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O meio ambiente das empresas ou organizações recebe grande influência de forças econômicas, das condições físicas e demográficas, das forças políticas e de suas legislações, das forças socioculturais e principalmente das condições ambientais e ecológicas, que, segundo ANDRADE (2002), são variáveis incontroláveis que a organização deve monitorar e com as quais deve interagir.

A busca de monitoramento, da interação e da convivência pacífica entre as empresas ou organizações e tudo o que as cerca, é que criará, tanto para elas, como para o público em geral, um Desenvolvimento Racional e Sustentável. Esta busca passa, obrigatoriamente, pela visão racional de empresários conscientes e conhecedores dos seus direitos e deveres.

A administração ambiental nas empresas ainda representa, para certos empresários e empregados, um custo adicional sem visão de retorno. Discussões em torno do desenvolvimento sustentável começam a deixar claro que promovê-lo é “gestar”, socialmente, uma nova forma de desenvolvimento que compatibilize

crescimento econômico e preservação do meio ambiente, que diminua as distâncias e desigualdades sociais, respeite a diversidade cultural e garanta condições e qualidade de vida para as futuras gerações.

Na visão de Barbieri (1977, p. 199),

“O crescimento da consciência ambiental, ao modificar os padrões de consumo, constitui uma das mais importantes armas em defesa do meio ambiente. Quando a empresa busca capturar oportunidades através do crescente contingente de consumidores responsáveis, através de ações legítimas e verdadeiras, essas ações tendem a reforçar ainda mais a consciência ambiental, criando um círculo virtuoso, na qual a atuação mercadológica, marketing verde, como querem alguns, torna-se um instrumento de educação ambiental”. A vontade de cada cidadão e sua participação em processos que visem a um desenvolvimento sustentável é condição obrigatória para que a gestão dos negócios ambientais seja realmente duradoura. Os empresários conscientes implantam nas suas empresas a administração ambiental.

Segundo Kiperstok e Marinho (2001), existe uma evolução das práticas e tecnologias necessárias para atingir o desenvolvimento sustentável. Ela indica que as práticas adotadas pelas empresas evoluem em direção à eco-eficiência crescente. As práticas “Disposição de Resíduos”, “Tratamento” e “Reciclagem” referem-se às chamadas tecnologias “Fim de Tubo”. O segundo estágio, “Prevenção da poluição”, representa uma mudança de atitude que visa à minimização dos resíduos ou até à sua eliminação, através de mudanças nos insumos e nos próprios processos produtivos. Trata-se de uma ação voltada para as fontes geradoras dentro de uma determinada empresa. Em estágios mais avançados de eco-eficiência, repensa-se o próprio produto, e se trabalha a otimização de toda a cadeia produtiva. Dessa forma, atingem-se os estágios mais avançados, que implicam negociações com o mercado consumidor, cuja demanda passaria por produtos de menores impactos ao meio ambiente, ao longo do seu ciclo de vida. Apesar de alguns autores considerarem as práticas de prevenção da

poluição como antagônicas às da ecologia industrial, na realidade, trata-se de enfoques complementares (Kiperstok e Marinho, 2000).

GRAEDEL e ALLENBY (2003, p. 228 e ss) falam de três estágios na evolução das considerações ambientais nas atividades industriais. O primeiro é o da conformidade legal. Para a maioria das empresas, cumprir as regulamentações ambientais é tido como uma atividade necessária, assim como outras regulamentações que fazem parte da condução dos negócios. Em se tratando de meio ambiente, a maior parte destas regulamentações diz respeito à saúde dos trabalhadores e aos níveis permitidos de emissões gasosas, líquidas e sólidas. Uma abordagem cuidadosa da conformidade legal exige a verificação periódica dos aspectos ambientais, bem como o monitoramento das atividades que podem ser influenciadas pela legislação. Neste sentido, a conformidade legal vai um pouco além das medidas de fim de tubo, o primeiro estágio proposto por KIPERSTOK e MARINHO (2001). O segundo estágio é o da prevenção da poluição, dirigida a revisar os produtos e processos correntes, minimizando seus impactos ambientais.

Tarefas típicas da prevenção da poluição incluem prevenção de vazamentos, conservação de energia, melhorias nas embalagens, substituição de materiais. Não há mudanças significativas em produtos e processos, mas, sim, a otimização da manufatura. A prevenção da poluição é praticamente restrita ao interior da fábrica.

O terceiro estágio, segundo Graedel e Allenby (2003), é o do “design for environment” (projeto para o meio ambiente), ou seja, o processo pelo qual o amplo espectro de considerações ambientais é levado em conta como passo rotineiro na seqüência de planejamento do produto ou processo. Existem inclusive diretrizes para o planejamento de produtos de maior qualidade ambiental. Há, portanto, uma distinção

clara entre o estágio da prevenção da poluição (ou produção limpa) e do design for environment (projeto para o meio ambiente).

A figura 1 confronta a classificação das práticas ambientais proposta por Kiperstok e Marinho (2001) com os estágios do gerenciamento ambiental segundo Graedel e Allenby (2003). Segundo estes últimos autores, a ecologia industrial é todo o conjunto de meios pelo qual a humanidade pode, racional e deliberadamente, aproximar-se e manter a sustentabilidade, não constituindo, portanto, uma prática adicional, como sugerem Kiperstok e Marinho (2001). O desenvolvimento sustentável é o objetivo de longo prazo de todo esse esforço.

Embora se tenha clareza sobre a necessidade desta evolução, e muitas ferramentas disponíveis para alcançá-la, a prática diária de gestão ambiental das empresas brasileiras ainda está bastante incipiente. Alguns aspectos das dificuldades da gestão ambiental são discutidos a seguir.

--- design for environment - lista de materiais proibidos

(projeto para o meio ambiente) - checklist de características ambientais - manual de diretrizes do projeto

- análise de ciclo de vida

- diagrama de espinha de peixe reversa

--- prevenção da poluição - fluxograma dos processos

- balanço dos materiais

- auditoria de resíduos

- auditoria de energia - auditoria de água

--- conformidade legal - inventário de comissões

- auditoria de conformidade legal

Estágios Graedel e Allenby Ferramentas Evoluções práticas Estágios Kiperstok e Marinho

FIGURA 1 – ESTÁGIOS DO GERENCIAMNETO AMBIENTAL E FERRAMENTAS UTILIZADAS EM CADA ESTÁGIO, SEGUNDO GRAEDEL E ALLENBY (2003), E PRÁTICAS RESULTANTES, SEGUNDO KIPERSTOK E MARINHO (2001).

Consumo Sustentável Ecologia Industrial Modificação do produto Modificação do processo Melhoria na Operação Reciclagem Tratamento Disposição de resíduos

Medidas Fim de Tubo

Prevenção da poluição, Produção Limpa

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