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1.1 TEMA

2.1.1 Teorias para o Estudo

2.1.1.3 Complementaridade e Moderação

Os efeitos da complementaridade e da moderação têm estado presentes nos estudos de SI(POWELL; DENT-MICALEFF, 1997; TEO; RANGANATHAM, 2003; ZHU, 2004). A complementaridade baseia-se na argumentação de que são obtidos melhores resultados quando é feita a distribuição de recursos nos fatores complementares em vez de concentrá-los em um único fator. Enquanto, a moderação destaca o efeito interveniente nas condições da relação entre dois eventos. Isso significa que o efeito da complementaridade está relacionado

aos resultados produzidos a partir da interação entre recursos e a moderação à influência entre recursos a partir da influência de condições externas a eles.

A teoria da complementaridade tem sido utilizada nos estudos em SI por haver uma concordância cada vez maior entre os pesquisadores da área de que as funções de TI nas organizações são complementares a outras, sejam elas de TI ou não (BARUA; LEE; WHINSTON, 1996;HITT; BRYNJOLFSSON, 1997;BRYNJOLFSSON; HITT, 2000; MELVILLE; KRAEMER; GURBAXANI, 2004; WADE; HULLAND, 2004).

Nesse sentido, a tecnologia da informação parece ser um exemplo típico da aplicação dos princípios da complementaridade. Por exemplo, Levina e Ross (2003) evidenciam um reforço mútuo entre recursos de TI e organizacionais complementares na obtenção de melhores resultados dos fornecedores, cuja eficiência estava baseada em benefícios econômicos desse reforço mútuo. Teo e Ranganatham (2003) observam o efeito produzido pelas interações entre os recursos de TI, recursos humanos e recursos de negócio na melhoria do desempenho organizacional, através da sinergia em que cada recurso dessa natureza complementam as ações dos demais contribuindo com um resultado mais alinhadocom a organização. Zhu (2004) observa que a infra-estrutura de TI e a capacidade de comércio eletrônico influenciam o desempenho da firma de forma complementar reforçando o significado de que investimentos em ambos trazem mais valor para a empresa do que os realizados em um ou outro única e isoladamente. Os efeitos da complementaridade entre os processos de marketing, produção e cadeia de suprimentos e os sistemas de informação utilizados pelas organizações de uma mesma indústria foram evidenciados por Bharadwaj, Bharadwaj e Bendoly (2007).Sanchez e Albertin (2009) analisam o efeito da complementaridade sobre o valor da TI através de um modelo que verifica as relações do uso da TI em nível organizacional para geração de valor econômico. Nesse modelo, representado pelo construto MATIF (Modelo de Análise do uso da TI no nível da Firma), a complementaridade entre os recursos e capacidades da TI e aqueles com os quais a organização interage com parceiros e fornecedores, com o ambiente e com os clientespodem gerar benefícios de valor da TI para o negócio. Porém, os autores ressalvam que esse valor só é apropriado desde que haja alguma ineficiência econômica que exija solução, caso contrário, qualquer investimento realizado em TI com a intenção de obter valor para a organização não proporciona nenhum resultado que justifique o investimento.

Os efeitos moderadores também possuem uma importância destacada. Eles alteram os resultados pela intervenção causada. Tanto podem reforçar os resultados positivamente quanto negativamente. Baron e Kenny (1986) procuram esclarecer o significado da moderação como uma interação entre variáveis sob condições específicas que pode afetar a direção e a força dessa relação. Eles destacam que o efeito moderador procura explicar que relação existe entre as variáveis, enfatizando-as. Os autores, também, criticam o uso indistinto do termo moderação e mediação nas pesquisas e simplificam que a mediação enfatiza o mecanismo, o processo de entendimento do “como” e “por quê” as variavéis se relacionam. Por exemplo, Tiwana e Konsynki (2010) observam o efeito moderador da estrutura de governança de TI sobre a relação entre sua arquitetura e o alinhamento de TI às necessidades do negócio. Isso ocorre pelo aumento da agilidade da TI que intervem como mediadoradessa relação. Tanriverdi (2006) verifica que o nível de diversificação da firma modera o relacionamento entre as sinergias de TI e o desempenho corporativo. O autor aponta que os efeitos do desempenho das sinergias de TI permanecem positivos com o aumento da diversificação, mas tornam-se fracos, e a estrutura de governança de TI, neste caso, não faz diferença sobre tais efeitos. A sinergia referida é a mesma adotada na literatura de estratégia e economia conhecida como valor super-aditivo ou custo sub-aditivo. Isto é, há sinergia super-aditiva entre duas unidades de negócio se o valor resultante delas juntas é maior do que a soma dos valores resultantes individuais.

