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Comparativo simultâneo: Anisotropia x Descontinuidade geométrica – LCV

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO – CARACTERIZAÇÕES FÍSICA E MECÂNICA DOS

4.2. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MECÂNICO DO LCV

4.2.5. Comparativo simultâneo: Anisotropia x Descontinuidade geométrica – LCV

Neste tópico é realizada uma análise simultânea da descontinuidade geométrica e anisotropia, por meio de um gráfico com a resistência à tração e módulo de elasticidade (figura 4.45) e da tabela 4.15 com as propriedades residuais para todos os CP’s do LCV.

Pela avaliação da influência da anisotropia LCV, tanto para o estado original quanto para a presença da descontinuidade geométrica, foram destacadas o forte efeito da influência da anisotropia para ambos os casos. Avaliando agora os dois casos juntos (figura 4.45), percebe-se que o efeito da anisotropia é mais forte para os CP’s no estado original tanto para a resistência à tração quanto para o módulo de elasticidade (como pode ser comprovado pelas diferenças percentuais mostradas anteriormente nas tabelas 4.10 e 4.14). Destaca-se que exceções são para os módulos de elasticidade, já que as diferenças percentuais do CVC x CVV é inferior ao CVCØ6 x CVVØ6. O fato poder ser explicado pela leve perda da linearidade dos CP’s CVVØ6,

fazendo com que seu módulo de elasticidade seja inferior quando comparado com o estado original. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 100 200 300 400 500 600 RESISTÊ NCIA À TRA ÇÃO (MPa)

MÓDULO DE ELÁSTICIDADE (GPa)

Figura 4.45: Gráfico simultâneo – anisotropia x descontinuidade geométrica – CVC x CVCØ6 x

CVV x CVVØ6 x CV±45° x CV±45°Ø6. CVC CVCØ6 CVV CVVØ6 CV±45° CV±45°Ø6

Com os dados mostrados na tabela 4.15 consegue-se avaliar, pelas propriedades residuais, a capacidade de retenção das propriedades de resistência à tração e módulo de elasticidade, para as três direções propostas para análise no LCV. Pela tabela 4.15 percebe-se que os CP’s com a orientação na direção das fibras de carbono apresentaram a menor capacidade retenção da propriedade de resistência à tração (55%). Com relação ao módulo de elasticidade, os CP’s que apresentaram a menor capacidade de retenção dessa propriedade foram com as fibras de vidro na direção do carregamento.

Tabela 4.15: Propriedades residuais e anisotropia – LCV Resistência Residual Módulo Residual

CVCØ6/CVC 0,55 0,78

CVVØ6/CVV 0,60 0,74

CV±45°Ø6/ CV±45° 0,72 1,13

Os CP’s com as fibras de vidro e carbono a 45° da direção do carregamento apresentaram a melhor retenção para ambas as propriedades. Os CP’s CV±45°Ø6 obtiveram um percentual de

retenção de 72 % da resistência à tração e o módulo de elasticidade foi levemente superior que o obtido sem a descontinuidade geométrica. Esse comparativo mostra que a descontinuidade geométrica concentra a deformação na região do furo aliviando a tensão de cisalhamento (devido à reorientação das fibras).

O fato do módulo de elasticidade dos CP’s CV±45°Ø6 ser ligeiramente superior aos CP’s

CV±45° pode ser justificado também pela influência da descontinuidade geométrica na fratura, já que os CP’s CV±45° apresentaram uma elevada estricção (deformação perpendicular à direção de carregamento) e fratura adesiva das fibras de vidro ao longo de todo o galgo. Observa-se também um elevado encurvamento, características estas não apresentadas pelo CV±45°Ø6,

mostrando que a descontinuidade realmente aliviou as tensões de cisalhamento (devido às fibras estarem orientadas a 45°).

4.3. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MECÂNICO DO LCA

Neste tópico são apresentados os resultados obtidos, pelo ensaio de tração uniaxial, para todos os conjuntos de CP’s obtidos do LCA. A forma como os dados serão apresentados e trabalhados seguirá o mesmo procedimento utilizado no tópico anterior.

