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Capítulo 7 Resultados experimentais e discussão

7.5 Comportamento magnético com a temperatura

A variação da magnetização com a temperatura das ferritas foi obtida com o VSM, utilizando um fluxo de argônio para aquecer as amostras em um campo de 100Oe. Antes de cada medida as amostras eram desmagnetizadas no VSM, após serem desmagnetizadas tinham a temperatura aumenta através do fluxo de argônio até a temperatura desejada, somente após era aplicado um campo de 100Oe para ser realizada a coleta de dados.

O comportamento magnético das ferritas com a temperatura é mostrado na Figura 7-11.

Figura 7-11 Variação da magnetização das ferritas com a temperatura.

O comportamento magnético das ferritas com a temperatura das amostras é típico de materiais ferrimagnéticos [22]. A magnetização varia com a substituição magnésio por zinco. Através da variação da magnetização com a temperatura obtivemos a temperatura de Curie através do gráfico do inverso da susceptibilidade com a temperatura com 1/χ  0, representados na Figura 7-12.

Figura 7-12 Inverso da susceptibilidade com a temperatura da ferritas ZnxMg1- xFe2O4.

Os valores da temperatura de Curie obtidos através dos gráficos do inverso da susceptibilidade com a temperatura estão na Tabela 7-8.

Tabela 7-8 Temperaturas de Curie obtidas através da curva do inverso da susceptibi- lidade com a temperatura.

Amostra Temperatura de Curie (K)

0,0 750 ± 3 0,2 751 ± 9 0,4 715 ± 6 0,5 709 ± 7 0,6 630 ± 7 0,8 504 ± 4

Foi verificado que a dependência da temperatura de Curie com o Zinco não é linear é que há um decréscimo na temperatura de Curie ,podemos observar melhor esta dependência na Figura 7-13.

O valor da temperatura de Curie para a ferrita de MgFe2O4 foi maior

que para a cerâmica “bulk” de MgFe2O4 que na literatura é de 713 K [20],

isto ocorre devido a nanoestrutura da ferrita obtida [45].

Figura 7-13 Temperatura de Curie em função do zinco substitucional.

Os íons de ferro presentes em sua estrutura cristalina, mesmo estando no sitio octaédrico tem uma interação antiferromagnética. A medida que substituímos magnésio por zinco aumentamos a interação antiferrimag- nética dos íons de ferro nos sítios cristalinos, ocasionando o decréscimo na temperatura de Curie.

Para analisar como a temperatura afeta as propriedades das ferritas fizemos um estudo da ferrita de magnésio MgFe2O4 e a ferrita com 40% de

zinco Zn0,4Mg0,6Fe2O4. A Figura 7-14 mostra curvas de histerese com a

variação da temperatura da ferrita MgFe2O4.

Figura 7-14 Curva de histerese da ferrita MgFe2O4 com variação da temperatura. O

detalhe no canto superior “inset” mostra como o campo coercitivo e a magnetização varia com a temperatura.

A Figura 7-14 mostra as curvas de histerese típicas de materiais ferromagnéticos, indicando que um ordenamento magneticamente pode existir na estrutura do espinélio da ferrita de magnésio mesmo em temperaturas próximas a Tc [46]. A coercividade, Hc, e a magnetização

remanescente, Mr, diminuem com o aumento da temperatura sendo iguais a

zero em temperaturas próximas a Tc observe o inset da Figura 7-14 que

mostra os detalhes das curvas de histerese para várias temperaturas.

A saturação magnética foi obtida pela extrapolação do gráfico da magnetização com o inverso do campo (M vs.1/H) para 1/H = 0, Figura 7-15.

Figura 7-15 Saturação magnética em função da temperatura da ferrita MgFe2O4

Observamos que a saturação magnética da ferrita MgFe2O4, diminui

com o aumento da temperatura mostrando uma dependência quase linear com a temperatura, até a temperatura de 675 K acima desta temperatura observamos que a magnetização decai rapidamente com a temperatura.

A variação da coercividade e magnetização remanescente com a temperatura estão representadas nas Figura 7-16 e Figura 7-17.

Figura 7-17 Magnetização remanescente da ferrita MgFe2O4 com a temperatura.

A magnetização remanescente e o campo coercitivo demonstram uma dependência não linear com a temperatura sendo zero em temperaturas próximas a Tc .

Mesmo com o valor da magnetização remanescente e do campo coercitivo iguais a zero perto de Tc, isto não é uma indicação de superpara-

magnetismo porque a temperatura de bloqueio, para nanopartículas de MgFe2O4 com ~ 40 nm é muito superior sua temperatura Curie [46].

As propriedades magnéticas da ferrita MgFe2O4 são apresentadas na

Tabela 7-9.

