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A convergência contábil internacional pode aumentar a comparabilidade dos relatórios financeiros preparados em diferentes países, eliminar as barreiras aos fluxos de capitais internacionais, reduzir as diferenças nas exigências de relatórios financeiros, assim como os custos da informação financeira (DEEGAN, 2003). As demonstrações financeiras preparadas com o intuito de reconciliar os relatórios em IFRS ou USGAAP se mostram complicadas para

os investidores e analistas, por isto, as empresas que atuam em diversas localidades podem se beneficiar no uso das normas internacionais (FOSBRE; KRAFT; FOSBRE, 2009).

Um mecanismo por meio do qual a adoção das IFRS permite a redução do custo de capital é a maior comparabilidade da informação. Um conjunto uniforme de normas de contabilidade pode resultar em uma melhor comparabilidade das informações financeiras entre empresas situadas em países diferentes, reduzir os custos associados à interpretação das informações por parte dos investidores e, em consequência, reduzir a assimetria de informações e o risco de estimação, levando a um menor custo de capital próprio (DYE, 1990; LI, 2010).

A convergência máxima seria alcançada quando todas as firmas adotassem exatamente o mesmo conjunto de tratamentos contábeis para um item de declaração financeira, esta suposição serviu como base de muitos estudos sobre a comparabilidade contábil (VAN DER TAS, 1988; ADHIKARI; EMENYONU, 1997; CANIBANO; MORA, 2000; PIERCE; WEETMAN, 2000).

Os índices de comparabilidade são utilizados para quantificar o grau de similaridade na adoção de regras contábeis por parte de um grupo de empresas. Esses índices são equivalentes às técnicas estatísticas de probabilidade que são utilizadas para mensurar as relações entre variáveis.

Van der Tas (1988) introduziu o que pode ser considerado o primeiro índice de medição da comparabilidade nacional e/ou internacional cunhado de índice H (harmony). O mesmo autor também propôs o índice C, aplicado nas situações em que uma empresa recorre à mais de um método de contabilidade, e o índice I, que enfatiza o nível de comparabilidade entre os diferentes países.

Desde Van der Tas (1988), alguns autores têm sugerido refinamentos no instrumento de medição da comparabilidade com vistas a atender a outras circunstâncias ou para tratar as falhas dos índices existentes. Archer, Delvaille e McLeay (1995) adequaram o índice C para ser aplicado nas comparações de empresas em países diferentes ou nos mesmos países. Archer e McLeay (1995) propuseram um índice I, que é uma melhor generalização do índice H. Hermann e Thomas (1995) modificaram o índice I, na tentativa de reduzir uma falha recorrente, quando alguns países não têm empresas da amostra usando determinado método contábil.

Taplin (2004) propôs um novo índice, chamado de índice T (T Index), que proporcionou uma abordagem unificada para todas as variações dos índices propostos por Van der Tas (1988). Isto foi conseguido por meio da seleção de várias opções dentro do índice T para chegar a um índice específico com as propriedades desejadas para uma determinada pesquisa. O T Index pode ser interpretado como a probabilidade de as duas empresas, selecionadas aleatoriamente, possuírem políticas contábeis comparáveis.

Alguns estudos (VAN DER TAS, 1988; EMENYONU; GRAY, 1992; ARCHER; DELVAILLE; MCLEAY, 1995; HERRMANN; THOMAS, 1995; PARKER; MORRIS, 2001) têm avaliado os aumentos de comparabilidade por meio da análise das normas contábeis nacionais, das práticas de empresas nos mesmos países e de empresas em países diferentes. Os resultados desses estudos foram influenciados pela grande variedade de normas nacionais disponíveis e por um número significativo de opções de políticas contábeis em voga na época.

Parker e Morris (2001) verificaram a escolha das políticas contábeis de 80 empresas do Reino Unido e Austrália em 1993. Os resultados apontaram para uma comparabilidade nacional (National Index) considerável (T Index = 1,000) em ambos os países.

Mais recentemente, Cairns et al. (2010) investigaram o uso da mensuração pelo valor justo em 228 empresas britânicas e australianas. Por meio desse estudo, constatou-se o crescimento do uso do valor justo nos instrumentos financeiros e pagamentos baseados em ações das empresas em ambos os países. Em geral, o National Index, em relação às IFRS, alcançou 0,917 no Reino Unido e 0,881 na Austrália, e o Internacional Index entre as duas nações atingiu um índice de 0,905.