4.3.1. Desempenho mecânico dos CP’s no estado original

Nesta seção são descritos os comportamentos mecânicos dos CP’s do LCA para as direções 0°, 90° e ±45°. Os mesmos não apresentam descontinuidades geométricas e o desempenho mecânico é caracterizado pelo ensaio de tração uniaxial (ASTM D3039, 2014). Em seguida, estudos comparativos da influência da anisotropia e da fratura mecânica para os CP’s CAC x CAA x CA±45° são desenvolvidos.

Desempenho mecânico dos CP’s CAC

O comportamento mecânico à tração dos CP’s CAC é mostrado na figura 4.46 através do perfil tensão x deformação. No mesmo é possível perceber um comportamento linear entre a tensão e deformação até a fratura final dos CP’s ensaiados. Este comportamento é tido como característico dos materiais frágeis ou quebradiços.

0 1 2 3 4 5 0 100 200 300 400 TENSÃO (MPa ) DEFORMAÇÃO (%)

Observa-se ainda, na figura 4.46, que os perfis mostram que os dados obtidos referentes ao módulo de elasticidade (determinados na direção da carga aplicada) são uniformes, enquanto que os dados referentes às tensões de fratura final são mais dispersos, como podem ser comprovados na tabela 4.16, onde a mesma mostra os valores médios das propriedades mecânicas à tração com os respectivos desvios padrões.

Tabela 4.16: Propriedades mecânicas – CP’s CAC – Tração uniaxial. Propriedades Mecânicas Valores Médios Desvio Padrão Resistência à tração (MPa) 297,41 29,33 Módulo de elasticidade* (GPa) 6,89 0,35 Deformação de ruptura total (%) 3,80 0,24 *

Módulo calculado para 50 % da carga de ruptura.

A alta dispersão registrada para a resistência à tração pode ser explicada pelo fato de que as fibras de carbono e de aramida possuem uma maior diferença entre as suas resistências quando comparada com a registrada entre seus módulos de elasticidades (propriedades isoladas), e associado ao tipo de tecelagem do tecido, além das interfaces geradas entre as fibras/resina.

Fratura mecânica dos CP’s CAC

Na análise da fratura mecânica em nível macroscópico, ver figura 4.47, percebe-se que o modo de fratura ocorrido nos CP’s CAC é do tipo LGM (Lateral - gage - middle), segundo a norma ASTM D3039 (2014). Observa-se também, uma região de fissuras concentradas na região próxima da fratura, detalhados nas ampliações da região da fratura final.

A avaliação da fratura em nível microscópico e utilizando a Microscopia Varredura (MEV) dos CP’s CAC, encontra-se exposta na figura 4.48. Percebe-se que as fibras de aramida, devido à intensa microflambagem e esgarçamento ocorridos, cobrem praticamente toda a região da fratura final dos CP’s CAC (figura 4.48 (a)). Vale ressaltar que essa característica de dano é uma propriedade intrínseca desse tipo de fibra, uma vez que foi observada em outros trabalhos de pesquisa, (FELIPE, 2012b; TARGINO, 2016).

A figura 4.48 (b), região demonstrada no detalhe da figura 4.48 (a), é possível visualizar um bloco de resina com a ruptura das fibras de carbono, arranque de feixe de fibras (orifícios circulares na matriz) e fratura coesiva na matriz.

Figura 4.47: Fratura macroscópica – CP’s CAC.

Intenso esgarçamento e microflambagem das fibras de aramida em toda região da fratura.

(a)

Detalhe da fratura nas fibras de carbono.

(b)

Figura 4.48: Características da fratura – CP’s CAC.

Fissura Fissuras

Arranque de feixe de fibras

Fratura coesiva na matriz Ruptura das fibras de

Desempenho mecânico dos CP’s CAA

A figura 4.49 mostra o comportamento mecânico dos CP’s CAA através do diagrama tensão x deformação. É possível registrar que o mesmo apresenta um comportamento linear entre a tensão e a deformação até a fratura final, comportamento comum aos compósitos poliméricos à base de resinas termofixas.

0 1 2 3 4 5 6 0 100 200 300 400 TENSÃO (MPa ) DEFORMAÇÃO (%)

Figura 4.49: Diagrama tensão x deformação para as os cinco CP’s CAA.

A tabela 4.17 mostra os valores médios com os respectivos desvios padrões para os valores de resistência à tração, módulo de elasticidade e deformação máxima obtidos no ensaio. Analisando os dados na mesma, percebe-se que o desvio padrão referente ao módulo de elasticidade é considerado aceitável.

