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Compensação ambiental

No documento Serviços Ecossistêmicos no Brasil (páginas 45-49)

Para facilitar a compreensão sobre o que é a Compensação Ambiental, seguem algu-mas perguntas e respostas sobre o assunto:

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a) O que é a Compensação Ambiental?

A compensação ambiental é um mecanismo financeiro que visa a contrabalançar os impactos ambientais ocorridos ou previstos no processo de licenciamento ambiental.

A lei que regulamenta o Snuc1, define, em seu artigo 36º, que os empreendimentos, definidos pelo órgão licenciador como de significativo impacto ambiental, são obri-gados a destinar um valor monetário referente ao impacto ambiental que o empre-endimento irá causar ao meio ambiente, segundo os estudos e relatórios de Impacto Ambiental (EIA-Rima) identificados no processo de licenciamento ambiental do em-preendimento. Na prática, é um mecanismo financeiro para compensar efeitos de im-pactos negativos decorrentes da implantação de empreendimentos A compensação ambiental pode ser federal, estadual e/ou municipal, conforme o empreendimento.

Esses recursos são usados exclusivamente e diretamente na manutenção e criação de unidades de conservação de proteção integral2. Porém, as unidades de conservação de uso sustentável3 diretamente afetadas pelo empreendimento são elegíveis para serem contempladas com recurso da compensação ambiental. A compensação am-biental possui natureza adicional da mitigação identificada no EIA/Rima (instrumento de apoio ao órgão licenciador) e definidas no processo de licenciamento. Deve-se ter em mente que a compensação ambiental caracteriza-se no acompanhamento do licenciamento ambiental.

b) De onde vem o recurso?

O recurso vem das empresas responsáveis pelos empreendimentos.

c) Quais as etapas para que esse recurso seja revertido para a conservação?

Mais de uma UC pode ser beneficiada por um pagamento de compensação. Assim, no que se refere aos critérios de escolha das UC a serem beneficiadas, vale transcrever o art. 9º e 10º da Resolução Conama no 371/2006:

1   Sistema Nacional de Unidades de Conservação que foi instituído em 2000 com o objetivo de ordenar as áreas protegidas, nos níveis federal, estadual e municipal. Dentro de seus objetivos o SNUC tem a finalidade de contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e em águas jurisdicionais; proteger as espécies ameaçadas de extinção; promover o desenvolvimento sustentável; entre outros (Lei nº 9.985/2000).

2   Unidades de Conservação de Proteção Integral: possuem como objetivo básico a preservação da natureza, sendo admitido o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na Lei do SNUC (Lei nº 9.985/2000).

3  Unidades de Conservação de Uso Sustentável: Possuem como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso direto de parcela dos seus recursos naturais, ou seja, aquele que permite a exploração do meio ambiente, porém mantendo a biodiversidade do local e os seus recursos renováveis (Lei nº 9.985/2000).

“Art. 9º O órgão ambiental licenciador, ao definir as unidades de con-servação a serem beneficiadas pelos recursos oriundos da compensa-ção ambiental, respeitados os critérios previstos nº art. 36 da Lei nº 9.985, de 2000 e a ordem de prioridades estabelecida nº art. 33 do De-creto n. 4.340 de 2002, deverá observar:

I – existindo uma ou mais unidades de conservação ou zonas de amor-tecimento afetadas diretamente pelo empreendimento ou atividades a ser licenciada, independente do grupo que pertençam, deverão estas ser beneficiárias com recursos da compensação ambiental, consideran-do, entre outros, os critérios de proximidade, dimensão, vulnerabilida-de e infraestrutura existente e;

II – inexistindo unidade de conservação ou zona de amortecimento afetada, parte dos recursos oriundos da compensação ambiental de-verá ser destinada à criação, implantação ou manutenção de unidade de conservação de Proteção Integração localizada preferencialmente no mesmo bioma e na mesma bacia hidrográfica do empreendimen-to ou atividade licenciada, considerando as Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade, identificadas conforme o disposto no Decreto no 5.092, de 21 de maio de 2004, bem como as propostas apresentadas no EIA/Rima.

Além disso, o Decreto Federal nº 4.340/2002 definiu a prioridade para a aplicação dos recursos da Compensação Ambiental:

I) regularização fundiária e demarcação das terras;

II) elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo;

III) aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de amortecimento;

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IV) desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de conservação;

V) desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de conservação e área de amortecimento.”

Dentro desses repasses para a criação ou manutenção de UC, pode-se afirmar que, den-tre os R$ 58 milhões arrecadados enden-tre 2000 e 2008, os maiores valores têm sido rever-tidos para a regularização fundiária, com cerca de R$ 22 milhões; para implementação de UC (cerca de R$ 31 milhões) e R$ 5 milhões para o Plano de Manejo (MMA, 2009).

Além disso, é estabelecida uma escala de prioridade da alocação dos recursos para os casos de Reserva Particular do Patrimônio Natural, Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, Área de Relevante Interesse Ecológico e Área de Proteção Ambiental.

Quando a posse e o domínio não são do poder público, os recursos da conservação somente poderão ser aplicados para custear as seguintes atividades:

I) elaboração do plano de manejo ou atividades de proteção da uni-dade;

II) realização das pesquisas necessárias para o manejo da unidade, sen-do vedada a aquisição de bens e equipamentos permanentes;

III) implantação de programas de educação ambiental; e

IV) financiamento de estudos de viabilidade econômica para uso sus-tentável dos recursos da unidade afetada.

A lei do Snuc também estabelece que órgãos ou empresas, públicos ou privados, responsáveis pelo abastecimento de água ou que façam uso de recursos hídricos, beneficiários da proteção proporcionada por uma unidade de conservação, deverão contribuir financeiramente para a proteção e implementação dessa unidade (artigo 47). O mesmo princípio se aplica aos órgãos e empresas responsáveis pela geração e distribuição de energia elétrica que de alguma forma se beneficiam da proteção ofe-recida por uma unidade de conservação (artigo 48). O problema principal, contudo, é

semelhante à compensação ambiental: determinação de metodologia para estimar o valor do pagamento e a definição do marco regulatório dessa cobrança (Tito e Ortiz 2013, Brasil 2014).

No documento Serviços Ecossistêmicos no Brasil (páginas 45-49)