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3.1 – TIPO DE ESTUDO

Quanto ao tipo de estudo, optou-se por um estudo exploratório-descritivo e explicativo (Sampieri, Collado, & Lucio, 2006). O facto de ser um assunto sem estudos na realidade portuguesa, tornou necessário descrever e caraterizar o fenómeno em análise, Assim, conforme Carmo e Ferreira (2008) trata-se de um estudo que amplia o estado do conhecimento a partir doutras realidades, dado que procura obter dados que não estavam disponíveis. Neste sentido, o recurso a um desenho exploratório-descritivo permitiu um conhecimento alargado do objeto de estudo, o processo de ensino e aprendizagem da sexualidade humana na formação inicial em enfermagem, pela descrição das diferentes dimensões associadas. Por outro lado, a vertente explicativa foi conseguida pela identificação dos fatores que contribuem para a ocorrência da singularidade deste processo (Gil, 2007), ou seja, procurou-se uma explicação a partir dos resultados. Quanto à incorporação do tempo, trata-se de um estudo transversal, dado que situa o fenómeno em estudo numa dimensão temporal única (Sampieri, Collado, & Lucio, 2006).

3.2 – A POPULAÇÃO/AS AMOSTRAS/A TÉCNICA DE AMOSTRAGEM

É o objetivo da investigação que determina a natureza e a dimensão do Universo16 (Hill & Hill, 2008). Centrando-se este estudo na caraterização do processo de ensino e aprendizagem da sexualidade no 1º ciclo de formação em enfermagem segundo estudantes e professores, a população alvo constituiu-se nos estudantes das escolas de saúde e de enfermagem portuguesas públicas que frequentavam o curso de enfermagem – 1º ciclo e nos professores da área científica de enfermagem.

No que respeita aos estudantes decidiu-se como população a inquirir os estudantes de enfermagem das escolas de saúde e de enfermagem públicas17 do 1.º e 4.º anos. Esta opção

16Será utilizada a palavra Universo ou População na referência aos casos em análise.

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residiu no facto de que se pretendeu avaliar as diferenças entre as perceções e atitudes dos estudantes sobre a sexualidade humana e a sexualidade na enfermagem à entrada do curso e à saída, assegurando aqui, uma lógica de transversalidade e não uma incorporação longitudinal do tempo.

Assim, a população a inquirir teve como base os estudantes do 4.º ano, estimando-se o seu número a partir do número de inscritos no 1.º ano pela 1.ª vez no ano letivo 2008/2009, e que ao momento de colheita de dados prevista, ano letivo 2011/2012, estariam no 4.º ano. Pelos dados disponíveis no Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior18 o número de estudantes nestas condições foi neste ano de 2351 estudantes para o conjunto dos dois códigos de acesso19 (Tabela 1).

Tabela 1

Estudantes inscritos no 1.º ano - 1.ª vez no ano letivo 2008/2009 por código de acesso e sexo

Estudantes 9500 (Setembro) 9501 (Março) Total Feminino 1655 290 1945 Masculino 349 57 406 Total 2004 347 2351

Perante esta caraterização foi definido como critério de seleção dos estudantes do 4.º ano a inquirir os que integrassem o código 9500, dado que se previu a colheita de dados para o final do ano letivo, a que correspondeu aos meses de junho e julho de 2012. Os estudantes de código 9501 ainda que fazendo parte deste ano letivo terminariam o seu curso entre fevereiro e março de 2013, o que face à previsão de colheita de dados já estaria desajustado.

Quanto aos estudantes do 1.º ano, considerou-se como população a inquirir os que estivessem a frequentar o curso de enfermagem ao início do ano letivo 2012/2013, considerando-se, também, aqui os estudantes referentes ao código 9500.

18À data era esta a denominação do Ministério hoje denominado Ministério da Educação e Ciência. 19Fonte: http://www.gpeari.mctes.pt/index.php?idc=21&=400361&valor=1 (acesso em 2011/03/02).

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Quanto aos professores, definiu-se como população a inquirir os professores que tivessem como formação base a licenciatura em enfermagem, excluindo-se, desta forma professores doutras áreas científicas que eventualmente lecionem no curso de enfermagem.