Tabela 4.17: Propriedades mecânicas – CP’s CAA – Tração uniaxial. Propriedades Mecânicas Valores Médios Desvio Padrão Resistência à tração (MPa) 393,52 10,05 Módulo de elasticidade* (GPa) 6,36 0,41 Deformação de ruptura total (%) 6,21 0,31 *

Fratura mecânica dos CP’s CAA

O modo de fratura em termos de análise macroscópica ocorrida nos CP’s CAA é do tipo LGM (Lateral - gage - middle), segundo a norma ASTM D3039 (2014). Percebe-se uma intensa região de fissuração na matriz e o rasgamento das fibras de aramida na região da fratura final, como pode ser visto nos CP’s CAA na figura 4.50. As fissuras são transversais ao sentido do carregamento e se encontram ao longo de todo o galgo, como pode ser observado nos detalhes de ampliação da figura 4.50.

Figura 4.50: Fratura macroscópica – CP’s CAA.

Rasgamento Fissuras Fissurass

Fissuração intensa

Na análise da fratura microscópica (através da Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV) dos CP’s CAA, figura 4.51, é possível visualizar a característica geral da fratura. Nas imagens em detalhes, percebe-se a microflambagem e o esgarçamento (perda da integridade estrutural) das fibras de aramida na imagem superior. Já no outro detalhe, são destacadas as características de fratura como a fratura adesiva (desaderência na interface fibra/matriz) e a ruptura do tipo frágil (romperam-se a 90°) das fibras de carbono.

Detalhe do esgarçamento e microflambagem das fibras de Aramida →

Detalhe da fratura adesiva e fratura frágil nas fibras de carbono

Figura 4.51: Características da fratura mecânica – CP’s CAA.

Desempenho mecânico dos CP’s CA±45°

A caracterização mecânica à tração dos CP’s CA±45° encontra-se na figura 4.52, a partir do diagrama tensão x deformação. O perfil das curvas no diagrama mostra características distintas referentes ao comportamento, ou seja, como a resposta à tração (inicial) seguido do comportamento dos CP’s ao cisalhamento. Para um melhor entendimento, o diagrama é dividido em duas etapas:

 1ª etapa: Comportamento linear (predominância do comportamento à tração); e  2ª etapa: Comportamento ao cisalhamento, deformação elevada, sem suporte de carga.

As principais propriedades obtidas relativas ao ensaio, ou seja, a resistência à tração e o módulo de elasticidade (calculado para 50 % da tensão de fratura) são mostradas na tabela 4.18. Aqui pode-se observar que os valores de resistência à tração e módulo de elasticidade apresentaram baixos valores de desvio padrão, enquanto que a deformação de ruptura apresentou um desvio padrão considerado elevado. Essa elevada dispersão nos valores da deformação pode ser justificada pelo processo de fratura, exposto na próxima seção.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 20 40 60 80 100 TENSÃO (MP a) DEFORMAÇÃO (%)

Figura 4.52: Diagrama tensão x deformação – Tração uniaxial – CP’s CA±45°.

Tabela 4.18: Propriedades mecânicas – CP’s CA±45° – Tração uniaxial. Propriedades Mecânicas Valores Médios Desvio Padrão

Resistência à tração (MPa) 83,32 3,82

Módulo de elasticidade* (GPa) 2,74 0,07

Deformação de ruptura (%) 12,49 1,23

*Calculado para 50 % da resistência elástica máxima.

Fratura mecânica dos CP’s CA±45°

A figura 4.53, referente à análise macroscópica da fratura, mostra que o modo de fratura ocorrido nos CP’s CA±45° apresenta o mesmo fenômeno da estricção ocorrido durante a etapa

Comportamento predominantemente

à tração

Predominância do cisalhamento (deformação elevada com perda de

diferentes intensidades de deformações na fratura, ou seja, de 25 % e 14 % para os CP’s CV±45° e CA±45°, respectivamente.

Como já explicado anteriormente e de acordo com Bergmann et al. (2015), a reorientação das fibras resulta em uma elevada deformação até a falha e devido as mechas das fibras girarem para a direção de carregamento, o mecanismo de falha dominado na matriz iniciado por microfissuras e desaderência na interface fibra/matriz.

Figura 4.53: Comparativo do processo de estricção entre os CP’s CV±45° e CA±45°.

