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A vida útil do PNEFA foi estipulada entre 1992 e 2033, o que implica a utilização da abordagem ex post no período de 1992 a 2003, mais uma projeção de 30 anos. O período é justificado pelo fato de os benefícios líquidos se estenderem no longo prazo, caso o projeto não tenha desvios.

Em prazos maiores que 30 anos, os benefícios líquidos marginais, dado o acréscimo de um ano, foram irrisórios na análise. Tal prazo foi considerado, portanto, como ideal à maturação do projeto.

A taxa de desconto baseou-se na definida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) (2004), a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que, em 2003, estava em 11% a.a. (BNDES, 2004). No entanto, o BNDES repassa o dinheiro a bancos de varejo que cobram, além da TJLP, os custos bancários, que correspondem, em média, a 3% a.a., gerando uma taxa de desconto, empregada neste trabalho, de 14% a.a.

a) Composição dos benefícios

Conforme salientado anteriormente, os benefícios do PNEFA são as perdas produtivas evitadas, calculadas no cenário-base, e os ganhos com exportações, de acordo com os cenários-erradicação. Assim, para compor os

fluxos de benefícios do PNEFA, as perdas físicas e os ganhos com exportações foram transformados em valores monetários, de acordo com equações a seguir:

+ = i j i j i i j i j i j PFC VF FC PFM VF FC PECB , , , , , (20)

(

j j j j

)

i j

GE

VE

PR

VP

FC

BE

=

+

, (21)

em que PECBj são perdas econômicas evitadas (US$) no cenário-base, no ano j;

j i

PFC, , perdas físicas incorridas (kg ou litro) por casos de febre aftosa no sistema produtivo i, no ano j; VFi,j, valor financeiro pago ao produtor (US$), no sistema produtivo i, no ano j; FCi, fator de conversão de preços financeiros para preços econômicos do sistema i; PFMi,j, perdas incorridas por óbito de animais (kg ou litro), causado por febre aftosa, no sistema i, no ano j28; BEj, benefícios econômicos por exportações (US$), no ano j; GEj, ganhos de exportações (t);

i

VE , valor pago pela carne in natura brasileira (US$/t), no ano j; PRj, quantidade

exportada (t) para o Pacific Rim; e VPj, valor pago pelas exportações (US$/t) ao Pacific Rim.

b) Composição dos custos

Os custos da erradicação da febre aftosa foram divididos em públicos e privados. Os públicos são gastos com implementação do serviço de vigilância sanitária animal, subdivididos em três categorias: gastos com capital, gastos operativos e mão-de-obra empregada.

28

Para medir, monetariamente, as perdas por óbito de gado leiteiro, foi multiplicado o número de animais mortos vezes o valor do gado leiteiro no mercado em valores atualizados para 2003, dado que é complicado medir a quantidade de perdas física, em litros, desse sistema produtivo, principalmente por

As séries obtidas de gastos públicos em capital e operativos, de 1992 a 2002, foram atualizadas para valores presentes e dolarizadas, aplicados os FCs. Foram utilizados os fatores de conversão para investimentos (0,677) e para consumo (0,752) em gastos públicos de capital e gastos operativos, respectivamente.

Para valores futuros (2003 a 2033), foram considerados os investimentos médios dos últimos cinco anos. A justificativa para esse procedimento decorre do nível agregado dos dados disponíveis, em que os dispêndios ocorrem de forma irregular. Assim, considerou-se que a média de investimentos, de 1998 a 2002, representa melhor os valores a serem investidos no futuro.