Tabela 7-9 Variação nas propriedades magnéticas da ferrita MgFe2O4 com a

temperatura. Temperatura K Magnetização (emu/cm3) Campo coercitivo H(Oe) Magnetização remanescente (emu/cm3) 293 143,9 82,1 17,4 323 135,9 70,1 15,1 423 103,9 36,3 8,3 523 68,2 16,6 4,7 623 17,7 6,3 1,4 673 5,6 2,6 0,4 723 0,3 0 0 773 0 0 0

Através dos dados da Tabela 7-9 verificamos que a saturação magnética da ferrita MgFe2O4 diminui com a temperatura de forma quase

linear até 673,43 K, mas o campo coercivo e a magnetização remanescente decai rapidamente com a temperatura.

A Figura 7-18 mostra curvas de histerese com a variação da temperatura da ferrita Zn0,4Mg0,6Fe2O4.

Figura 7-18 Curva de histerese da ferrita Zn0,4Mg0,6Fe2O4 com variação da

temperatura. O detalhe no canto superior “inset” mostra como o campo coercitivo e a magnetização varia com a temperatura.

Verificamos através das curvas de histerese da ferrita Zn0,4Mg0,6Fe2O4

a diminuição da saturação magnética, campo coercitivo e magnetização remanente. Os valores obtidos estão na Tabela 7-10.

Tabela 7-10 Variação nas propriedades magnéticas da ferrita Zn0,4Mg0,6Fe2O4 com a

temperatura. Temperatura K Magnetização (emu/cm3) Campo coercitivo H(Oe) Magnetização remanente (emu/cm3) 294 246,3 35,8 13,3 423 110,0 14,0 4,1 723 0 0 0

A saturação magnética, coercividade e a magnetização remanescente decrescem com a temperatura, isto ocorre porque a medida que a temperatura aumenta a agitação térmica torna aleatória a orientação dos momentos magnéticos, fazendo com que as ferritas tenham um comportamento paramagnético [1].

Conclusões

Neste trabalho estudamos a síntese de ferritas de magnésio e zinco por reação de combustão com as concentrações variando ZnxMg1-xFe2O4

onde 0,0 ≤ x ≤ 0,8.

Através da espectroscopia de absorção atômica verificamos a formação das ferritas com a estequiométrica prevista pela reação de combustão. Com a difração de raios-X verificamos que houve a obtenção da fase de espinélio das amostras sem fases secundarias e sem um tratamento térmico posterior mostrando a eficácia da reação de combustão na síntese de ferritas de magnésio e zinco. Os parâmetros de rede das amostras aumentaram com a substituição de magnésio por zinco o tamanho dos cristalitos variou de 37nm para x=0,8 e 55nm para x=0,4 mostrando que a ferrita com a reação de combustão era nanoestruturadas.

A espectroscopia de infravermelho mostrou bandas de absorções características das ferritas do tipo espinélio correspondente às vibrações intrínsecas do metal com o oxigênio nos sítios tetraédricos e octaédricos, sendo que foi mostrando um deslocamento dos picos dos sítios tetraédricos à medida que se substituía magnésio por zinco.

A caracterização magnética foi feita através das curvas de histerese das amostras que mostraram a variação da magnetização com a quantidade de zinco, sendo que a ferrita com 40% de zinco obteve a maior magnetização, este aumento na magnetização com o acréscimo de zinco seguido da sua diminuição e atribuído a reorganização dos íons metálicos na rede cristalina e a interação entre os íons de ferro nos sítios da rede cristalina, a magnetização remanescente e a coercividade diminuíram com o zinco.

Analisamos a variação da magnetização com a temperatura das amostras e através disto obtivemos a temperatura de Curie das ferritas., verificamos que a temperatura de Curie das ferritas diminui de forma não linear com o acréscimo de zinco. O valor obtido para a ferrita de magnésio foi de 750K maior que a temperatura da ferrita bulk.

MgFe2O4 e a Zn0,4Mg0,6Fe2O4 mostram que as amostras tiveram um decrés-

cimo da saturação magnética, coercividade e na magnetização remanescente devido a dependência destas propriedades magnéticas com a temperatura sendo que a variação desses valores não se mostrou linear com a temperatura.

Perspectivas

Caracterização das propriedades magnéticas em baixas temperaturas.

Sinterização de pastilhas cerâmicas através dos pós de ferritas obtidos e caracterização elétrica e magnética.

Síntese e estudo das propriedades magnéticas de ferritas mistas de zinco M-Zn (M = Co,Mn,Ni).

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Anexo A

A figura abaixo mostra a ficha catalográfica JCPDS PDF # 22-1012 utilizada na análise dos difratogramas.

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