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Comparação de resultados da primeira e segunda avaliação

Um dos nossos objetivos para o estudo era analisar a eficácia de um programa psicopedagógicona qualidade de vida dos enfermeiros.

No sentido da concretização deste objetivo comparamos os resultados obtidos (perceção da qualidade de vida avaliada pelo SF36, recursos de coping, respostas de stresse e índices críticos avaliados pelo IRRP e de atos negativos avaliados pelo NAQ-R) nos dois momentos de avaliação antes e pós-intervenção recorremos de igual modo à estatística paramétrica (teste t para amostras emparelhadas). Nesta análise de variância de médias foram apenas estudados os participantes que participaram no programa psicopedagógico (N=60).

Os resultados serão apresentados nos subcapítulos seguintes, em Tabelas e em função de cada escala utilizada, nomeadamente qualidade de vida, recursos de coping, respostas de stresse, índices críticos e violência psicológica.

8.1 - Qualidade de vida dos enfermeiros

Os resultados da qualidade de vida comparados entre os dois momentos de avaliação são apresentados na Tabela 69.

Tabela 69

Comparação entre as médias das subescalas SF36 no primeiro e segundo momento de avaliação

SF36 N M DP t (gl) p

Saúde Mental 1ª avaliação 2ª avaliação 59 59 57,9 56,5 21,4 26,7 0,46 (58) ns Função Social 1ª avaliação 2ª avaliação 58 58 57,8 61,9 24,6 26,4 -1,19 (57) ns Vitalidade 1ª avaliação 2ª avaliação 60 60 50,9 47,8 22,3 23,5 1,20 (59) ns Saúde Geral 1ª avaliação 2ª avaliação 57 57 54,7 58,1 22,2 24,8 -1,09 (56) ns Dor Física 1ª avaliação 2ª avaliação 59 59 70,3 62,3 23,1 30,6 1,79 (58) ns Função Física 1ª avaliação 2ª avaliação 57 57 73,4 78,1 24,0 19,8 -1,50 (56) ns Desempenho Físico 1ª avaliação 2ª avaliação 60 60 66,2 70,8 36, 8 36,6 -0,78 (59) ns Desempenho Emocional 1ª avaliação 2ª avaliação 60 60 61,7 64,4 40,2 39,7 -0,41 (59) ns SF36 total 1ª avaliação 2ª avaliação 52 52 61,5 63,0 18,0 23,0 -0,20 (51) ns

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Na Tabela 69 pode ver-se que não se verificaram resultados estatisticamente significativos, na comparação de médias das subescalas da qualidade de vida, entre o primeiro e o segundo momento de avaliação.

Constatamos assim que a qualidade de vida avaliada pelo SF36 (total) e subescalas foi percecionada pelos participantes de forma semelhante nos dois momentos de avaliação independentemente do programa psicopedagógico em que participaram.

8.2 - Recursos de coping, respostas de stresse e índices críticos dos enfermeiros

Na mesma linha de análise entre os dois momentos de avaliação comparamos as médias entre os grupos no que se refere aos recursos de coping, às respostas de stresse e aos índices críticos.

A Tabela 70 (pág. seguinte) apresenta a comparação entre médias das subescalas do IRRP no primeiro e segundo momento de avaliação.

De acordo com a Tabela 70, a comparação de médias das subescalas do IRRP, nos dois momentos de avaliação, concluímos existirem diferenças estatisticamente significativas para a subescala Resposta Fisiológica.

Os Enfermeiros apresentaram médias superiores da subescala Resposta Fisiológica na segunda avaliação (M=39,5; DP=25,0) comparativamente ao primeiro momento de avaliação (M=32,7; DP=22,1) para um valor de t(58)=-2,42; p<0,05.

Em síntese podemos referir que na análise intrasujeitos foram identificadas nas duas avaliações nas respostas de stresse, no domínio Resposta Fisiológica.

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Tabela 70

Comparação entre as médias das subescalas do IRRP no primeiro e segundo momento de avaliação

IRRP N M DP t (gl) p

Infrequência 1ª avaliação 59 13,4 19,6 1,50 (58) ns

2ª avaliação 59 10,0 17,4

Negação 1ª avaliação 60 49,3 23,0 0, 53 (59) ns

2ª avaliação 60 47,9 23,5

Espírito Filosófico 1ª avaliação 54 78,5 24,2 -0,37 (53) ns

2ª avaliação 54 79,4 24,4

Coping 1ª avaliação 57 66,7 27,2 -0,13 (56) ns

2ª avaliação 57 67,1 31,0

Suporte Social 1ª avaliação 59 84,7 25,9 -0,41 (58) ns

2ª avaliação 59 85,8 21,5

Raiva e Frustração 1ª avaliação 59 37,9 25,7 0,75 (58) ns

2ª avaliação 59 35,8 25,9

Distresse e Saúde 1ª avaliação 59 44,6 24,9 0,20 (58) ns

2ª avaliação 59 43,8 26,9

Culpabilidade 1ª avaliação 60 34,4 23,2 -0,08 (59) ns

2ª avaliação 60 34,6 24,0

Resposta Fisiológica 1ª avaliação 59 32,7 22,1 -2,42 (58) *

2ª avaliação 59 39,5 25,0

Emocionalidade Disfórica 1ª avaliação 59 41,0 25,8 -2,00 (66) ns

2ª avaliação 59 46,2 27,8

Ansiedade 1ª avaliação 58 40,9 25,1 -0,48 (57) ns

2ª avaliação 58 42,5 29,0

Pressão Excessiva 1ª avaliação 59 47,7 24,0 0,44 (58) ns

2ª avaliação 59 46,2 28,4 Hostilidade 1ª avaliação 57 32,6 25,9 -1,80 (56) ns 2ª avaliação 57 39,1 30,6 Depressão 1ª avaliação 59 26,9 27,9 0,06 (58) ns 2ª avaliação 59 26,8 24,4 Ineficácia 1ª avaliação 58 33,7 27,0 -0,12 (57) ns 2ª avaliação 58 35,1 30,2

