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5 PRINCIPAIS AÇÕES GOVERNAMENTAIS DE MAPEAMENTO DE

8.1 Comparativo com os demais mapeamentos da CPRM e DRM/RJ

O mapeamento de perigo a movimento de massa do tipo planar, quando comparado aos outros dois mapeamentos que o Município de Nova Friburgo possui, a Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa elaborada pela CPRM na escala original de 1:25.000 e a Carta Geotécnica de Aptidão Urbana elaborada pelo DRM/RJ na escala de 1:10.000 se mostra mais assertivo em termos da classificação da área e danos causados à construções por atingimentos provenientes de movimentos de massa, mesmo se tratando de um evento climático extremo, como foi o de Janeiro de 2011. Esta constatação se deve a fatores como a escala de análise e metodologias utilizadas.

Um elemento importante na metodologia apresentada no manual elaborado no Projeto GIDES é o cálculo das áreas de atingimento provenientes de um evento movimento de massa. De acordo com estudos realizados em Nova Friburgo por Rocha et al. (2018) com base no evento climático que atingiu o município na noite do dia 11 e madrugada do dia 12 de janeiro de 2011 cerca de 88% das destruições ocorreram dentro da faixa de até 50 metros a partir da base da encosta com 25° ou mais de inclinação.

Trata-se de uma metodologia nova, que vem sendo incorporada a ações governamentais de mapeamento de perigo e risco a movimentos gravitacionais de massa, num primeiro momento ao longo do projeto, nas cidades-piloto e mais recentemente pela CPRM em convênio firmado com o Governo Estadual de Santa Catarina, onde três municípios foram contemplados com cartas de perigo elaboradas seguindo a metodologia desenvolvida no projeto. Estas foram as primeiras cartas elaboradas pela CPRM, órgão federal com expertise em estudos, pesquisas geológicas e desastres naturais (Figura 25).

Figura 25: Carta de Perigo a Movimentos Gravitacionais de Massa do Município de Braço do Norte, SC. Fonte: CPRM, 2019.

8.1.1 Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa (CPRM - 1:25.000)

A Carta de Suscetibilidade da CPRM, classifica as áreas quanto a uma maior ou menor propensão do terreno ao desenvolvimento de processos no meio físico. Observou-se que de acordo com o mapeamento realizado pela referida carta, 3 construções estavam localizadas em área classificada como de alta suscetibilidade a ocorrência de movimentos gravitacionais de massa e 3 se encontravam em área mapeada como de média suscetibilidade.

Este é um documento que tem o caráter informativo/consultivo quanto a suscetibilidade de ocorrência de movimentos de massa em determinada área, visto a escala de elaboração da Carta (1:25.000) e as ponderações presentes na nota explicativa que acompanha o material, e ainda por ser a primeira cartografia de suscetibilidade a movimentos de massa que foi realizada na totalidade do território municipal, possui uma relevância para a temática no Município de Nova Friburgo (Figura 26).

A nota técnica explicativa que acompanha a carta, deixa claro que o mapeamento não considera raio de alcance e trajetória do material mobilizado e que, em áreas urbanizadas os

limites entre uma área e outra podem ser alterados, para mais ou para menos, dependendo no grau de influência da ocupação existente. Coloca ainda que, estudos mais detalhados e em nível local são necessários, principalmente em áreas de suscetibilidade alta e média, podendo produzir limites distintos ante o apontado na carta (Bitar et al 2014).

Se considerarmos as áreas classificadas como alta e média, como sendo porções do território onde se requer atenção, sobretudo nas áreas urbanas, pode-se conferir um nível de assertividade elevado para o referido material dentro da área de estudo, mesmo com as considerações pertinentes, sobretudo em relação à escala da carta.

Figura 26: Destruições identificadas na área de estudo e mapeamento de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa.

8.1.2 Carta Geotécnica de Aptidão Urbana (DRM/RJ - 1:10.000)

Ao analisarmos o mapeamento conferido pela Carta Geotécnica de Aptidão Urbana do DRM/RJ para a área de estudo, das 6 construções, apenas 2 estão localizadas em locais mapeados. 1 em área limítrofe entre a área classificada como moderada quanto ao potencial de ocorrência de escorregamentos e área não mapeada e 1 também em área limítrofe entre a

categoria alta e área não mapeada. As demais construções destruídas encontram-se em áreas não mapeadas (Figura 27).

O relatório técnico (DRM, 2015) que acompanha a carta, restringe a ocupação em áreas classificadas como alta e desaconselha a ocupação, a menos que, acompanhada de obras e a depender do tipo de ocupação, para as áreas classificadas como moderadas.

Para as áreas não mapeadas, que representam porções significativas do território, tanto na área de estudo, quanto no Município de Nova Friburgo, não há qualquer menção quanto à adoção de critérios para a definição dessas áreas.

De acordo com o mesmo relatório técnico, devido ao tempo disponível para elaboração, à baixa qualidade das bases topográficas e falta de histórico e registros, aspectos como declividades, morfologia de encostas, cortes e aterros e depósitos artificiais foram considerados apenas setorialmente (DRM, 2015). Ainda, segundo o relatório, a Carta Geotécnica de Aptidão Urbana, consiste em um documento cartográfico intermediário entre uma carta de suscetibilidade e uma carta de perigo, devendo, na medida do possível ser revisada e complementada.

Pode-se atribuir a esses fatores, parte da baixa assertividade, dentro da área de estudo do referido mapeamento.

Figura 27: Destruições identificadas na área de estudo e mapeamento da Carta Geotécnica de Aptidão Urbana.

Cabe observar que não foram realizadas obras de retaludamento, contenção ou mesmo sistema de drenagem superficial e desvio de águas pluviais dentro da área de estudo até a presente data (dezembro de 2018), o que mantém as condições de suscetibilidade do terreno a futuras ocorrências de movimentos de massa do tipo deslizamento planar dentro da área de estudo.

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