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Um dos pontos importantes para caracterizar a relação entre os membros de uma família de um sujeito com Transtorno Mental Psicótico é identificar como ocorre a comunicação entre os membros. Este subcapítulo tem como objetivo identificar o tipo de comunicação que ocorre entre os membros e entre quais membros estes se estabelecem. Para Satir (1967) a comunicação não é apenas fala verbal, também é uma maneira de impor comportamentos.

4.1.1 Qual é o tipo de comunicação que ocorre entre os membros?

Neste momento, será apresentado um gráfico com os resultados obtidos em relação ao tipo de comunicação:

Gráfico 1: Tipos de comunicação estabelecida entre os membros de uma família de um sujeito com Transtorno Mental Psicótico.

No gráfico 1, é apresentada a distribuição dos tipos de comunicação estabelecidas entre os membros de uma família de um sujeito com Transtorno Mental Psicótico. Os tipos de comunicação encontradas foram: Não Informado no Artigo (24%), Comunicação Dificultosa (24%), Comunicação sobre o Cuidado com a Higiene (13%), Comunicação com o Objetivo de Impor Regras (13%), Verbalização de Afetos (13%) e Comunicação na Busca de Controle do Sujeito (13%). Foi possível perceber que alguns artigos não informam acerca da comunicação estabelecida entre os membros, ou seja, dos cinco artigos pesquisados, dois não trouxeram informação acerca da comunicação existente na família. Saber como é a comunicação nesse grupo familiar é de extrema importância, pois assim é possível caracterizar a relação entre os membros de uma família de um sujeito com Transtorno Mental Psicótico.

Segundo Moreno e Alecastre (2004) os familiares não sabem como devem se comunicar com o sujeito com Transtorno Mental Psicótico; possivelmente por esse motivo, a Comunicação Dificultosa é evidenciada no gráfico (24%). Os familiares podem apresentar essa dificuldade devido ao medo de gerar uma crise nesse sujeito, sendo que muitas vezes a comunicação ocorre com o objetivo de tentar controlar o sujeito (13%), ou seja, de não provocar a crise. (MORENO e ALECASTRE, 2004). Melman (2006) complementa que os familiares têm dúvidas acerca do comportamento do sujeito com Transtorno Mental Psicótico, possuindo Dificuldades na comunicação sobre como impor as Regras a esse sujeito, sendo que este tipo de comunicação aparece com percentual de 13%. (MELMAN, 2006). Muitas vezes, os familiares tentam fazer com que o sujeito Verbalize sobre seus Afetos, categoria que apareceu com 13%, tendo como finalidade, na maioria das vezes, minimizar uma crise. Existe o receio de gerar uma crise, o que acaba por provocar tensão entre os membros. Como há períodos de exacerbações do Transtorno, os familiares ficam receosos em suscitar uma nova crise (CARTER E MCGOLDRICK, 1995). Vale ressaltar que a Comunicação Dificultosa pode gerar conflitos e tensão no grupo familiar de um sujeito com Transtorno Mental Psicótico (PEREIRA e PEREIRA JR, 2003).

Moreno e Alecastre (2004) afirmam, por meio de pesquisa, que os familiares de um sujeito com Transtorno Mental Psicótico não sabem como se comunicar com esse sujeito, e que essa dificuldade, algumas vezes, favorece a falta de comunicação nessa família (MORENO e ALECASTRE, 2004). Uma das subcategorias apresentadas (Apêndice) é a falta de diálogo, que ocorre entre os membros desse grupo e que acaba gerando desgastes e sentimentos de impotência nos membros. A dificuldade de comunicação nesse grupo familiar proporciona desajuste na relação (PEREIRA E PEREIRA JR, 2003).

A Comunicação sobre o Cuidado com a Higiene também apresenta-se (13%) como um tipo de comunicação entre os membros de uma família de um sujeito com Transtorno Mental Psicótico. Colvero et al (2004) afirmam que a sociedade exige que os pais criem os filhos e cuidem deles. Diante disso, Melman (2004) ressalta que é lançada aos pais a responsabilidade do cuidado com os filhos.

Pode-se perceber que a Comunicação existente no grupo familiar de um Sujeito com Transtorno Mental Psicótico esta relacionada ao Transtorno. Em todas as categorias fica demonstrada a preocupação ou dificuldade dessa comunicação no grupo familiar.

4.1.2 Entre quais membros se estabelece essa comunicação?

Sobre a questão de entre quais membros de uma família de um sujeito com Transtorno Mental Psicótico se estabelece a comunicação, segue abaixo:

Gráfico 1. Distribuição dos membros entre os quais se estabelece a comunicação. Fonte: Elaboração da autora, 2010.

Conforme é possível visualizar no gráfico acima, os percentuais obtidos nas categorias são: Não Informado no Artigo (72%), Mãe com o Sujeito com Transtorno Mental Psicótico (14%) e Pai com o Sujeito com Transtorno Mental Psicótico (14%). Os artigos

pesquisados muitas vezes não trazem informação completa acerca da comunicação existente, ou seja: trazem o tipo de comunicação existente, mas não especificam, algumas vezes, entre quais membros essa comunicação se estabelece. Por esse motivo, a categoria Não Informado no Artigo apareceu com o maior percentual. Dos cinco artigos de periódicos de psicologia pesquisados, apenas o artigo do protocolo de registro nº3 informava entre quais membros se estabelecia a comunicação. Entretanto, em alguns momentos, até mesmo esse artigo constadoL protocolo de registro nº3 (Apêndice) não informa entre quais membros se estabelecia a comunicação, como ocorreu na subcategoria Diálogo com o intuito de controlar o Sujeito com Transtorno Mental Psicótico.

A comunicação estabelecida entre a mãe e o sujeito com Transtorno Mental Psicótico apareceu no protocolo de registro nº3, conforme pode-se verificar no Apêndice do trabalho, com o intuito de: Buscar Controlar o sujeito com Transtorno Mental Psicótico, Aliviar a tensão por meio de conselhos ou broncas, Verbalização de Afetos, Comunicação sobre o Cuidado com a Higiene. Porém, muitas vezes ocorre a Comunicação com o Objetivo de Impor Regras. Como o cuidado com o sujeito com Transtorno Mental Psicótico geralmente é fornecido pela mãe, conforme afirma Pereira (2003), possivelmente por esse motivo a mãe é o membro que aparece nos cinco tipos de comunicação estabelecidos, ou seja, nas categorias acima citadas. A mulher, segundo Carter e Mcgoldrick (1995) tem o papel de cuidadora desde a “Família Controle”, pois ela era responsável pelo cuidado familiar (CARTER e MCGOLDRICK, 1995).

Já a comunicação do pai com o sujeito com Transtorno Mental Psicótico aparece somente uma vez no artigo do protocolo nº3, tendo como objetivo nessa comunicação controlar o sujeito com Transtorno Mental Psicótico. Provavelmente por esse motivo, o único tipo de comunicação que apareceu estabelecida no artigo entre o pai e o sujeito com Transtorno Mental Psicótico é com o objetivo de controle. Desde o século XVII, o pai era tido como o guardião da família, era ele que estabelecia a ordem, e possivelmente isso se perpetue nesse tipo de família até hoje. (MINUCHIN et al, 2008).

Há dificuldade na comunicação desse grupo familiar, pois os familiares afirmam não saber como se comunicar com o sujeito com Transtorno Mental Psicótico, há o medo de provocar uma crise. A comunicação estabelecida se restringe ao pai e à mãe desse sujeito, de acordo com os artigos pesquisados.

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