas nos grandes distribuidores

Níquel

Cobre

Alumínio

Zinco

Figura 4.3 Fonte: London Metal Exchange – Gráficos em €/T

De realçar que todos estes grá ficos têm em comum, a entrada em 2009 com fortes quebras ao nível da cotaçã o dos preços das matérias-primas. E que durante 2008, as cotaçõ es dos metais estiverem sempre em alta, em especial, o cobre e o alumínio que atingiram má ximos entre Abril e Setembro.

Apesar destas constantes flutuaçõ es dos custos das matérias-primas, a tabela de preços dos produtos vendidos entrou em vigor em Fevereiro de 2008 e manteve-a durante todo o ano, como aliá s, é norma e prá tica corrente neste sector de actividade (as empresas fixam os preços de venda durante um período de um ano, nã o sendo para tal regra geral fixar uma tabela no início do ano).

A tabela de preços da Doce Frio está dividida em quatro linhas de produtos, correspondentes aos sectores de actividade a que se destinam. Cada linha está dividida por tipologia de produto conforme a utilidade do mesmo. Ao todo, a tabela de preços é composta por 1530 móveis, 3450 acessórios e 120 mercadorias.

Os móveis e acessórios sã o fabricados internamente e sã o valorizados a custo padrã o ou standard, enquanto que as mercadorias como nã o sã o fabrico da empresa sã o valorizados a custos médios.

Os preços de tabela sã o calculados com base nos custos de produçã o (método do custeio ABC) ou médios de aquisiçã o tratando-se de mercadorias. O cá lculo de uma tabela de preços pelo departamento financeiro – custeio industrial – é um processo moroso, pois é preciso custear todos os artigos e analisá -los sobre eventuais erros, omissõ es e produtos descontinuados. O gestor financeiro tenta limitar esse tempo, pois durante este período é possível verificar-se flutuaçõ es nos custos das matérias-primas e torna-se importante enviar para o mercado uma tendência dos preços dos produtos fabricados.

O Caso em Estudo

Para melhor se perceber o impacto das decisõ es estratégicas assumidas ou que poderiam ter sido antecipadamente assumidas, foi escolhido para aná lise desta problemá tica um dos produtos que a empresa mais comercializa por ano o Iglo 1350 FVD-LC.

Figura 4.4

Este produto vocacionado para a exposiçã o de produtos lá cteos e de charcutaria segundo as normas vigentes no espaço comunitá rio. As zonas de exposiçã o e as vistas sã o em aço inox, com laterais panorâmicas em vidro. É composto na sua base standard por quatro níveis de exposiçã o amovíveis e com iluminaçã o no tecto. Este produto destina-se em especial ao mercado preço.

Dados comerciais:

⇒ Em 2007 a Doce Frio vendeu 250 unidades do Iglo 1350 FVD-LC com preço de venda base de 2325€ o que equivaleu a um preço médio liquido por móvel de 1430€.

⇒ Em 2008 a empresa decidiu fixar o preço em 2400 € (subida de 3 %), prevendo um custo médio de produçã o ao longo do ano a rondar os 1292 €.

⇒ Este móvel, como se vende em grande parte para o mercado europeu (85%), a Doce Frio concede normalmente aos seus distribuidores, um desconto de 35% e 35% + 5% a distribuidores que tenham um volume de negócios de compras anuais à empresa um valor superior a 550 mil euros ano. No mercado português a Doce Frio vende à empresa comercial do grupo o produto com um desconto de 40%. No entanto durante 2008 a empresa foi forçada a dar um desconto extra de 3% de forma a cativar novos clientes e fazer face às constantes reduçõ es de procura do mercado destes produtos.

⇒ A margem de lucro bruta esperada é de 15 % (sendo 5% absorvidos pelos custos de pós-venda).

⇒ A empresa nã o utiliza nenhuma técnica de cobertura de risco de subida do preço da matéria-prima. Os fornecedores em Dezembro / inícios de Janeiro enviam para a

empresa a sua tabela de preços (que se manterã o em vigor durante o ano). As excepçõ es sã o, os fornecedores de Chapa e madeira cujo preço é variá vel mensalmente e os fornecedores de componentes específicos, que estã o identificados e segregados, cujo preço varia trimestralmente.

⇒ O ciclo normal de aprovisionamentos da empresa para componentes críticos e de grande volume é trimestral.

