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PARTE I – DEFINIÇÃO DE CONCEITOS RELACIONADOS COM O TURISMO CULTURAL E OS

Capítulo 1 – O turismo cultural e os megaeventos

1.3. Conceito e características dos eventos

Ao longo dos tempos, o comportamento e as preferências dos consumidores/turistas têm-se modificado, devido às múltiplas motivações. Assim, de modo a responder às suas necessidades e acompanhar estas mudanças de comportamento e preferências, surgem os eventos.

Os eventos funcionam muitas das vezes como um produto turístico, e são um fenómeno com muito crescimento e popularidade tanto a nível local, regional e global. É neste sentido que surgem tanto os pequenos eventos como os megaeventos.

São muitas as definições encontradas para “evento”, contudo ainda nenhuma está oficializada internacionalmente. Assim, de modo a perceber o que é um evento segue-se a análise de algumas definições.

Segundo Rabaça e Barbosa (1987), citado por Julião (2013), os eventos são acontecimentos promovidos com a intenção de atrair a atenção dos públicos e da imprensa, quer estes tenham sidos criados artificialmente ou possam ter surgido espontaneamente.

Para Andrade (1999) os eventos constituem parte significativa na composição do produto turístico, atendendo intrinsecamente, às exigências de mercado em matéria de entretenimento, lazer, conhecimento, descanso e tantas outras motivações (Andrade, 1999 citado por Ignarra, 2007).

Para Getz (2009), os eventos, por definição, têm um começo e um fim. São fenómenos temporais, com uma programação planeada ao detalhe e com uma divulgação feita com antecedência. Para além disso, acrescenta que os eventos planeados são também normalmente confinados a lugares específicos, embora o espaço envolvido possa ser uma instalação específica, um grande espaço aberto ou muitos locais. Assim, para Getz, a questão temporal e espacial está intrínseca à definição de eventos.

Os eventos são finitos, o que torna esta característica para muitos indivíduos apelativa e atrativa, ou seja, quando um evento termina, não há forma alguma de voltar a passar pela experiência, pois nenhum evento tem a mesma duração, local, organizadores, e visitantes, ou seja, os eventos são únicos e transitórios.

Já segundo a autora Pelicano (2009), os eventos têm uma duração limitada, tendo subjacentes um ou mais temas, sendo planeados, proporcionam benefícios às comunidades onde são desenvolvidos (Pelicano, 2009 citado por Carvalho, Ferreira e Figueira, 2011).

No que toca à definição de megaeventos, Seixas (2010) afirma que estes se fazem acompanhar por megaprojetos, apoiados por instituições públicas e privadas que estão interligadas a operações mediáticas com grande impacte mediático. Estas mesmas instituições que financiam estes eventos esperam sempre um retorno financeiro (Seixas 2010, citado por Julião, 2013).

Segundo Hiller (1999), citado por citado por Remoaldo e Cadima (2016a), um megaevento é considerado um evento especial de alto perfil acolhido por uma cidade e que acontece de uma só vez. A natureza de elevado perfil não está relacionada apenas com o nível de participação de pessoas, nacionais e internacionais, mas também com a elevada visibilidade nos media e na expressão também dentro e fora de fronteiras nacionais.

Mais recentemente surge a definição de Müller (2015a), citado por Remoaldo e Cadima (2016) que propõe quatro dimensões para categorizar os megaeventos. A primeira é a atração de visitantes, a segunda, o alcance mediático, a terceira tem a ver com os custos e a última com os impactes transformadores. Considera ainda os megaeventos como correspondendo a “eventos ambulatórios com uma duração fixa e que atraem um elevado número de visitantes, têm um grande alcance mediático, implicam elevados custos e têm grandes impactes no ambiente construído e na população” (Remoaldo e Cadima, 2016a, p. 20).

Na perspetiva de Hiller (1999), citado por Remoaldo e Cadima (2016a), um megaevento pode ser de cariz cultural, desportivo, técnico-científico ou comercial de grande escala e de curta duração (inferior a um ano), realizados essencialmente em espaços urbanos. Apesar de ser de curta duração os legados destes mesmos eventos podem perdurar durante muitos anos.

Quanto a Góis (2014), um megaevento é um evento de curta-duração, inferior ou igual a um ano, esporádico e de cariz internacional. Pressupõe o envolvimento de uma quantidade significativa de recursos humanos, financeiros, comunicacionais, culturais, comerciais. Os seus efeitos sociais, culturais, turísticos, políticos, económicos, ambientais e urbanísticos, podem ocorrer antes, durante e após a sua realização.

Os megaeventos culturais têm vários tipos de impactes: económicos, culturais, sociais e territoriais. Podem melhorar e promover um destino, e se forem bem organizados, poderão atrair muitos visitantes que gastarão o seu dinheiro no local em que o evento se realizou.

Assim, na nossa opinião, um evento é considerado um acontecimento único, pois nenhum outro evento será igual e funciona como um produto turístico, na medida em que dinamiza a cidade e a própria economia da mesma em que realiza. Para além disso, promove as entidades que financiaram o evento. Já um megaevento apresenta todas as características de um evento, mas de uma maior dimensão, ou seja, necessita de um maior investimento e apresenta impactes que podem passar as fronteiras, podendo mesmo ser uma forma de exaltação das nações.

1.3.2. Tipologias de eventos

No que toca às tipologias de eventos também suscitam algumas discordâncias, não havendo uma tipologia oficial até ao momento. Aqui também existem alguns elementos comuns nas diversas tipologias dos diversos autores.

Deste modo, Getz (2009) desenvolveu três grandes tipologias: Hallmark Events (Evento Marcante), Special Events (Eventos Especiais) e Megaevents (Megaeventos) e segundo Góis (2014), este autor considerava os Megaeventos e Eventos Marcantes, como duas tipologias diferentes, porém ambas incluídas nos Eventos Especiais. De forma resumida, para Getz (2009) “enquanto os Eventos Marcantes são realizados apenas para deleite da comunidade local, os Megaeventos visam não apenas a comunidade local, mas também a atração de novos visitantes” (Góis, 2014, p. 10), ou seja, os Megaeventos são os eventos que produzem níveis extraordinariamente elevados de turismo, com cobertura dos media, prestígio e impacte económico para a comunidade de acolhimento local e organização (Getz, 2009).

Müller, assim como Getz (2009), desenvolveu uma tipologia tripartida: giga eventos, megaeventos e grandes eventos. Este autor inclui somente na categoria de giga evento os jogos olímpicos e os megaeventos são considerados eventos como os campeonatos do mundo e europeus e todos os restantes são categorizados como grandes eventos. Esta diferenciação é feita, sobretudo pelo alcance mediático e pelos custos do evento.

Para efeitos da nossa investigação considerámos o caso de estudo a Noite Branca na cidade de Guimarães, como um megaevento cultural. A Noite Branca é um evento em que acontecem inúmeros concertos, exposições, performances, gastronomia, animação e museus que se encontram abertos durante todo o evento.