Continuando a análise da fratura macroscópica, a figura 4.54 mostra com mais detalhe que a fratura observada nos CP’s CA±45° não está prevista na norma ASTM D3039 (2014) devido à estricção sofrida. Observa-se também que a estricção é concentrada na região fratura final. As ampliações da figura 4.54 confirmam que, semelhante ao ocorrido nos CP’s CV45°, a estricção é acompanhada do rasgamento das fibras de aramida, com desaderência nas interfaces fibras/matriz (tanto para as fibras de aramida quanto de carbono) e separação das camadas na região da fratura final (delaminação).

A figura 4.55 mostra as características da fratura em nível microscópico (MEV’s) nos CP’s CA±45°. Pela figura 4.55 (a) é possível visualizar a microflambagem e o esgarçamento das fibras de aramida, e a fratura das fibras de carbono. Para melhor detalhamento da fratura ocorrida nas mechas das fibras de carbono foi realizada uma ampliação de 600x em uma mecha (figura 4.55 (b)), na qual é possível observar as fraturas dos tipos adesiva e coesiva na matriz, além da presença de fenda internas na mecha.

Figura 4.54: Fratura macroscópica - CP’s CA±45°.

(a) (b)

Figura 4.55: Características da fratura – CP’s CA±45°.

VISTA SUPERIOR

Delaminação na região da fratura.

Rasgamento da fibra aramida na estricção.

VISTA LATERAL

Fibras de carbono Microflambagem e

esgarçamento das

fibras de aramida Fenda

Fratura coesiva na matriz

4.3.2. Estudos comparativos - CP’s no estado original

Influência da anisotropia – CAC x CAA x CA±45°

Neste tópico é abordada a influência da anisotropia (orientação do tipo de fibra com relação à direção de aplicação da carga) para as direções de 0° (orientação das fibras de carbono – urdume), 90° (orientação das fibras de aramida – trama) e a 45° (orientação de ambas as fibras: aramida e carbono) no LCA.

Os estudos comparativos são desenvolvidos a partir do diagrama tensão x deformação, figura 4.56, contendo a curva média CP’s para as três direções (CAC x CAA x CA±45°), onde se percebe que os CP’s CAC apresentam o maior módulo de elasticidade, os CP’s CAA apresentam a maior resistência à tração e os CP’s CA±45° apresenta a maior deformação, mostrando a forte influência da escolha na direção para a qual será aplicado o carregamento.

Mais uma vez destaque se faz para a elevada deformação registradas nos CP’s CA±45°, alcançando cerca de 3,3 e 2 vezes o valores médios das deformações dos CP’s CAC e dos CP’s CAA, respetivamente. 0 2 4 6 8 10 12 0 100 200 300 400 TENSÃO (MP a) DEFORMAÇÃO (%)

Figura 4.56: Influência da anisotropia – CP’s CAC x CAA x CA±45°.

CAC

CAA

A tabela 4.19 mostra as diferenças percentuais para as propriedades de resistência à tração e o módulo de elasticidade longitudinal. Nos resultados observa-se que os CP’s CAA apresentaram superioridade na resistência à tração com relação aos CP’s CAC e aos CP’s CA±45°.

Tabela 4.19: Influência da Anisotropia – Ensaio de Tração Uniaxial – CP’s CAC x CAA x CA±45°.

Propriedades Mecânicas Diferença percentual (%)

Resistência à tração (MPa)

CAA > 24,4 % CAC CAC > 72,0 % CA±45° CAA > 78,8 % CA±45°

Módulo de elasticidade (GPa)

CAC > 7,7 % CAA CAC > 60,2 % CA±45° CAA > 56,9 % CA±45°

Destaca-se que normalmente espera-se que quando a direção da carga aplicada coincida com as das fibras de carbono, se obtenha a maior resistência. Porém, as fibras de carbono utilizadas no tecido híbrido são do tipo T300 (de origem do Piche isotrópico), as quais apresentam baixa resistência quando comparadas às de outras fibras de carbono, como observado na tabela 2.5.

Por exemplo, ao se analisar as tabelas 2.5 e 2.6 percebe-se que as fibras de carbono T300 apresentam uma resistência de 3100 MPa, enquanto que as das fibras de aramida do tipo Twaron HM é de 3150 MPa.

