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Comparação com a amostra de aferição da Prova “Era uma vez ” em função do Cartão e da Idade

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

IV.1 Caracterização das respostas à Prova “Era uma vez ”

VI.1.1 Comparação com a amostra de aferição da Prova “Era uma vez ” em função do Cartão e da Idade

Os Quadros 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 apresentam as percentagens médias da amostra do presente estudo e da amostra de aferição da Prova “Era uma vez...” (Fagulha, 1997/2002), para cada um dos cartões-estímulo que constituem a Prova. Para cada um dos quadros, incluem-se também os resultados ao teste estatístico não-paramétrico do Qui-Quadrado provenientes da comparação das frequências entre as duas amostras.

23 Quadro 2

Comparação da amostra com a amostra de aferição - Cartão I

1Amostra de Aferição da Prova “Era uma vez...” (Fagulha, 1997/2002)

Num cartão que remete para a angústia e o medo da perda do objecto materno, verificam-se diferenças significativas, entre as duas amostras, nas faixas etárias do 6-8 anos e na dos 10-11 anos

Relativamente à faixa etária dos 6-8 anos verifica-se uma diferença significativa ao nível das escolhas na segunda posição, que se traduz por uma maior frequência de cenas de Fantasia nas crianças da Casa da Praia comparativamente com a amostra de aferição.

Diferenças significativas são também encontradas na faixa etária dos 10-11 anos, sendo esta faixa a que mais se distingue, por apresentar mais diferenças face à amostra de aferição. No que se refere à primeira posição da Sequência de Cenas, constata-se que, as crianças da Casa da Praia, se diferenciam por fazerem uma menor utilização de cenas de Aflição e uma maior utilização de cenas de Realidade, que depois se acaba por traduzir por uma resolução (3ª escolha) com menor escolha de Realidade e maior de Fantasia e Realidade, face à amostra de aferição. Estas escolhas parecem traduzir a dificuldade em reconhecer a ansiedade no primeiro momento (1ª escolha), conduzindo à impossibilidade de uma solução adaptativa (3ª escolha).

A impossibilidade de reconhecer a emoção ansiosa parece não facilitar a procura de estratégias adequadas para lidar com a situação, o que justifica haver, na 3ª escolha, Cenas/

Posição

Amostra da Casa da Praia Amostra de Aferição1 6-8 anos 9 anos 10-11 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

n=68 n=27 n=31 n= 245 n= 70 n=70 1ª Aflição 48.5 59.3 51.6 47.4 57.2 73.1 1ª Fantasia 17.6 3.7 3.2 21.2 8.6 2.4 1ª Realidade 33.8 37 45.2 31.4 34.2 24.5 2ª Aflição 30.9 40.7 41.9 42.5 44.4 41.5 2ª Fantasia 35.3 22.2 19.4 28.6 12.8 14.6 2ª Realidade 33.8 37 38.7 28.9 42.8 43.9 3ª Aflição 23.5 18.5 22.6 28.9 14.3 12.2 3ª Fantasia 33.8 25.9 35.5 31.1 27.1 12.2 3ª Realidade 42.6 55.6 41.9 40 58.6 75.6

6-8 anos 9 anos 10-11 anos

2

p2 p 2 p

Cartão I (1ª) .51 .775 .84 .658 15.56 .000 Cartão I (2ª) 6.16 .046 2.16 .339 .06 .969 Cartão I (3ª) .30 .860 .39 .822 27.40 .000

24 maior número, de cenas de Aflição que, ao não surgir em primeiro lugar como seria mais adaptativo, surge agora no finalizar da sequência. O maior número de cenas Fantasia na terceira posição, apontam para um continuar a negar a emoção ansiosa por parte das crianças da Casa da Praia.

Quadro 3

Comparação da amostra com a amostra de aferição – Cartão II

1Amostra de Aferição da Prova “Era uma vez...” (Fagulha, 1997/2002)

Na situação de doença, comum à maioria das crianças, para a qual o Cartão II remete, encontram-se diferenças significativas apenas na faixa etária dos 10-11 anos quanto às cenas escolhidas na primeira posição da sequência. Esta diferença traduz-se por uma maior percentagem de cenas de Fantasia e uma, consequente, menor percentagem de cenas de Realidade, comparativamente com a amostra de aferição.

As escolhas de Realidade deste segundo cartão retratam uma situação dolorosa, o estar doente, apresentando sinais (o mal-estar na cara da personagem, por exemplo), não sendo, portanto, uma realidade neutra. A menor escolha de cenas de Realidade e a maior escolha de cenas de Fantasia voltam a apontar, para uma dificuldade de reconhecimento da emoção ansiosa para a qual o cartão remete, tal como já se havia verificado no cartão anterior.

