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Embora a competência para administrar os portos marítimos no Brasil seja da União, conforme disposto na Constituição Federal (BRASIL, 1988), no intuito de promover a descentralização dessa administração pública, os portos brasileiros apresentam, atualmente, diferentes formas de administrações é o caso das delegações a estados e municípios (TEIXEIRA, 2013).

A Tabela 5.2 apresenta a relação das autoridades portuárias brasileiras, classificadas conforme o tipo de administração: federal, estadual ou municipal.

Tabela 5.2 – Administrações dos portos brasileiros

Administração federal Portos

Companhia Docas do Pará (CDP) Belém, Santarém e Vila do Conde Companhia Docas do Ceará (CDC) Fortaleza

Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) Natal, Areia Branca e Maceió Companhia Docas da Bahia (Codeba) Salvador, Aratu e Ilhéus

Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) Rio de Janeiro, Itaguaí, Niterói e Angra dos Reis

Companhia docas de São Paulo (Codesp) Santos e Estrela Administração estadual Portos Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias do Estado do

Amazonas (SNPH)

Manaus Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) Itaqui Companhia Docas da Paraíba (Docas-PB) Cabedelo

Portos de Recife S/A Recife

Suape Complexo Industrial Portuário Suape Companhia Docas de São Sebastião (CDSS) São Sebastião Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina

(APPA)

Paranaguá e Antonina Administração do Porto de São Francisco do Sul (APSFS) São Francisco do Sul

SCPar Porto de Imbituba S/A Imbituba

Superintendência de Portos e Hidrovias do Rio Grande do Sul (SPH)

Pelotas e Porto Alegre Superintendência do Porto do Rio Grande (SUPRG) Rio Grande

Administração municipal Portos Companhia Docas de Santana (CDSA) Santana

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Administradora Hidroviária Docas Catarinense (Adhoc)

Itajaí

Fonte: (TEIXEIRA, 2013)

Segundo sustenta Teixeira (2013),

Dentro da concepção do modelo landlord port, o objetivo das administrações portuárias deve ser gerir a área do porto organizado de forma eficiente, buscando garantir a infraestrutura necessária para que os diferentes operadores portuários possam cumprir sua função, gerando resultados não apenas com as taxas cobradas do usuário do porto, mas também com contratos de arrendamento firmados com esses operadores.

Durante a vigência da Lei nº 8.630/93, a administração do porto possui função predominante na atividade de regulação do setor portuário, como pode ser constatado do seu art. 33, citado a seguir:

Art. 33. A Administração do Porto é exercida diretamente pela União ou pela entidade concessionária do porto organizado.

§ 1° Compete à Administração do Porto, dentro dos limites da área do porto: I - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos do serviço e as cláusulas do contrato de concessão;

II - assegurar, ao comércio e à navegação, o gozo das vantagens decorrentes do melhoramento e aparelhamento do porto;

III - pré-qualificar os operadores portuários; IV - fixar os valores e arrecadar a tarifa portuária;

V - prestar apoio técnico e administrativo ao Conselho de Autoridade Portuária e ao órgão de gestão de mão-de-obra; VI - fiscalizar a execução ou executar as obras de construção, reforma, ampliação, melhoramento e conservação das instalações portuárias, nelas compreendida a infra-estrutura de proteção e de acesso aquaviário ao porto

VII - fiscalizar as operações portuárias, zelando para que os serviços se realizem com regularidade, eficiência, segurança e respeito ao meio ambiente;

VIII - adotar as medidas solicitadas pelas demais autoridades no porto, no âmbito das respectivas competências;

IX - organizar e regulamentar a guarda portuária, a fim de prover a vigilância e segurança do porto;

X - promover a remoção de embarcações ou cascos de embarcações que possam prejudicar a navegação das embarcações que acessam o porto; XI - autorizar, previamente ouvidas as demais autoridades do porto, a entrada e a saída, inclusive a atracação e desatracação, o fundeio e o tráfego de embarcação na área do porto, bem assim a movimentação de carga da referida embarcação, ressalvada a intervenção da autoridade marítima na movimentação considerada prioritária em situações de assistência e salvamento de embarcação;

54 XII - suspender operações portuárias que prejudiquem o bom funcionamento do porto, ressalvados os aspectos de interesse da autoridade marítima responsável pela segurança do tráfego aquaviário;

XIII - lavrar autos de infração e instaurar processos administrativos, aplicando as penalidades previstas em lei, ressalvados os aspectos legais de competência da União, de forma supletiva, para os fatos que serão investigados e julgados conjuntamente;

XIV - desincumbir-se dos trabalhos e exercer outras atribuições que lhes forem cometidas pelo Conselho de Autoridade Portuária;

XV - estabelecer o horário de funcionamento no porto, bem como as jornadas de trabalho no cais de uso público.

Com a entrada em vigor do novo marco regulatório portuário, as atribuições da administração do porto, conforme estabelecido nos arts. 17 ao 19 da Lei nº 12.815/2013 (BRASIL, 2013c) são relacionadas a seguir:

Art. 17. A administração do porto é exercida diretamente pela União, pela delegatária ou pela entidade concessionária do porto organizado.

