Capítulo 2 – A Sociedade da Informação e a Biblioteca Escolar
2.1. Sociedade da Informação: contexto actual
2.1.4 Competências exigidas aos alunos
“Os alunos das escolas de hoje devem aprender a reunir a informação, a interpretá-la e avaliá-la, a coleccioná-la e a utilizá-la. Trata-se de um objectivo universalmente procurado em pedagogia que portanto como tal deve ser tomado em consideração e servir de base de referência noutros casos”
G. Odestam
O que estudar? Informação partida formalmente professada ou informação global informalmente analisada e interpretada?
Assiste-se a um desenvolvimento significativo da informação disponível para os cidadãos. O aluno chega à escola transportando consigo a imagem dum mundo – real ou fictício – que ultrapassa em muito os limites da família e da sua comunidade. As mensagens mais variadas – lúdicas, informativas, publicitárias – que são transmitidas pelos meios de comunicação social entram em concorrência ou em contradição com o que as crianças aprendem na escola.
O tempo dispendido diante da televisão não lhes exige nenhum esforço, pois a oferta instantânea de informação proporcionada pelos média é-lhes mais fácil e gratificante do que o esforço exigido para alcançarem sucesso no ensino formal.
O conceito de educação deve, por isso, evoluir ultrapassando as fronteiras do espaço e do tempo ao longo do qual o aluno faz o seu percurso de escolarização, passando pelos diferentes níveis de ensino do sistema educativo, para dar lugar a um processo de aprendizagem durante toda a vida, isto é, facultando a cada indivíduo a capacidade de saber conduzir o seu destino, num mundo onde a rapidez das mudanças se conjuga com o fenómeno da globalização: “o domínio das tecnologias da informação na óptica do utilizador, as
competências linguísticas para que as pessoas possam relacionar-se com outros espaços, competências comportamentais como saber aprender, saber trabalhar em equipa, saber comunicar, uma formação de base que permita perceber o contexto envolvente da empresa, da organização e competências técnicas para um perfil profissional de espectro largo” (RODRIGUES, Maria João, 1995).
A formação ao longo da vida sustenta-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais, que se interligam e que constituem para cada indivíduo, os pilares do conhecimento (DELORS, Jacques, 2002):
Aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão,
combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias, o que também significa, aprender a aprender, para beneficiar das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida;
Aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente, a fim de adquirir
não somente uma qualificação profissional mas também competências que tornem a pessoa apta a enfrentar as mais diversas situações e a trabalhar em equipa;
Aprender a viver em comum, a fim de participar e cooperar com os outros,
no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
Aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes e que permite
a cada um desenvolver melhor a sua personalidade, ganhar capacidade de autonomia, discernimento e responsabilidade.
A educação articula-se com a Sociedade da Informação, uma vez que se baseia na aquisição, actualização e utilização dos conhecimentos. Nesta sociedade emergente multiplicam-se as possibilidades de acesso a dados e a factos.
Assim, a educação deve facultar a todos a possibilidade de terem ao seu dispor, recolherem, seleccionarem, ordenarem, gerirem e utilizarem essa mesma informação. “Os alunos devem adquirir novas competências tais como o domínio
das tecnologias da informação na óptica do utilizador, as competências linguísticas para que as pessoas possam relacionar-se com outros espaços, competências comportamentais como saber aprender, saber trabalhar em equipa, saber comunicar” (RODRIGUES, Maria João, 1995).
Uma Educação Básica capacitadora de uma cidadania plena para todos pressupõe a existência de referenciais, do conhecimento e do desempenho, de acesso universal. Estes consubstanciados num perfil de competências gerais não podem deixar de ter em conta as implicações específicas e transversais que as
TIC comportam. A escolaridade obrigatória assume, com crescente implicação, todas as consequências que decorrem desta realidade.
Pretende-se garantir que, ao finalizar o nono ano, todos os alunos sejam capazes de utilizar as TIC, nomeadamente para seleccionar, reconhecer e organizar informação para esclarecimento de situações e resoluções de problemas.
Para isso já no ano lectivo 2003/04, será introduzida com os planos curriculares a disciplina de Introdução às Tecnologias da Informação e Comunicação. Neste sentido, o Ensino Básico, para além da certificação global que propicia no final do 3º Ciclo, deve dispor de uma certificação básica em TIC com identidade própria, capaz de balizar as aprendizagens a realizar nestas tecnologias ao longo da escolaridade obrigatória e de certificar a sua aquisição pelos alunos. Com a Revisão Curricular do Ensino Secundário procura–se integrar saberes e competências no domínio das TIC que permitam oferecer a formação necessária a uma Sociedade da Informação e do conhecimento.
Neste domínio de ensino procura-se promover o domínio de ferramentas de Informação e Comunicação que facilitem e promovam essa integração, razão pela qual saberes e competências devem cruzar transversalmente todo o currículo.
O aluno deve assim ser capaz de:
¯ Utilizar fluentemente a comunicação oral e escrita.
¯ Saber exprimir-se correctamente em mais do que uma língua que não seja a sua língua materna.
¯ Estabelecer metodologias de trabalho.
¯ Utilizar fontes de informação disponíveis e recolher dados pertinentes à resolução de casos concretos.
¯ Utilizar o conhecimento adquirido para abordar situações e problemas do quotidiano.
¯ Conhecer a tipologia dos documentos.
¯ Executar operações de pesquisa em sistemas manuais e electrónicos.
¯ Interpretar a classificação e indexação atribuída aos documentos.
¯ Reconhecer os procedimentos inerentes a uma eficaz gestão dos instrumentos de pesquisa.
¯ Cooperar para desenvolver trabalho de grupo e espírito de cidadania.
¯ Ter uma atitude experimental, ética e solidária no uso das TIC.
¯ Ter um desempenho suficiente no manuseamento de software utilitário essencial.
¯ Adquirir o gosto e interesse pela auto-aprendizagem e trabalho cooperativo com as TIC.
¯ Explorar o Universo local com recurso ao universo global através das TIC.
Os alunos de hoje devem ser treinados para a pesquisa e tratamento correcto da informação. Por vezes perdem-se pelas auto-estradas da informação e o acesso ao conhecimento torna-se uma tarefa árdua que por vezes sozinhos não conseguem ultrapassar. Deve-se por isso, através da Biblioteca Escolar, estimular o gosto pela pesquisa e tratamento da informação, fornecendo-lhes ferramentas de trabalho onde as TIC são extremamente importantes no processo do Ensino/Aprendizagem.