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Composição tecidual da paleta e pernil de cordeiros “Pantaneiros” alimentados com dietas contendo glicerina bruta

Ana Paula Catalano Neto1, José Carlos da Silveira Osório1, Alexandre Rodrigo Mendes Fernandes1, Fernando Miranda de Vargas Junior1, André Gustavo Leão1,

Hélio de Almeida Ricardo1, Camila Magalhães da Cunha1, Thatiane da Cunha Cornelio1

1 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), Rodovia Dourados-Itahum, km 12, CEP 79805-095, Dourados, MS. E-mail:

anapaula_catalano@hotmail.com

RESUMO: Objetivou-se avaliar o efeito de níveis de inclusão de glicerina bruta,

em substituição ao milho nas dietas de cordeiros “Pantaneiros” terminados em confinamento sobre a composição tecidual da paleta e pernil. Foram utilizados 24 cordeiros machos, não castrados, pertencentes ao grupo genético naturalizado “Pantaneiro”. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com seis repetições e quatro tratamentos: 0,0; 2,5; 5,0; 7,5% de inclusão de glicerina bruta na matéria seca da dieta em substituição ao milho. O critério de abate foi à condição corporal, entre dois e meio e três (escala de 1 a 5). A composição tecidual da paleta e pernil não foi afetada pelos níveis de glicerina bruta. Verificou-se uma diferença quantitativa na comparação dos tecidos entre paleta e pernil. Nos níveis de inclusão de glicerina bruta avaliados os cordeiros “Pantaneiros” abatidos com similares condições corporais, apresentam composições teciduais semelhantes. O desenvolvimento de gordura subcutânea e total, em rendimento são mais precoces na paleta quando comparados ao pernil. A glicerina bruta nos níveis testados pode ser utilizada em substituição ao milho na dieta sem ocasionar prejuízo na composição tecidual da paleta e pernil de cordeiros “Pantaneiros”.

Palavras-chave: [Nutrição, Coprodutos, Gordura subcutânea, Ovinos]

INTRODUÇÃO

O recente crescimento na produção de biodiesel ocasiona em um aumento dos coprodutos agroindustriais, sendo um deles a glicerina bruta, gerada a partir do processo de transesterificação catalítica dos triaciglicerídeos de oleaginosas com álcoois (Abdalla et al, 2008), obtendo-se, em média, 10 kg de glicerina para cada 100 litros de biodiesel. Esse coproduto por sua vez, pode acarretar em grande problema ambiental se não for destinado adequadamente.

A glicerina denominada bruta possui alto teor de glicerol e ácidos graxos e vem sendo estudada na alimentação de ruminantes em substituição parcial aos concentrados energéticos da dieta. Tem demonstrado não ocasionar efeito deletério nos animais e seus produtos (Gunn et al, 2010; Lage et al, 2010), além da possibilidade de reduzir custos com a alimentação (Mach et al, 2009).

A alimentação animal está altamente relacionada com a composição de tecidos (muscular, gorduroso e ósseo) existentes na carcaça. A carcaça ideal deve apresentar massas musculares bem distribuídas, preferencialmente nas regiões anatômicas de maior valor comercial, mínima proporção de osso e adequada de gordura. Assim, objetivou-se avaliar o efeito das dietas contendo níveis de glicerina bruta sobre a composição tecidual da paleta e pernil de cordeiros naturalizados “Pantaneiros”.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa de Ovinos, da Faculdade de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Grande Dourados, no

município de Dourados-MS. Foram utilizados 24 cordeiros machos não castrados, com idade média de 90 dias e peso médio de 20kg (Bottini Filho, 2012). Os animais utilizados no trabalho pertenciam ao grupo genético de ovinos naturalizados Sul-Mato-Grossenses ou “Pantaneiros”.

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e seis repetições. Os tratamentos testados foram 0,0; 2,5; 5,0 e 7,5% de inclusão de glicerina bruta na matéria seca da dieta em substituição ao milho. A glicerina bruta utilizada no experimento apresentou 3,63% de umidade, 39,3% de glicerol e 47,3% de ácidos graxos (Bottini Filho, 2012).

Na dieta, o volumoso utilizado foi o feno de aveia e o concentrado composto por milho moído, glicerina bruta, farelo de soja, soja grão moída, calcário calcítico e sal comum. Após a análise bromatológica dos ingredientes das dietas e seguindo as exigências do NRC, (2007) para um ganho médio de 0,2 kg/animal/dia, foi adotada uma relação volumoso:concentrado de 24,3%:75,7% (Tabela 1).