Brochet, Jagolinzer e Riedl (2011) examinaram se a adoção obrigatória das IFRS melhora a comparabilidade das demonstrações financeiras. A hipótese fundamental da pesquisa se baseou na seguinte assertiva: se a adoção das IFRS melhora a comparabilidade das demonstrações financeiras entre as empresas, então, pode-se deduzir que os benefícios de acesso às informações privilegiadas são reduzidos. Os resultados obtidos a partir de uma amostra de empresas britânicas listadas confirmaram essa premissa.

O T Index desenvolvido a partir dos estudos de Taplin (2004), e utilizado recentemente por Cairns et al. (2010), reflete a probabilidade de duas ou mais empresas selecionadas aleatoriamente possuírem demonstrações financeiras comparáveis. O índice assume valores de 0 (zero) quando todas as empresas têm as demonstrações financeiras não-

comparáveis entre si e 1 (um) quando todas as demonstrações financeiras são plenamente comparáveis entre si. Este índice pode ser utilizado para análise da comparabilidade de empresas situadas em um mesmo país (National Index) ou para a comparação de empresas situadas em dois ou mais países (International Index).

A fórmula geral para o T Index para empresas situadas em um mesmo país (National

Index) é fornecida pela equação (1) a seguir.

M k=1

(P

k

)

2

=

T

Index

(1) Onde:

Pk = proporção de empresas do país que utilizam o método contábil k; M = Quantidade de métodos contábeis analisados.

A fórmula geral para o T Index, para empresas situadas em diferentes países (International Index) é dada pela equação (2) a seguir.

N i=1

α

kl

β

ij

P

ki

P

lj

=

N j=1

M k=1

M l=1

T

Index

(2) Onde:

αkl = é o coeficiente de comparabilidade entre os métodos de contabilidade k e l;

βij = é a ponderação para a comparação entre as empresas dos países i e j;

Pki = proporção de empresas do país i que utilizam o método contábil k;

Plj = proporção de empresas do país j que utilizam o método contábil l; N = Quantidade de países analisados;

Com o objetivo de melhor elucidação do T Index, apresenta-se, na sequência, a Tabela 2, contendo os seguintes dados hipotéticos.

Tabela 2: Dados hipotéticos para demonstração do cálculo do T Index

Método A Método B National Index Método A Método B National Index

País 1 60 40 0,52 100 0 1,00

País 2 30 70 0,58 60 40 0,52

International Index 0,46 International Index 0,60

Ano 1 Ano 2

Fonte: Cairns et al (2010, p. 11)

Observa-se, durante o Ano 1, que 60% das empresas do país 1 utilizam o método contábil A, e 40% empregam o método B. O valor correspondente do T Index (National) será o equivalente a 0,52 conforme cálculo (3) a seguir.

T Index = 0,602 + 0,402 = 0,52 (3)

Isso quer dizer que, se duas empresas foram selecionadas aleatoriamente a partir desse país 1 (National Index), existe uma chance de 52% das empresas aplicarem o mesmo método contábil. Durante o ano 2, todas as empresas do país recorrem ao método A, o que gera um T

Index de 1, ou seja, um grau de comparabilidade pleno de 100%.

Analisando a comparabilidade entre diferentes países (International Index), tem-se que, durante o ano 1, o método contábil A foi utilizado por 60% das empresas do país 1 e 30% das empresas do país 2 e que o método contábil B, ainda no mesmo ano, foi aplicado por 40% das empresas do país 1 e 70% das empresas do país 2. O valor correspondente do T

Index será o equivalente a 0,46 conforme cálculo (4) abaixo.

Isso aponta que, se duas empresas foram selecionadas aleatoriamente a partir dos países 1 e 2 (International Index), existe uma chance de 46% das empresas recorrerem ao mesmo método contábil. Durante o ano 2, em decorrência de todas as empresas do país 1 utilizarem o método A e a maioria das empresas do país 2 passarem a usar o método A, o índice T Index calculado foi de 0,60, ou seja, um grau de comparabilidade da ordem de 60%.

A comparabilidade melhora quando os índices evidenciam que as escolhas das práticas contábeis de registro das transações e eventos convergem para um método. Por isto, a importância das IAS/IFRS exigirem que as empresas recorram a uma mesma política de mensuração, o que ainda não se confirmou em algumas normas em vigor.

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