Quanto à mão-de-obra utilizada pelo serviço público, há apenas dados referentes aos valores pagos em 2003. Contudo, tem-se a série de dados de número de empregados disponíveis nos serviços de vigilância sanitária federal e estadual, a qual foi utilizada para estimar os salários, de 1992 a 2002. Com vistas em dar maior credibilidade à estimativa, os valores encontrados foram deflacionados pelo índice de salários pagos da administração pública, conforme a expressão: m i i i NE ID FC NE SAL SAL = 2003 2003 , (22)

em que SALi é salário pago no ano i; SAL2003, salário pago em 2003; NE2003,

número de empregados do ano 2003; NEi, número de empregados no ano i; IDi, índice deflator de salários pagos pela administração pública; e FCm, fator de

conversão para a mão-de-obra qualificada (0,647).

Os principais gastos privados foram com custos de vacinação do rebanho (mão-de-obra e aquisição da vacina) e com formação de fundos de erradicação29. Dentre os três custos privados identificados, apenas os de aquisição de vacinas têm uma série de dados que foram atualizados para valor presente,

29 Os fundos de erradicação são uma contingência guardada (geralmente pela iniciativa privada) para eventuais focos de febre aftosa, com o fim de pagar os produtores afetados pela enfermidade.

dolarizados e aplicado o FC de produtos farmacêuticos (0,582). Há dados de gastos com mão-de-obra para aplicação de vacinas, nos anos de 2002 e 2003, que indicam que o setor privado pagou R$50,00 para cada 200 animais vacinados. Esses dados foram considerados em toda a vida útil do projeto.

Em tal estimativa, levou-se em conta que a inflação e a reposição da remuneração afetaram, de forma proporcional, a mão-de-obra empregada. Aplicou-se, assim, o princípio de que, nas estimativas realizadas, os erros reduzem o valor dos benefícios ou sobrevalorizam os custos.

Constituídas as séries, aplicou-se o FC de salários pagos à mão-de-obra não-qualificada (0,542).

Para constituição da série dos fundos emergenciais de erradicação, devido à ausência de dados de uma série histórica, utilizaram-se valores disponíveis, de 2003. Para compor os demais anos da série, definiu-se, como proxy, o índice de vacinação do rebanho, em nível nacional, devido ao fato de este índice representar a participação privada no PNEFA. Em geral, produtores passam a participar do programa por meio de vacinação do rebanho e constituição de fundos privados de erradicação. O FC correspondente aplicado foi o referente a outros serviços (0,516).

Para projeção de valores de aquisição de vacinas e gastos com mão-de- obra de vacinadores, atentou-se para os cenários-erradicação, porque estes determinam o momento em que os circuitos pecuários suspendem a vacinação, visando ao reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação, ocasião em que os custos privados se reduzem significativamente.

Em áreas onde havia vacinação, considerou-se que, em média, 90% do rebanho era vacinado, o que representa elevada participação privada, de acordo com especialistas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Em conformidade com os cenários-erradicação, as áreas com vacinação suspensa foram instituídas gradativamente, momento em que se reduziram os custos de vacinação (aquisição e mão-de-obra).

Na projeção dos custos de vacinação levou-se em conta o crescimento do rebanho, dado que, quanto maior for este, maiores serão os custos de vacinação.

Calculou-se, então, a taxa geométrica de crescimento do rebanho (TGC), que ficou em 1,57% a.a. Especificamente para custos da mão-de-obra, foram utilizados dados de 2003, segundo os quais cada vacinador recebia R$ 50,00 por cada 200 animais vacinados.

Matematicamente, os custos de vacinação, de acordo com os cenários- erradicação, ficaram assim equacionados:

i i i CMO CAV CV = + , (23)

(

)

*90% 200 00 , 50 $ % 1 − = REB RVS R CMOi i i , (24)

(

1 % i

)(

i

)

*90% i i REB RVS VV CAV = − , (25) = i i i REB RSV RVS % , (26)

em que CVi são custos de vacinação, no ano i; CMOi, custos da mão-de-obra, no ano i; CAVi, custo de aquisição de vacinas; REBi, efetivo rebanho bovino

brasileiro, no ano i; RVSi, rebanho brasileiro que se encontra com vacinação

suspensa; e VVi, valor da vacina, no ano i.

4.6. Incorporação do risco à análise