Os animais foram abatidos tendo como critério a condição corporal, índice de 1 a 5, sendo 1 = excessivamente magra e 5 = excessivamente gorda (Osório e Osório, 2005) e critério de abate com foco no consumidor (Osório et al., 2012a) onde, nos tratamentos 1 e 4 os animais permaneceram confinados em média 75 dias e nos tratamentos 2 e 3 em média 77,33 dias (Tabela 2). Previamente ao abate, os animais permaneceram em jejum de sólidos, recebendo água ad libitum por um período de 16 horas. O abate foi realizado no Laboratório de Carcaças e Carnes da Universidade Federal da Grande Dourados, sendo o procedimento do abate realizado de acordo com as normas do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Brasil, 1952).

Os animais foram insensibilizados por eletronarcose, com descarga elétrica de 160V por cinco segundos. A sangria foi realizada pela secção das veias jugulares e artérias carótidas. Posteriormente à esfola os cordeiros foram eviscerados, feita a

toalete das carcaças e tomado os pesos das mesmas para compor o peso de carcaça quente. Em seguida, foram levadas para a câmara de refrigeração com ar forçado, penduradas pela articulação tarso metatarsianas, onde permaneceram durante 24 horas, com temperatura entre 1°C e 6°C.

Após este período, foi avaliado o estado de engorduramento da carcaça, atribuindo índice em uma escala de 1 = excessivamente magra a 5 = excessivamente gorda e as carcaças foram seccionadas com serra fita ao longo da linha média, obtendo-se assim duas meias carcaças (direita e esquerda). Na meia carcaça direita foi tomada a espessura de gordura de cobertura (Osório e Osório, 2005; Osório et al., 2012b).

A meia carcaça esquerda foi separada em oito cortes, conforme técnica adaptada de Sánchez e Sánchez (1988) citados por Cañeque et al. (1989), os quais foram pesados e calculados os seus rendimentos, com base no peso da meia carcaça, sendo desses cortes a paleta e o pernil utilizados para a dissecação. O corte da paleta corresponde ao membro anterior da carcaça, incluindo a musculatura da escápula e na parte distal a secção e feita ao nível da porção média dos ossos do carpo e o do pernil ao membro posterior da carcaça, seccionada ao nível da articulação da última vértebra lombar e primeira sacra e ao nível da porção média dos ossos do tarso (Osório e Osório, 2005).

O procedimento de dissecação foi realizado no Laboratório de Tecnologia de Produtos Agropecuários da UFGD segundo a metodologia descrita por Osório e Osório (2005). Os cortes foram descongelados em sacos plásticos na parte inferior da geladeira a 10ºC por 24 horas para a paleta e por 48 horas para o pernil, devido ao seu maior peso e tamanho e, posteriormente, pesados. Na dissecação foram separados da paleta e do pernil os seguintes componentes teciduais: gordura subcutânea (localizada imediatamente sob a pele), gordura intermuscular (localizada abaixo da fáscia profunda, associada aos músculos), músculo (musculatura do corte

mecanicamente separada dos demais tecidos), osso (base óssea de cada corte livre de qualquer outro tecido) e outros (tecidos não identificados, compostos por tendões, glândulas, nervos e vasos sanguíneos).

A separação dos componentes teciduais iniciou com a retirada de toda a gordura subcutânea do corte, seguido da gordura intermuscular, músculo, outros e, por fim, a raspagem dos ossos. Ao término da dissecação, os componentes teciduais foram pesados individualmente em balança semi-analítica e calculados o peso e o rendimento em relação ao respectivo corte.

As características avaliadas foram submetidas à análise de variância (SAS, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferença entre as dietas para condição corporal, espessura de gordura de cobertura, estado de engorduramento da carcaça, peso corporal e ganho de peso, evidenciando que as dietas são adequadas para terminação de cordeiros e confirmam os ganhos de peso para que foram calculadas (ganho médio de 0,2 kg/animal/dia). Cabe salientar os valores baixos da condição corporal em comparação ao estado de engorduramento da carcaça ao fato da pouca familiaridade inicial dos avaliadores da condição corporal com a raça Pantaneira; mas que foram mantido no experimento e adotado abater com condição entre 1,5 e 2,0, que estariam correspondendo a índices de 3,0 e 3,5; resultados corroborados pelo estado de engorduramento da carcaça (Tabela 2), que tem alta correlação com a condição corporal (Osório et al., 2012c).

