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Segundo o dicionário da língua Portuguesa, comunidade significa - Qualidade do que é comum, participação em comum, conjunto de pessoas que vivem em comum com os recursos que não são da sua propriedade pessoal, lugar onde vivem estas pessoas (vem do latim

communitate), p392.

O termo comunidade, embora já empregue por Aristóteles como expressão duma totalidade de indivíduos ligados por laços sociais, só no século XIX, devido aos processos de desagregação das comunidades tradicionais, se elabora numa conceptualização mais alargada e aprofundada de comunidade, ainda polissémica e susceptível de interpretações diferentes (Belle Newby, 1982) In dicionário de Sociologia, (Obcit. P. 72 e 73)

3.1. Relação Escola Família/Comunidade

3.1.1.O papel que a família e a comunidade têm desempenhado na Escola ao longo dos anos

O sentido da entrada e da participação da família e da comunidade no interior da escola tem mudado muito através dos tempos em função de vários factores.

Houve um tempo, que poderíamos dizer anterior aos anos 80, em que a presença da família na escola se dava apenas nas festas comemorativas, nos momentos solenes marcantes da vida escolar ou em reuniões organizadas para “chamar a atenção” dos pais para o rendimento dos seus filhos.

Qualquer presença da família e da comunidade fora dessas chamadas era considerada uma inconveniência, uma presença incómoda. Essa distância manteve-se por muito tempo,

pois acreditava-se ou queria-se fazer acreditar que o espaço escolar era exclusivo daqueles que nele trabalhavam. Assim, a comunidade era convidada a participar de alguns momentos para ver o que a escola estava produzindo de bom, de apresentável. Ou convidada para ser responsabilizada por aquilo que a escola determinava ser a causa de problemas e fracassos. Uma distância criada e sedimentada fortemente ao longo de muitos anos. Um sentimento de presença indesejada, impedia os pais de participarem do dia-a-dia da escola e da vida de seus filhos.

A partir dos anos 80, com o crescimento da força dos movimentos sociais, a escola é atingida por essa onda de desejos e de necessidade de participação. Os próprios profissionais da educação, engajados na luta por mais liberdade, mais democracia e melhor educação pública, defenderam a abertura dos portões da escola para a entrada das comunidades. Ao passo que a consciência de direitos avançava na sociedade, mais particularmente entre os sectores populares, aumentava a clareza de que a escola deveria ser um espaço público, do encontro dos pais, alunos e trabalhadores em educação. Os pais dos alunos percebem o quanto é importante ocupar esse lugar na escola e pressionam para essa abertura. A escola seria o ambiente favorável para exercer a democracia, construir acordos, conquistar vitórias, realizar sonhos etc. Vários segmentos sociais poderiam se encontrar e, através da criação, modificação e fortalecimento de instâncias de participação, propiciar as condições para que todos saíssem beneficiados, principalmente, com a qualidade de uma educação pública acessível a todos. As famílias, no entanto, tiveram que continuar enfrentando muitas dificuldades para o ingresso irrestrito nas escolas.

3.2. A participação da família e da comunidade na escola actualmente

3.2.1.Como se deve dar a participação da família e da comunidade na escola?

Seria um equívoco desvincular participação dos pais do processo de educação. Todo processo educativo exige, por sua natureza, a participação efectiva de educadores e educandos, assim como toda participação real e consciente educa aquele que a exerce. A família deve buscar participar da vida da escola, contribuindo com suas opiniões, suas culturas, revelando seus desejos e aspirações, tornando a escola um espaço que se relaciona com a vida e não uma ilha que se isola da realidade.

A escola é um dos espaços de educação da sociedade. Ao participar da vida dessa instituição, a família poderá fazer uma relação entre a educação que acontece em casa e a que ocorre na escola.

Ela também se educará nessa troca e compreenderá melhor a sistemática e a lógica que rege a escola, dizendo o que quer, em que pode contribuir e certamente, saberá exigir mais. Essa participação deverá conter alguns elementos fundamentais como a existência de objectivos claros que orientem e possam dar sentido à presença da família no interior da escola, uma constância nessa presença, espaços de escuta e voz para esse segmento, acesso às informações que dizem respeito aos seus filhos, que tratam da materialidade da escola, do projecto político pedagógico etc. Cabe à família responder pelo que é de sua responsabilidade na educação de seus filhos, portanto, a participação dos pais no ambiente escolar facilita essa interacção. Como espaço de formação de sujeitos históricos a escola está incumbida de incentivar e colaborar na organização dos alunos. É nesse exercício que alunos podem qualificar-se sujeitos responsáveis pelas suas acções. Os professores, como legítimos formadores humanos, devem, na busca pela autonomia de seus alunos, criar as condições para a organização independente de seus alunos em grémios estudantis, por exemplo.

É necessário revigorar e/ou criar as instâncias de participação da escola para que possamos falar de verdadeira participação. As reuniões em Assembleias Escolares têm que se transformar em espaços reais de manifestação da comunidade. As associações de pais e alunos precisam estar presentes em cada escola como o fim de organizar o segmento de forma autónoma. Se essas instâncias tiverem vida, ou seja, se todas elas existirem com intensidade e força, os espaços maiores, como as conferências, ganharão em quantidade e em qualidade de participação.

CAPÍTULO II

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