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Ao encontro das demandas de mercado, diversos autores vêm pesquisando o bem-estar animal utilizando tecnologias complexas, devido à importância deste tema na atualidade (MARCHANT, ANDERSEN e ONYANGO, 2001; PEREIRA, 2003). Como as variáveis fisiológicas são difíceis de medir em condições de campo, os estudos do comportamento têm se mostrado os mais viáveis para inferir sobre os níveis de bem-estar para suínos. O animal é fortemente influenciado no seu comportamento pelo ambiente externo, e conhecendo como esse atua sobre o animal por meio do comportamento, é possível identificar e quantificar o bem-estar dos animas.

Graves (1982), conceitua o comportamento animal como sendo uma janela entre o organismo vivo e o exterior, ou seja, o ambiente externo, que é composto pelas variáveis climáticas e sociais, atua sobre o animal positiva ou negativamente, e esse reage, dentre outros mecanismos biológicos, morfológicos e fisiológicos, através do seu comportamento.

Os aspectos sociais, principalmente os baseados no comportamento das aves, tornam-se cada vez mais evidentes na exploração suinícola moderna, face à importância do ambiente em que os suínos estão sujeitas. CAMPOS (2000), considera fundamental a identificação de fatores responsáveis pelo bem-estar das aves, uma vez que a exploração avícola atual, fundamentalmente, é baseada na mudança de comportamento dos leitões e pintainhos. Há que se destacar, também, o relato de SNOWDON (1999), sobre o desenvolvimento alcançado em importantes conceitos relativos à adaptação ao estresse, em função das pesquisas com animais.

O estudo do comportamento animal torna-se uma importante ferramenta para a avaliação dos sistemas de criação, além de fornecer muitas respostas a questões básicas da etologia (BARBOSA FILHO et al., 2007). Porém dentro das instalações não há muitas possibilidades de expressão, devido aos limites do confinamento, o

que faz com que haja uma redução do número de reações demonstradas pelas espécies frentes às situações de estresse (LIMA et al., 2006).

Leitões e pintainhos nas suas primeiras semanas de vida são sensíveis às variações de temperatura tendo como comportamento característico se agruparem quando sentem frio ou se dispersarem o máximo possível quando em calor, também animais que passam maior parte do tempo no bebedouro, ao invés de se alimentarem, indicam um possível estresse térmico, assim como aves adultas com asas e bico abertos entre outros (LIMA, MOURA e SILVA, 2006). A falta de movimentação também deve ser levada em consideração, como apatia, doença, dificuldade de locomoção assim, como agressividade exacerbada por disputas por alimentos podendo ser indicativo de erro no arraçoamento, onde segundo Nääs (1994), o conhecimento do estado do conforto animal e bem-estar vêm acrescentar melhorias nas técnicas de manejo. Várias são as atitudes dos animais demonstradas durante situações de bem-estar insipiente cabendo ao homem a interpretação correta para se alcançar o máximo produtivo dos animais.

De acordo com Pandorfi et al. (2004), os animais exibem o nível de conforto térmico apresentando comportamentos distintos, ora amontoados, ora agrupados lado a lado ou esparsos. Esses são os padrões de postura dos leitões que se submetem ao frio, ao conforto e à sensação de calor, respectivamente.

3.1.4.1. Zootecnia de precisão

3.1.4.1.1. Análise de imagens

A caracterização de bem-estar animal através da expressão de seu comportamento normal em confinamento só é possível quando se faz o uso de técnicas não invasivas de monitoramento (LIMA, MOURA e SILVA, 2006). É por isso que a análise de imagens tem se destacado dentre as ferramentas que são utilizadas para o estudo do comportamento dos animais. Segundo Xin (1999), um sistema adequado para a análise de imagens deverá ser constituído por uma microcâmera, uma placa de captura de imagem instalada em computador e um

programa que execute a aquisição, o processamento e a classificação das imagens dos animais.

A avaliação e os controles interativos do conforto térmico dos suínos, pela análise de imagem, superam os problemas inerentes ao método convencional, pois utiliza-se o próprio animal como um biosensor, em resposta aos reflexos do ambiente por meio da análise comportamental (XIN e SHAO, 2002).

Como a classificação do estado de conforto térmico depende do padrão comportamental dos suínos, a extração minuciosa de atributos se torna necessária para selecionar imagens que contenham informações suficientes para diferenciar os diversos estados de comportamento (SILVA et al., 2004).

A coleta de dados comportamentais permite a avaliação do bem estar dos animais, perante as condições climáticas (PERISSINOTO, 2003).

Lima, Moura e Silva (2006), afirmaram que as aplicações da análise de imagem, para caracterização do comportamento animal frente a situações extremas vividas em confinamento, foram primeiramente desenvolvidas em ambientes controlados, onde eram feitas simulações em câmaras climáticas para visualização postural de suínos em diferentes temperaturas.

Wouters et al. (1990 apud Moura e Figueiredo, 2006), propuseram um método baseado na análise de imagens de leitões através do comportamento de agrupamento e dispersão destes animais, caracterizando com isso, o estado de frio e calor, respectivamente. A importância deste trabalho deve-se a necessidade do controle térmico do ambiente ideal para a manutenção do ótimo estado de produção dos animais em confinamento. Geer et al. (1986) relataram que o uso de parâmetros de imagens comportamentais com variáveis de entrada compostas por temperaturas ambientais, podem controlar eletronicamente o ambiente dos suínos.

A partir deste trabalho, outros surgiram, como Shao et al. (2002), que conduziram um estudo que classificou o ambiente térmico dos suínos em três categorias: estado de frio, de conforto e de calor, a partir da análise de imagens usando características espectrais do processamento de imagens, sendo estes dados utilizados como input para classificação com redes neurais. Com o emprego de algoritmos e técnicas de processamento de imagens automatizado, as pesquisas sobre comportamento térmico de leitões continuaram em desenvolvimento (Shao et al., 2002; Xin, 1999; Xin e Shao, 2005; Pandorfi et al., 2004; Silva et al., 2006). Também Silva et al. (2004), com o uso de um software, caracterizaram o

comportamento de leitões em maternidade de acordo com a dispersão destes animais em estado de frio, conforto e calor, através do cálculo do centro de massa da figura e a distância de cada pixel até este centro de massa.

Xin (1999) conduziu um estudo que classificou o ambiente térmico dos suínos em três categorias: estado de frio, de conforto e de calor, de acordo com o conforto térmico e bem-estar dos animais, que pode ser visto na Figura 1.

Fonte: Xin (1999).

Figura 1 – Classificação dos estados de comportamento térmico (frio, conforto e quente)

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