Cenas/ Posição

Amostra da Casa da Praia Amostra de Aferição1 6-8 anos 9 anos 10-11 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

n=68 n=27 n=31 n= 245 n= 70 n=70 1ª Aflição 45.6 48.1 38.7 48.2 42.9 36.6 1ª Fantasia 20.6 14.8 19.4 20 14.3 2.4 1ª Realidade 33.8 37 41.9 32.8 42.8 61 2ª Aflição 33.8 48.1 25.8 38.8 54.3 17.1 2ª Fantasia 23.5 18.5 32.3 24.9 10 24.3 2ª Realidade 42.6 33.3 41.9 36.3 35.7 58.6 3ª Aflição 33.8 29.6 32.3 37.9 40 24.4 3ª Fantasia 44.1 55.6 48.4 41.2 45.7 56.1 3ª Realidade 22.1 14.8 19.4 20.9 14.3 19.5

6-8 anos 9 anos 10-11 anos

2 p 2 p 2 p

Cartão I (1ª) 2.38 .304 .39 .824 63.59 .000 Cartão I (2ª) 1.68 .431 2.19 .335 4.41 .110 Cartão I (3ª) .07 .965 1.31 .521 .21 .902

25 Quadro 4

Comparação da amostra com a amostra de aferição – Cartão III

1Amostra de Aferição da Prova “Era uma vez...” (Fagulha, 1997/2002)

Num cartão que remete para uma situação mais prazerosa de contacto e convívio com pares, mas também para a eventual ansiedade que este contacto pode provocar, verificam-se diferenças significativas nas faixas etárias dos 6-8 anos e 10-11 anos.

No que se refere à faixa etária dos 6-8 anos esta diferença é ao nível das escolhas da primeira posição e traduz-se por uma maior percentagem de cenas de Aflição e uma menor de cenas de Fantasia nas crianças da Casa da Praia, comparativamente com a amostra de aferição. Estes resultados parecem apontar para uma maior dificuldade das crianças da Casa da Praia, neste nível etário, em contactar com o desconhecido, ou seja, na abordagem inicial a um grupo de pares que não se conhece.

Na faixa etária dos 10-11 anos a diferença ocorre ao nível das escolhas de cenas na terceira posição da sequência e traduz-se por um menor uso de cenas de Realidade e maior uso de cenas de Fantasia nas crianças da Casa da Praia, comparativamente com a amostra de aferição. Contínua a verificar-se (tal como no Cartão I), um maior recurso à Fantasia na resolução final.

Qualquer das cenas de Fantasia corresponde a uma modalidade de convívio que implica aspectos mais ligados ao narcisismo, destaque de qualidades exteriores especiais. Este maior uso de Fantasia poderá também apontar para dificuldades a nível narcísico das crianças desta faixa etária da amostra da Casa da Praia.

Cenas/ Posição

Amostra da Casa da Praia Amostra de Aferição1 6-8 anos 9 anos 10-11 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

n=68 n=27 n=31 n= 245 n= 70 n=70 1ª Aflição 33.8 14.8 16.1 17.9 21.4 12.1 1ª Fantasia 22.1 22.2 22.6 34.7 18.6 24.5 1ª Realidade 44.1 63 61.3 47.4 60 63.4 2ª Aflição 27.9 18.5 12.9 24.1 21.4 19.4 2ª Fantasia 32.4 48.1 32.3 33.5 35.8 29.3 2ª Realidade 39.7 33.3 54.8 42.4 42.8 51.3 3ª Aflição 26.5 18.5 3.2 29.8 25.7 9.7 3ª Fantasia 32.4 29.6 48.4 40 27.1 29.3 3ª Realidade 41.2 51.9 48.4 30.2 47.2 61

6-8 anos 9 anos 10-11 anos

2

p2 p 2 p

Cartão I (1ª) 23.90 .000 .78 .678 1.53 .465 Cartão I (2ª) 3.02 .221 1.82 .403 .04 .979 Cartão I (3ª) 1.27 .529 .73 .694 8.47 .014

26 Quadro 5

Comparação da amostra com a amostra de aferição – Cartão IV

1Amostra de Aferição da Prova “Era uma vez...” (Fagulha, 1997/2002)

Cartão que remete para a vivência de pesadelos e terrores nocturnos e para a ansiedade que essa vivência pode provocar nas crianças, verificam-se diferenças significativas para todas as faixas etárias.

