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Competitividade e sustentabilidade no C canephora

CAPITULO 6 Qualidade em Quantidade

5. Competitividade e sustentabilidade no C canephora

Os índices de liderança no C. canephora mostram a capacidade empreendedora e o elevado comprometimento das empresas agrícolas com a atividade, mas também sua baixa aptidão à elaboração de planos de negócio e definição de metas, o que pode resultar em falhas ao delinear objetivos, ao definir ações futuras e ao analisar os resultados do negócio café, podendo comprometer a sustentabilidade das empresas, cuja sobrevivência e competitividade demandam visão estratégica do longo prazo, preparando-as inclusive para a sucessão patrimonial.

Às instituições de assistência técnica e extensão rural fica a tarefa de apresentar aos empresários as ferramentas modernas de gestão, a começar do Plano de Negócio, pois eles precisam identificar sua atividade como um negócio passível de organização, para não prejudicar a melhoria contínua de seus processos e não limitar o desenvolvimento das regiões cafeeiras, principalmente das pequenas empresas.

Os cuidados relativos ao meio ambiente têm sido respeitados, mas as ações educativas e de fiscalização deverão ser contínuas.

Quanto à capacitação em operações de equipamentos e máquinas e ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), as empresas ainda podem e devem evoluir bastante. Cabe destacar o baixíssimo índice de amparo à saúde dos próprios empresários e de seus colaboradores.

Apesar dos índices de busca por informações e conhecimentos externos à empresa serem relativamente elevados, o acesso à internet ainda é baixo, bem como o registro de informações internas, dificultando o controle efetivo da atividade, reduzindo a possibilidade de se comparar situações similares ao longo do tempo e comprometendo a capacidade de reproduzir processos e avaliar resultados, a partir de sua experiência.

A sistematização de informações não está presente na rotina administrativa das empresas. Logo, nem sempre as decisões são baseadas em protocolos ou números que racionalizem a produção. Essa baixa sistematização das informações é geralmente atribuída à falta de tempo em virtude das atividades típicas do cultivo, mas o baixo grau de instrução e capacitação dos colaboradores e às vezes dos empresários também limitam os avanços efetivos na gestão da atividade cafeeira.

O uso de crédito agrícola pelas empresas é elevado, mas o uso do seguro rural ainda é muito baixo e vinculado à contratação obrigatória na aquisição de novos equipamentos ou máquinas. Ou seja, as visões de gestão de crédito e administração de riscos ainda são limitadas.

Na avaliação dos resultados não são priorizados os aspectos mais voltados ao controle de custos, eficiência operacional e melhoria contínua da produtividade – produção por pessoa ou valor econômico agregado por pessoa e custos em função dos consumos de combustível, energia, água ou fertilizantes por unidade produzida.

Também é baixa a preocupação com a identificação da satisfação da qualidade junto aos clientes diretos e menor ainda com o consumidor final, provavelmente em função do destino principal do C. canephora.

Todavia, há mercado para robusta/conilon de qualidade superior, que deve ser explorado principalmente em função da disponibilidade de materiais genéticos com excelentes potenciais de produtividade e de qualidade, adaptados às diferentes condições edafoclimáticas.

Referências

Bliska Júnior, A. et al. Validação do método de identificação do grau de gestão na produção cafeeira utilizando grupo focal. Revista de Economia Agrícola, São Paulo, v. 62, n. 1, p. 41-54, 2015.

Bliska Júnior, A.; Ferraz, A. C. O. Método de identificação do grau de gestão nas atividades de produção de flores de corte. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 30, p. 531-538, 2012.

Freire, A. H. et al. Eficiência econômica da cafeicultura no sul de minas gerais: Uma aplicação da fronteira de produção. Coffee Science, v. 6, n. 2, p. 172–183, 2011.FNQ, FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE. Auto-avaliação e Gestão de Melhorias. São Paulo. 2007. 48 p.

FNQ, FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE. Critérios de Excelência. São Paulo, 2009. 52p.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em 21/09/2015.

MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Produção de Sementes e Mudas. Consulta em 12/04/2018. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/ insumos- agricolas/sementes-e-mudas/producao-de-sementes-e-mudas

MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Registro Nacional de Cultivares – RNC. Consulta em 03/01/2019a. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/guia-de-servicos/ registro-nacional-de-cultivares- rnc

MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cultivares Protegidas.