Os pesos e rendimentos da composição tecidual da paleta e pernil não foram influenciados (P>0,05) pelos níveis de glicerina bruta (Tabela 3 e Tabela 4). Martins et al. (2011) e Alves et al. (2012), avaliando o efeito da dieta em terminação de cordeiros,

também não encontraram diferença para composição tecidual de paleta. Isso provavelmente se deve ao fato de que, tanto no presente estudo quanto no estudo realizado por esses autores, o critério de abate escolhido foi o escore de condição corporal, visto que animais com similares condições corporais no momento do abate e, de mesmo grupamento genético, provavelmente apresentarão similaridade em sua composição tecidual (Silva Sobrinho et al, 2008).

Por outro lado, utilizando o critério de abate por idade, Clementino et al. (2007), trabalhando com cordeiros ½ Dorper x ½ Santa Inês, com quatro níveis de concentrado (30, 45, 60 ou 75%), observaram que o nível de concentrado na dieta aumentou a musculosidade da perna e influenciou de forma linear crescente a gordura subcutânea, gordura intermuscular e relação músculo:osso. Porém os autores supracitados trabalharam com o critério de abate por idade. Esse critério pode ocasionar ainda uma diminuição no ritmo de crescimento e ganho de peso corporal quando os animais são abatidos em idade avançada, podendo esses índices variarem de acordo com alguns fatores, como o grupamento genético ao qual pertencem os animais (Osório et al, 2012a). Já Cunha et al. (2008), avaliando o efeito da dieta com 2,9; 6,0; 7,4 e 9,0% de extrato etéreo sobre a composição tecidual do pernil de cordeiros abatidos por peso corporal, observaram que o músculo sofreu efeito da dieta. Apesar desses critérios serem ainda amplamente empregados para o abate de cordeiros não são os mais recomendado quando o foco é o consumidor, exceto se já existir a determinação correta da idade e/ou peso corporal por genótipos com crescimento e desenvolvimento similares, uma vez que cada genótipo apresenta seu peso corporal ótimo de abate (Roque et al, 1999; Osório et al, 2012a).

Portanto, não foi verificada diferença na composição tecidual dos cortes paleta e pernil; os animais terminados somente com milho na dieta (tratamento 1) e os que receberam 7,5% de glicerina bruta em substituição ao milho da dieta (tratamento 4), permaneceram menos tempo em confinamento (Tabela 2) para atingirem a condição

corporal para abate. Inclusive, os animais do tratamento com 7,5% de glicerina bruta em substituição ao milho na dieta mostraram maior uniformidade, com quatro animais alcançando a condição corporal aos 75 dias de confinamento.

Considerando que a glicerina bruta é 20,31% mais barata que o milho, ver custo das dietas (Tabela 2), em muitas regiões, sua utilização é viável economicamente ao nível de 7,5% na dieta em substituição ao milho, sem detrimento da qualidade da composição tecidual dos cortes avaliados, paleta e pernil e, consequentemente da porção comestível.

Corrobora com os resultados apresentados os obtidos, por Bottini Filho (2012) e Orrico Júnior et al. (2012), com os mesmo animais, que não encontraram diferença na biometria e desempenho e que concluem que a inclusão de glicerina bruta na dieta, em substituição ao milho, pode ser recomendada.

Na comparação dos pesos e rendimentos dos componentes teciduais da paleta e do pernil (Tabela 5), a maioria das características avaliadas diferiram entre os cortes (P<0,05), exceto a gordura subcutânea em kg, relação músculo:osso e rendimento de osso e outros. O peso do corte, peso de músculo, rendimento do corte e rendimento do músculo foram maiores no pernil que na paleta. Por outro lado, a gordura total em peso e a gordura subcutânea e gordura total em rendimento foram maiores na paleta. Essa maior deposição de gordura subcutânea e de gordura total encontrada, deve-se ao desenvolvimento heterogêneo e a precocidade apresentada pela paleta quando comparada ao pernil. Por isso, a deposição de gordura na paleta tende a iniciar mais cedo (Osório et al, 2002). Já o maior peso, deposição muscular, gordura intermuscular, osso, relação músculo:gordura e relação músculo:osso encontrada no pernil, pode ser explicado pela maior região anatômica do corte, uma vez que o pernil apresenta grande contribuição para a composição da carcaça. No entanto, apesar do critério de abate por escore de condição corporal ter proporcionado cortes com composição tecidual semelhante, esse fato não interferiu nas características de cada

corte.