No que se refere à faixa etária dos 6-8 anos as diferenças manifestam-se quanto às escolhas para a primeira posição da sequência de cenas, apresentando as crianças da Casa da Praia um menor uso de cenas de Aflição e maior de cenas de Fantasia e Realidade.

Na faixa etária dos 9 anos as diferenças ocorrem também ao nível das escolhas da primeira posição e expressam-se por um menor uso de cenas de Aflição e maior de Cenas de Realidade por parte das crianças da Casa da Praia em comparação com a amostra de aferição.

No que se refere à faixa etária dos 10-11 anos verificam-se não só diferenças ao nível da primeira escolha da sequência, que se traduz por uma menor utilização de cenas de Aflição e maior de cenas de Fantasia e Realidade, mas também ao nível da finalização da sequência, com um predomínio de cenas de Aflição e Fantasia face a cenas de Realidade na amostra da Casa da Praia, comparativamente com a amostra de aferição.

Cenas/ Posição

Amostra da Casa da Praia Amostra de Aferição1 6-8 anos 9 anos 10-11 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

n=68 n=27 n=31 n= 245 n= 70 n=70 1ª Aflição 54.4 59.3 61.3 74.7 81.4 78.1 1ª Fantasia 19.1 7.4 16.1 10.2 8.6 12.2 1ª Realidade 26.5 33.3 22.6 15.1 10 9.7 2ª Aflição 38.2 44.4 41.9 42 57.1 36.6 2ª Fantasia 30.9 25.9 41.9 34.7 28.6 34.2 2ª Realidade 30.9 29.6 16.1 23.3 14.3 29.2 3ª Aflição 30.9 29.6 32.3 33.1 15.7 9.7 3ª Fantasia 39.7 48.1 45.2 42.5 50 31.7 3ª Realidade 29.4 22.2 22.6 24.4 34.3 58.6

6-8 anos 9 anos 10-11 anos

2

p2 p 2 p

Cartão I (1ª) 20.16 .000 16.37 .000 9.77 .008 Cartão I (2ª) 1.21 .547 5.26 .072 4.34 .114 Cartão I (3ª) 5.86 .054 4.50 .105 34.48 .000

27 Em ambas as faixas etárias verifica-se um padrão de respostas semelhante, caracterizado por uma impossibilidade de contactar com a ansiedade para a qual o cartão remete, negando-a ou evitando-a através de um maior uso de cenas de Fantasia e/ou Realidade.

Na faixa etária dos 10-11 anos, esta incapacidade inicial vai repercutir-se na forma desadaptativa como a sequência vai terminar. Parece haver um padrão, nesta faixa etária, que a tem caracterizado ao longo dos vários cartões, de uma forma quase contínua e que se traduz, como foi sendo visto, pela incapacidade inicial de fazer face à ansiedade despertada pelo cartão e, consequentemente, pela incapacidade final de aceder a soluções adaptativas.

Quadro 6

Comparação da amostra com a amostra de aferição – Cartão V

1Amostra de Aferição da Prova “Era uma vez...” (Fagulha, 1997/2002)

Cartão que remete para uma situação prazerosa associada ao dia de aniversário podendo remeter para o contentamento das crianças associado ao facto de ser um dia especial. Verificam-se diferenças significativas para a faixa etária dos 10-11 anos no que se refere às escolhas para a primeira posição da Sequência de Cenas, traduzindo-se por um maior uso de Aflição e Fantasia e um menor de Realidade por parte das crianças da Casa da Praia. Constata-se que é um grupo que se apresenta como menos adaptado face à amostra de aferição.

Cenas/ Posição

Amostra da Casa da Praia Amostra de Aferição1 6-8 anos 9 anos 10-11 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

n=68 n=27 n=31 n= 245 n= 70 n=70 1ª Aflição 14.7 22.2 12.9 18.8 12.9 4.8 1ª Fantasia 35.3 29.6 38.7 29.8 25.7 24.4 1ª Realidade 50 48.1 48.4 51.4 61.4 70.8 2ª Aflição 23.5 7.4 12.9 25.3 14.3 9.8 2ª Fantasia 39.7 55.6 38.7 40.8 37.1 36.5 2ª Realidade 36.8 37 48.4 33.9 48.6 53.7 3ª Aflição 20.6 14.8 9.7 23.3 11.5 12.2 3ª Fantasia 50 37 51.6 40 34.2 36.5 3ª Realidade 29.4 48.1 38.7 36.7 54.3 51.3

6-8 anos 9 anos 10-11 anos

2 p 2 p 2 p

Cartão I (1ª) 4.1 .129 2.75 .252 20.97 .000 Cartão I (2ª) .1 .952 4.12 .128 1.45 .484 Cartão I (3ª) 2.10 .350 .51 .775 2.47 .291

28 Uma situação que remete para um acontecimento bom, agradável, parece desencadear uma reacção mais ansiosa, demonstrando uma atitude negativa face à expectativa de “coisas boas” que poderão surgir.

