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M. U.S.O.T Acácio Coelho Manuel

2.1 REGENERAÇÃO DE ÁREAS INFORMAIS NA CIDADES AFRICANA

2.1.1 Conceito de Regeneração

O termo Regeneração Urbana é inexistente nos diplomas angolanos Lei de Terras e Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanísticos e Rurais. Contudo aparece de forma indireta dentro dos programas especiais desses mesmos diplomas, com os conceitos de reconversão, requalificação, revitalização, reabilitação. No que toca à definição conceptual de regeneração urbana é pertinente distinguir esse conceito dos outros que aparecem nos nossos diplomas.

Para entender melhor o conceito da Regeneração Urbana, recorremos a alguns escritores que explicam de maneira sistemática e fazem a separação entre os outros conceitos acima mencionados, e assim, interligar com o tema da dissertação e fazer uma aplicação no contexto angolano dentro das políticas de regeneração urbanas dos programas do PDGML e PDGCSR.

“[Urban regeneration] is a comprehensive and integrated vision and action which leads to the resolution of urban problems and which seeks to bring about a lasting improvements in the economic, physical, social and environmental condition of an area that has been subject to change1” (Roberts, Sykes, 2000, p. 17). Segundo Roberts e Sykes (2000), a Regeneração Urbana é resultado da relação entre forças exógenas ou endógenas que ditam a necessidade de constante adaptação, e uma resposta aos desafios e oportunidades que num determinado contexto temporal e espacial decorrente da degradação urbana. A regeneração urbana visa resolver problemas urbanos e encontrar uma melhoria a longo prazo do desenvolvimento social, econômico, físico e ambiental.

Assim podemos assumir como ponto de partida que a Regeneração Urbana é uma resposta proactiva a problemas urbanos específicos e, em função dos diferentes contextos urbanos em que surge, possui uma especificidade enquanto forma de planeamento urbano que a distingue das demais intervenções e que ditará o seu modo de implementação no território. Ainda segundo Tallon (2010:36), é um tipo de planeamento urbano de carácter fortemente estratégico, formalizado em intervenções de fundo, numa série de dimensões que não apenas o do mero renovar do espaço edificado, e do qual decorrem profundas alterações, quer no âmbito do ordenamento do território, quer no âmbito da geografia urbana.

M.U.S.O.T Acácio Coelho Manuel 11 Amado et al. (2016) defende que a questão central é pensar a regeneração urbana numa perspetiva integradora e única (por exemplo, posse da terra, acesso a habitação, infra-estrutura, equipamentos, espaço público e melhoria do parque habitacional). “Different principles need to be taken into account within the regeneration of informal areas: the establishment of a set of measurable objectives in accordance with the United Nations Millennium Development Goals; an analysis of local conditions and the possibility of defining a clear delimitation for future phasing; and identification of a group of more stakeholders and cooperation elements” (Amado et al., 2016:59).

Na perspetiva de Amado et al. (2016,60-62) quanto ao conceito temos:

- Habitação promovida pelo Estado: esta estratégia deve basear-se no reassentamento informal, através da política de habitação promovida pelo estado, para realojar os habitantes em áreas informais. Neste programa o principal impulsionador é o setor público. “A habitação social promovida pelo setor público é importante, nomeadamente para as populações que não possuem outros meios para adquirir uma casa”.

- Os serviços públicos: o setor público deve ser o órgão que estrutura a participação da população dentro do processo de regeneração, é o setor público que deve ser visto como o facilitador e não um fornecedor, o que melhora a acessibilidade e viabilidade económica deste projeto. Contudo, o setor público deve coordenar as principais partes interessadas. É o fiscal das adequações económica para os residentes informais.

- Atualização dos assentamentos informais: deve-se criar um regime de cooperação entre as partes interessadas como: os cidadãos, grupos comunitários, o setor privado e as autoridades locais. Nestas áreas informais a maioria dos moradores não tem um título de terra (ou outra documentação similar) e dentro da unidade de atualização e transferência de direitos, este facto tornou-se um desafio. Neste caso os governos nacionais devem capacitar as autoridades locais, através de legislação, recursos financeiros, materiais e recursos humanos.

- Regime de parceria para o acesso à moradia: o setor público é o facilitador no processo de regeneração, através de ações indiretas que estimulam o investimento privado e autodeterminação da população. Ao criar políticas de terra para facilitar o acesso a terrenos edificáveis; provisão de medidas financeiras, incentivos para o setor privado e garantir a posse da terra.

- Ajuste aos códigos e normas de construção: os códigos de construção e normas devem-se adaptar ao contexto, e garantir soluções de viabilidade económica, mas também respeitando as caraterísticas sociais e culturais. A estratégia deve ser suportada pela legislação definida pelo governo.

A regeneração Urbana é uma nova política urbana que procura a requalificação da cidade existente, desenvolvendo estratégias de intervenção múltiplas, associadas a um conjunto de ações coerentes e programadas, destinadas a potenciar os valores socioeconómicos, ambientais e funcionais de determinadas áreas urbanas, com a finalidade de elevar a qualidade de vida das populações residentes.

M.U.S.O.T Acácio Coelho Manuel 12 A conjugação de uma série de problemas urbanos nas últimas décadas exige, a quem planeia a cidade, a necessidade de encontrar modos de intervenção para contribuir para a sua resolução ou, pelo menos, para atenuar as consequências que daqueles resultam. Houve a necessidade de planear não pensando apenas no edificado, mas assumindo também como parte integrante do processo dos fatores económicos, sociais e ambientais. Parte-se também da ideia de que a valorização da prosperidade económica pode constituir uma poderosa ferramenta no sentido do bem-estar social e da melhoria das condições físicas.

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