As amostras

Partindo da premissa que a população estudantil a inquirir teria com referência os estudantes do 4º ano, os procedimentos relativos à definição da amostra foram desenvolvidos nesse sentido. Houve a necessidade de definir o método de seleção da amostra e a dimensão da mesma (Reis, 2001). Assim, optou-se por um tipo de amostragem probabilística, dado que se pretendeu, de acordo com o tipo de estudo, ter a possibilidade de generalizar os resultados para a população teórica do estudo, medir o grau de incerteza dessa extrapolação e identificar os potenciais enviesamentos (Reis, 2001). Em termos de método de amostragem, a amostragem por clusters, conglomerados, grupos ou áreas foi a selecionada. Este método torna-se extremamente útil quando os elementos da população teórica estão distribuídos por uma vasta área geográfica (Marôco, 2010), o que se verifica neste caso. Referem Sampieri, Collado e Lucio (2006) que neste tipo de amostragem é necessário diferenciar entre a unidade de análise (quem vai ser medido) e a unidade amostral (como se vai fazer o acesso à unidade de análise). Nesta investigação, o estudante é a unidade de análise e a unidade amostral é a turma, ou seja, a população em estudo é dividida em subgrupos exaustivos e mutuamente exclusivos que apresentam uma variabilidade semelhante à encontrada na população (Marôco, 2010). Neste sentido, constituiu-se a lista das turmas do 4.º ano das escolas públicas de enfermagem e de saúde, seguindo-se a extração aleatória das turmas até perfazer a dimensão estimada da amostra.

Para a determinação da dimensão da amostra seguiram-se as orientações de Sampieri, Collado e Lucio (2006), estimando um erro padrão menor que .01 e aplicando a fórmula20:

𝑛 = n′

1 + n´/𝑁

Obteve-se o valor de 333 da dimensão estimada da amostra (n) para um tamanho de população de 2004 (N). Este valor enquadra-se no proposto por Krejcie e Morgan (1970

20(n’ = tamanho da amostra sem ajuste; n = tamanho da amostra; N = tamanho da população)

A obtenção de n’ resulta da fórmula: 𝑛′ =𝑠2

𝑉2 (𝑠

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citados por Almeida & Freire, 2008). Na Figura 2 apresenta-se a síntese do desenvolvimento do plano amostral para os estudantes do 4.º ano:

Figura 2 – Síntese do plano amostral para os estudantes do 4º ano

Figura 2. Síntese do plano amostral para os estudantes do 4º ano

Quanto aos estudantes do 1º ano e professores decidiu-se manter por referência a escola extraída, tratando-se de amostras de conveniência. Foram inquiridos nas escolas selecionadas os estudantes do 1º ano do ano letivo 2012/2013, igualmente pertencentes ao código 9500. A amostra dos professores baseou-se nos critérios: pertencerem à área científica de enfermagem e lecionarem a área da sexualidade.

3.2.1 – Caraterização dos participantes

Participaram neste estudo 646 pessoas, sendo que 53.6% (346) são estudantes do 1º ano, 39.1% (253) são estudantes do 4º ano e 7.3% (47) são professores. A distribuição por sexo mostra que 81.3% (525) são do sexo feminino (Tabela 2).

População alvo

(estudantes de enfermagem do 1.º ciclo: 4.º ano das escolas de saúde e enfermagem do continente e ilhas)

População a inquirir

(estudantes inscritos no 1.º ano pela 1.ª vez no ano letivo de 2008/2009, código 9500)

4.º ano = 2004

(n.º de inscritos no 1.º ano pela 1.ª vez no ano letivo de 2008/2009)

Processo amostral

 amostragem por clusters, conglomerados ou subgrupos  unidade amostral: a turma

 unidade de análise: o estudante

Dimensão da amostra

(estimativa a partir do N da população para um erro padrão menor que .01)

86 Tabela 2

Distribuição dos participantes por amostra e por sexo

Amostra Masculino Feminino Total

N % N % N %

Est. 1º ano 66 10.2 280 43.4 346 53.6

Est. 4º ano 41 6.3 212 32.8 253 39.1

Professores 14 2.2 33 5.1 47 7.3

Total 121 18.7 525 81.3 646 100.0

Dada a natureza das variáveis sociodemográficas consideradas, os estudantes de 1º e de 4º ano são caraterizados conjuntamente, enquanto os professores são separadamente.

