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Determinar a composição do resíduo de construção e demolição é uma etapa muito importante na sua caracterização física uma vez que os diferentes materiais que o constituem podem influir no comportamento de propriedades como a resistência mecânica, absorção de água e massa específica. É necessário conhecer a natureza dos componentes do resíduo para compreender melhor o comportamento do agregado reciclado, além de conhecer as diferentes classes de resíduos existentes dentro de uma obra, uma vez que nem todos eles são apropriados para reciclagem. A seguir se apresentam os materiais que podem constituir os RCD e a classificação deles segundo a legislação brasileira.

2.2.1 Composição do RCD

Na França são utilizados diferentes tipos de resíduos para uso específico em construção de estradas. Entre outros materiais podem-se citar: concreto recuperado, material fresado, lamas, cinzas de carvão, resíduos de mineração, escórias de alto forno, escórias de aciaria, resíduos sólidos urbanos, fosfogesso, areias de fundição, xisto, carvão e pneus usados (François & Jullien, 2009).

Segundo Carneiro et al. (2001) os resíduos provenientes das atividades de construção e demolição, usualmente chamados de entulho, são geralmente considerados como material inerte. O entulho é um resíduo heterogêneo, basicamente composto por: concretos, argamassas e rochas que apresentam bom potencial para reciclagem; blocos, tijolos e cerâmicas, com alto potencial de reutilização; solos, areia e argila, que podem ser facilmente separados dos outros materiais por peneiramento; fresado de revestimento asfáltico, material

que pode ser reciclado e usado novamente em obras viárias; metais ferrosos, recicláveis pelo setor de metalurgia; madeiras, e outros materiais como plástico, borracha, papel e papelão podem ser reciclados, mas em muitos casos não se possuem as tecnologias adequadas para esses fins.

Conforme a EPA (2003), os RCD são gerados quando estruturas novas são construídas ou quando estruturas existentes são reformadas ou demolidas. Dentro das estruturas se incluem todos os prédios residenciais e não residenciais, tanto os projetos de obras públicas quanto estradas, rodovias, pontes, píeres e barragens. Os diferentes materiais que constituem o RCD variam de estado a estado e as componentes mais comuns encontradas nesses resíduos são apresentadas na Tabela 2–2.

Tabela 2–2. Materiais típicos que compõem os RCD nos Estados Unidos (Modificado de EPA, 2003)

Materiais constituintes Exemplo da composição

Madeira Formas de madeira, tocos de madeira/árvores.

Drywall Lajes de gesso acartonado.

Metais Tubos, barras e cabos de aço.

Plásticos Revestimentos de vinil, portas, janelas, pisos, tubos e embalagens.

Cobertura Madeira, telhas de ardósia e azulejos, mantas asfálticas.

Alvenaria Blocos de concreto, tijolos, alvenaria de cimento.

Vidro Janelas, espelhos, luzes.

Diversos Carpetes, luminárias, isolamento, telhas cerâmicas.

Papelão Geralmente usado para proteção de itens a serem instalados.

Concreto Fundações, estacionamentos, calçadas de pedestres, pisos, superfícies de pavimento rígido. Fresado de revestimento asfáltico Calçadas para pedestres e estruturas de pavimento feitas com Concreto Asfáltico de Petróleo (CAP).

Kartam et al. (2004) dizem que os materiais que compõem os resíduos de construção e demolição são diversos, dependem do tipo de construção, do local de construção entre outras coisas e podem-se separar nos grupos seguintes:

• Materiais de escavação que podem ou não ter contaminantes; • Resíduo gerado pela construção de rodovias ou estradas;

• Resíduo gerado durante a remodelação ou demolição de prédios ou estruturas materiais como concreto, madeira, plástico, papel, papelão e metal são comuns;

• Resíduo gerado durante a construção de estruturas tais como concreto, aço, vidro (janelas) e madeira (portas).

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT-NBR/2004), o resíduo de construção pode ser dividido em resíduos de construção civil e agregados reciclados. A definição e composição deles são apresentadas a seguir:

• Resíduo de construção civil: se incluem neste grupo resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil como: tijolos, blocos, argamassa, gesso, telhas, cerâmicos e concreto. Os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais solos e rochas. Material resultante da reparação de rodovias como o pavimento asfáltico. Também encontram-se nesse grupo metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, vidros, plásticos tubulações e fiação elétrica. Todos esses materiais uma vez descartados são comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha (NBR 15113, 2004).

• Agregado reciclado: material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção ou demolição de obras civis, que apresenta características técnicas para a aplicação em obras de edificação e infraestrutura (NBR 15116, 2004).

2.2.2 Classificação dos RCD

A classificação dos resíduos de construção civil no Brasil, incluídos na norma NBR 15116/2004, obedece aos critérios definidos na Resolução CONAMA nº 307/2002. Nessa resolução são definidas as seguintes classes:

Classe A: Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados empregados na fabricação de concreto, reformas e reparos de pavimentação, demolição e obras de infraestrutura como solos provenientes de terraplenagem. Incluem-se também os resíduos gerados por reformas e reparos de edificações como componentes cerâmicos, tijolos blocos telhas, placas de revestimento, argamassa e concreto. Abrangem o grupo os resíduos obtidos pelo processo de fabricação ou demolição de peças pré-moldadas.

Classe B: Resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel, papelão, metais, vidros e madeiras.

Classe C: Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem e recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.

Classe D: Resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes e óleos, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas e instalações industriais.