Consulta em 12/04/2019b. Disponível em:

http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/ insumos- agricolas/protecao-de-cultivar/cultivares-protegidas

Capitulo 9

Gestão e Manejo com Sustentabilidade – Convênio SENAR/SEBRAE

Christane Barbosa e Castro Cristiane de Oliveira Veronesi

Deibdi Pedro Simmer Leonardo Pirovani Vimercati Leticia Toniato Simões

1. Introdução

No Brasil cerca de 30% da produção de café é derivada da espécie

Coffea canephora, denominada de café robusta, que é cultivada

predominantemente nos estados do Espírito Santo, Rondônia, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia e Rio de Janeiro. No Espírito Santo, maior produtor brasileiro da espécie, a produção é proveniente da variedade Conilon, pertencente ao grupo Guineano da espécie (BRAGANÇA et al., 2001).

A cultura do café Conilon está presente em 65 dos 78 municípios do Espírito Santo, em uma área aproximada de 290 mil hectares, sendo que na região sul é cultivado principalmente na bacia do rio Itapemirim, e na região norte do Estado os principais produtores são Jaguaré, Sooretama, Vila Valério, São Mateus, Rio Bananal e Pinheiros (FASSIO; SILVA, 2007).

O cultivo de café no estado do Espírito Santo é conduzido em grande parte das lavouras sem a manutenção da cobertura vegetal do solo com altos índices de capina, o que gera exposição do solo e potencializa a perda da matéria orgânica e nutrientes via solo e água no processo erosivo (BRINATI et al., 2008). Entretanto, algumas propriedades com agricultura de base familiar priorizam a manutenção da cobertura do solo. Esses sistemas podem ocorrer com o manejo da vegetação espontânea e em outras formas de cultivo associando com espécies arbóreas e/ou frutíferas.

Nesse tipo de manejo, ocorre aporte contínuo de material orgânico que é depositado sobre o solo, diminuindo a susceptibilidade do sistema em perder solo, água e nutrientes. Além disso, ao longo dos anos esse tipo de manejo melhora os atributos químicos e físicos do solo. A relação entre o manejo e a qualidade do solo pode ser avaliada pelo comportamento de suas propriedades físicas, químicas e biológicas (ISLAM e WEIL, 2000; CONCEIÇÃO et al., 2005).

De forma geral, vários esforços têm sido apresentados, em diversas regiões e países, no sentido de buscar manejos e tecnologias que contribuam para a sustentabilidade da produção agrícola, tendo como pano de fundo, a sua consideração como um agroecossistema. São cada vez mais claros os impactos negativos das atividades agrícolas, tidas como tradicionais, mecanizadas e com uso intensivo de fertilizantes químicos, seja para o solo, o curso dos rios e o ar (FILHO e FELIPE, 2013). Dessa forma, o manejo dos agroecossistemas produtivos, na perspectiva da sustentabilidade, envolve o uso racional dos recursos naturais, do solo, dá água, sempre através do aumento da eficiência ambiental, o que significa a poupança de energia, de água e a retenção de nutrientes no solo.

A busca pelo equilíbrio entre o crescimento econômico e a manutenção dos recursos naturais tem, nos últimos anos, fortalecido o

paradigma do desenvolvimento sustentável e, para tal, tem-se procurado estabelecer mecanismos capazes de subsidiar as ações da sociedade que conduzam nessa direção (COUTO, 2007).

Com a crescente demanda de adequações ambientais e práticas conservacionistas, buscando a Sustentabilidade da propriedade agropecuária e, consequentemente, dos segmentos agrícolas (atividades), surge mais uma lacuna para o produtor rural: O que é Sustentabilidade? Como ser sustentável? Adequações ambientais são realmente necessárias? Quanto custam essas adequações?

Com o exposto, o objetivo desse trabalho foi comparar os indicadores de sustentabilidade para agroecossistemas (ISA) de 233 - propriedades de café conilon, atendidas pelo Projeto Terras Sustentáveis (Bacia do Rio Doce), no âmbito do convênio de cooperação entre o SEBRAE e o SENAR do Espírito Santo. Foi feita uma medição inicial (T0) e, depois de 12 meses, foi feita uma nova avaliação (T1) para verificar o que de melhoria ocorreu com o apoio - da assistência técnica e gerencial, por meio da evolução dos indicadores.

2. ISA – Indicadores de Sustentabilidade para