Estudantes

Em termos de idade os estudantes do 1º ano situaram-se entre os 17 e os 55 anos (M=18.62; DP=2.76) e os estudantes do 4º ano entre os 21 e os 42 anos (M=22.7; DP=2.84). A quase totalidade dos estudantes do 1º e 4º ano são solteiros, respetivamente 99.4% (344) e 95.6% (242). Dos estudantes do 1º ano que expressaram a sua confissão religiosa, 87.9% (294) são católicos e, maioritariamente, praticantes (48.6%). Perfil que é semelhante nos estudantes do 4º ano (Tabela 3).

Tabela 3

Caracterização sociodemográfica e académica dos estudantes do 1.º e 4.º anos

1º ano (N=346) 4º ano (N=253) N % N % Estado civil Solteiro 344 99.4 242 95.6 Casado 2 0.6 6 2.4 Divorciado/Separado 3 1.2 Não resposta 2 0.8 Religião Católica Praticante 168 48.6 113 44.7 Católica Não Praticante 136 39.3 105 41.5

Sem religião 31 9.0 31 12.2 Evangélica Protestante 1 0.3 1 0.4 Agnóstico 1 0.3 Cristã 1 0.3 Espírita 2 0.6 Ortodoxa 1 0.3 1 0.4 Adventista de 7º dia 1 0.4 Não resposta 5 1.3 1 0.4 Reprovações Sim 44 12.7 35 13.8 Não 302 87.3 216 85.4 Não resposta 2 0.8 Acesso e Ingresso ES

Concurso acesso geral 321 92.8 237 93.7

Concursos locais 20 5.8 6 2.3

87 Professores

A idade dos professores variou entre os 28 e os 57 anos, com a idade média de 47.94 anos (DP=7.31). São maioritariamente casados (72.3%) e de religião católica (93.7%) (Tabela 4). Tabela 4

Caracterização sociodemográfica dos professores

Professores (N=47) N % Estado civil Solteiro 6 12.8 Casado 34 72.3 Divorciado/Separado 7 14.9 Religião Católica Praticante 21 44.8 Católica Não Praticante 23 48.9

Sem religião 1 2.1

Ortodoxa 1 2.1

Adventista de 7º dia 1 2.1

A maioria dos professores (76.6%) é mestre na área de educação e formação da enfermagem (44.7%). Trinta e quatro professores (72.3%) são professores adjuntos e apenas 15 professores (31.9%) referiram a aquisição do título de especialista ao abrigo do DL nº 206/2009, de 31 de agosto. Quarenta professores (85.1%) são especialistas pela ordem dos enfermeiros (OE) nas diferentes áreas de especialização. Em termos de anos de exercício profissional, a média de anos na docência (M=15.21; DP=6.93) é mais elevada que na prática clínica (M=10.06; DP=5.06) (Tabela 5).

88 Tabela 5

Caracterização académica e profissional dos professores

Professores (N=47) N % Habilitações Académicas Licenciatura 1 2.1 Mestrado 36 76.6 Doutoramento 10 21.3

Área Educação e Formação das habilitações

Ciências da educação (142) 9 19.1

Filosofia e ética (226) 1 2.1

Ciências sociais e do comportamento (310) 2 4.3

Psicologia (311) 4 8.6 Economia da saúde (314) 1 2.1 Gestão e administração (345) 1 2.1 Saúde (720) 5 10.6 Enfermagem (723) 21 44.7 Não respostas 3 6.4 Categoria profissional Professor coordenador 8 17.0 Professor adjunto 34 72.3 Assistente 2º triénio 5 10.7 Especialista (DL nº 206/2009) Sim 15 31.9 Não 31 66.0 Não resposta 1 2.1 Especialista pela OE Sim 40 85.1 Não 7 14.9 Área de especialização da OE Enfermagem comunitária 8 20.0

Enfermagem de saúde infantil e pediátrica 5 12.5

Enfermagem de reabilitação 8 20.0

Enfermagem de saúde mental e psiquiátrica 2 5.0 Enfermagem de saúde materna e obstetrícia 7 17.5

Enfermagem médico-cirúrgica 8 20.0

Não resposta 2 5.0