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Ao trabalhar com a temática dos desastres naturais, mais precisamente com as inundações urbanas, há alguns conceitos fundamentais que merecem uma análise individual. Esses precisam ser definidos com clareza, uma vez que estão inteiramente ligados às metodologias envolventes no mapeamento dessas áreas.

Destarte, será realizada uma breve caracterização sobre os conceitos de suscetibilidade, vulnerabilidade, perigo e risco. Conforme salientado por Brito e Evers (2016), esses conceitos são de difícil caracterização, gerando, assim, uma confusão teórica. A partir desse fato, destaca- se a importância de haver essa diferenciação teórica.

Enfatiza-se que esses conceitos foram analisados de forma sucinta, assim sendo, caso houver o interesse de analisá-los com mais detalhes, sugere-se a busca pelo trabalho de Prina (2015)6.

6 Nesse espaço foram inseridas informação sintáticas sobre cada conceito, fazendo referência ao trabalho de Prina (2015), entretanto, destaca-se que vários outros autores foram utilizados como base para realizar a síntese teórica.

A ideia geral sobre suscetibilidade a ser admitida nesse trabalho é baseada em um levantamento topográfico planialtimétrico. Sendo que a área suscetível foi definida em função do tempo de recorrência dos eventos de inundações, com a temporariedade de 73 anos, período o qual é o auge da análise dos dados analisados na série histórica sintetizada no trabalho de Prina (2015), e que contempla o maior evento ocorrido no município de Jaguari, datado no ano de 1984.

Focado no descrito anteriormente, a conceituação básica do termo suscetibilidade, pode ser definida, como o local onde, de fato, há a incidência do evento, e, sua caracterização, depende exclusivamente da análise das particularidades de cada lugar. A partir do explicitado, houve a categorização booleana7 da área suscetível, evidenciando a área com propensão a

ocorrência de inundações, e a não suscetível.

O foco da definição da área suscetível não é a de indicar os locais com maiores ou menores propensões a ocorrência de inundações, mas sim delimitar uma área que servirá para detalhar o mapeamento da vulnerabilidade, do perigo, e, por consequência, do risco à inundação.

Outro conceito importante a ser destacado refere-se ao perigo à inundação. O entendimento desse conceito está atrelado a análise do tempo de retorno dos eventos, além de que os maiores adensamentos populacionais traduzem, também, uma maior periculosidade.

Ainda,

[...] o perigo será segmentado em três (3) classes, sendo que os locais com maior perigosidade serão os que unirem: a maior suscetibilidade (as menores cotas altimétricas do terreno), aos locais com maior tempo de recorrência das inundações (TR2, TR10, TR73), localizadas, exclusivamente, nos locais em que há, simultaneamente, a localização da população. Resumidamente, esta é a definição prática de perigo a ser adotada nesse trabalho (PRINA, 2015, p. 42-43).

Não obstante, pode-se destacar a questão imbricada às prováveis formas na qual o perigo à inundação pode ser minimizado. Destarte, deve-se explicitar que o gerenciamento do perigo está intimamente relacionado a retirada da população das áreas com maior recorrência de um evento.

A partir dessa questão, as áreas de perigo serão minimizadas, ou até mesmo excluídas, e como resultado, há uma nova delimitação da área de perigo. Ademais, a adoção de medidas mitigatórias, com a propagação de informações à população, acerca das inundações, é outra

7 A divisão booleana tem como objetivo dividir a área de estudo em duas partes; a área suscetível à inundação (onde já houve registros de, pelo menos, uma inundação) e a área não suscetível.

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medida eficiente. Com isso são evidenciadas as áreas com maiores perigos, e, por consequência, há a conscientização da população quanto as reais deficiências de um território frente a incidência de uma inundação.

O próximo conceito a ser retratado refere-se ao de vulnerabilidade à inundação. Para haver a caracterização desse termo junto ao descrito nessa tese, destaca-se que ele é entendido conforme a

[...] situação socioeconômica da população, sendo que serão utilizadas algumas características das moradias do local a fim de classificar as distintas segmentações da vulnerabilidade urbana. Com isso, serão analisados a densidade de residências na área urbana e características acerca dos padrões das residências, com foco ao tipo de construção (alvenaria, mista e madeira), ao acabamento da construção (básico, simples e alto), o número de andares da construção (térreo, 1 andar, mais que 2 andares) e o estado de conservação da construção (velha, mediana e nova), além de uma análise geral da área, por meio da cartografia da densidade de residências. Destaca-se que, com a análise particular das referidas características, há uma contextualização geral, das áreas mais e menos vulneráveis dispostas na área de estudo (PRINA, 2015, p. 45-46).

Ainda, destaca-se a questão imbricada às prováveis formas na qual a vulnerabilidade pode ser minimizada. Destarte, deve-se explicitar que a medida central a ser analisada perpassa pelo gerenciamento dessas áreas, com a adoção de medidas que propaguem resistência à população frente a incidência de inundações. Ademais, o auxílio do Estado às comunidades mais carentes, corrobora na minimização dessas áreas, uma vez que elas estão intimamente ligadas ao grau de pobreza da população.

Por fim, há o conceito de risco à inundação, o qual pode ser compreendido como a [...] união de dois planos de informação: a vulnerabilidade junto às áreas de perigo. Sendo que será utilizada a vulnerabilidade física, levando em consideração a espacialização das residências junto a sua densidade. Já o perigo será caracterizado por meio da suscetibilidade de ocorrência de inundação acrescida das áreas com distintos tempos de recorrência do evento correlacionando as áreas com ocupação urbana (PRINA, 2015, p. 51).

Com o foco de resumir todos os conceitos que estão interligados às inundações urbanas, a seguir, na Figura 5, há a apresentação de um esquema teórico sobre as principais questões que explicitam a análise da suscetibilidade, do perigo, da vulnerabilidade e do risco à inundação.

Figura 5 - Síntese teórica sobre as principais variáveis associadas às inundações urbanas.

Fonte: Organizado pelo autor.