O processo produtivo do móvel pode ser representado da seguinte forma:

Figura 4.5

A produçã o do Iglo 1350 FVD-LC passa por duas fases distintas. Numa primeira fase sã o produzidos os componentes do móvel – processo realizado na Secçã o A– e seguidamente sofrem ligeiras pré-montagens – processos realizados nas Secçõ es B e C– . Na fase seguinte os componentes produzidos anteriormente e acoplados, juntamente com outros artigos adquiridos, sã o montados nas linhas D, E e F de forma a constituírem um móvel. De seguida o móvel já montado é testado e embalado, processos que ocorrem nas Secçõ es G e H.

Para a produçã o do Iglo em todas as fases de transformaçã o a empresa tinha os seguintes custos com matérias-primas (por móvel) em Janeiro de 2007:

Designaçã o Unid Qnt C_Unit C_Total % Imp Designaçã o Unid Qnt C_Unit C_Total % Imp Chapa Inox Esmerilada 0.8 Kg 38,01 3,05 € 115,92 € 15% Ventoinha A 230/28° Un 2 0,77 € 1,54 € 0% Compressor Caj4517Z/230V/50Hz Un 1 111,75 € 111,75 € 15% Tubo Cu Em Rolo 1/2X0,8 Kg 0,2 7,37 € 1,48 € 0% Evap 1/2"-7,2-28 (267X133X950) Un 1 76,60 € 76,60 € 10% Borne Ligaç ão Wdu 2,5 Bl Azul Un 5 0,27 € 1,35 € 0% Chapa Inox Esmerilada 0.6 Kg 20,11 3,10 € 62,36 € 8% Perfil Plast 29X7,4X3150 (Ref. 2058015) m 2,5 0,51 € 1,28 € 0% Condensador Ac 810 Un 1 44,70 € 44,70 € 6% Tampa De Vá lvula De Carga Un 2 0,56 € 1,12 € 0% Ventilador Comp 127 Typ 5950 W Un 2 15,09 € 30,18 € 4% Cabl Lig Cx Elect - Microprocessador Un 1 1,10 € 1,10 € 0% Chapa Galvanizada 0.6 Kg 41,77 0,72 € 30,08 € 4% Filtro Sec 40G 1/4Xcap 3,2 R404A Un 1 1,07 € 1,07 € 0% Cortina C/ 1248X2000 Un 1 28,77 € 28,77 € 4% Caixa Derivaç ão 60×60 Un 1 1,04 € 1,04 € 0% Chapa Galvanizada 2.0 Kg 32,85 0,70 € 22,99 € 3% Ficha 2P+T 16A 250V C/ Cabo 1,5M Br Un 1 1,03 € 1,03 € 0% Lat V 1206X402X8 Un 2 10,60 € 21,20 € 3% Barra Lig Equip Zqv 2,5N/2 Un 3 0,30 € 0,90 € 0% Madeira De Pinho m³ 0,11 150,00 € 15,88 € 2% Perno Din 916 M8X35 Zn Un 14 0,06 € 0,84 € 0% Microprocessador Xr20C (Sonda 2,5M) Un 1 15,50 € 15,50 € 2% Tubo Capilar 1,5 Kg 0,07 11,06 € 0,77 € 0% Motor Vn10-20 Net2T10Zvn008 Un 2 6,70 € 13,40 € 2% Caixa Derivaç ão 92X44X41 Un 1 0,72 € 0,72 € 0% Minicontactor Dilem-01 230Vac Un 1 11,51 € 11,51 € 2% Chapa Inox Esmerilada 1.0 Kg 0,23 3,00 € 0,70 € 0% Chapa Inox Esmerilada 0.7 Kg 3,7 3,05 € 11,29 € 1% Marcador Bornes Dekafix 5 1-20 Un 1 0,70 € 0,70 € 0% Consola Multi-Inclinavel 383 Cz Un 8 1,21 € 9,68 € 1% Arrancador Lâ mpada Fluoresc 4-65 W Un 1 0,53 € 0,53 € 0% Chapa Inox 2B 0.7 Kg 3,17 3,05 € 9,66 € 