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Complexidade ofensiva e zona de distribuição (anexo 9) Análise inferencial

V – Apresentação e Discussão dos Resultados

4. Complexidade ofensiva e zona de distribuição (anexo 9) Análise inferencial

Existe uma associação significativa entre a zona de distribuição e a complexidade ofensiva (χ2=1107,273; p<0,001) sendo a correlação de nível forte (V de Cramer=0,547). As células que mais contribuíram para está associação foram:

- Na ZDP mais do que era esperado a complexidade ofensiva de

elevada complexidade e de muita complexidade; e menos do que era

esperado a organização ofensiva complexa e simples.

- Na ZDI ocorreu mais do que era esperado a organização ofensiva

complexa; e menos do que era esperado a organização ofensiva de elevada complexidade e simples.

- Na ZDR ocorreu mais do que era esperado a organização ofensiva

complexa e simples com maior relevância para esta última; e menos do

que era esperado a organização ofensiva de elevada complexidade e de muita complexidade.

A leitura da tabela de contingência mostra, claramente, que a organização ofensiva com níveis altos de complexidade (elevada complexidade e muita

complexidade) está relacionada inequivocamente com a ZDP. Pensamos que será

devido à necessidade da proximidade da rede por parte dos tempos de ataque muito rápidos (T0 e T1), para lhes permitir:

- fixar, posicionalmente, a atenção do blocador central adversário;

- e paralelamente, obrigar o referido blocador, a optar por outros tempos de ataque, mais lentos, ou a arriscar saltando com os tempos rápidos; Estes dois aspectos são conjugados em jogo com o objectivo de gerar uma mais valia atencional no blocador central adversário, a favor da organização ofensiva da sua própria equipa, que consequentemente é superiormente gerida pelos jogadores distribuidores de elite. Isto acontece no momento (com a bola na mão) e em função da acção do blocador central adversário.

Com as devidas reservas, os sistemas ofensivos de alta complexidade aparentam depender muito mais do potencial intimidatório, que os atacantes centrais provocam nos blocadores adversários do que da sua efectividade de ataque. As nossas vivências como treinadores, juntos dos jogadores de alto nível, induzem-nos a pensar que os centrais atacantes intimidadores são alvo de maior atenção e preocupação por parte dos blocadores centrais, do que os atacantes centrais mais efectivos, mas que não são tão considerados. Outro aspecto que poderá justificar um valor tão forte de ocorrências de elevado nível de complexidade na ZDP é o facto de que distribuidor, dentro desta zona, não ocupar as trajectórias das corridas de aproximação para ataque, principalmente dos atacantes de ponta, não limitando assim, com a sua acção de jogo, a utilização de todos os atacantes disponíveis. Lembramos, que este é um dos três critérios (tempo de ataque, número de jogadores envolvidos e relação numérica no espaço de rede) a respeitar para que a organização ofensiva apresente um alto nível de complexidade para o bloco e defesa adversária.

A organização ofensiva complexa com 4,6% de ocorrência na ZDP e a organização ofensiva simples com apenas 2,7% de ocorrência, apresentam

valores muito abaixo do que era esperado. Este aspecto, é demonstrativo duma excepcional capacidade ofensiva, principalmente nos aspectos que se relacionam com a mobilidade no espaço de ataque e com disponibilidade para entrar em sistema ofensivo. Os jogadores centrais têm de possuir grande capacidade para se ajustarem com o local de distribuição e uma elevada mobilidade, para conseguirem utilizar com tanta frequência e efectividade tempos de ataque tão rápidos, numa zona de distribuição tão ampla. Por outro lado, os outros jogadores atacantes evidenciam uma elevada adaptabilidade às contingências impostas pelo jogo e uma grande capacidade de entrar em sistemas ofensivo após recepção, o que consequentemente evidencia uma grande plasticidade do sistema de jogo ofensivo.

Relativamente à ZDI, é uma zona que apresenta algumas dificuldades para o distribuidor, tais como:

- implica um deslocamento prévio da rede para a ZDI podendo limitar o distribuidor nas opções de distribuição, o que vai diminuir na organização ofensiva o número de opções de ataque e consequentemente no número de atacantes utilizáveis;

- é também uma zona de distribuição muito longe da rede, o que limita a utilização do T0 e T1, principalmente nas costas do distribuidor; à frente do distribuidor aumenta muito o risco de erro na ligação com o atacante central e/ou a possibilidade do atacante ser blocado, pelo facto de ser um passe que percorre algum espaço antes de ser atacado podendo dar tempo ao blocador central adversário de blocar com sucesso;

- o facto de ser uma zona que coincide com a zona de ataque do jogador atacante de zona 6 e de zona 1 e por coincidir com o espaço onde ocorrem algumas das trajectórias das corridas de aproximação do central atacante.

Com as devidas cautelas, pensamos que os baixos valores de frequência, relativamente à frequência esperada para a elevada complexidade ofensiva na

ZDI poderá ser justificada pela reduzida frequência na organização ofensiva de elevada complexidade.

A organização ofensiva complexa, na nossa proposta estruturadora da complexidade ofensiva tipifica dois cenários: um com a utilização do T1 envolvendo 2 atacantes na situação de inferioridade numérica no espaço de rede; e um outro menos complexo com a utilização, de pelo menos, o T2 de ataque, envolvendo 3 atacantes numa situação de igualdade numérica no espaço de rede.

Gestão do risco em função das probabilidades de sucesso: sempre que o distribuidor consegue chegar cedo à zona de distribuição, e pode jogar rápido (T2) criando dificuldade ao bloco, não precisa de correr tantos riscos optando jogar T2 nas pontas (Z2 e Z4). Quando o central não tem possibilidades de atacar com T1, o distribuidor procura acelerar o jogo (T2) nas pontas (Z2 e Z4). É uma zona que permite jogar com T2 na ponta e correndo alguns riscos com o atacante central utilizado na organização ofensiva (T1).

Relativamente à ZDR apresenta muitas limitações à utilização do T0 e T1, o que poderá explicar valores de ocorrência tão abaixo do que era previsto na organização ofensiva de elevada complexidade e na organização ofensiva muito

complexa.

A organização ofensiva de complexidade simples apresenta um valor de ocorrência muito acima do esperado, provavelmente pelo facto da distribuição ao ser realizada muito afastada da rede potenciar o T2 e principalmente o T3 de ataque. Mais, contrariamente às outras zonas, que são zonas de total responsabilidade do distribuidor, nesta zona de distribuição alguns passes são efectuados pelos atacantes ou pelo libero, o que por uma lado reduz o número de atacantes disponíveis para participar na organização ofensiva, e por outro aumenta a utilização do T3 em virtude destes jogadores não serem especialistas na acção de distribuição.