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Diferentemente do compartimento anterior, nesse é registrado uma reabertura da planície fluvial, permitindo que se instale padrão de divagamento em regime escultural. Contudo, esse controle ainda se faz de maneira parcial, estruturoescultural, em virtude de aberturas de vales que se situam em torno de 400 metros, insuficiente para rios com o gabarito do Iguaçu meandrar livremente (figura 32). É muito comum observar-se controle estrutural nas curvas meândricas, determinando curvaturas seccionadas, onde, não raramente, se evidenciam paredões rochosos com vertentes abruptas, compostas por litotipos sedimentares – arenitos, folhelhos e argilitos (SCHENEIDER et al., 1974), donde observados no decurso desta pesquisa, destacaram-se os arenitos.

Característica marcante, aparentemente subvertendo a ordem natural do transcurso fluvial, é a significativa diminuição da largura do canal neste segmento, a despeito do maior número de tributários que corroboram para o maior caudal. A largura média de 45 metros, aqui verificada, contrasta com a média de 75 metros do compartimento anterior, próximo ao rio dos Papagaios. A justificativa está por conta da linha de talvegue, pois neste compartimento essa incide em sedimentos do holoceno, permitindo maior profundidade de leito, além de abrandar a energia de fluxo que poderia ser convertida em turbulências laterais, causando o alargamento do leito. Vale lembrar que, na Formação Furnas, o talvegue encontra a resistência de afloramentos rochosos, de alta rugosidade, que proporcionam forte turbulência ao caudal, o qual se propaga com expressiva energia erosiva sobre margens de textura média/arenosa. As rochas deste compartimento, de natureza essencialmente marinha (ZALÁN et al., 1987), também estão presentes nas bordas do leito, contudo, em menor quantidade que na Formação Furnas, em face do maior remonte erosivo lateral. A ampliação lateral da planície, remete a pensar sobre a menor resistência das rochas que constituem esse compartimento em relação ao anterior, reforçando os comentários de JUSTUS (1990), quando se refere ao alto grau de silicificação do arenito Furnas. Nesse contexto, também devem ser considerados dois fatores: o espessamento da estratigrafia paleozóica sobre o sistema de falhas da Lancinha e a orientação do curso fluvial em relação ao mencionado sistema. Volumes paleozóicos mais espessos sobre o sistema de falhamento Cubatão/Lancinha, também nominada zona de falhamento Lancinha/Cubatão (SALAMUNI, 1998), implicam em menor influência dessa, conseqüentemente menor quantidade de ressaltos topográficos/afloramentos rochosos. Com relação à orientação, conforme se constata em

OLIVEIRA et al. (1994), o leito fluvial do Iguaçu se alinha com a zona de falha, diminuindo a possibilidade de encachoeiramentos, a despeito de ainda estar sob forte influência do sistema.

Bastante próximo aos locais pesquisados, foi evidenciado elevado grau de meandrância, levemente assimétrica, com angulosidade de 1200, portanto, muito próximo de ser verificado o avulsionamento de colo. Conforme CHRISTOFOLETTI (1981), o limite máximo para que os dois braços da curva se intersectem é de 1250.

A partir desse compartimento não se verificam mais ressaltos topográficos, além de não se configurar o afloramento de ilhas rochosas, somente algumas poucas com recobrimento de natureza detrítica, de pequeno porte, coerentes à forte descarga sedimentar atual. Aliás, com o regime de erosão que se encontra nas encostas a montante, só não se formam ilhas detríticas em função das balsas extratoras de areia. Segundo depoimentos de várias pessoas ao longo do rio Iguaçu, essas balsas comumente operam de forma ilegal, ou seja: muito próximas às margens, causando o seu desbarrancamento, independente da presença ou não da floresta (figura 39A – pág. 147).

Cabe ainda salientar que paredões escarpados próximos à planície, assim como uma grande diversidade de feições geomórficas fluviais – diques marginais, barras de meandro, interbarras, bacias de inundação e terraços, proporcionam condições para um fitomosaico de rara beleza.

