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A leitura no ENEM tem lugar privilegiado e define todos os aspectos que envolvem a estrutura da prova, uma vez que cada questão contextualizada (item) apresenta essencialmente um texto/gênero a ser lido e correlacionado com o que esta sendo inferido na questão, mesmo que não seja atribuída uma relação direta – em termos de decodificação entre texto/pedido (enunciado) – já que, indubitavelmente consideramos a complexidade do universo da apreensão leitora em toda questão apresentada como situação-problema (o termo será fundamentado no próximo tópico).

A fundamentação teórico-metodológica do ENEM (2005, p. 7) ressalta na estruturação desse exame avaliativo a “[...] ênfase na aferição das estruturas mentais com as quais construímos continuamente o conhecimento”, desse destaque advém à concepção de leitura adotada e destacada da seguinte forma:

O ENEM assume a leitura e as leituras como pressuposto inicial e sinaliza para o trabalho sistemático com essa arquicompetência para o desenvolvimento das competências e habilidades representadas como necessárias ao final da educação básica. A avaliação da leitura está presente em toda sua plenitude seja na prova de múltipla escolha seja na produção do texto escrito. A leitura assume no ENEM os pressupostos da área Linguagens e Códigos. (Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM: fundamentação teórico-metodológica, 2005, p. 59).

Diante do exposto, entende-se que o processo de leitura passa a ser considerado em todo seu entorno, ou seja, além da apresentação dos dados linguísticos tem-se também um processo cognitivo complexo que situa o contexto verbal para a construção precisa de uma

significação do ato de ler, para tanto, evidencia-se a importância do leitor que responde ativamente para a compreensão de um texto.

Ratificamos, assim, que o conceito de leitura a ser trabalhado, tanto pelo ENEM como na análise desse trabalho, vai além da decodificação do código (o texto), para uma construção funcional do código linguístico a partir da interação plena entre os dados linguísticos e toda uma gama de implícitos envoltos entre o autor, o texto e o leitor na busca do sentido e da compreensão de um texto, como já citado anteriormente.

É nesse sentido, na busca de algo para além do sinal gráfico do texto, que entendemos um processo leitor, algo dinâmico e interativo que requer um contexto situado para a construção de sentido.

A leitura se faz presente no ENEM a partir da consequente ênfase da própria estruturação da prova, assim definido: “O ENEM é linguagem e código, um texto construído e construtor de significados.” (Fundamentação teórico-metodológica 2005, p. 59). Nessa perspectiva, compreendemos que as linguagens e códigos são os princípios na elaboração e fundamentação da prova do ENEM, em decorrência desse fato, destaca-se a ênfase sistemática do processo leitor na resolução das questões contextualizadas apresentadas como situações-problema. A resolução de uma situação-problema que é apresentada no item perpassa necessariamente pela caracterização abaixo relacionada:

Todas as situações de avaliação estruturam-se de modo a verificar se o participante é capaz de ler e interpretar textos de linguagem verbal, visual (fotos, mapas, pinturas, gráficos, entre outros) e enunciados:

identificando e selecionando informações centrais e periféricas; inferindo informações, temas, assuntos, contextos;

justificando a adequação da interpretação;

compreendendo os elementos implícitos de construção do texto, como organização, estrutura, intencionalidade, assunto e tema;

analisando os elementos constitutivos dos textos, de acordo com sua natureza, organização ou tipo;

comparando os códigos e linguagens entre si, reelaborando, transformando e reescrevendo (resumos, paráfrases e relatos). (BRASIL, 2009, s/pág20).

Vale destacar ainda, que no quadro-referência das competências que servem de base para a avaliação do ENEM a área de Linguagens e Códigos é uma constante em toda sua contextualização, a saber, descrevemos:

ENEM-COMPETÊNCIAS

20

I. Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica;

II. Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas;

III. Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema;

IV. Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente; V. Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. (BRASIL, 2009, s/pág).

Situando essa concepção, explicitamos uma definição para a leitura que sintoniza não só os princípios teóricos abordados no ENEM como também os pressupostos básicos de nossa pesquisa no tocante ao processo leitor; reforçamos ainda que o ENEM assume o aspecto leitor – a avaliação da leitura está presente em toda sua plenitude seja na prova de múltipla escolha (itens) seja na produção do texto escrito – como pressuposto básico para a resolução do exame e essa caracterização é trazida para o cerne do desenvolvimento das competências e habilidades que são elencadas como necessárias para os egressos do ensino médio.

Assim, o conceito de leitura a ser trabalhado na estruturação desse exame vai além da decodificação do código, para uma construção funcional do código linguístico a partir da interação plena entre os dados linguísticos e toda uma gama de implícitos envoltos entre o texto e o leitor na busca do sentido e da compreensão do texto.

É nesse sentido, na busca de algo para além do sinal gráfico do texto, que se entende um processo leitor, algo dinâmico e interativo que requer um contexto situado para a construção de sentido.

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