IMPLICAÇÕES

A glicerina bruta pode ser utilizada em substituição ao milho na dieta sem ocasionar prejuízo na composição tecidual da paleta e pernil de cordeiros “Pantaneiros”.

Tabela 1. Proporções (%) dos ingredientes e composição bromatológica das dietas.

Níveis de inclusão de glicerina bruta (% da MS)

0,0 2,5 5,0 7,5 Ingrediente (%MS) Feno aveia 24,33 24,33 24,33 24,33 Soja, farelo 11,06 11,06 11,06 11,06 Soja, grão 4,42 4,42 4,42 4,42 Glicerina Bruta 0,00 2,50 5,00 7,50 Milho, triturado 58,62 56,12 53,62 51,12 Calcário calcítico 1,11 1,11 1,11 1,11 Sal comum 0,46 0,46 0,46 0,46 Composição Bromatológica (%MS) MS1 (%) 87,89 88,34 89,21 89,28 MO2 (% MS) 93,94 94,25 93,76 93,28 FDN3 (%MS) 24,92 24,69 24,47 24,24 FDA4 (%MS) 14,54 14,44 14,34 14,24 MM5 (%MS) 6,06 5,75 6,24 6,72 PB6 (%MS) 16,15 15,90 15,65 15,40 EE7 (%MS) 3,41 4,72 5,26 6,83

1Matéria seca; 2Matéria orgânica; 3Fibra em detergente neutro; 4Fibra em detergente ácido; 5Matéria mineral; 6Proteína bruta; 7Extrato etéreo.

Tabela 2. Dias de permanência dos cordeiros e custo das dietas na terminação.

Abate

Glicerina bruta na dieta (% da MS)

0 2,5 5 7,5 Condição corporal (1 a 5) 1,7 1,8 1,5 1,8 Espessura de gordura (mm) 1,83 1,81 1,78 2,22 Engorduramento carcaça (1 a 5) 3,6 3,3 3,4 3,5 Peso corporal (kg) 31,58 30,20 30,57 31,50 Ganho de peso (kg) 0,23 0,19 0,19 0,22 Dia 27/03/2012 2 1 1 1 03/04/2012 2 2 2 4 10/04/2012 2 3 3 1

Média para terminação 75 77,33 77,33 75

Custo da dieta (CD)

R$/kg de MS* 0,54 0,53 0,52 0,51

R$/animal/dia* 0,64 0,56 0,53 0,51

CD em relação ao milho** 100% 12,50% 17,19% 20,31% *Bottini Filho (2012). **100% - (0,64 é 100% e 0,56 ou 0,53 ou 0,51 é X%).

Tabela 3. Média (± desvio padrão) da composição tecidual (kg e %) da paleta de

cordeiros “Pantaneiros” terminados com dietas contendo glicerina bruta.

Parâmetro

Glicerina bruta na dieta (% da MS)

0 2,5 5 7,5 Valor de P Peso, kg Paleta 1,74 ± 0,20 1,59 ± 0,22 1,65 ± 0,19 1,60 ± 0,22 0,5824 Músculo 0,89 ± 0,08 0,87 ± 0,14 0,86 ± 0,07 0,86 ± 0,11 0,9586 Gordura subcutânea 0,27 ± 0,13 0,19 ± 0,04 0,23 ± 0,14 0,20 ± 0,07 0,5380 Gordura intermuscular 0,08 ± 0,03 0,07 ± 0,03 0,09 ± 0,04 0,09 ± 0,03 0,7426 Gordura total 0,35 ± 0,13 0,26 ± 0,06 0,28 ± 0,08 0,29 ± 0,09 0,4562 Osso 0,36 ± 0,05 0,31 ± 0,03 0,32 ± 0,04 0,32 ± 0,04 0,1242 Outros 0,09 ± 0,01 0,10 ± 0,02 0,08 ± 0,04 0,09 ± 0,02 0,6803 Músculo:Gordura 2,88 ± 1,12 3,41 ± 0,70 3,21 ± 0,66 3,19 ± 0,90 0,7729 Músculo:Osso 2,46 ± 0,20 2,76 ± 0,24 2,68 ± 0,24 2,70 ± 0,18 0,1307 Rendimento, % Paleta 9,46 ± 0,60 9,12 ± 0,64 9,48 ± 0,44 9,04 ± 0,76 0,2909 Músculo 51,26 ± 2,97 54,74 ± 3,25 52,69 ± 3,68 53,92 ± 4,34 0,3842 Gordura subcutânea 15,23 ± 6,38 11,97 ± 2,53 13,77 ± 7,02 12,52 ± 2,85 0,6994 Gordura intermuscular 4,51 ± 1,55 4,46 ± 1,23 5,90 ± 2,50 5,25 ± 1,08 0,4353 Gordura total 19,73 ± 6,19 16,43 ± 2,41 17,28 ± 3,11 17,77 ± 3,68 0,5765 Osso 20,97 ± 2,67 19,93 ± 1,35 19,71 ± 1,64 19,97 ± 1,38 0,6454 Outros 5,34 ± 1,12 6,04 ± 0,83 4,69 ± 2,45 5,68 ± 0,72 0,4414