No que diz respeito ao módulo de elasticidade, os CP’s CAC apresentam uma superioridade quando comparada aos módulos de elasticidade ocorridos nos CP’s CA±45° do que os registrados para os CP’s CAA (ver tabela 4.19).

Oliveira (2013) estudou o comportamento de vários compósitos híbridos, entre eles pode- se destacar o confeccionado com a resina epóxi éster vinílica Derakane 411-350, utilizando 4 camadas Tecido Híbrido CKS-220, e contendo 55 % fibras de carbono AS4 e 45 % fibras Kevlar

nesta tese. O laminado foi chamado pelo autor de laminado compósito LKC. Este trabalho é importante, pois o autor estudou a influência da anisotropia para o ensaio de tração uniaxial. Os resultados encontrados são distintos quando comparado ao laminado LCA, uma vez que para o laminado LKC tanto a resistência à tração quanto o módulo de elasticidade mostraram superioridade para quando a carga foi aplicada na direção das fibras de carbono.

No que diz respeito às análises da fratura, em níveis macroscópico e microscópico, as mesmas também apresentaram características próprias e distintas, ou seja, dependentes da propriedade de anisotropia. A figura 4.57 mostra um quadro comparativo destacando as principais características das fraturas dos CP’s CAC x CAA x CA±45°.

Figura 4. 57:Fratura – quadro comparativo – CAC x CAA x CA±45°. 4.3.3. Desempenho mecânico dos CP’s com descontinuidade geométrica razão w/D = 6

(Normativo)

Nesta seção serão abordados os comportamentos mecânicos para os CP’s do LCA nas direções 0°, 90° e 45° com a presença da descontinuidade geométrica. Nesse estudo, os ensaios são realizados para relação w/D = 6 (largura do CP/diâmetro do furo), recomendada pela normal

CAC •Modo de fratura: LGM; •Região de fissuras na região próxima da fratura; •Não ocorreu o fenômeno do rasgamento; •Intensa microflambagem e esgarçamento da fibra de aramida; •Fratura coesiva na matriz; •Ruptura de fibras; •Arranque de feixe de fibra. CAA •Modo de fratura: LGM; •Os CP´s sofreram trincas e fissurações intensas e rasgamento das fibras de aramida na região da fratura; •Algumas trincas ao

longo de todo o galgo; •Microflambagem e

esgarçamento da fibra de aramida;

•Fratura Adesiva na fibra de carbono; •Ruptura do tipo frágil

das fibras de carbono.

CA

±45

° •Fenômeno da "estricção";

•Rasgamento das fibras de aramida, com desaderência nas interfaces fibras/matriz (tanto para as fibras de aramida quanto de carbono); •Delaminação; •Microflambagem e esgarçamento da fibra de aramida; •Fendas; •Fratura adesiva e coesiva na matriz.

ASTM D5766/D5766M (2011). Em seguida são desenvolvidos estudos comparativos da influência da anisotropia envolvendo tanto a resposta mecânica quanto as características da fratura para os CP’s CACØ6, CAAØ6 e CA±45°Ø6.

Desempenho mecânico dos CP’s CACØ6

A figura 4.58 mostra o comportamento mecânico dos CP’s CACØ6. O perfil das curvas

obtidas apresentou um comportamento linear elástico entre a tensão e a deformação até a fratura final, característico dos materiais compósitos poliméricos à base de resina termofixas. Ressalta-se que a presença do furo central não alterou esse perfil para o LCA.

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 TENSÃO (MPa ) DEFORMAÇÃO (%)

Figura 4.58: Diagrama tensão x deformação para as os cinco CP’s CACØ6.

A tabela 4.20 mostra os valores médios com os respectivos desvios padrões para as propriedades obtidas no ensaio de tração uniaxial. Destaque se faz para os baixos valores dos desvios padrões para todas as propriedades, resultado de um comportamento mais uniforme para a direção da carga aplicada.

Tabela 4.20: Propriedades mecânicas – CP’s CACØ6 – Tração uniaxial.

