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Comparação dos dados SRTM com dados das cartas cartográficas da SUDENE

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 Comparação dos dados SRTM com dados das cartas cartográficas da SUDENE

A geração do Modelo Numérico do Terreno (MNT), utilizando o ArcGIS versão 9.2, apresenta-se como uma ferramenta de grande potencial para obtenção das características físicas, principalmente declividade e hipsometria, da bacia, pois o método manual demanda mão-de-obra e tempo expressivos.

A Tabela 19 apresenta os valores dos elementos geográficos da caracterização da meso-bacia do Rio Pacui, obtida por ambos os métodos. Observa-se que existe uma diferença entre as duas metodologias, para a maioria das características morfométricas, devido a sua magnitude e datum. Essas diferenças podem ser consideradas irrelevantes. Devido os dois processos estarem na mesma projeção, as discrepâncias constantes da Tabela 19 podem ser explicadas por diferenças entre o MNT e a carta aerofotogramétrica. Estas diferenças são resultantes da subjetividade existente no processo, tanto na determinação das curvas de nível quanto da confecção do mapa altimétrico, como na interpolação realizada entre as mesmas para determinação da altitude do ponto que compõe a grade de pontos. Além disso, essas diferenças de altitude podem ser decorrentes da diferença de subjetividade do referencial usada nos dados altimétricos (WGS84) e dados do SRTM (WGS84). A resolução da grade gerada também pode contribuir para as diferenças de resultados.

TABELA 19 – Características fisiográficas da bacia do rio Pacui obtida pelo SRTM e sistema manual (DGS/SUDENE)

Parâmetro Unidade SRTM Manual Variação (%)

Altitude Máxima m 1250,00 1200,00 2,05 Altitude Mínima m 477,00 500,00 2,35 Área (Ab) km2 987,73 1012,08 1,21 Perímetro (P) km 213,26 163,66 13,15 Número de Cursos - 2531,00 155,00 88,45 Número de Confluências - 1221.00 867.00 16,27

Comprimento da rede de drenagem km 1619.01 430.40 57,99 Densidade da rede de drenagem (Dd) km.km-2 1,64 0.43 58,45

Comprimento do Curso Principal (LP) km 75.15 73.70 0,97

Declividade do Curso Principal (DLcp) % 1,28 1,26 0,79

Ordem dos cursos d'água - 4.00 4.00 0,00

Comprimento da bacia (Lb) km 55.24 53.79 1,33

Declividade da bacia (Db) % 1.07 1.12 2,29

Fator de forma (Rf) - 0.32 0.35 4,47

Tempo de Concentração (Tc) h 1.63 1.04 22,09

Sinuosidade do rio principal (Sin) - 1,40 0.74 30,85

Coeficiente de Compacidade (kc) - 1.90 1.40 15,15

Coeficiente de manutenção (Cm) m2.m 609,75 2325,58 58,45

Extensão média do escoamento superficial km 3,29 3,40 1,65 O número de cursos d’água apresentado foi totalmente diferente nos dois processos, a ferramenta automática constrói uma grade de definição de fluxo a partir de um número mínimo de pixels necessários para se originar um curso de água. Esta etapa do processo automático demanda a intervenção do técnico, no tocante à definição desta quantidade mínima de pixels. Quanto maior esta acumulação, menos e/ou menores cursos serão obtidos. A quantidade de cursos no processo manual, por sua vez, dependerá da escala do mapa considerado, bem como do desnível geométrico entre as cotas. Quanto menor a escala do mapa e maior o desnível geométrico entre cotas, menos cursos serão obtidos. Estes resultados corroboram com Sucupira, Pinheiro e Rosa (2006); Costa et al. (2007a) e Santos et al. (2007) estudando caracterização morfométricas de bacia hidrográficas gerada pelo Modelo Numérico do Terreno (MNT) e cartas das SUDENE. Em relação ao comprimento da rede de drenagem ocorreu uma variação de (57,9%) entre os métodos, isto devido aos números de células de acumulação (threshold) aplicado que foi igual a 25. Resultados semelhantes foram encontrados por Costa et al. (2007b) com caracterização fisiográfica e comparação de