Figura 32 – Planície do rio Iguaçu no compartimento Mafra/Rio do Sul.

4.4.1 Padrão de leito e tipos de controle

Nas cercanias dos locais estudados foram registrados padrões de leitos com sinuosidade elevada, até 2,3, contudo, ainda é possível detectar encraves retilinizados compondo padrão tipicamente estruturoescultural. Na configuração do leito é verificada a influência de lineamentos estruturais, os quais são responsáveis não só por impor a direção de canal, mas por dar origem a flexuras seccionadas, mais especificamente quando o rio incide em paredões rochosos da Formação Itararé. Nesses locais a fisionomia florestal muda consideravelmente, assumindo uma florística tipicamente da Floresta Ombrófila Mista de

transectos planície

encosta encosta

encosta, possibilitando contato direto dessa fitotipia com a floresta fluvial. Observações nessa ótica são importantes, pois no momento de recompor as florestas que por ventura não existam mais em superfícies de degradação livre – flexura normal, ou em superfícies de degradação encaixada – flexura seccionada, a postura das pessoas deverá ser exercida de forma interativa, de modo a proporcionar uma funcionalidade ecológica que atenda as reais necessidades do ambiente.

De maneira geral, a presença de bacias-de-inundação, barras-de-meandro, interbarras e diques marginais, valorizam o padrão meandrante, todavia a presença de flexuras seccionadas nas curvas meândricas reflete o regime estruturoescultural da dinâmica fluvial nos pontos estudados.

4.4.2 Caracterização Geomorfológica e Pedológica do Ambiente Fluvial Superfície de agradação – caracterização das feições geomórficas

A superfície é composta por apenas uma barra de meandro, alçada cerca de 3,5 metros, com forte semelhança geomórfica a um dique marginal. É composta por talude de média angulação (450), o qual apresenta feições de escorregamentos por solapamento de base em diferentes intensidades, inclusive com fendas de alguns centímetros de largura, aqui nomeados “interfaces de divorciamento”. Apesar da superfície ser tipicamente de deposição, verifica-se um processo de degradação por solapamento que determina o rebaixio de 50 a 70 cm na sua porção frontal (figura 33). Isso foi atribuído a uma dinâmica interativa entre o controle estruturoescultural, a retirada de areia por balsas e picos exponenciados de vazão. O pequeno segmento resultante, nomeado rebaixio de barra, apresenta relevo plano e varia de 5 a 8 metros de largura.

Em seguida, em posição de cimeira de barra, bem drenado, depara-se com um relevo suave ondulado o qual se estende pelo reverso da barra até a bacia de inundação, em relevo plano, sujeito a condições de saturação hídrica total sazonal.

A ausência de interbarra, bem como de outras barras-de-meandro em direção ao centro da superfície, é determinada pela constituição rochosa da superfície de degradação, constituída por siltitos, a qual impede o processo fluvial progradativo encontrado em padrões de meandros livres. O expressivo alçamento de 3,5 metros também atesta o processo de acresção latero/vertical, potencializado pela resistência imposta da superfície de degradação

edificada sobre rocha, fato já evidenciado na superfície de agradação do compartimento Campo do Tenente.

No segmento de rebaixio de meandro, chama a atenção o fenômeno de gleização com mosqueamentos em média intensidade, acima do encontrado na cimeira da barra, caracterizando ambiente imperfeitamente drenado.

A abundância dessas feições morfológicas foi atribuída aos processos de escorregamentos da fronte criando as interfaces de divorciamento, as quais determinam zonas de aeração. Para esses locais, segundo um gradiente redox, verifica-se uma movimentação de íons Fe+2,com subseqüente oxidação e precipitação na forma Fe+3. O mencionado processo pode ser encontrado em canais de raízes e fendas naturais do solo, em ambientes onde se verifique a flutuação periódica do lençol freático (KAMPF e CURI, 2000).