Propriedades Mecânicas Valores Médios Desvio Padrão Resistência à tração (MPa) 191,27 6,02 Módulo de elasticidade* (GPa) 5,18 0,34

Deformação de ruptura (%) 2,98 0,09

*Calculado para 40 % da carga de ruptura

Fratura mecânica dos CP’s CACØ6

O modo da fratura em nível macroscópico dos CP’s CACØ6 é mostrado na figura 4.59, na

qual se pode perceber que a fratura final ocorre de forma concentrada no furo, e caracterizado como sendo do tipo LGM (falha de tração lateralmente ao longo do centro do furo) segundo a norma ASTM D5766/D5766 (2011). Foram observadas duas pequenas regiões contendo microfissuras como pode ser visto no detalhe ampliado da figura 4.59. Destaque se faz para a não ocorrência de rasgamento das fibras de aramida.

Figura 4.59: Fratura macroscópica CACØ6.

Pela análise microscópica da fratura, figura 4.60, e realizada usando a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), registra-se a não ocorrência de fissuras na região da superfície do furo, como também ruptura das fibras de carbono e alguns esgarçamento das fibras de aramida

(figura 4.60 (a)). Já na ampliação da figura 4. 60 (b) é possível visualizar com mais detalhe as rupturas das fibras de carbono, além da fratura adesiva e a presença de orifícios na matriz (caracterizando o arranque de fibras).

(a)

Detalhe da fratura adesiva e fratura frágil das fibras de carbono e arranque de fibras (furos na matriz) →

(b)

Figura 4.60: Característica da fratura mecânica – CP’s CACØ6.

Região do furo sem fissuras

Desempenho mecânico dos CP’s CAAØ6

A caracterização mecânica dos CP’s CAAØ6 é mostrada por meio do diagrama tensão x

deformação na figura 4.61. A mesma pode ser considerada como um comportamento linear elástico e uniforme até a fratura final. Comportamento semelhante foi obtido para os CP’s CACØ6, caracterizando que a presença do furo central, em termos de perfil tensão x deformação, mantém esse comportamento independente da direção do carregamento.

0 1 2 3 4 5 0 50 100 150 200 250 TENSÃO (MPa ) DEFORMAÇÃO (%)

Figura 4.61: Diagrama tensão x deformação para as os cinco CP’s CAAØ6.

A tabela 4.21 mostra essa uniformidade nos dados obtidos tendo em vista os baixos valores de desvios padrões obtidos para resistência à tração, módulo de elasticidade (medido sempre na direção da carga) e da deformação na ruptura.

Tabela 4.21: Propriedades mecânicas – CP’s CAAØ6 – Tração uniaxial.

Propriedades Mecânicas Valores Médios Desvio Padrão Resistência à tração (MPa) 204,87 9,85 Módulo de elasticidade* (GPa) 3,90 0,17

Deformação de ruptura (%) 4,34 0,13

Fratura mecânica dos CP’s CAAØ6

Na figura 4.62, pode ser vista a fratura em nível macroscópico dos CP’s CAAØ6, onde se

percebe que a fratura foi considerada como válida (ocorreu no furo) de acordo com ASTM D5766/D5766M (2011). Segundo a mesma o modo de fratura é classificado como do tipo LGM (falha de tração lateralmente ao longo do centro do furo), como pode ser visto no detalhe ampliado da figura 4.62. Destaca-se que a fratura dos CP’s CAA apresentou fissuras transversais ao longo de todo o galgo e fissuras intensas na região da fratura, mostrando que a descontinuidade geométrica fez que com os CP´s CAAØ6 concentrassem o dano somente na

região da fratura final (região do furo).

Figura 4.62: Fratura macroscópica – Tração uniaxial – CP’s CAAØ6.

Com relação à análise microscópica da fratura (MEV’s), a figura 4.63 mostra detalhe da região da superfície do furo na qual é possível perceber que não houve o aparecimento de fissuras ou qualquer outro tipo de dano nos CP’s CAAØ6. Já na região da borda do furo é registrado um

intenso rasgamento das fibras de aramida.

A figura 4.63 (b) mostra em detalhe, além desse esgarçamento das fibras de aramida, a intensa microflambagem da mesma acompanhada da fratura adesiva (sem resina aderida). Outros detalhes dentro da análise micrográfica da fratura, figura 4.63 (c), podem ser visualizados ruptura

de uma mecha das fibras de carbono, também acompanhada de fratura adesiva de algumas fibras, ressaltando que todas as fibras de carbono se apresentam com rompimento à 90° (fratura frágil).

(a)

Microflambagem e intenso esgarçamento das fibras de aramida

(b)

Ruptura das fibras de carbono e fratura adesiva