dados obtidos pelo SRTM e cartas da DGS/SUDENE em uma meso-bacia do estado do Ceará ; Costa (2008) em validação altimétrica e morfométrica do SRTM e cartas da DSG/SUDENE. Costa (2008) relata que esta tendência remete a um valor hidrologicamente mais consistente de threshold entre 25 e 50 células do grid SRTM para a geração de uma malha de drenagem semelhante à das cartas DSG/ SUDENE. Portanto, estes resultados encontrados por ser observados na Figura 17, onde mostra a rede de drenagem gerada pelos dois métodos.

Costa et al. (2007b); Santos et al. (2007) verificaram que a caracterização fisiografica através de dados SRTM e cartas da DSG/SUDENE e comparação dos resultados obtidos pelos dois métodos, para os parâmetros: comprimento do curso principal, declividade do curso principal, comprimento da bacia e fator de forma não houve grande variação entre os métodos. Os resultados destes tendem ao encontrado neste trabalho como mostra a Tabela 19. Já Santos et al. (2007) realizando os mesmos estudos na bacia experimental do Riacho Jatobá Pesqueira – PE observaram que a ordem dos cursos d’água da bacia para os métodos a variação obtida foi mínima.

De acordo com a Tabela 19 observa-se que os parâmetros números de cursos, comprimento da rede de drenagem, densidade da rede de drenagem e sinuosidade do rio principal obtiveram maiores variações em relação aos métodos, cujos valores em percentagem foram respectivamente (88,45%; 57,99%; 58,45% e 30,85%).

O fator de forma e coeficiente de compacidade relaciona o formato da bacia e avalia a propensão às enchentes, então se observa que as variações pelo SRTM e cartas da SUDENE foram pequenas, portanto não influenciando tanto na forma da bacia. Portanto, conclui-se que a forma da bacia esta mais para alongada, devido os valores Rf e kc estarem mais distantes da unidade. Uma bacia será mais suscetível a

enchentes mais acentuadas quando seu Kc for mais próximo da unidade. Com valores de

Kc acima de 1,5 para o método SRTM a bacia Pacui é representativa de baixa propensão

a enchentes, enquanto que para o método manual (DSG/SUDENE) o valor de Kc é

menor que 1,5 a bacia possui propensão a enchentes.

A Figura 16 demonstra o perfil longitudinal do principal curso d’água da bacia rio Pacui com uso dos dados SRTM e perfil longitudinal do principal curso d’água usando a carta topográfica pelo método cartas da DSG/SUDENE. Observa-se na Figura 16 que o tamanho do curso principal não houve muita variação pelos métodos aplicados.

FIGURA 16 - Perfil longitudinal do principal curso d’água da bacia do rio Pacui, gerado pelos sistemas SRTM e manual, Campo Formoso, BA

A Figura 17a consiste na imagem gerada após o processo na extensão Terrain Preprocessing obtendo-se a delimitação e rede de drenagem da bacia considerando uma acumulação de 25, utilizou-se tamanho menor devido este ser mais adequado para obter dados que se aproxima mais das cartas da SUDENE, segundo Costa (2008). E a Figura 17b apresenta a digitalização sobre a imagem georreferenciada do mapa altimétrico da SUDENE.

400.0 600.0 800.0 1000.0 1200.0 1400.0 0 10 20 30 40 50 60 70 80

Distância da nascente à foz (km)

A lti tu de (m ) SRTM Manual

(a) (b) (b)

FIGURA 17 - a) Rede de drenagem da bacia gerado automaticamente pelo ARCHYDRO/Terrain Preprocessing; b) Rede de drenagem digitalizada manualmente.