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31 O conceito de autoeficácia refere-se às crenças ou perceções do indivíduo sobre sua capacidade

de desempenho em atividades específicas. No entanto, a autoeficácia pode ser mais ou menos específica, sendo que a autoeficácia mais generalizada, corresponde às crenças na eficácia pessoal para lidar positivamente com desafios futuros em geral (Fontaine, 2005).

Bandura (1977) salienta a importância dos processos cognitivos na aquisição e regulação do comportamento humano, considerando que as possibilidades de controlo do indivíduo sobre a realidade e sobre o próprio comportamento são fortemente influenciadas por dois fatores: as expectativas de resultado e as expectativas de eficácia pessoal. As expectativas de resultado são definidas como uma estimativa pessoal de que um dado comportamento levará à obtenção de certo resultado, referem-se à perceção das consequências de uma possível ação (Scholz et al., 2002) enquanto as expectativas de autoeficácia são definidas como a convicção sobre a própria capacidade para realizar com sucesso os comportamentos requeridos para produzir determinado resultado (Scholz et al., 2002). As expectativas ou crenças de autoeficácia referem-se, assim, a um julgamento pessoal das próprias capacidades para executar as ações necessárias para atingir certo objetivo (Bandura, 2000), ou seja as expectativas de autoeficácia correspondem à convicção que um indivíduo tem de poder executar um comportamento necessário para produzir resultados com sucesso (Bandura, 1977). Ainda segundo Bandura (1977), a autoeficácia pode ser considerada uma crença, ou seja, uma regra para a ação sendo que estas crenças podem afetar o desempenho das atividades escolhidas pelo indivíduo, o estabelecimento de metas e a perseverança perante as dificuldades que encontra durante a sua execução.

Bandura (1993) considera que os efeitos das crenças de autoeficácia nos processos cognitivos assumem diferentes formas. Estas crenças são responsáveis pela ativação dos processos que controlam a forma como as pessoas utilizam os seus conhecimentos e capacidades. Deste modo, o sucesso numa tarefa não depende apenas de se possuir as capacidades necessárias, mas também uma autoeficácia resiliente quanto à capacidade para exercer controlo sobre os acontecimentos essenciais, de modo a atingirem-se os objetivos pretendidos (Samssudin, 2009). As realizações e o bem-estar da pessoa requerem, assim, um sentido otimista da autoeficácia pessoal, uma vez que estas crenças ajudam o indivíduo a lidar com uma realidade social que implica um confronto constante com dificuldades, obstáculos e impedimentos (Ribeiro, 1995). Deste modo, a confiança que o indivíduo tem na sua capacidade para desempenhar com sucesso uma tarefa ou um conjunto de tarefas, ajuda a determinar se esse indivíduo irá iniciar, prosseguir e ter sucesso nos seus desempenhos (Lent et al., 1999) considerando-se, contudo, que a autoeficácia é um conceito específico, na medida em que um individuo pode ter a crença que irá ser bem-sucedido numa tarefa, mas não possuir essa mesma crença noutra tarefa totalmente diferente pelo que autoeficácia é entendida como a crença nas capacidades pessoais para executar com sucesso uma determinada tarefa Shane et al. (2003).

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3.2.2 Auto-eficácia na transição do ensino superior para o mercado de

trabalho

A fase final do percurso académico dos jovens, com a proximidade da sua entrada no mercado de trabalho, é propícia à reflexão acerca de questões relacionadas com a capacidade para conseguir um emprego e/ou para assumir de forma competente o desempenho profissional (Vieira et al., 2007).

Ainda segundo os mesmos autores, considerando a influência da autoeficácia na autorregulação comportamental e, mais precisamente, na persistência perante a confrontação com obstáculos, prevê-se que se um jovem confiar na sua capacidade para lidar com a transição para o mercado de trabalho, provavelmente será mais proactivo, determinado e perseverante nas suas estratégias de procura de emprego, pelo que a autoeficácia na transição para o mercado de trabalho é definida como a crença na própria capacidade para organizar e executar ações de procura de emprego e de adaptação ao mundo do trabalho.

Nesta linha de pensamento, vários estudos (Moynihan et al., 2003; Wanberg et al., 1999), verificaram que fortes crenças de autoeficácia se relacionam com resultados positivos na procura de emprego, pelo que os jovens adultos que acreditam possuir os meios para alcançar os seus objetivos profissionais e a competência para o fazer, quando ainda estão a frequentar o sistema educativo, evidenciam maior probabilidade de, no futuro, ter sucesso na transição para o trabalho ao contrário daqueles que não acreditam nas suas capacidades.

Efetivamente, as baixas crenças de autoeficácia poderão fazer-se acompanhar de um discurso interno negativo e de respostas de ansiedade, as quais interferem na concentração na tarefa a desempenhar, prejudicando o desempenho. (Betz, 2004). Também para Bandura (1993) as pessoas com uma forte perceção de autoeficácia poderão sentir menos ansiedade em situações que exijam mais esforço pessoal do que aquelas cuja perceção de autoeficácia é baixa. Ainda segundo este autor, as pessoas com baixas crenças de autoeficácia evitam as situações potencialmente ameaçadoras, não por estarem bloqueadas pela ansiedade, mas porque acreditam ser incapazes de lidar com as mesmas (Bandura, 1993).

A autoeficácia pode ser definida como o conjunto de crenças e expectativas acerca das capacidades pessoais para realizar atividades e tarefas, para concretizar objetivos e para alcançar resultados no domínio particular da realização escolar (Neves e Faria, 2007). Também para Schunk (1991), a autoeficácia refere-se às convicções dos indivíduos de poder realizar, com sucesso, atividades académicas específicas.

As preocupações que afetam os jovens no final do seu percurso formativo levam a que seja importante perceber em que consiste a empregabilidade que segundo Yorke (2004), a um

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