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Comparação entre os níveis de levantamento pedológicos

3.3 Resultado e Discussão

3.3.2 Comparação entre os níveis de levantamento pedológicos

Neste trabalho foram utilizados três mapas pedológicos. Nos mapas detalhado tradicional e detalhado por textura, foram obtidas 5 ordens de solos, NEOSSOLOS, ARGISSOLOS, NITOSSOLOS, LATOSSOLOS e CAMBISSOLOS (Figura 2 b,c).

Das 28 unidades de mapeamento, do mapa detalhado por textura (escala base 1:10.000), o RQo, Cxb-2,3 e 4, LVA-1,2 e 3, PA-1 e 2, PVA-1, 2, 3 e 4, somam 44 % do total da área e não apresentaram classes similares no levantamento semidetalhado (escala base 1:50.000) (Figura 2 a, c)(Tabela 3). Do total de 186 ha, da unidade LE3+LRd+TE2, do semidetalhado, apenas 27,4% (51 ha) coincidiram com suas respectivas unidades no mapa detalhado por textura (LV-3+LVef-3 e 4+Nvef-3 e 4) (Tabela 3). As unidades LE1+LE2 foram as que melhor coincidiram com as unidades do mapa detalhado por textura com 63% (185,8 ha) do total. Para o PV-1 com apenas 1 ha no mapa semidetalhado, obteve-se 100 % de coincidência com o PV-2 do mapa detalhado por textura, porém, a representatividade desse solo é bem maior, no detalhado por textura, chegando a ocupar 29,94 ha. Somando-se todos os acertos desse cruzamento, temos 265,79 ha, cerca de 56% de coincidências entre o mapa detalhado por textura e o mapa semidetalhado.

Comparando o levantamento detalhado tradicional (Figura 2b) e o semidetalhado (Figura 2a) podemos observar um acerto de 118,98 ha entre as unidade LE3+LRd+TE2 e as unidades semelhantes do detalhado tradicional. Ainda para as unidades LE1+LE2 foi verificado um acerto em 185,8 ha e para o PV-1 apenas 1 ha, totalizando 304,78 ha cerca de 64,47% de acerto entre os mapas cruzados e um erro de 35% (Tabela 3). Com a diminuição do detalhamento na delimitação das unidades de mapeamento temos um aumento na porcentagem de acertos entre os cruzamentos do levantamento

semidetalhado. Mesmo assim, o erro de 35% entre o levantamento semidetalhado e o detalhado tradicional é considerável, podendo vir a comprometer trabalhos de planejamento caso venham a ser utilizados os levantamentos disponíveis atualmente. Segundo Embrapa (1989), os levantamentos semidetalhados devem atender a projetos de colonização de áreas, loteamentos rurais, estudos integrados de microbacias ou projetos onde a intensidade de uso dos solos não seja alta. No levantamento detalhado tradicional os objetivos são atender a projetos conservacionistas na fase de execução, projetos de irrigação e drenagem e de particular interesse para recomendações de manejo e uso dos solos. A escolha da escala de trabalho está diretamente relacionada com o objetivo a ser alcançado, escalas maiores permitem maior número de informações e maior detalhamento, enquanto que escalas menores, embora impliquem em menor custo e tempo para obtenção dos dados, tendem a fornecer informações generalizadas e agrupadas (Bouma, 1989).

As diferenças encontradas nas tabulações cruzadas podem ser melhor observadas verificando a metodologia empregada, expressa por: número de observações no campo, área mínima mapeável (a.m.m.), escala de publicação e o número de classes (Tabela 4). Para a execução do mapa de solos detalhado tradicional e detalhado por textura, foram realizadas 473 tradagens em uma área de aproximadamente 473 ha, ou seja 1 observação por hectare. O número de observações no levantamento semidetalhado foi bem inferior, sendo de 4 a 8 observações na área de estudo ou próxima a ela, originando 3 unidades de mapeamento, sendo 2 associações (Figura 2a). De fato, a diferença de observações é considerável e tem responsabilidade direta na variação de unidades de mapeamento. Por outro lado, o número de amostragens pode ser reduzido e os limites

melhor determinados quando se utilizam técnicas auxiliares. Para os levantamentos de solos semidetalhados usa-se, geralmente, a fotopedologia, onde as fotografias aéreas e o conhecimento do fotointérprete na delimitação de unidades de solos, possibilita uma diminuição do número de observações de campo e aumento na detecção das unidades de mapeamento. Demattê et al. (2001) comparando diferentes métodos de levantamentos de solos, concluiu que a utilização da fotopedologia, mapas planialtimétricos e dados de radiometria de laboratório, resultaram num levantamento de solos muito semelhante ao levantamento detalhado tradicional e superior ao semidetalhado. Prado (2000) conclui que utilizando-se da fotopedologia pode-se perfeitamente diminuir o número de prospecções representativas das referidas unidades de mapeamento, sem contudo prejudicar a qualidade do mapeamento de solos. No entanto, para o levantamento semidetalhado, próximo às drenagens não foram verificadas mudanças nas unidades de mapeamento, as quais poderiam ter sido evidenciadas melhorando seu o detalhamento.

Comparando os mapas pedológicos detalhado por textura e detalhado tradicional com o semidetalhado, nota-se grandes diferenças no número de unidades de mapeamento determinadas (Tabela 4). Dent & Young (1981) recomendam, para mapas semidetalhados, a utilização de mapas básicos em escala 2 a 2,5 vezes maior que a escala de publicação. Embrapa (1989) indica que para mapeamentos semidetalhados, a escala base mínima é de 1:50.000 e a escala de publicação máxima de 1:100.000. Verifica-se que o mapa semidetalhado da Figura 2a utilizou-se dos limites máximos sugeridos para a sua confecção. Tais fatos contribuíram para as diferenças no número de unidades de mapeamento destes mapas. Além disso, a própria metodologia utilizada na sua elaboração, utilizando-se como área mínima mapeável (a.m.m.), uma parcela menor

que 40 ha, com intensidade de observações entre 0,3 a 0,4 contribui para o fato (Embrapa, 1989). Para o levantamento detalhado tradicional e detalhado por textura temos o mapa na escala de 1:10.000, com área mínima mapeável (a.m.m.), uma parcela menor que 0,04 ha com 1 observação por hectare. Tais observações estão de acordo com Bouma (1989), para quem escalas maiores permitem maior número de informações e maior detalhamento e escalas menores tendem a generalizar e agrupar informações (Tabela 4).

Diferenças entre um mapa detalhado e um semidetalhado são, por definição, esperadas. A questão é avaliar os limites dessa diferença. Nos levantamentos detalhado tradicional e detalhado por textura há ocorrência de 11 e 28 unidades de mapeamento, respectivamente, que diferem quanto à textura, o que não pode ser levado em consideração quando observamos o levantamento semidetalhado, que apresentou 3 classes de solos, onde as unidades formadas não condizem totalmente com a realidade da área, como verificado pelas porcentagens de erros nos cruzamentos dos mapas. Esses resultados concordam com observações de Demattê et al. (1999 e 2001), para os quais levantamentos semidetalhados da região de Piracicaba e Mogi Guaçú apresentaram diferenças de até 400 % no número de unidades de mapeamento em relação ao detalhado. Com a utilização de fotografias aéreas escala 1:35.000, Demattê et al. (2001) determinaram 300% mais unidades fisiográficas que o mapa semidetalhado da mesma área, pela observação em fotografias aéreas, sem incursões no campo.