§ 1o Compete à administração do porto organizado, denominada autoridade

portuária:

I - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos e os contratos de concessão;

II - assegurar o gozo das vantagens decorrentes do melhoramento e aparelhamento do porto ao comércio e à navegação;

III - pré-qualificar os operadores portuários, de acordo com as normas estabelecidas pelo poder concedente;

IV - arrecadar os valores das tarifas relativas às suas atividades;

V - fiscalizar ou executar as obras de construção, reforma, ampliação, melhoramento e conservação das instalações portuárias;

VI - fiscalizar a operação portuária, zelando pela realização das atividades com regularidade, eficiência, segurança e respeito ao meio ambiente; VII - promover a remoção de embarcações ou cascos de embarcações que possam prejudicar o acesso ao porto;

VIII - autorizar a entrada e saída, inclusive atracação e desatracação, o fundeio e o tráfego de embarcação na área do porto, ouvidas as demais autoridades do porto;

IX - autorizar a movimentação de carga das embarcações, ressalvada a competência da autoridade marítima em situações de assistência e salvamento de embarcação, ouvidas as demais autoridades do porto;

X - suspender operações portuárias que prejudiquem o funcionamento do porto, ressalvados os aspectos de interesse da autoridade marítima responsável pela segurança do tráfego aquaviário;

XI - reportar infrações e representar perante a Antaq, visando à instauração de processo administrativo e aplicação das penalidades previstas em lei, em regulamento e nos contratos;

XII - adotar as medidas solicitadas pelas demais autoridades no porto; XIII - prestar apoio técnico e administrativo ao conselho de autoridade portuária e ao órgão de gestão de mão de obra;

XIV - estabelecer o horário de funcionamento do porto, observadas as diretrizes da Secretaria de Portos da Presidência da República, e as jornadas de trabalho no cais de uso público; e

55 XV - organizar a guarda portuária, em conformidade com a regulamentação expedida pelo poder concedente.

§ 2o A autoridade portuária elaborará e submeterá à aprovação da Secretaria

de Portos da Presidência da República o respectivo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto.

§ 3o O disposto nos incisos IX e X do § 1o não se aplica à embarcação

militar que não esteja praticando comércio.

§ 4o A autoridade marítima responsável pela segurança do tráfego pode

intervir para assegurar aos navios da Marinha do Brasil a prioridade para atracação no porto.

§ 5o (VETADO).

Art. 18. Dentro dos limites da área do porto organizado, compete à administração do porto:

I - sob coordenação da autoridade marítima:

a) estabelecer, manter e operar o balizamento do canal de acesso e da bacia de evolução do porto;

b) delimitar as áreas de fundeadouro, de fundeio para carga e descarga, de inspeção sanitária e de polícia marítima;

c) delimitar as áreas destinadas a navios de guerra e submarinos, plataformas e demais embarcações especiais, navios em reparo ou aguardando atracação e navios com cargas inflamáveis ou explosivas;

d) estabelecer e divulgar o calado máximo de operação dos navios, em função dos levantamentos batimétricos efetuados sob sua responsabilidade; e

e) estabelecer e divulgar o porte bruto máximo e as dimensões máximas dos navios que trafegarão, em função das limitações e características físicas do cais do porto;

II - sob coordenação da autoridade aduaneira: a) delimitar a área de alfandegamento; e

b) organizar e sinalizar os fluxos de mercadorias, veículos, unidades de cargas e de pessoas.

Art. 19. A administração do porto poderá, a critério do poder concedente, explorar direta ou indiretamente áreas não afetas às operações portuárias, observado o disposto no respectivo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto.

Parágrafo único. O disposto no caput não afasta a aplicação das normas de licitação e contratação pública quando a administração do porto for exercida por órgão ou entidade sob controle estatal.

Também o Decreto nº 8.033/2013 (BRASIL, 2013a) atribui as seguintes competências à administração portuária:

Art. 4º Sem prejuízo de outras atribuições previstas na legislação específica, compete à administração do porto:

I - estabelecer o regulamento de exploração do porto, observadas as diretrizes do poder concedente; e

II - decidir sobre conflitos que envolvam agentes que atuam no porto organizado, ressalvadas as competências das demais autoridades públicas. Desse modo, as atribuições das Administrações Portuárias podem ser agrupadas em três vertentes: exercer o papel de Autoridade Portuária; elaborar o planejamento local; e realizar a gestão portuária. Como autoridade portuária, cumpre coordenar as comissões locais da

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Comissão Nacional das Autoridades Portuárias – Conaportos; mediar e decidir conflitos entre agentes que atuam no porto organizado; e ser a referência de autoridade do porto frente a órgãos anuentes, usuários do porto e comunidade local. Em relação ao planejamento local, cabe à administração do porto elaborar, mas não aprovar, o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento Portuário - PDZ; articular com poder público local ações de harmonização entre os interesses do porto e da cidade; e liderar articulações interinstitucionais frente a Estado, Municípios e outros órgãos e poderes do Governo Federal em assuntos de interesse do porto. Por fim, como gestão portuária, cabe estabelecer o regulamento de exploração do porto; pré-qualificar os operadores