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Como mencionado anteriormente, o conteúdo das Comunicações de Acidentes de Trabalho auxiliaram no preenchimento das Fichas do SINAN em Belo Horizonte, por isso torna-se relevante descrever um pouco sobre este instrumento da Previdência Social.

O sistema de CAT da Previdência Social do Instituto Nacional de Seguridade Social que tem seus dados processados pela Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV) e pelos sistemas de informação em saúde, dentre eles o SINAN, auxilia na descrição de um perfil de morbimortalidade da população trabalhadora (BRASIL, 2001b).

A Lei nº 8213 que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, nos Artigos 20 e 21 destaca, para fins securitários o que é considerado acidente de trabalho (BRASIL, 1991):

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior.

O preenchimento da CAT é direito de todo trabalhador inserido no Regime de Previdência Social, exceto as domésticas e os autônomos. O empregador que não formalizar a ocorrência do acidente junto ao INSS será penalizado com multa e irá colaborar com a subnotificação do acidente (MARZIALE, 2003).

O seguro de acidente de trabalho tornou-se obrigatório com a lei nº 5.316 de 1967 e seu pagamento realizado pela Previdência Social, baseado na respectiva CAT preenchida. A cobertura do benefício se ampliou para todos os trabalhadores, inclusive os avulsos e os presidiários que exercem atividade remunerada (PEPE, 2002).

O Ministério da Previdência Social elaborou um manual de instruções, para o preenchimento da CAT. O mesmo estipula que as empresas deverão comunicar ao INSS, mediante o formulário da CAT, as seguintes ocorrências (BRASIL, 1999b):

 CAT inicial, no caso de acidente do trabalho, típico ou de trajeto, doença profissional ou do trabalho;

 CAT reabertura, quando reinicio de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS; e

 CAT comunicação de óbito, no caso de falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial. A comunicação do acidente de trabalho é feita ao INSS, por meio do formulário da CAT, preenchido em seis vias, de acordo com o Decreto nº 3048 de 1999, com a seguinte destinação: 1ª via – ao INSS; 2ª via – à empresa; 3ª via – ao segurado ou dependente (trabalhador); 4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador; 5ª via- Ao Sistema Único de Saúde (Secretaria Municipal de Saúde - Setor de Epidemiologia); e 6ª via – à Delegacia Regional do Trabalho (BRASIL, 1999b).

A CAT possui informações de caráter previdenciário, epidemiológico, trabalhista e social sobre os acidentes de trabalho comunicados ao INSS. As principais variáveis incluem dados sobre: a qualificação do segurado (nome, endereço, data de nascimento e filiação materna); a identificação do empregador; a causa do acidente (CID); o tipo de acidente; a data do acidente; e o indicativo de óbito (GONÇALVES, 2012).

A emissão da CAT, na forma impressa ou eletrônica, poderá ser feita mediatamente após a ocorrência do acidente e tem o prazo máximo de 48 horas. No caso do acidente de trabalho resultando em morte, a comunicação deverá ser feita imediatamente (BRASIL, 2011c). Segundo a Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 (BRASIL, 1991):

Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.

§ 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria.

§ 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo.

§ 3º A comunicação a que se refere o § 2º não exime a empresa de responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo.

§ 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas neste artigo.

§ 5o A multa de que trata este artigo não se aplica na hipótese do caput do art. 21-A. (Incluído pela Lei nº 11.430, de 2006).

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