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Num primeiro momento, pretendeu-se conhecer o que motivou a mudança no projeto pedagógico do curso de Ciências Biológicas da UFS por meio da Resolução nº 188/2009/CONEPE/UFS.

De acordo com P4, a mudança no projeto pedagógico é reflexo da necessidade natural de o contexto curricular se renovar ao longo do tempo, devido ao seu caráter dinâmico e adequável às condições vigentes:

Na verdade, o currículo tem que ser algo dinâmico e que se adéque à realidade do momento. Então, não adianta nada a gente ficar com uma grade que não atenda às necessidades momentâneas para os alunos que a gente está formando. Então, por mais que exista um básico de disciplinas que existe há bastante tempo, existem assuntos, que, na realidade, vem sendo incluídos de tempos em tempos, que acaba melhorando e que de certa forma acaba diversificando a formação dos alunos aqui no Departamento. Por conta disso, o currículo não pode ser visto como algo estático e sim algo dinâmico (P4).

O docente P2 enfatiza que a alteração no projeto pedagógico deu-se, dentre outras causas realmente existentes, devido à mudança do perfil do corpo docente:

Eu creio que a mudança do perfil do corpo docente do curso de Biologia começou mais fortemente por volta do ano de 2007, intensificando mais em 2009 e continuando no período atual. Então houve mudança no perfil do professor que fazia parte do curso e houve também a implementação do curso de licenciatura. Então estas novas alterações todas acabaram gerando uma nova percepção das necessidades do curso e das necessidades de sair desta grade curricular para uma grade curricular mais adequada, mais atualizada com as atuais necessidades (P2).

P7 assinala que não houve apenas um motivo que acarretasse esta reformulação, mas ressalta que a principal motivação foi atender às disposições de Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de licenciatura, no sentido de redesenhar perspectivas das disciplinas pedagógicas:

O principal motivo, considerando que não foi apenas um – e isso precisa ficar claro - foi a necessidade de reformulação dos cursos de licenciatura frente às novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de licenciatura. Então era preciso, sobretudo, reformular perspectiva e formas de inserção de componentes, sobretudo, aqueles componentes pedagógicos, das disciplinas pedagógicas dos cursos de licenciatura. Essa foi a principal motivação (P7).

Já P5, enfatizou uma causa mais pontual, à medida que relaciona a transição da estrutura curricular do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da UFS à necessidade de ampliar a oferta da disciplina Estágio Supervisionado em Ensino, oportunizando-se para ressaltar o dinamismo do currículo:

Eu acho que as exigências do aumento da carga do Estágio – esse sim foi o principal mote para modificar o currículo. Atrás deste mote de que precisava aumentar a carga do Estágio, estava todo o resto, que vai se acumulando. O currículo, ele é vivo – ele acompanha os pontos de vista, a própria sociedade. Embora a maioria de nós não perceba isso, mas ele vai acompanhando todos os questionamentos da sociedade, o que ela nos pede para colocar no mercado, qual profissional. Atrás desta modificação no Estágio, veio todo resto que queríamos (P5).

O docente acima também deixa claro que, com a reformulação curricular, objetivava- se empreender um nítido limite entre as modalidades bacharelado e licenciatura:

Lógico que o currículo precisava se atualizar. Fazia muitos anos. Então, era natural que o currículo tivesse muitas modificações. A primeira grande modificação é fazer com que a licenciatura se tornasse um curso separado do bacharelado, especificamente. Este currículo, entre todos, talvez seja o currículo que deixou mais limitado, existe um limite entre a licenciatura e o bacharelado (P5).

Alguns apontamentos revelaram anseios e perspectivas para com a reformulação curricular, ou seja, exprimiam o que se pretendia com este novo formato.

P7 lembrou que vários profissionais se envolveram neste processo, e que, naturalmente, defendiam pontos de vistas diversos como também compartilhavam opiniões. Logo, os anseios e as perspectivas para com o novo arranjo curricular eram diversificados. Para este professor, mesmo diversos, os anseios estavam convergindo à necessidade de corresponder às orientações normativas das Diretrizes Curriculares Nacionais:

De modo particular, os anseios estavam muito restritos a, em primeiro lugar, atender e obedecer ao que as diretrizes curriculares colocavam, porque muitas pessoas envolvidas no processo entenderam que o que as diretrizes curriculares estavam sinalizando e prescrevendo era algo na forma de lei e que caso aquilo dali não fosse cumprido à risca não conseguiriam fechar. E tiveram diferentes entendimentos de como atender ao que as diretrizes colocavam (P7).

P7 reitera que muitas pessoas envolvidas no processo entenderam que a reformulação curricular era necessariamente para atender às DCN, ou seja, que essa reformulação era necessariamente uma reformulação de carga horária e de disciplinas. As pessoas entenderam e ansiavam a reformulação curricular como algo restrito à inclusão ou à supressão de disciplinas e aumento ou diminuição de carga horária de disciplinas.

O docente P5 apostou na possibilidade de proporcionar e estimular maior diálogo entre o currículo e o aluno, e que proporcionasse a este uma postura mais emancipadora:

Nós queríamos um currículo atual, um currículo que fosse mais dinâmico, que fosse um currículo mais – talvez por que a gente quisesse mesmo que fosse um diálogo mais aberto com o aluno, o aluno que talvez, que ele tenha uma conversa mais aberta com o mundo lá fora e aqui. Eu acho que o currículo ficou mais dinâmico e atendeu aos nossos anseios – acho que sim (P5).

O docente acima assinala que os anseios foram atendidos, visto que o contexto curricular mostrou-se mais dinâmico. Complementa-se a este apontamento, o entendimento de que para tal professor a necessidade de dar à licenciatura um caráter distinto do bacharelado e a existência de novas disciplinas tão cobiçadas também são motivos de pretensão atendida:

Quando nós melhoramos o curso de licenciatura, nós colocamos na licenciatura disciplinas que os alunos queriam pegar – as disciplinas de cultura e educação, a etnobiologia. Então, conseguimos colocar no currículo, mesmo que os currículos estejam separados, bem cedo eles se separam – isso dá uma cara diferente para a licenciatura e uma cara diferente para o bacharelado (P5).

Partindo de outra ótica, o docente P6 exprimiu que o que se esperava era ter um escopo curricular com disciplinas e conteúdos mais integrados, a fim de evitar a fragmentação curricular, ressaltando ser tal anseio muito difícil de ser alcançado. Conforme P6: “Esperava- se que o curso de Biologia fosse mais integrado e não fosse feito por partes. É uma dificuldade que o curso de Biologia tem trabalhar como um todo”(P6).

De acordo com as asserções elencadas, verifica-se que os docentes atribuem, como motivo de mudança no projeto pedagógico e consequentemente na estrutura curricular do curso de Ciências Biológicas Licenciatura da UFS, a necessidade de se adequar às condições educacionais vigentes e ao atendimento às disposições das Diretrizes Curriculares Nacionais.

Somando-se a esta motivação de obedecer a preconizações legais e normativas de âmbito nacional, têm-se como ensejos a mudança de oferta das disciplinas pedagógicas - inclusive os Estágios Supervisionados em Ensino, o propósito de estabelecer um nítido limite entre as modalidades licenciatura e bacharelado, bem como a mudança do perfil do corpo docente do Departamento de Biologia da UFS – campus São Cristóvão.

Logo, constata-se, por meio da visão dos professores, que a mudança no projeto político pedagógico do referido curso está atrelada a uma confluência entre motivações de caráter externo à UFS e motivações inerentes ao próprio Departamento de Biologia.