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Conceito de Responsabilidade Social Corporativa e Esclarecimentos

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2.2 O MODELO RUMO A EXCELÊNCIA

2.2.4 Sociedade

2.2.4.1 Conceito de Responsabilidade Social Corporativa e Esclarecimentos

Os conceitos de investimento social privado, cidadania coorporativa, responsabilidade social empresarial, dentre outros, tem sido amplamente debatidos e modificados nestes últimos tempos e nos remetem à aproximação do mesmo ponto: as mudanças das empresas privadas frentes as questões sociais no Brasil.

O conceito de responsabilidade social pode ser compreendido, num primeiro momento, apenas como um modelo ou mesmo instrumento de gestão empresarial, no entanto para muitos teóricos, transcende às fórmulas organizacionais, sociológicas e políticas na sociedade contemporânea por provocar debates filosóficos e mudanças culturais. O termo responsabilidade social, embora não encontrado nos dicionários, já pode ser compreendido tanto dentro das empresas como na própria sociedade devido à capacidade de mobilização do seu discurso, que sugere um desenvolvimento social destinado à parcela menos assistida da população brasileira e é visto como um meio de viabilização de benefícios para todos os envolvidos.

Se recortarmos isoladamente o vocábulo responsabilidade, encontraremos no dicionário de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (1986, p.1.069), de forma simplificada, a seguinte definição para o termo: no significado essencial, designa “o ato de responder pelo desempenho, incumbência ou dever”.

É importante que sejamos sensíveis com o manuseio dos conceitos de responsabilidade social, pois, embora esta expressão não seja nova, tem sido vinculada de forma confusa e “requintada” às mais variadas aplicações pelos acadêmicos pelas empresas pela mídia e pelo Estado. A generalização que tem ocorrido em torno do vocábulo nos conduz à necessária pontuação das diversas atribuições de suas características. E é de zelo nosso esclarecer que o termo varia de acordo com seus agentes sociais (estado, sociedade e empresas) de tempos em tempos.

Entre as diversas conceituações existentes na literatura consultada, encontramos a que compreende responsabilidade social apenas nos limites do dever do empresariado e da obrigação legal; já outras intervenções avançam, tomando-a com prática e função social ou puramente como comportamento ético e contribuição caridosa. Existem aqueles que conceituam a expressão apenas como “sinônimo de legitimidade ou antônimo de socialmente irresponsável ou não responsável”. (ASHLEY, 2000,p.5)

Segundo Ashley (2002), o conceito de responsabilidade social pode ser definido como o compromisso de uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos ou atitudes que afetam positivamente, ou como a ação pró-ativa e coerente de algumas

comunidades no que tange o papel específico na sociedade e à sua prestação de contas para com ela, assumindo assim obrigações morais.

Citando Votaw apud Asley (2002,p.6):

(...) Responsabilidade social significa algo nem sempre a mesma coisa para todos. Para alguns, ela representa a ideia de responsabilidade ou obrigação legal; para outros significa um comportamento responsável no sentido ético; para outros, ainda o significado transmitido é o de ‘responsável por’, num modo causal. Muitos simplesmente equipararam-na a uma contribuição caridosa; outros tornam pelo sentido de socialmente consciente.

O termo, muitas vezes é aplicado na tentativa de resgatar a solidariedade e cidadania como forma de se buscar a humanização do capitalismo. Na ultima décadas, este conceito tem sido revestido de valores morais e cívicos, associados a modelos de termos antigos como filantropia e voluntariado. No entanto, entre os teóricos de administração e estudiosos das mais distintas áreas, tem sido aplicado com roupagem mais empresarial, procurando se desvincular da identidade filantrópica e valorizando como “um negócio” gerador de lucros. É oportuno ressaltarmos que o termo filantropia é uma palavra de origem grega que significa “amor ao homem” ou “amor à humanidade”.

Nas primeiras traduções em literatura sobre responsabilidade social, o termo foi apresentado como “a obrigação do homem de negócio de adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação que fossem compatíveis com os fins e valores da sociedade” (BOWEN, 1956 apud ASHLEY, 2002, p.8). A definição da finalidade das ações de responsabilidade social, segundo Melo Neto e Froes (1999, p78), é “a decisão de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que a organização está presente e minorar possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividades que exerce“.

O Instituto Ethos de Responsabilidade Social (2003), principal entidade que desenvolve e incentiva a aplicação da responsabilidade social nas empresas no país, ressalta a importância de incluir a responsabilidade social no âmbito das estratégias empresariais definindo-a como:

(...) Uma forma de conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torne parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses dos diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidades, governo e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender as demandas de todos não apenas dos acionistas e proprietários.

Responsabilidade social corporativa e de fato um marco nas organizações neste novo milênio. Devido a sua grande complexidade e abrangência, é implementada e praticada como

um compromisso ético das empresas nas suas ações e relações com múltiplos agentes tais como: acionistas, funcionários, consumidores, rede de fornecedores, meio ambiente, governo, mercado e comunidade. A questão da responsabilidade social vai, portanto, além da postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa uma mudança de atitude, numa perspectiva de gestão empresarial como foco na agregação de valor para todos.

De acordo com o ponto de vista contemporâneo, citado por Certo e Peter (1993, p.280), “as empresas são vistas como importantes e influentes membros da sociedade, sendo responsáveis por ajudar a manter e melhorar o bem-estar da sociedade como um todo”. Essa concepção é defendida, entre outros, por Drucker (1984) que afirma que a responsabilidade social transcende sobre a esfera do negócio e inclui uma série de relações da empresa com o ambiente no qual é inserida.

Em síntese, podemos perceber, na prática, que duas dimensões complementares permeiam o conceito da responsabilidade social. De um lado, tem-se uma leitura de um instrumento de gestão e de ampliação da competitividade da empresa, ajudando a tomar sua imagem, seu produto e sua marca reconhecidos perante seus públicos; por outro lado, significa também uma forma de exercício da cidadania e da ética por parte das empresas e, consequentemente, de seus funcionários, enquanto “agente de desenvolvimento das regiões” em que atuam, deixando evidente que essas dimensões não são aplicados isoladamente, mas sim, uma legitimando a outra.

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