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O Complexo Educacional Presente nas Terras da Família Morganti Trajetória

Capítulo III GRUPO ESCOLAR RURAL NA USINA TAMOIO

3.1 O Complexo Educacional Presente nas Terras da Família Morganti Trajetória

Um setor de organização social utilizado como mecanismo estratégico para manter o controle e a força de trabalho treinada e capacitada para o trabalho foi o sistema educacional. Esta Usina, como foi demonstrado, mantinha um imenso complexo industrial, tanto de infraestrutura como de trabalhadores, por isso, a necessidade de construir um sistema educacional que pudesse atender seus interesses. Educar, treinar e manter seus trabalhadores vinculados à Usina.

Na Usina Tamoio desde as décadas 1930 a 1940 existiam nove escolas isoladas (sendo identificadas sete pela pesquisa) que se encontravam espalhadas nas diversas seções do complexo industrial. Destas escolas isoladas, duas foram agrupadas e deram origem ao primeiro Grupo Escolar Rural. Depois houve novas concentrações de

escolas isoladas fazendo um total de três Grupos Escolares Rurais, dentro daquele complexo industrial usineiro.

Contudo, como foi descrito, as propriedades da Família Morganti não se restringiam somente à Usina Tamoio. A Família Morganti era dona da Usina Monte Alegre em Piracicaba e da Fazenda Guatapará na região de Ribeirão Preto, e os grupos escolares rurais também estavam presentes em suas propriedades.

Figura 24: Grupo Escolar Marquês de Monte Alegre em Piracicaba.

Fonte: Rede Social – Bairro Monte Alegre, Piracicaba/SP.

Em Piracicaba, na Usina Monte Alegre, em 1921, existiam três escolas isoladas que se transformaram em Escolas Reunidas em 9 de março de 1922. Em fins de 1923 as Escolas Reunidas passaram a funcionar em um vistoso prédio e por decreto de 27/01/1927 as escolas se transformaram no Grupo Escolar Marquês de Monte Alegre, instalado em sete de fevereiro de 1927. O prédio foi construído pela Usina que o cedeu para ser administrado pelo Estado, como retrata a figura 24 mostrando uma bela construção.

Figura 25: Grupo Escolar Marquês de Monte Alegre.

Fonte: Rede Social – Bairro Monte Alegre, Piracicaba/SP.

Figura 26: Grupo de Chorinho.

Na figura 25 retrata os discentes do Grupo Escolar Marquês Monte Alegre, podemos observar um número significativo de alunos. Já na figura 26 traz o grupo de chorinho formados estudantes daquela instituição escolar da década de 1940.

Figura 27: Natal de 1944.

Fonte: Rede Social – Bairro Monte Alegre, Piracicaba/SP.

Para a Família Morganti se fazer presente no Grupo Escolar Marquês de Monte Alegre era realizado na época do natal a entrega de brinquedos para os filhos dos empregados na Usina Monte. A imagem 27 retrata o natal de 1944, no qual se legitimava o papel do bom patrão preocupado com seus trabalhadores. Momentos como esse demonstravam estratégias criadas para controle e obediência ao dono daquela Usina.

Outra propriedade que Pedro Morganti comprou foi à fazenda Guatapará em 1942. Já nesta época havia uma infraestrutura bem consolidada com igreja, casas para colonos, campo de futebol, posto de saúde, cinema, grupo escolar, entre outros. Quando da compra da fazenda, a Família Morganti ampliou o grupo escolar, que era conhecido como Grupo Escolar da Fazenda Guatapará.

Figura 28: Grupo Escolar da Fazenda Guatapará.

Fonte: Rede Social – Bairro Monte Alegre, Piracicaba/SP.

A imagem 28 mostra o antigo Grupo Escolar da Fazenda de Guatapará que, posteriormente pelo Decreto Estadual nº. 49.968, de 12 de Julho de 1968, passou a ser denominado Grupo Escolar Prof. Alfio Getúlio Schettini.

Na Revista Boletim da Educação de janeiro a junho de 1945, a Secretaria da Educação e Saúde Pública do Estado de São Paulo publicou em seu boletim:

Os membros da família Morganti, proprietários da “Refinadora Paulista”, instalada na Fazenda Guatapará, em Ribeirão Preto, acabam de ter um gesto, favor dos escolares daquela propriedade agrícola. Compenetrada da necessidade de amparo material e moral à criança brasileira, para que o futuro da nacionalidade repouse num nível de ótimo padrão eugênico, aquela família tem prestado sua nobre colaboração a todas as iniciativas, particulares ou oficiais, que visem aquela alto objetivo. Agora, a família Morganti vem tomar uma iniciativa digna de imitação e de maior aplauso. A todos os escolares da sua Fazenda de Guatapará, até 12 anos de idade, será proporcionado um mês de férias em Santos, correndo por conta daquela família inclusive as despesas do vestiário de que as crianças carecem para a viagem. Os escolares seguirão mensalmente para a cidade praiana em turma de vinte (SÃO PAULO, 1945, p. 208, 209). A seguir, o retrato da primeira turma de alunos do Grupo Escolar Prof. Alfio Getúlio Schettini.

Figura 29: Retrato da Turma de Formandos de 1947.

Fonte: Rede Social – Bairro Monte Alegre, Piracicaba/SP.

Podemos observar na figura 29 os retratos dos discentes da turma de formandos de 1947 do Grupo Escolar da Fazenda Guatapará. Além dos alunos, professora, diretora aparece a imagem de Pedro Morganti. Sempre presentes na vida dos filhos de seus empregados.

Estas informações são exemplos da influência da Família Morganti, bem como demonstram que a instalação de Grupos Escolares era uma política presente na administração de suas propriedades, porém, não é foco dessa pesquisa descrever todo o processo de construção e instalação dos Grupos Escolares da Usina Monte Alegre e da Fazenda Guatapará.

Outro dado considerável eram as escolas isoladas presentes na Usina Tamoio, segundo o Álbum de Araraquara de 1948, existiam as seguintes escolas isoladas estatuais.

Quadro 1: Escolas Isoladas Estaduais. Matriculas Efetiva, Usina Tamoio, 1948.

Denominação da

escola masculino Matricula Matricula feminino Total Localização Mista da Fazenda

Morro Azul 15 11 26 Seção Morro Azul – Refinadora

Paulista 1º Mista da Fazenda Serra D´Água 12 28 40 Seção Serra D´Água 2º Mista da Fazenda Serra D´Água 14 25 40 Seção Serra D´Água Mista da Colônia

Salto 27 13 40 Seção Salta – Refinadora

Paulista Mista da Fazenda

Aparecida 16 18 34 Fazenda Aparecida – Refinadora

Paulista Mista da Seção

Santa Beatriz 18 20 38 Seção Beatriz

Mista da Fazenda

Santa Elza 20 10 40 Elza – Refinadora Fazenda Santa Paulista

Fonte: Álbum de Araraquara (1948).

Embora o quadro mostre o número de matrículas masculino e feminino, estas escolas isoladas funcionavam no sistema misto, ou seja, nas salas de aulas havia alunos de ambos os sexos. Um fator importante de destaque é que em uma Usina do interior paulista existiam Grupos Escolares em áreas rurais, tanto em Araraquara, Piracicaba e Guatapará, demonstrando o amplo complexo industrial e educacional que as propriedades da Família Morganti possuía.

3.2 Delegacia Regional de Araraquara - Contextualização Histórica para