Superfície de agradação - caracterização dos solos e/ou depósitos

Pedologicamente a superfície compreende quatro classes de solo: Neossolo Flúvico, Cambissolo Flúvico típico, Cambissolo Flúvico gleico e Gleissolo Melânico (tabela 7), sendo o último classificado apenas através de características morfológicas.

Tabela 7 – Feições geomórficas, classes e simbologia de solos, amostras e perfis da superfície de agradação, município de Porto Amazonas - PR.

Feições geomórficas Classes de solos/depósitos fluviais Simb. A/P Rebaixio de barra de meandro NEOSSOLO FLÚVICO Distrófico gleizadoA moderado textura média relevo plano. RU A16 Cimeira de barra de meandro CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Alumínico típico A proeminente textura argilosa relevo

suave ondulado. CF A17

Reverso de barra de meandro CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Distrófico típico álico A proeminente textura média

relevo suave ondulado. CF P10

Reverso de barra de meandro CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Alumínico gleico álico A proeminente textura média

relevo suave ondulado. CF A18

Figura 33 – Corte transversal da superfície de agradação, feições geomórficas, suas dimensões (altura e largura), amostragens e classes de solos.

rio 1m- 2m- 4m- barra-de-meandro bacia-de-inundação CF RU CF GM 0m- 10m- 20m- 30m- 40m- 50m- 3m 0m

A16 A17 P10 A18

rebaixio

A taxa de permeabilidade saturada do Cambissolo Flúvico - perfil 10 (anexo 1), conforme padrão registrado em ESTADOS UNIDOS (1953), encontra-se na classe muito rápida, justificada pelas baixas densidades do solo (quadro 32). As permeabilidades detectadas e a elevada altimetria da barra de meandro determinam o regime bem drenado, à exceção do Neossolo Flúvico que se encontra na fronte da barra e o Cambissolo Flúvico que faz fronteira com a bacia de inundação. Essa variação atesta a especificidade dos regimes hídricos dos solos na planície e sua exata detecção, ratificando as afirmações de RUHE (1975) e GERRARD (1992). As leituras piezométricas de BARDDAL (2006) vêm ao encontro da discussão.

Os sedimentos que compõem essa superfície diferem texturalmente expressivamente dos dois últimos compartimentos, pois a presença das frações silte e argila se fazem evidenciar a ponto de predominar a textura média e argilosa, reflexo não só do descarte dos sedimentos provenientes de montante, agora em ambiente de menor declividade, mas, principalmente, já como herança dos litotipos incididos que propiciam texturas mais finas, dos quais destacam-se os siltitos, ritmitos, diamictitos (MINEROPAR, 1989). De forma complementar, os teores muito baixos de areia grossa (quadro 33 – pág. 133 e figura 34) contrastam fortemente com os observados nos compartimentos Furnas e Campo do Tenente. Cabe registrar que, muito próximo do local estudado foi identificado folhelho síltico-argiloso, fonte por excelência de finos. Portanto, mais uma vez foram observadas mudanças significativas na textura dos solos em função da composição das unidades litoestratigráficas, demonstrando assim a importância da compartimentação geológica em estudos de caracterização ambiental, inclusive em planícies fluviais.

Quadro 32 – Densidades do solo e permeabilidades saturadas do perfil 10 da superfície de agradação do compartimento Mafra/Rio do Sul.

Perfil Horizonte Profundidade (cm) Densidade do solo (g/cm3) Permeabilidade (cm/h)

A1 0 – 26 1,004 42,0

Figura 34 – Distribuição volumétrica das partículas minerais do solo e dos espaços porosos.

Micro – microporo; macro – macroporo; PM – ponto de murcha; CC – capacidade de campo; PT – porosidade total; AG – areia grossa; AF – areia fina; S – silte; A – argila.

Na figura 34 pode ser constatada a alta porosidade total do Cambissolo Flúvico, predominantemente constituída por microporos. Também se identificam nos dois horizontes boas quantidades de água disponível, característica dos solos com textura média, corroborando com afirmações de HILLEL (1980). As altas taxas de permeabilidade saturada (quadro 32) estão condizentes com a grande quantidade de macroporos (figura 34), coadunando com discussão proposta por OLIVEIRA (2001), onde o autor afirma que a permeabilidade é afetada diretamente pela porosidade e textura do solo e ainda, que a virtual ausência de cargas eletrostáticas implicam em reduzidas forças de tensão, facilitando o fluxo hídrico vertical.

