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COMPARAÇÃO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCO

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.5. COMPARAÇÃO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCO

ESTABELECIDO EM UMA EMPRESA DO SEGMENTO COM A NBR 31000:2018 E PARCF

A empresa de celulose que executa atividade colheita florestal mecanizada no Pará possui um Processo de Avaliação de Risco (ART), que foi estabelecido pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) utilizando requisitos da organização.

Os resultados dessa análise foram comparados com os requisitos da NBR ISO 31000 (2018) e com os resultados da aplicação do PARCF, nas mesmas tarefas.

Para cada análise de risco, foram avaliados os seguintes tópicos, conforme preconiza a NBR ISO 31000 (2018):

• Estabelecimento do contexto;

o Objetivos da organização; o ambiente; partes interessadas e a diversidade do critério do risco;

• Identificação do risco;

o busca, reconhecimento, descrição do risco e suas consequências, identificação da fonte e evento de risco;

• Análise do risco;

o compreensão dos riscos, seu nível de risco, as legislações do processo em avaliação;

• Avaliação do risco

o Mecanismo para tomada de decisões; e • Tratamento do risco.

77 O estabelecimento do contexto busca capturar os objetivos da organização, o ambiente que ela persegue esses objetivos, suas partes interessadas e a diversidade do critério de risco (NBR ISO 31000, 2018).

Na ART, foi notada, nos itens de característica da tarefa, a possibilidade do avaliador em identificar atributos relacionado aos objetivos da organização (eliminar o acidente), o ambiente e a diversidade dos riscos prévios que podem surgir no local, por exemplo: ruído, levantamento de carga, presença de animais peçonhentos e ambiente com declive.

Porém, ainda no quesito estabelecimento do contexto, notou-se a ausência da identificação das partes interessadas. Em destaque a ausência de itens normativos de órgão governamental que pudesse regular o trabalho florestal. Essa ausência impede aos avaliadores a identificação dos pré-requisitos legais que devem ser adotados previamente ou durante a execução das atividades.

No que se refere à etapa de identificação do risco, a ART inclui a busca, reconhecimento, descrição e suas consequências, porém não é adequada para identificação da fonte e evento de risco. A falta de mecanismo que possa identificar a fonte e o evento impede o tratamento das causas raízes de um possível acidente (ROSA; TOLEDO, 2015).

Para o item “análise de risco” que, conforme preconiza a NBR ISO 31000 (2018), busca desenvolver a compreensão dos riscos, seu nível, as legislações do processo em avaliação na ART, não foi verificado o estabelecimento de alguma tática para determinar o nível de risco, constituída como magnitude do risco, dificultando a estratégia de alocação de recursos prioritários (COX JR, 2008).

Está ausente também, nesse processo de avaliação de risco, algum mecanismo de indicação de legislação pertinente a atividade de colheita florestal, que, no Brasil, se relaciona diretamente com as normativas do Ministério do Trabalho. A carência dessa informação, dificulta o tratamento do risco nas etapas posteriores, pois afasta o avaliador das recomendações legais já consolidadas (MANUAL DE LEGISLAÇÃO, 2017).

A avaliação para determinar se o risco é aceitável ou intolerável não foi percebida na ART. Essa ausência implica na dificuldade em estabelecer um poder

78 decisivo aos avaliadores e não há critério para aplicação de recursos e prioridades (ROSA; TOLEDO, 2015).

No que diz respeito à comparação do resultado da ART da empresa com o PARCF, foram checados os dois resultados para as mesmas atividades em estudo, realizados com pessoas e períodos diferentes.

Essa comparação foi realizada para identificar se os resultados do PARCF conseguiriam identificar as mesmas medidas de controle do processo de avaliação estabelecido pela empresa, que foram realizadas previamente à execução do trabalho, nas frentes de trabalho.

A identificação das medidas de controle foi também dividida em Ações de Gestão (AG) da empresa, ou Ato do Trabalhador (AT) para eliminar ou minimizar o evento (Tabela 6).

Entende-se, nessa análise, as AG da empresa: os treinamentos, manutenção preventiva, fornecimento de proteção coletiva e individual, organização de pausas no trabalho e fornecimento de equipamentos adequados. Os AT podem ser exemplificados pelas: posturas de trabalho, observações ou verificações da tarefa ou dos cenários de risco, utilização de mecanismos de proteção individual ou coletiva.

Tabela 6. Identificação das medidas de controle do PARCF em comparação com a ART do SESMT da empresa

Atividade Medidas de controle PARCF ART AG AT Soma AG AT Soma Condução de veículos pesados 6 3 9 2 3 5 Derrubada direcionada 4 9 13 1 9 10

Arraste de madeira com skidder

7 7 14 3 6 9

Corte de madeira com feller-buncher 6 7 13 1 8 9 Derrubada e processamento com harvester e carregamento florestal 6 6 12 7 2 9 Traçamento com harvester 7 7 14 1 6 7 Soma 75 Soma 49

79 Os dados analisados indicaram que, em todas as seis atividades avaliadas, o PARCF apresentou um maior número de recomendações de medidas de controle, quando comparado à ART. Na atividade de Traçamento com Harvester, foi verificado que o PARCF identificou quatorze medidas de controle, e a ART identificou apenas sete, justificada, segundo os avaliadores, pela segregação da adoção de medidas de controle sugerida pelo PARCF na etapa de análise.

Em todas atividades (seis), foi observada também uma diferença entre as medidas de controle apresentadas pelo PARCF em comparação com a ART. O PARCF indicou a aplicação de 75 medidas de controle, enquanto a ART recomendou 49 medidas.

Outro fator que diferiu os dois processos de avaliação é o de que o PARCF identifica mais medidas de controle de gestão de que o ART, justificada pela identificação da fonte de risco que difere da ART apresentada. As ações de controle apoiadas nas ações do trabalhador limitam-se à eliminação ou minimização da lesão, sem eliminar a fonte de risco (OLIVEIRA; FERREIRA; ARRUDA, 2018).