Tabela 4. Média (± desvio padrão) da composição tecidual (kg e %) do pernil de

cordeiros “Pantaneiros” terminados com dietas contendo glicerina bruta.

Parâmetro

Glicerina bruta na dieta (% da MS)

0 2,5 5 7,5 Valor de P Peso, kg Pernil 2,71 ± 0,21 2,74 ± 0,42 2,63 ± 0,22 2,62 ± 0,27 0,8728 Músculo 1,55 ± 0,15 1,57 ± 0,15 1,49 ± 0,13 1,52 ± 0,17 0,7937 Gordura subcutânea 0,19 ± 0,04 0,19 ± 0,05 0,18 ± 0,06 0,21 ± 0,08 0,8444 Gordura intermuscular 0,19 ± 0,08 0,15 ± 0,06 0,17 ± 0,04 0,17 ± 0,04 0,7909 Gordura total 0,37 ± 0,11 0,34 ± 0,06 0,35 ± 0,06 0,38 ± 0,09 0,8440 Osso 0,57 ± 0,04 0,57 ± 0,11 0,58 ± 0,06 0,53 ± 0,05 0,6801 Outros 0,16 ± 0,02 0,14 ± 0,03 0,15 ± 0,03 0,13 ± 0,03 0,4505 Músculo:Gordura 4,44 ± 1,14 4,72 ± 0,84 4,32 ± 0,56 4,16 ± 0,83 0,7201 Músculo:Osso 2,74 ± 0,17 2,83 ± 0,35 2,58 ± 0,26 2,86 ± 0,27 0,2816 Rendimento, % Pernil 30,60 ± 1,15 32,27 ± 2,95 31,31 ± 1,14 30,97 ± 0,75 0,3976 Músculo 57,26 ± 2,90 57,74 ± 3,85 56,50 ± 2,26 57,89 ± 2,82 0,8541 Gordura subcutânea 6,82 ± 1,26 6,89 ± 2,19 6,83 ± 1,90 7,90 ± 2,70 0,7634 Gordura intermuscular 6,86 ± 2,73 5,61 ± 1,88 6,38 ± 1,85 6,41 ± 1,38 0,7600 Gordura total 16,68 ± 3,78 12,51 ± 2,11 13,21± 1,43 14,31± 2,33 0,6675 Osso 20,94 ± 1,35 20,55 ± 1,44 22,02 ± 1,44 20,29 ± 1,07 0,1527 Outros 5,81 ± 0,91 5,04 ± 1,53 5,72 ± 0,96 5,18 ± 1,17 0,5938

Tabela 5. Comparação (médias ± desvios padrão) entre a composição tecidual (kg e

%) da paleta com pernil de cordeiros “Pantaneiros” terminados com dietas contendo glicerina bruta.

Parâmetro Paleta Pernil P

Peso, kg Corte 1,64 ± 0,20 2,68 ± 0,28 *** Músculo 0,87 ± 0,10 1,53 ± 0,15 *** Gordura subcutânea 0,22 ± 0,10 0,19 ± 0,06 Ns Gordura intermuscular 0,08 ± 0,03 0,17 ± 0,05 *** Gordura total 0,30 ± 0,10 0,36 ± 0,08 * Osso 0,33 ± 0,04 0,56 ± 0,07 *** Outros 0,09 ± 0,03 0,14 ± 0,03 *** Músculo:Gordura 3,17 ± 0,84 4,41 ± 0,84 *** Músculo:Osso 2,65 ± 0,23 2,75 ± 0,27 Ns Rendimento, % Corte 19,17 ± 1,05 31,29 ± 1,73 *** Músculo 53,15 ± 3,61 57,35 ± 2,87 *** Gordura subcutânea 13,37 ± 4,94 7,11 ± 1,99 *** Gordura intermuscular 4,99 ± 1,62 6,32 ± 1,94 * Gordura total 17,83 ± 4,05 13,43 ± 2,48 *** Osso 20,14 ± 1,79 20,95 ± 1,42 Ns Outros 5,44 ± 1,45 5,44 ± 1,14 Ns *** p < 0,0001, ** p < 0,01, * p < 0,05, ns = não significativo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ovinocultura com seu enorme potencial de crescimento tem ainda um longo caminho a percorrer visto a grande apreciação e valor comercial de sua carne, que normalmente é comercializada nos grandes centros urbanos para consumidores exigentes que almejam um padrão de qualidade. No entanto, faz se necessário investir em padronização e qualidade de suas carcaças.

