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Conceito e natureza jurídica da adoção

No documento Adoção embrionária (páginas 109-113)

B. TERMINOLOGIA E DEFINIÇÕES

3. NORMAS ESTRANGEIRAS E EMBRIÕES SUPRANUMERÁRIOS

4.1. Conceito e natureza jurídica da adoção

Adoção é o ato jurídico complexo pelo qual o adotante recebe pessoa em sua família como filho. O adotado, em face da formação do estado de filiação, passa a possuir parentesco civil não apenas com quem o adotou, mas com toda a sua família.

A maioria dos autores, ao conceituar o instituto da adoção, destaca- no como um meio de viabilizar a formação de um vínculo civil de parentesco,

diferente do natural, estabelecido entre o adotante, sua família e o adotado, em razão da formação eminentemente volitiva de um estado de filiação.

Desse modo, Carlos Roberto Gonçalves entende que a ―adoção é o ato jurídico solene pelo qual alguém recebe em sua família, na qualidade de filho, pessoa a ela estranha.‖150

De igual forma, Roberto Senise Lisboa declara que a adoção ―(...) é o ato jurídico pelo qual o um sujeito estranho é introduzido como filho na família do adotante, passando a ter os mesmos direitos decorrentes de filiação.‖151

Semelhantemente, Maria Helena Diniz leciona que a adoção é um ato jurídico solene pelo qual o adotante traz ―(...) para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha.‖152 Desse modo, vem a originar ―(...) uma relação jurídica de parentesco civil entre adotante e adotado.‖153

Na mesma esteira, há a lição de Silvio Rodrigues na afirmativa de que a adoção é ―(...) ato do adotante pelo qual traz ele, para sua família e na condição de filho, pessoa que lhe é estranha.‖154

Perfilhando a mesma ideia, Arnoldo Wald entende que a adoção é ―(...) uma ficção jurídica que cria parentesco civil‖. É um ato jurídico bilateral

150 Carlos Roberto Gonçalves, Direito civil brasileiro: direito de família, p.362.

151 Roberto Senise Lisboa, Manual de direito civil: direito de família e sucessões, p.258. 152 Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro: direito de família, p.483. 153

Ibidem, mesma página.

que gera laços de paternidade e filiação entre pessoas para as quais tal relação inexiste naturalmente‖155

―A adoção é modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação natural.‖156 Podendo também ser ―(...) conceituada como o ato jurídico pelo qual alguém aceita estranho na qualidade de filho estabelecendo entre duas pessoas relações de parentesco e filiação.‖157

Fábio Ulhoa Coelho compreende a adoção como um ―(...) processo judicial que importa a substituição da família de uma pessoa (adotado), tornando-a filha de outro homem, mulher ou casal (adotantes).‖158

Já Artur Marques da Silva Filho, define adoção como sendo um ―(...) ato jurídico complexo que estabelece vínculo de filiação.‖159

De fato, não deixa de ser um ato jurídico, visto que tal instituto não se exercita desacompanhado do caráter volitivo das pessoas envolvidas. Todavia, justamente em razão da necessidade de emanação de vontades, envolvendo aquiescência por parte dos adotantes, por vezes, por parte dos pais biológicos do adotado, do próprio adotado e do Ministério Público, verificando-se, dentre outras circunstâncias e premissas legais e teleológicas a serem sopesadas160, se a adoção se reverterá em real benefício para o adotado, tal ato jurídico configura-

155

Arnoldo Wald, O novo direito de família, p.269.

156 Silvio de Salvo Venosa, Direito civil: direito de família, 279. 157 Wilson Donizeti Liberati, Direito da criança e do adolescente, p.36. 158 Fábio Ulhoa Coelho, Curso de direito civil, família; sucessões, p.176. 159

Artur Marques da Silva Filho, Adoção: regime jurídico, requisitos, efeitos, inexistência, anulação, p.73.

se complexo por necessitar, além de tal concurso de vontades, de uma apreciação jurisdicional analítica e de uma sentença favorável para tanto.161

Como não há apenas bilateralidade de vontades para a verificação da adoção, mas também a necessária e ativa participação do Estado no ato, exigindo-se, em regra, uma sentença judicial para sua efetiva consecução, percebe-se que a natureza jurídica deste instituto pende para um caráter mais publicista, dado o ―(...) marcante interesse público que afasta a noção [meramente] contratual‖162

, uma vez que a ―(...) a ação de adoção é ação de estado, de caráter constitutivo, conferindo posição de filho ao adotado‖.163

Considerando-se a necessidade de consentimento dos envolvidos e o caráter jurisdicional sob um ponto de vista mais administrativo, é arrazoado propugnar por ―(...) uma concepção intermediária acerca da natureza jurídica da adoção‖164, entendendo-a como ―(...) uma figura híbrida, ou seja, um misto de contrato e de instituição, onde a vontade das partes, bem como o exercício dos seus direitos encontram-se limitados pelos princípios de ordem pública.‖165

161

―Lei 8.069/90

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando.

§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.

§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento. Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.

§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes. § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.‖

162 Silvio de Salvo Venosa, Direito civil: direito de família, 284. 163 Ibidem, mesma página.

164

Artur Marques da Silva Filho, Adoção: regime jurídico, requisitos, efeitos, inexistência, anulação, p.77.

No documento Adoção embrionária (páginas 109-113)