Através dos elementos de visualização (quadro 33, anexos 1 e 2 – perfil 10 e amostras 16, 17 e18) é possível constatar a baixa saturação por bases, validando as afirmações de ZALÁN et al. (1987); ASSINE (1996) e VESELY (2001), a respeito de que esses pacotes são predominantemente siliclásticos, que sob o ponto de vista pedológico, para o complexo sortivo, pouco pode contribuir em saturação por bases, ainda mais em ambientes fluviais onde há uma maior possibilidade de dessaturação dos sedimentos quando estão inseridos no fluxo. As diferenças em V%, dos horizontes superficiais para os subsuperficiais, atestam a importância da matéria orgânica em solos evoluídos sob sedimentos quimicamente pobres (quadro 33). Os elevados teores de alumínio trocável, inclusive atingindo o caráter alumínico, segundo os padrões registrados no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA,

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% A1 Bi P 10 PM CC PT MACRO MICRO AG AF S A CF

1999), retornam as características detectadas no compartimento Gnáissico-Migmatítico Costeiro.

Quadro 33 – Resultados analíticos granulométricos, valores S, T, V, dos solos da superfície de agradação – compartimento Mafra/Rio do Sul.

O front da superfície de agradação, em feição de rebaixio de barra, é constituído por NEOSSOLO FLÚVICO Ta Distrófico gleizado A proeminente textura média. A presença de horizonte superficial proeminente é resultado do estado “semi-estacionário” da curva, associada à presença de uma biomassa vegetal que permite o enriquecimento do solo em matéria orgânica (anexo 2 – amostra 16). Nesse encadeamento, deve-se ter em conta que, o elevado grau de alteamento impede acresções constantes por sedimentos, facilitando a pigmentação das frações minerais constituintes, situação discutida por GERRARD (1992). Em discussão sobre a formação de horizonte superficial, o autor comenta o seu desenvolvimento mesmo em situações que pequenas taxas de sedimentação por acresção vertical são verificadas.

No topo ou cimeira da barra-de-meandro verifica-se um maior desenvolvimento pedogenético dos sedimentos, efetivando-se a presença de CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Distrófico típico textura média em relevo suave ondulado (figura 35). Esse pedon encontra-se com uma fase de soterramento, associada a descartes fluviais recentes advindos dos processos acelerados de erosão que o homem instituiu na paisagem, contudo, já enriquecida por matéria orgânica e estruturalmente desenvolvida. Características de desenvolvimento pedogenético como estrutura modificada e pigmentação induzida por acréscimos de matéria orgânica, comentadas por GERRARD (1992), fortalecem a importância de se detectar o regime de modelamento da curva.

Granulometria (g/kg) cmolc/kg

Perfil/

Amostra Horizonte Areia grossa Areia fina Silte Argila S T

V % A1 8 189 492 311 10,1 24,1 42 A 16 Cg1 10 255 365 370 2,1 14,9 14 A1 10 239 401 350 2,4 22,0 11 A 17 A3 4 517 296 183 0,1 9,8 1 A1 14 264 392 330 2,5 16,8 15 A2 4 457 356 183 0,1 9,5 1 IIA 6 110 531 353 0,1 16,9 1 P 10 Bi 8 474 314 204 0,1 7,4 1 A1 4 87 473 436 4,5 26,4 17 A 18 Bi 4 270 440 286 0,2 12,1 2

À medida que se aproxima da bacia de inundação – amostra 18 (anexo 2), é verificada uma mudança no regime hídrico do solo, o qual em subsuperfície (entre 50 e 100cm) vai adquirindo indicativos morfológicos – cores mais pálidas e mosqueamentos, que refletem a saturação hídrica sazonal, explicitado pelo caráter gleico. Cabe salientar que os quesitos para gleico desse estudo são mais específicos do que o determinado em EMBRAPA (1999), já que nesse estudo só é gleico se tiver alguma evidência de redução dentro da seção de controle de 50 a 100cm independentemente, inclusive, no caso de suceder horizonte A húmico bastante espesso.