Os efeitos complementares e moderadores se ajudam mutuamente. Hitt e Brynjolfsson (1997) evidenciam que usuários de TI tendem a usá-la em conjunto com outras práticas organizacionais, tais como descentralização hierárquica da tomada de decisão, ênfase nos incentivos subjetivos e maior confiança nas habilidades e no capital humano, para obterem melhores resultados. Nesse sentido, os investimentos em TI devem estar ligados à moderação dessas práticas bem como aos efeitos complementares resultantes. Brynjolfsson e Hitt (2000) apontam para a importância dos investimentos em complementos organizacionais, tais como novos processos de negócio, novas habilidades e novas estruturas organizacionais e da indústria, para obtenção de melhores resultados dos investimentos realizados em TI. Os autores evidenciam resultados positivos da interação da TI com os demais recursos e capacidades organizacionais, inclusive as condições do seu ambiente. Melville, Kraemer e Gurbaxani (2004) argumentam que os recursos humanos e os recursos tecnológicos de TI podem criar uma vantagem competitiva temporária quando eles são combinados adequadamente. Eles propõem que certos recursos organizacionais são complementares ao

recurso de TI na geração de valor de negócio quando a existência e a magnitude entre eles são devidamente contextualizadas. E, ainda, eles sugerem que quanto mais os recursos organizacionais complementares para a TI são raros, difíceis de imitar e de substituir, maior a possibilidade de uma firma alcançar uma vantagem competitiva sustentada.

As estruturas conceituais, os aspectos abordados e a literatura de base sobre complementaridade e moderação estão sumarizadas naTabela 3.

Tabela 3: Estrutura conceitual e aspectos sobre complementaridade e moderação.

Literatura Estrutura Conceitual Aspectos Abordados

Baron e Kenny (1986) Efeitos entre

variáveis Distinção entre moderação e mediação

Barua, Lee e Whinston (1996) Complementaridade Cálculo do efeito da complementaridade sobre recursos Hitt e Brynjolfsson (1997) Complementaridade Práticas organizacionais de relacionamento entre

recursos

Powell e Dent-Micaleff (1997) Complementaridade Recursos e Capacidades Brynjolfsson e Hitt (2000) Complementaridade e

Moderação Investimentos em complementos organizacionais Levina e Ross (2003) Complementaridade Reforço mútuo entre recursos de TI e organizacionais

complementares

Teo e Ranganatham (2003) Complementaridade Recursos de TI, recursos humanos e recursos de negócio.

Melville, Kraemer e Gurbaxani

(2004) Valor de TI e complementaridade de recursos

Combinação de recursos

Zhu (2004) Complementaridade Infra-estrutura de TI e a capacidade de comércio eletrônico.

Wade e Hulland (2004) Complementaridade Atributos da VBR nos recursos complementares Tanriverdi (2006) Moderação Sinergia organizacional e desempenho

Bharadwaj, Bharadwaj e

Bendoly (2007) Complementaridade Efeito sobre processos de marketing, produção, cadeia de suprimentos e sistemas de informação. Sanchez e Albertin (2009) Valor da TI Efeito da complementaridade

Tiwana e Konsynki (2010) Moderação Governança de TI, Arquitetura e Alinhamento.

Fonte: Elaboração própria.