Apesar dos critérios de abate por peso e ou idade serem amplamente empregados, o critério de abate por escore de condição corporal tem se mostrado ótimo para atender ao consumidor uma vez que animais abatidos com condições corporais similares e de mesmo grupamento genético apresentam também composição tecidual similar (proporção de tecido muscular, gorduroso e ósseo), fatores que são levados em conta pelo consumidor no momento da compra.

A glicerina bruta por sua vez, possui viável aplicação como substituto parcial dos concentrados energéticos na dieta de cordeiros, pois está condicionada a redução dos custos da produção sem interferir nas características de carcaça.

Dessa forma, o incentivo à pesquisa é de extrema importância, para identificar a melhor dose-resposta para inclusão de glicerina bruta na dieta de cordeiros, a fim de maximizar a produção sem causar efeitos deletérios nos animais e seus produtos.

APÊNDICE

Lista de Figuras

Figura 1. Animais confinados em baias individuais.

Figura 3. Composição regional da meia carcaça esquerda (cortes comerciais).

Figura 4. Dissecação.

Figura 5. Componentes teciduais da paleta.

Lista de Tabelas

Tabela 6. Distribuição das médias, desvios-padrão (DP), mínimos (Min) e máximos

(Máx) e coeficientes de variação (CV), dos componentes teciduais da paleta e pernil de cordeiros “Pantaneiros” terminados com dietas contendo glicerina bruta.

Item Média DP Mín Máx CV Paleta, kg 1,64 0,20 1,30 2,08 12,47 Músculo, kg 0,87 0,10 0,69 1,05 10,99 Gordura subcutânea, kg 0,22 0,10 0,10 0,46 44,68 Gordura intermuscular, kg 0,08 0,03 0,04 0,15 36,97 Gordura total, kg 0,30 0,10 0,16 0,50 32,49 Outros, kg 0,09 0,03 0,01 0,13 29,48 Osso, kg 0,33 0,04 0,26 0,43 12,19 Músculo:Gordura 3,17 0,84 1,67 4,68 26,37 Músculo: Osso 2,65 0,23 2,26 3,08 8,77 Paleta, % 19,40 3,23 14,02 25,00 16,66 Músculo, % 53,15 3,61 46,46 59,49 6,80 Gordura subcutânea, % 13,37 4,94 6,77 25,96 36,91 Gordura intermuscular, % 4,99 1,62 2,20 9,93 32,54 Gordura total, % 17,83 4,05 12,28 28,16 22,74 Outros, % 5,44 1,45 0,84 7,53 26,62 Osso, % 20,14 1,79 17,40 23,94 8,87 Pernil, kg 2,68 0,28 2,16 3,37 10,39 Músculo, kg 1,53 0,15 1,30 1,80 9,51 Gordura subcutânea, kg 0,19 0,06 0,08 0,30 30,46 Gordura intermuscular, kg 0,17 0,05 0,08 0,31 30,85 Gordura total, kg 0,36 0,08 0,23 0,55 21,88 Outros, kg 0,14 0,03 0,08 0,20 19,23 Osso, kg 0,56 0,07 0,43 0,73 12,43 Músculo:Gordura 4,41 0,84 2,55 6,37 18,98 Músculo: Osso 2,75 0,27 2,21 3,35 9,90 Pernil, % 31,56 4,62 23,39 42,25 14,64 Músculo, % 57,35 2,87 50,37 61,84 5,00 Gordura subcutânea, % 7,11 1,99 3,78 11,12 28,02 Gordura intermuscular, % 6,32 1,94 3,45 11,60 30,68 Gordura total, % 13,43 2,48 9,41 20,62 18,47 Outros, % 5,44 1,14 3,28 7,35 20,94 Osso, % 20,95 1,42 17,96 23,95 6,77

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