Na bacia de inundação foi identificado apenas por atributos morfológicos GLEISSOLO MELÂNICO típico A húmico textura argilosa em relevo plano. Vale ressaltar que a textura era bem mais argilosa do que as demais, concordando com afirmações citadas por outros autores (BERG et al., 1987; PAULA SOUZA, 1990; GERRARD, 1992; BRADY e WEIL, 1999), corroborando para regime mal drenado.

Figura 35 – Cambissolo Flúvico (P. 10)

* - a cor bruno-amarelada junto à fita no Bi é a legítima.

Superfície de degradação - caracterização das feições geomórficas

A superfície apresenta uma característica ímpar, já que metade de sua seção é encaixada em ritmitos e siltitos e a outra seção é livre.

Trata-se de uma superfície bastante alçada, cerca de 4 metros, bem drenada, com talude muito angulado (figura 36) em franco processo de solapamento em toda a sua extensão, típico das superfícies de degradação. Vale ressaltar que a foto que constitui a figura 39B (pág. 147) retrata quando o rio Iguaçu se encontrava em nível acima do normal. Devido à interatividade entre a textura média dos sedimentos que a compõem e a presença de raízes da floresta, apresenta uma “projeção de ombreira”, no entanto, não tão evidente como no compartimento Gnáissico-Migmatítico de solos argilosos.

A ombreira retilinizada segue a linha da própria planície, em relevo plano, conferindo pobreza geomórfica, típica das superfícies de degradação do rio Iguaçu sobre litoestratigrafia Paleozóica (figura 36). O soerguimento dessa superfície em relação ao nível do rio, associada a sedimentos de textura média que garantem boa permeabilidade, possibilitam a evolução dos solos livres da saturação hídrica.

Superfície de degradação - caracterização dos solos

Essa curva é formada dominantemente por CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Alumínico típico textura argilosa relevo plano (tabela 8 e figura 38 – pág. 139), caracterizando a evolução pedogenética da superfície (figura 36).

Tabela 8 – Feições geomórficas, classes e simbologia de solos, amostras e perfis da superfície de degradação, município de Porto Amazonas - PR.

Feições geomórficas Classes de solos/depósitos fluviais Simb. A/P Ombreira retilinizada CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Alumínico típico A proeminente textura argilosa relevo

plano. CF P11

Ombreira retilinizada CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Alumínico típico A proeminente textura média relevo

plano. CF A19

Planície retilinizada CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Alumínico típico A proeminente textura argilosa relevo

plano. CF A20

Planície retilinizada CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Alumínico típico A proeminente textura argilosa relevo

plano. CF A21

A simplicidade pedológica retrata fidedignamente a homogeneidade geomórfica da superfície, situação já detectada no compartimento Itararé – Formação Campo do Tenente.

Assim como na superfície de agradação, o horizonte A proeminente, espesso, está em registro da grande quantidade de matéria orgânica adicionada pela cobertura vegetal presente. Deve ser enfatizado que essa é uma das curvas que contém elevado grau de conservação da floresta, corroborando para a adição de carbono ao sistema.

Através da análise do perfil 11 e das demais amostras da superfície é possível detectar uma fase de soterramento com 70 cm de espessura na ombreira da margem, adelgaçando-se à

medida que vai interiorizando planície adentro. Assim como na superfície de agradação, esse soterramento já recebeu aportes de matéria orgânica, além de uma relativa evolução estrutural (anexo 1 – perfil 19).

Figura 36 – Corte transversal da superfície de degradação, feições geomórficas, suas dimensões (altura e largura), amostragens e classes de solos.

O regime de drenagem da superfície é bem drenado, condizente com o resultado da permeabilidade saturada, muito rápido, conforme ESTADOS UNIDOS (1953) e com as baixas densidades do solo, além do alteamento da superfície.