1% Perfil Plas 2550 Ref 3054886 m 1,25 0,38 € 0,47 € 0% Isocianato Suprasec 5025 Kg 4,48 2,12 € 9,50 € 1% Etiqueta Mini Logotipo Un 1 0,45 € 0,45 € 0% Chapa Inox Brilhante 0.7 Kg 2,7 3,25 € 8,78 € 1% Interrup Bipolar 20A Ilum Laranja Un 1 0,42 € 0,42 € 0% Chapa Inox 2B 0.8 Kg 2,66 3,03 € 8,06 € 1% Interrup Bipolar 20A 0/I Verde Un 1 0,41 € 0,41 € 0% Detector De Nível Un 1 7,83 € 7,83 € 1% Passa Fios Un 7 0,06 € 0,40 € 0% Poliol Daltifoam Tp 32222 Kg 3,52 1,96 € 6,90 € 1% Fixaç ão Final P/ Bornes Ew 35 Un 1 0,32 € 0,32 € 0% Lâ mpada Fluoresc 36W/Luz Esp Un 1 6,80 € 6,80 € 1% Tampa P/Bornes Wap 2,5-10 Bege Un 1 0,28 € 0,28 € 0% Gá s R404 A Kg 1,45 4,37 € 6,34 € 1% Tubo Cu Em Rolo 1/4X0,8 Kg 0,04 7,86 € 0,28 € 0% Resist Tub Em U 429,5X96 230V 750W Un 1 5,99 € 5,99 € 1% Anilhas Diversas Un 26 0,01 € 0,26 € 0% Resg Do Vent Ø 260 Un 2 2,80 € 5,60 € 1% Supor De Lâ mpada Simples 249/S Un 2 0,13 € 0,26 € 0% Tubo Cu Em Rolo 3/8X0,8 Kg 0,76 6,79 € 5,13 € 1% Vá lvula 5/8" Nylon Ac 1110 Branco Un 1 0,25 € 0,25 € 0% Pala Acr 1247X80X8 Un 1 5,13 € 5,13 € 1% Interior Da Vá lvula De Carga Un 2 0,12 € 0,24 € 0% Chapa Galvanizada 1.5 Kg 6,67 0,71 € 4,74 € 1% Platex 3,2 m² 0,14 1,43 € 0,20 € 0% Perfil Plas 3200 Ref 3054886 m 11,77 0,38 € 4,47 € 1% Base Para Nivelador Un 4 0,05 € 0,20 € 0% Perfil Porta Preç o Ref 358 1236 Cz Un 4 0,99 € 3,96 € 1% Terminais Diversos Un 13 0,01 € 0,19 € 0% Borne Ligaç ão Wpe 2,5 Terra Un 3 1,15 € 3,45 € 0% Tubo Cf (Plast Maleavel) 7X8 Cinz. Kg 0,06 2,81 € 0,17 € 0% Cabo Eléctricos Diversos m 18,9 0,18 € 3,35 € 0% Calha Perfil En50022 Prof 7,5Mm m 0,18 0,95 € 0,17 € 0% Balastro 36W/230V/50Hz Un 1 2,31 € 2,31 € 0% Cond. 275V 0,047 µF Un 1 0,10 € 0,10 € 0% Corpo De Vá lvula De Carga Un 2 1,12 € 2,24 € 0% Supor De Arrancador 16Al Un 1 0,08 € 0,08 € 0% Sup Policarbonato Direito P/ Vidro 8 Un 11 0,18 € 1,98 € 0% Tubo Pvc 32 m 0,08 0,89 € 0,07 € 0% Tubo Policarbonato 36 T Un 1 1,90 € 1,90 € 0% Abraç adeira Plt 1,5I-M Un 3 0,01 € 0,03 € 0% Chapa Galvanizada 0.8 Kg 2,54 0,72 € 1,83 € 0% Abraç adeira Plast Anti-Tracç ão Un 1 0,02 € 0,02 € 0% Porcas e Rebites Diversos Un 87 0,02 € 1,83 € 0% Isolad P/ Term Faston 6,3X0,8 Un 2 0,01 € 0,02 € 0% Parafusos Diversos Un 61 0,03 € 1,71 € 0% Perfil Plast 11,3X5X1940 Ref. 0215315 m 0,1 0,17 € 0,02 € 0% Borne Ligaç ão Wdu 2,5 Bege Un 6 0,26 € 1,56 € 0% Total … 764,32 €

Tabela 4.1

Nota: Os artigos sublinhados a amarelo os seus custos variam mensalmente; os sublinhados a verde os custos

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