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2. Deteção Remota

3.2 Métodos Utilizados

3.2.1 Conceitos Chaves Gerais

No que se refere aos aspetos básicos para a realização da fotointerpretação, podem-se mencionar alguns elementos de reconhecimento, sendo estes as características básicas que se

37 englobam essencialmente dentro de dez fatores: a tonalidade/cor, a forma, o padrão, a densidade, o declive, a textura, o tamanho, a sombra, a posição e as adjacências. Percebe-se que, em cada fotografia, existe a representação de centenas ou mais variações, com combinações infinitas, mas, para uma interpretação correta, nem sempre é necessária uma análise total destes elementos, mas sim de apenas alguns destes itens.

Tonalidade: A tonalidade está relacionada com o comportamento espectral das diferentes coberturas da superfície da terra, ou seja, refere-se à forma e intensidade com que a energia eletromagnética é refletida pelos objetos na superfície terrestre, numa determinada banda (Anderson, 1982).

Cor: Nas fotografias aéreas, as cores estão associadas ao tipo de filme utilizado, podendo apresentar quatro tipos: 1) Preto e Branco; 2) Colorido Normal; 3) Infravermelho Preto e Branco; e 4) Infravermelho colorido ou Falsa Cor

Os nossos olhos comumente estão mais habituados a visualizar filmes a cores do que em tons de cinza, por isso, nos dias atuais, as imagens mais utilizadas são em filmes coloridos. Como foi mencionado anteriormente, na tonalidade os objetos refletem quantidades diferentes de radiação eletromagnética, o que faz com que as imagens apresentem cores diferenciadas, ou seja, quando a vegetação reflete mais energia, esta é representada em tons mais intensos, enquanto as que não refletem tanta energia apresentam cores menos intensas, ou seja, mais escuras, sendo que estas cores podem diferenciar as intensidades na vegetação, assim como o seu estado (Anderson, 1982).

Como a superfície da terra apresenta uma grande diversidade de elementos, que vão desde o natural ao não natural, bem como uma integração na interação de ambos, a cor é um dos elementos que permite perceber estas mudanças. Podemos perceber que, nas fotos coloridas, o solo arenoso vai do branco ao vermelho, sendo que esta variação depende da cor real. Assim como a presença de rochas quando localizados em zonas verdes, são acinzentadas e o local onde se encontram inseridas apresenta uma vegetação mais baixa e solo mais esbranquiçado.

Forma: A forma presente numa fotografia aérea é a de uma vista aérea. A forma é definida pela geometria dos objetos, sendo um elemento que facilita o reconhecimento de alguns objetos na superfície da terra. Nas zonas urbanas a forma é um dos critérios que melhor a definem, devido à existência de ruas, avenidas, casas e outros que formam um reticulado bem definido.

38 Ns zonas rurais, podem-se mencionar as áreas cultivadas que se apresentam em formatos normalmente regulares. Ou outros elementos naturais, como os rios e/ou ribeiras, que podem ser estreitos, com ou sem curvas, ou serem largos, sendo que, nestes casos, graças às grandes dimensões numa imagem aérea, há uma maior probabilidade de ver claramente a água, enquanto que os riachos, córregos ou ribeirões, por vezes, é visível apenas uma fileira de mata de galeria, que indica a presença de água. Na figura 3 pode-se observar a forma que os riachos e as linhas de água apresentam numa imagem vertical.

Figura 3: Fotografia vertical colorida normal com a forma que os riachos e as zonas agrícola aparecem em

uma imagem. Nesta é percetível como estes elementos se apresentam na paisagem. (Moreira, s.d. p.10)

Tamanho: Encontra-se dependente da escala, pois o tamanho real do objeto é estabelecido em função do tamanho da sua imagem na fotografia aérea. Sendo que o tamanho do objeto é uma característica de extrema importância, pois ajuda a diferenciar os objetos presentes, é um critério de diferenciação. Um exemplo são as zonas de plantação, sendo que o tamanho e as formas geométricas que apresentam levam-nos a perceber o tipo de utilização do solo.

Padrão: É caracterizado pela união e/ou extensão das formas, sendo que existem diversos padrões, que podem ser utilizados pelos mais diversos especialistas, das mais diversas áreas. Alguns padrões são facilmente reconhecidos, como os aspetos presentes nas cidades onde se tem ruas retilíneas e axadrezado, ou rios e elementos de drenagem, sendo de grande importância elementos como os rios e ribeiros, pois estes apresentam características muito específicas sobre o terreno a ser analisado (Anderson, 1982).

39 padrões aparecem; um exemplo pode ser visto na densidade de um leito de drenagem onde esta pode ser espessa, média ou densa. O mesmo se pode aplicar para qualquer elemento presente numa fotografia aérea, como as casas numa cidade, que podem variar de uma região para a outra. Para quantificar este aspeto, pode ser realizado um cálculo, onde se analisam as medidas das imagens em quadrados, levando sempre em conta a escala da mesma.