Conforme pode ser verificado na figura 37, os índices de porosidade total são elevados. Chama a atenção a maior macroporosidade no horizonte superficial em relação a subsuperfície. Essa condição decorre da estrutura, onde a matéria orgânica tem papel

importante, e da textura pela forte presença da fração areia. Vale ressaltar que na interface dos horizontes A1 e IIA do perfil 11 – Cambissolo Flúvico, foi observado um leve variegamento indicando problemas na percolação de fluxos hídricos. Essa situação é pertinente dada a discrepância na permeabilidade entre os horizontes de superfície e subsuperfície (quadro34). OLIVEIRA (2001) enfatiza que a permeabilidade interna dos solos é controlada pelo

horizonte que tem a menor condutivdade hidráulica. KAY e ANGERS (1999) comentam sobre a importância dos macroporos, desde que contínuos, e a sua influência nos fluxos de solutos e água.

Quadro 34 – Densidades dos solos e permeabilidades saturadas do perfil 11 da superfície de degradação do – compartimento Mafra/Rio do Sul.

Perfil Horizonte Profundidade (cm) Densidade do solo (g/cm3) Permeabilidade (cm/h)

A1 0 - 66 1,176 58,0 11 Bi 104 – 147 1,043 14,7 1m- 2m- 3m- 4m- rio CF CF ombreira planície 0m 10m 20m 30m 40m 50m 0m A19 P11 A20 A21 1m 2m

As discussões a respeito de alterações na água disponível relatadas em HILLEL (1980) podem ser vistas na figura 37 onde o acréscimo da fração argila no horizonte Bi se faz sentir no aumento da microporosidade e, conseqüentemente, na diminuição da água disponível. Os solos dessa superfície apresentam valores de S e T baixos, essencialmente distróficos. A despeito de serem dessaturados por bases (quadro 35), ainda assim são superiores aos solos encontrados nos compartimentos Campo do Tenente e Furnas, ressaltando a fragilidade ambiental daqueles sob o ponto de vista químico.

Figura 37 – Distribuição volumétrica das partículas minerais do solo e dos espaços porosos.

Micro – microporo; macro – macroporo; PM – ponto de murcha; CC – capacidade de campo; PT – porosidade total; AG – areia grossa; AF – areia fina; S – silte; A – argila.

Quadro 35 – Resultados analíticos granulométricos, valores S, T, V, dos solos da superfície de degradação – compartimento Mafra/Rio do Sul.

Granulometria (g/kg) cmolc/kg

Perfil/

Amostra Horizonte Areia grossa Areia fina Silte Argila S T

V % A 63 517 216 204 3,7 11,9 31 IIA 4 256 453 287 0,6 14,4 4 BA 2 97 531 370 - - - Bi 2 105 523 370 1,5 12,0 12 P 11 Big 4 121 484 391 - - - A 47 524 225 204 3,6 10,5 34 A 19 Bi1 2 95 509 394 0,8 12,3 6 A 37 543 236 184 2,0 10,2 20 A 20 Bi 2 87 559 352 1,0 11,6 9 A 45 537 235 183 2,3 9,2 25 A 21 Bi 2 89 516 393 0,6 12,4 5 0 % 10 % 2 0 % 3 0% 4 0 % 5 0% 60 % 7 0 % 8 0% 90 % 1 0 0% A B i P 1 1 P M C C M A C R O M IC R O P T A G A F S A

Figura 38 – Cambissolo Flúvico (P.11).

4.4.3 Caracterização vegetacional Superfície de agradação

As coberturas vegetais herbácea e arbórea estão presentes em toda a superfície estudada, sendo que se verifica uma expressiva presença de herbáceas (graminóides) em posição de talude constituindo um front com alturas acima de 2 metros. Digno de nota, é a presença abundante de cipós nesse talude, sobressaindo as convolvuláceas, muitos deles subindo na cobertura vegetacional arbórea, aparentemente, trazendo sérios prejuízos às

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