Perda de Controlo 1ª avaliação 58 16,2 21,8 0,60 (57) ns

2ª avaliação 58 14,8 21,3

Suicídio 1ª avaliação 60 8,33 19,34 0,91 (59) ns

2ª avaliação 60 6,0 16,6

IRRP total 1ª avaliação 53 39,9 7,1 0,13 (52) ns

2ª avaliação 53 38,8 7,7

Nota: ns - não significativo; *p<0,5

8.3 - Violência psicológica dos enfermeiros

Comparamos a violência psicológica associada ao trabalho no grupo em estudo, em dois momentos diferentes (primeiro e segundo momento de avaliação, pré e pós programa de intervenção).

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Encontramos resultados estatisticamente significativos como podemos observar na Tabela 71.

Tabela 71

Comparação entre as médias das subescalas do NAQ-R no primeiro e segundo momento de avaliação

NAQ-R N M DP t (gl) p

Intimidação 1ª avaliação 2ª avaliação 58 58 13,9 23,1 14,9 23,2 -3,23 (57) **

Exclusão 1ª avaliação 57 28,8 23,2 0,38 (56) ns

2ª avaliação 57 27,6 23,2

Qualidade/Sobrecarga Trabalho 1ª avaliação 60 16,0 16,4 -3,82 (59) ***

2ª avaliação 60 26,7 27,0

Subvalorização do Trabalho 1ª avaliação 60 13,1 19,5 -1,76 (59) ns

2ª avaliação 60 18,9 25,6

NAQ-R total 1ª avaliação 55 31,1 7,0 1,13 (54) ns

2ª avaliação 55 30,0 6,7

Nota: ns - não significativo; *p<0,5; ** p< 0,01; ***p<0,001

Podemos verificar que existem resultados estatisticamente significativos para a subescala de Intimidação t(57)=-3,23; p<0,01. Tendo-se observado um aumento de atos de Intimidação da primeira para a segunda avaliação, com médias de M=13,9 (DP=14,9) e de 23,1 (DP=23,2), respetivamente.

De igual modo a Qualidade/Sobrecarga de Trabalho revelam diferenças com significado estatístico t(59)=-3,82; p<0,001 entre os dois momentos de avaliação. Os enfermeiros no segundo momento de avaliação apresentavam maior perceção de Qualidade/Sobrecarga de Trabalho (M=26,7; DP=27,0), comparativamente com a primeira avaliação (M=16,0; DP=16,4).

Podemos assim referir que os participantes percecionam mais violência psicológica ao nível de Intimidação e de Qualidade/Sobrecarga de Trabalho na segunda avaliação comparativamente ao primeiro momento de avaliação.

8.4 - Modelo preditivo na qualidade de vida dos enfermeiros

No sentido de responder ao objetivo: identificar variáveis preditoras da qualidade de vida dos enfermeiros na segunda avaliação recorremos à análise de regressão linear múltipla através do método Stepwise definindo como variáveis critério a qualidade de vida avaliada pelo SF36 total e as subescalas relativas à segunda avaliação e como preditoras as seguintes variáveis da primeira avaliação: idade, tempo de serviço (profissão, Instituição e

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serviço atual), horas de trabalho por semana, perceção de saúde em geral e de qualidade de vida global na última semana, perceção do nível de stresse, subescalas do NAQ-R e do IRRP, valores médios do pulso (início e final da sessão) e a média do grau de relaxamento. Foi pesquisada a presença de multicolinearidade através da collinearity statistics (tolerance), na Tabela 72 são apresentados os valores do coeficiente de determinação múltiplo ajustado (R2 ajustado), os resultados do teste F e a sua significância estatística, os preditores que revelaram capacidade explicativa, assim como os valores dos coeficientes estandartizados (beta).

Tabela 72

Modelo preditivo na qualidade de vida dos enfermeiros

Nota: * p<0,05; **p<0,01

A perceção de saúde geral na última semana, na primeira avaliação é a variável que melhor prediz a qualidade de vida SF36 total e as dimensões Função Física e Desempenho Emocional, na segunda avaliação, em 41%; 19% e 31%, respetivamente.

A perceção de qualidade de vida global na última semana é a variável preditora que melhor explica diferentes dimensões do SF36, como a Dor Física em 16%, a Função Social em 29%, a Vitalidade em 33% e a Saúde Geral em 36%.

A menor Resposta Fisiológica enquanto uma resposta de stresse explica em 43% a melhor perceção de Saúde Mental.

Em síntese a perceção de maiores níveis de saúde geral e de qualidade de vida global são as varáveis da primeira avaliação que melhor predizem a perceção de mais qualidade de vida total e as suas dimensões avaliadas cerca de seis meses após.

Variáveis Preditoras

R2

Ajustado F (gl) p t Variáveis Critério ß

Saúde geral na última semana 0,41 13,77 (1,17) ** 3,71 QUALIDADE VIDA (SF36) 0,66 0,19 5,75 (1,19) * 2,39 Função Física 0,48 0,31 10,41 (1,20) ** 3,22 Desempenho Emocional 0,58 Qualidade vida global 0,16 5,00 (1,20) * 2,23 Dor Física 0,44 0,29 9,32 (1,19) ** 3,05 Função Social 0,57 0,33 11,41 (1,20) ** 3,37 Vitalidade 0,60 0,36 12,01 (1,19) ** 3,46 Saúde Geral 0,62

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IV ª Parte

Discussão

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