Declive: Refere-se à característica que pode variar em intensidade, sendo também o único elemento totalmente dependente da estereoscopia. Uma foto pode ter, ao mesmo tempo, densidade e declive (Anderson, 1982); por exemplo, uma rede de drenagem pode ter um padrão de densidade média e possuir um declive de 20m por Km.

Textura: A textura fotográfica dos objetos é muito influenciada pela escala, Anderson, (Anderson, 1982) apresenta o exemplo de, numa escala de 1:100.000, a textura de uma floresta pode ser caracterizada como fina, mas quando se aumenta esta para uma escala de 1: 20.000, a mesma região aparece com uma textura grosseira e, quanto mais próximo do solo, mais objetos concretos se podem visualizar, sendo melhor, nestes casos, não se falar em textura, mas sim em densidade, pois os elementos como casas, árvores e outros, podem ser visualizados. Às vezes, não se consegue ver objetos como as árvores nas fotografias aéreas, sendo, desse modo, caracterizada a textura (que pode ser definida de diversas formas), desde muito grosseira a super fina, áspera ou aveludada, para mostrar qualitativamente a textura.

Sombra: Uma das grandes utilidades das sombras é a impressão de relevo que elas proporcionam. Assim, a sombra de um objeto pode proporcionar um grande valor para a fotointerpretação, dependendo da área de atuação, pois fornece impressão da altura do objeto assim como a sua identificação.

As sombras estão fortemente relacionadas com a hora do dia em que a foto foi tirada, a latitude e a luminosidade do dia. Sendo que, em dias nublados ou com muitas nuvens, estas são evitadas, pois as sombras das nuvens atrapalham o trabalho de fotointerpretação, pois, em alguns casos, podem vir a interferir com a presença de outros objetos. Um exemplo que pode ser mencionado é que, quando existe a presença de dólmens próximos a árvores, arbustos ou elementos de maior altura que este, se houver sombra, pode vir a causar uma mancha escura em cima deste monumento, impedindo assim a sua visibilidade, causando consequentemente uma difícil visualização do local.

40 elemento inviável, em algumas situações.

Posição: Refere-se a posição geográfica ou regional, e ao conhecimento existente sobre uma região. Este conhecimento permite interpretar e entender aspetos presentes em uma paisagem como o clima, os tipos de árvores, influências humanas e outros. Pois dependendo do tipo de clima ou localização no globo, sabemos que tipo de vegetação ou uso do solo é mais propício existir.

Adjacências: É a convergência de evidências, onde se pode realizar a combinação de várias interpretações isoladamente, por vezes simples, mas que, em conjunto, ajudam na interpretação final.

As chaves de interpretação funcionam como uma espécie de guia que ajuda os intérpretes a identificar rapidamente as características existentes na imagem. As chaves são baseadas em descrições e ilustrações de objetos, que se encontram integrados numa determinada categoria, como as árvores, as rochas, os rios, as casas, entre outros, tendo sido acima apresentados os conceitos gerais e já definidos do que se encontra presente e que deve ser analisado numa imagem.

Para a criação de chaves de sítios específicos, é realizada uma junção de informações de uma mesma classe, para perceber como estas se apresentam na superfície da terra. Para a determinação do tipo de chave e para o método de apreciação desta, deve-se ter em conta três fatores: A) O número de objetos analisados, B). As condições para o reconhecimento destes e C) A variação identificada dentro da classe. Uma estrutura antrópica apresenta formas geométricas que acabam por marcar o terreno, como casas, vilas, muralhas, prédios, estradas, pontes, entre outras. Estas também são bem visualizadas porque apresentam formas conhecidas, pois estão sempre presentes no quotidiano. Por outro lado, os elementos ligados à vegetação natural e às formas da terra, assim como estruturas que não apresentam formas literalmente geométricas e plantas muito variadas, acabam ocasionando uma maior dificuldade para a visualização, interpretação e criação de chaves.

De um modo geral, esta é uma atividade desenvolvida inicialmente pelo reconhecimento e identificação dos elementos desejados para a visualização. Este campo engloba uma análise geral da paisagem realizando uma integração da informação que aparece de forma dispersa. A análise dos sítios é o segundo passo, devendo, a partir de então, os objetos

41 selecionados serem relacionados com toda a composição que a imagem integra (Anderson, 1982).

Os passos seguintes são a dedução e a interpretação, sendo o primeiro a parte mais complexa, pois deduzir algo implica apenas o conhecimento que detemos da área intervencionada, sendo um modelo maioritariamente empírico; a esta etapa deve seguir-se a interpretação, onde se deve identificar e descrever o local para que se possa conduzir para a fase final que é a classificação e idealização do local encontrado. Sendo, a partir daqui as informações inseridas e armazenadas para a posteridade.