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C) Família, fonte e série

4.2.3 Compondo o texto no espaço

4.2.3.1 Alinhamento de parágrafos

A relação entre o alinhamento dos parágrafos e o espaçamento das palavras é bastante próxima: se a configuração de um é alterada, o outro sofre as consequências. Alguns tipos de alinhamentos não interferem tanto na organização das palavras, como os alinhamentos a um lado (esquerda ou direita) e ao centro. Já o justificado, cuja intenção é manter o alinhamento das linhas tanto à direita quanto à esquerda, pode causar desconforto visual e o efeito de "rios". Isso ocorre pois os

espaços entre as palavras são alterados matematicamente a fim de caber justas dentro de uma linha alinhada aos dois lados.

No alinhamento à esquerda e à direita é necessário observar a regularidade e ritmo da margem oposta, já que linhas muito compridas ou muitos curtas prejudicam a homogeneidade visual do parágrafo.

Qualquer que seja o alinhamento escolhido, deve-se tomar o cuidado de, primeiramente, estudar a largura ideal do parágrafo e o tamanho das palavras do texto; pois palavras muito longas costumam desequilibrar a harmonia.

4.2.3.2 Títulos e Subtítulos

Há muitas maneiras de compor títulos e subtítulos sem ser necessário o aumento ou substituição da fonte. Bringhurst (2005, p. 74) alerta que qualquer escolha deve levar em consideração o destaque do título, que esse elemento fique claro no texto. Para isso, pode-se trabalhar com alinhamentos diferenciados (centralizado ou à direita, já que à esquerda é o mais comum) ou compô-los inteiramente dentro das margens, fazendo-os alcançar ambos os lados, principalmente no caso dos subtítulos mais longos.

Apesar das dicas, o autor afirma que o ideal é compor os títulos "(...) de forma a contribuir com o estilo do todo" (BRINGHURST, 2005, p. 75). Trocar o tipo, o corpo, a cor ou mesmo incluir elementos visuais, como ícones, são iniciativas bem- vindas para a identidade do texto.

O designer David Bullen conta no livro "O Design do Livro, de Richard Hendel, seu processo de escolha das características do título:

O livro - mais exatamente, a maneira como está evoluindo o design do livro - vai me dizer se preciso de um tipo especial para o título. Se o tipo que usei no texto não tem boas letras para o título, vou procurar algo para complementá-lo. O conteúdo do texto determina a relação entre o tipo do texto e a fonte dos títulos. Se o livro tiver uma personalidade forte (...), ela pode refletir-se na letra de título, mas, se o conteúdo for mais acadêmico ou contemplativo, creio que é apropriada uma alusão mais sutil, mais tranquila. (BULLEN apud HENDEL, 2006, p.96)

4.2.3.3 Cor tipográfica, peso e contraste

Ao contrário do que possa parecer, a cor tipográfica nada tem a ver com cromia, é apenas a variação de claro e escuro. Essa diferença dita ritmo e textura ao bloco de texto, por meio de contraste, que proporciona o efeito óptico de destacar partes do texto. Samara (2005) afirma que o contraste entre as palavras é fundamental, porque "(...) promover mudanças em vários elementos por meio de modificações de peso, tamanho e estilo são a chave para criar páginas interessantes". (SAMARA, 2005, p.52)

O contraste pode ser criado alterando o peso das fontes, utilizando-as em negrito ou itálico; ou ainda alterando a largura das palavras, condensando ou as estendendo. Contudo, essas mudanças demandam algum cuidado: algumas fontes, quando em itálico, necessitam de um espacejamento maior entre as letras. Além disso, deve-se ter em mente a intenção ao executar essas alterações: fontes grossas e mais evidentes tendem a parecer mais agressivas, enquanto as mais finas e claras são mais sutis e suaves, até menos importantes. Fontes demasiadamente estendidas ou condensadas podem cansar os olhos e causar ruídos na página.

A diferença de peso das fontes pode contribuir na organização da hierarquia das informações. Outros elementos visuais podem interferir nessa hierarquia, como imagens, diagramas e até mesmo espaços em branco. Portanto, é necessário determinar o peso de cada informação no contexto e trabalhar com elementos que possam destacar ou minimizar a atenção sobre determinados pontos. Independente do recurso utilizado, a hierarquia é fundamental para guiar a leitura, como cita Samara:

Direcionando o olho através do material tipográfico usando mudanças de peso e estilo, o designer consegue uma rica textura enquanto também proporciona uma navegação eficiente. (SAMARA, 2005, p. 56)

4.2.3.4 Rodapé ou fólios

O rodapé ou folio é a informação posicionada na margem da página, composto pelo número da página e, em alguns casos, número de edição e título do

capítulo em questão. Esse elemento serve para localizar o leitor na obra, mas precisa ser discreto, não chamar tanta atenção quanto o conteúdo do texto (HENDEL, 2006). Antes de escolher a configuração do fólio, é necessário se perguntar o porquê de sua utilização.

Como cita Bringhurst (2005, p.181), “(...) os fólios são úteis na maioria dos livros com mais de duas páginas. Podem ficar em qualquer lugar agradável e fácil de achar na página (...)”.

4.2.3.5 Margens

Margens são os espaços em branco em volta do bloco de texto, que têm três finalidades principais:

Elas precisam amarrar o bloco de texto à página e amarrar as páginas opostas uma à outra com força de suas proporções. Em segundo lugar, devem emoldurar o bloco de texto de um modo que se ajuste ao seu desenho. Finalmente, precisam proteger o bloco de texto, facilitando a visualização do leitor e tornando o manuseio conveniente (...) (BRINGHURST, 2005, p.181)

Toma-se por convenção que as margens superiores sejam menores que as inferiores, e que a medianiz, margem interna de duas páginas, seja menor que as laterais ou dianteiras, que ficam no exterior das páginas (HENDEL, 2006). Essa convenção é parte do design tradicional de livros; outras configurações são possíveis, mas é importante que sejam estudadas para que não pareça que os blocos de texto estão dispostos ao acaso ou que houve problemas na hora da encadernação.

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