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2.4 Qualidade no Serviço Público

2.4.1 Conceito de qualidade

Garvin (1992) entende que a qualidade é conhecida, como conceito, a milênios.Todavia só recentemente, surgiu como função de gerência formal.

Parece ser um consenso entre os estudiosos do tema, de que a preocupação com a qualidade é antiga. Juran (1990: 2), por exemplo, expõe que “as necessidades humanas pela qualidade existem desde o crepúsculo da história”. No entanto, observa-se que ao longo do tempo os processos para obter essas necessidades sofreram imensas e contínuas mudanças.

Shiozawa (1993) expõe que historicamente, o conceito de qualidade foi sendo apresentado conforme o quadro a seguir:

QUADRO 2 - O CONCEITO DE QUALIDADE

ANO AUTOR DEFINIÇÃO

1950 Deming Máxima utilidade para o consumidor 1951 Feigenbaum Perfeita satisfação do usuário

1954 Juren Satisfação das aspirações do usuário 1961 Juran Maximização das aspirações do usuário

1964 Juran Adequação ao uso

1979 Crosby Conformidade com os requisitos do cliente

Fonte: SIHOZAWA, Ruy Sergio Cacese. Qualidade no atendimento e tecnologia de informação. São Paulo: Atlas, 1993, p. 58.

Vários autores têm procurado dar definições para qualidade de maneira simples e precisa, mas também abrangente, para mostrar sua importância em todas as atividades produtivas.

Assim Garvin (1992) listou cinco abordagens gerais para definir qualidade: a) Abordagem transcendente: qualidade é sinônimo de excelência inata.

Nestes conceitos a qualidade não pode ser medida com precisão, sendo apenas reconhecida pela experiência;

b) Abordagem baseada no produto: qualidade é sinônimo de maior número e melhores características que um produto apresenta. São os conceitos que vêem a qualidade como uma variável precisa e mensurável. Surgiram da literatura econômica enfatizando durabilidade, implicando que alta qualidade só pode ser obtida com alto custo;

c) Abordagem baseada no usuário: qualidade é atendimento das necessidades e preferências do consumidor. As definições baseiam-se na premissa de que a qualidade está diante dos olhos dos consumidores sendo altamente subjetiva. A avaliação dos usuários em relação as especificações são os únicos padrões próprios à qualidade; d) Abordagem baseada na produção: qualidade é sinônimo de

conformidade com as especificações. As definições de qualidade estão calcadas na idéia da adequação da fabricação às exigências do projeto e que as melhoras da qualidade, equivalentes a reduções no número de desvios, levam a menores custos;

e) Abordagem baseada no valor: qualidade é o desempenho ou conformidade a um preço ou custo aceitável. Os conceitos consideram a qualidade em termos de custos e preços.

Paralelamente, a qualidade é um conceito dinâmico que vem se modificando ao longo do tempo, onde cada autor procura identificá-la no seu ramo de atuação.

Barçante (1998, p.38), em sua obra, apresenta algumas das principais conceituações, dentre elas destacam-se:

Feingenbaum: “Qualidade é uma maneira de se gerenciar os negócios da empresa. Aprimoramento da Qualidade só pode ser alcançado em uma empresa com a participação de todos”.

Crosby: ”Qualidade é conformidade com especificações, e não elegância”. Deming: “Qualidade é sentir orgulho pelo trabalho bem feito. Aprimoramento da Qualidade eleva a produtividade”.

Ishikawa: “Rápida percepção e satisfação das necessidades do mercado, adequação ao uso dos produtos e homogeneidade dos resultados do processo (baixa variabilidade)”.

Cerqueira Neto: “Qualidade é sempre resultado de esforços inteligentes; Qualidade não é só para companhias. Indivíduos podem esforçar-se por excelência em seu dia-a-dia”.

Harrington: “Satisfazer ou exceder as expectativas do consumidor, por um custo que represente valor para ele”.

Para Paladini (1994, p.16) embora exista uma variedade bastante ampla de definições para o termo Qualidade, o foco central da mesma deve ser o consumidor. Segundo ele, a qualidade, corretamente definida, é aquela que prioriza o consumidor.

Considerando os autores citados anteriormente, percebe-se que o termo qualidade apresenta diversas interpretações e por isso, “é essencial um melhor entendimento do termo para que a qualidade possa assumir papel estratégico” (Garvin, 1992: 47). Afirma também o autor que, vários conceitos podem coexistir em um mesmo ambiente, servindo de estímulo para a melhoria de comunicação entre fornecedores, clientes e áreas distintas de uma organização.

A forma como qualidade é definida e entendida em uma organização reflete a forma como é direcionada a produção de bens e serviços.

A qualidade em serviços engloba três campos: atendimento, desempenho e custo. Essas variáveis constituem os elementos de avaliação dos clientes em relação à qualidade dos serviços, merecendo, portanto, atenção especial. Quanto à qualidade total nos serviços, é importante realçar que a meta prioritária é a mesma da qualidade total nos produtos: plena satisfação do consumidor.

Acerca do termo total, autores como PALADINI (1994) dizem que:

Qualidade Total é um termo redundante, pois Qualidade só existe se for total. Qualidade é adequação ao uso e esta adequação ao uso envolve um conjunto de aspectos: se limitada a alguns itens apenas, tal adequação ficará prejudicada.

Todos os elementos que compõem a empresa contribuem, de alguma forma, para a adequação ao uso do produto ou do serviço (PALADINI, 1994:16). Ainda, segundo o autor, "Qualidade é muito mais do que algumas estratégias ou técnicas estatísticas: é, antes, uma questão de decisão, que se reflete em políticas de funcionamento da organização. Seus benefícios são consistentes, duradouros e permanentes".

PALADINI (1994:54) formula dois raciocínios para explicar o sentido do termo "total":

1) ao mencionar o termo "adequação ao uso", não foram fixados os elementos que determinam como este ajuste se processa. Por isso, o autor esclarece que Qualidade é característica de um produto ou serviço que atende "totalmente" ao consumidor. O termo total refere-se aos elementos que garantem a plena utilização do produto, em conformidade com o que necessita o consumidor. Nos dias atuais, vai-se bem mais além: pretende-se superar as necessidades do consumidor, atendendo expectativas que nem sequer haviam sido formuladas;

2) ao enfatizar "adequação ao uso", serão responsáveis pela Qualidade todos os elementos que tiverem alguma participação, direta ou indireta, na produção do bem ou do serviço. Esses elementos são as pessoas, equipamentos, métodos, informações, ambientes etc.

A Gestão da Qualidade Total, pregada por estudiosos, não trata de uma teoria pura e simples. Possui resultados práticos, observados nas inúmeras aplicações já realizadas nas empresas industriais, comerciais, em menor escala, nas empresas de serviços e, mais raramente em serviços públicos.

Evidentemente, o homem é o elemento chave no processo de gestão da Qualidade (SOARES, 1999). Da motivação e do comprometimento das pessoas vai depender o sucesso da sua aplicação prática.

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