Quadro 7

Comparação da amostra com a amostra de aferição – Cartão VI

1Amostra de Aferição da Prova “Era uma vez...” (Fagulha, 1997/2002)

No Cartão VI, o qual remete para uma situação de discussão de casal e para o medo e ansiedade que a separação dos pais pode causar à criança, encontram-se diferenças significativas em todas as faixas etárias.

Na faixa etária dos 6-8 anos as diferenças ocorrem ao nível da primeira posição da sequência traduzindo-se por uma maior utilização de cenas de Aflição por parte das crianças da Casa da Praia face à amostra de aferição, apontando para uma capacidade em lidar com a ansiedade para a qual o cartão remete, não a negando.

Aos 9 anos verificam-se diferenças quanto à primeira e terceira posições da sequência, traduzindo-se, no primeiro caso por um maior uso de cenas de Fantasia pelas crianças da Casa da Praia e no segundo por uma menor percentagem de cenas de Aflição e uma maior de cenas de Fantasia e Realidade.

No que se refere à faixa etária dos 10-11 anos encontram-se diferenças em todas as posições da Sequência de Cenas. Quanto à primeira posição, a diferença traduz-se por uma menor utilização de cenas e Aflição e de Realidade e uma maior percentagem

Cenas/ Posição

Amostra da Casa da Praia Amostra de Aferição1 6-8 anos 9 anos 10-11 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

n=68 n=27 n=31 n= 245 n= 70 n=70 1ª Aflição 33.8 25.9 19.4 22.8 25.7 26.9 1ª Fantasia 25 25.9 35.5 32.2 8.6 2.4 1ª Realidade 41.2 48.1 45.2 45 65.7 70.7 2ª Aflição 36.8 40.7 32.3 42.2 62.8 68.3 2ª Fantasia 33.8 25.9 29 32 17.2 9.7 2ª Realidade 29.4 33.3 38.7 25.8 20 22 3ª Aflição 32.4 29.6 35.5 29.9 54.3 36.6 3ª Fantasia 51.5 51.9 38.7 48 38.6 56.2 3ª Realidade 16.2 18.5 25.8 22.1 7.1 7.2

6-8 anos 9 anos 10-11 anos

2 p 2 p 2 p

Cartão I (1ª) 7.54 .023 10.69 .005 278.64 .000 Cartão I (2ª) 2.57 .276 5.69 .058 37.40 .000 Cartão I (3ª) 4.21 .122 9.21 .010 27.70 .000

29 de cenas de Fantasia nas crianças da Casa da Praia face à amostra de aferição. Mais uma vez se verifica o continuar de um padrão nesta faixa etária, de incapacidade em reconhecer a ansiedade num primeiro momento. Na segunda posição as diferenças manifestam-se por um menor uso de Aflição e maior de Fantasia e Realidade nas crianças da Casa da Praia, o que, mais uma vez vai no sentido do que foi dito anteriormente. No que se refere à terceira posição, verifica-se que as soluções finais, nas crianças da Casa da Praia são mais pelo uso da Fantasia, embora consigam aceder a soluções mais realistas que a amostra de aferição.

Olhando para as diferenças significativas no término das Sequências de Cenas uma hipótese que poderá justificar estes resultados é a exposição das crianças da Casa da Praia a este tipo de situações. A discussão parental, o contacto com a eminência da separação ou separação parental real bem como, eventual violência associada, de uma forma mais real e continuada, faz com que a situação consiga ser elaborada de uma forma mais real, pois é conhecida e pode, eventualmente, fazer parte do quotidiano da criança.

Quadro 8

Comparação da amostra com a amostra de aferição – Cartão VII

1Amostra de Aferição da Prova “Era uma vez...” (Fagulha, 1997/2002)

No cartão que remete para a vivência escolar nomeadamente para a situação de não saber neste contexto, existem diferenças significativas em todas as faixas etárias.

Cenas/ Posição

Amostra da Casa da Praia Amostra de Aferição1 6-8 anos 9 anos 10-11 anos 6-8 anos 9 anos 10-11 anos

n=68 n=27 n=31 n= 245 n= 70 n=70 1ª Aflição 29.4 33.3 32.3 35.7 51.4 29.3 1ª Fantasia 20.6 18.5 6.5 20.4 1.4 2.4 1ª Realidade 50 48.1 61.3 43.9 47.2 68.3 2ª Aflição 33.8 29.6 29 39.3 34.3 19.4 2ª Fantasia 30.9 7.4 19.4 27.1 15.7 4.9 2ª Realidade 35.3 63 51.6 33.6 50.0 75.7 3ª Aflição 25 11.1 12.9 35.7 32.8 19.5 3ª Fantasia 33.8 40.7 29 36.5 17.2 12.2 3ª Realidade 41.2 48.1 58.1 27.8 50 68.3

6-8 anos 9 anos 10-11 anos

2 p 2 p 2 p

Cartão I (1ª) .63 .729 58.24 .000 8.52 .014 Cartão I (2ª) 2.81 .246 2.26 .323 26.32 .000 Cartão I (3ª) 8.89 .012 12.59 .002 19.71 .000

30 No que concerne à faixa etária dos 6-8 anos, as diferenças ocorrem ao nível da terceira posição da Sequência de Cenas e expressam-se por uma maior utilização de cenas de Realidade e uma, consequente, menor utilização de cenas de Aflição nas crianças da amostra da Casa da Praia em comparação com a amostra de aferição.

Aos 9 anos, verificam-se diferenças face à primeira posição da sequência que se traduzem por uma maior utilização de cenas de Fantasia e menor de cenas de Aflição pelas crianças da Casa da Praia, o que se volta a verificar nas escolhas na terceira posição.

Na faixa etária dos 10-11 anos verificam-se diferenças em todas as posições da Sequência de Cenas. Quanto à primeira posição as diferenças manifestam-se por mais cenas de Aflição e de Fantasia e menos de Realidade nas crianças da Casa da Praia. Na segunda posição este padrão repete-se e na terceira posição verifica-se uma maior tendência, por parte das crianças da Casa da Praia para escolher cenas de Fantasia.

Um aspecto a destacar é o facto de, em todas as faixas etárias das crianças da Casa da Praia, a Sequência de Cenas terminar com significativamente menos cenas de Aflição quando em comparação com a amostra de aferição. Para este facto poderá estar a contribuir a ambiente que a Casa da Praia proporciona, menos atemorizante e mais securizante, onde a dificuldade é vivida como menos assustadora. A atitude mais criativa caracteriza o modo da Casa da Praia trabalhar poderá estimular uma maior criação de Fantasia e justificar esta maior utilização nas faixas etárias dos 6 e dos 10-11 anos. Aos 6-8 anos, verifica-se, pelo maior uso de cenas de Realidade na terceira posição, que a situação é vivida de uma forma mais adequada.

De acordo com o que foi apresentado e discutido anteriormente, ressalta o facto do grupo da Casa da Praia dos 10-11 anos ser o que apresenta, mais vezes, um padrão que se caracteriza por uma dificuldade em reconhecer a ansiedade para a qual o cartão remete (menos cenas de Aflição na primeira posição), falhando depois na possibilidade de chegar a uma solução adaptativa (que se caracterizaria por mais cenas de Realidade na terceira posição), o que confirma em parte, especialmente neste grupo, a hipótese 1a que previa uma diferença na sequência de cenas entre as crianças da Casa da Praia e as crianças da amostra de aferição, nomeadamente por uma menor escolha de cenas de Realidade na terceira posição (e não apenas nos Cartões I, III e IV, como se verifica).

31 IV. 2 Caracterização das Estratégias de Elaboração da Ansiedade (EEA)

Compararam-se o total das EEA usadas pela amostra do presente estudo com as usadas pela amostra de crianças sem problema psicológico identificado, do estudo de Pires (2001). Esta amostra é constituída por 100 crianças de ambos os sexos com idade compreendidas entre os 6 e os 10 anos. A distribuição de crianças, por grupo etário, difere nas duas amostras. Para evitar enviesamentos devido a esta diferente distribuição por níveis etários e, visto no estudo de Pires (2001) haver uma amostra homogénea, onde há igual número de sujeitos em cada classe etária e, na amostra da Casa da Praia, haver classes sub e sobre representadas, foi usada, nesta última, uma média ponderada de idades.

De forma a tornar possível a comparação, os sujeitos com 11 anos da amostra da Casa da Praia foram suprimidos, passando a amostra a n= 113.

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