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2.9 Síntese Conceitual

2.9.1 Os conceitos

a) O Paradigma Organizacional Baseado na Informação

Em primeiro lugar, assume-se o novo paradigma organizacional competitivo, abordado no item 2.8.1 (p.13), como o cenário da realidade atual. É da perspectiva desse ambiente competitivo que surge a necessidade de uma atuação das organizações baseada em inteligência competitiva, cujo insumo básico é a informação.

O entendimento deste trabalho para o conceito de inteligência apoia-se na hierarquização de dado-informação-conhecimento proposta por Vieira (1993) e por Davenport (1998). O posicionamento desse conceito está representado na Figura 15 (p.79) e explicitado a seguir.

Figura 15 - O Conceito de Inteligência na Hierarquização: Dado-Informação-Conhecimento

DADO - é bruto sem contextualização

INFORMAÇÃO - é contextualizada

CONHECIMENTO - é a informação processada no interior do indivíduo ou na organização.

Esse processamento se dá de acordo com a bagagem já existente. O valor agregado à informação depende do conhecimento anterior de quem a assimilou. Neste sentido, a informação se transforma em novo conhecimento.

INTELIGÊNCIA - é o processo de relacionamento analítico de informações, que gera

conhecimento para tomada de decisão. O conhecimento adquirido pode impactar na estratégia de atuação. Para ilustrar, é interessante reproduzir o exemplo de Barroso & Gomes (1999):

“Suponhamos que, um gerente de supermercado olhasse os dados de uma pesquisa dos ítens mais comumente encontrados juntos nos carrinhos, e nela encontrasse a informação, que fraldas e cervejas aparecem com altíssima porcentagem de coincidência. Consequentemente, ele adquiriu conhecimento (que servirá de suporte para a ação), que mudar a posição das cervejas de maior margens de venda para perto das fraldas irá, provavelmente, aumentar os lucros.” (Barroso & Gomes,1999,p.150)

TOMADA DE DECISÃO - Acontece a partir do conhecimento, que ocorre depois do

seguinte processo: (ilustração na figura 16, p. 81)

- informações externas analisadas que geram um conhecimento externo, aliado a

DADO INFORMAÇÃO CONHECIMENTO

- informações internas analisadas que geram um conhecimento interno;

- os dois conhecimentos analisados geram a tomada de decisão em nível organizacional.

b) Gestão da Informação e Não Gestão do Conhecimento

Portanto, informação não é conhecimento, é parte dele. Neste ponto, é preciso esclarecer que gestão da informação não é gestão do conhecimento. Gerenciar a informação não significa que ela produzirá conhecimento.

A gestão do conhecimento é considerada essencial, atualmente. Ela vem da necessidade de que a organização saiba sobre os seus “saberes” de forma registrada, o que implica também na captação do conhecimento tácito individual. Essa captação, o armazenamento ou registro organizado em máquina, que torna o conhecimento acessível é o que se entende aqui por gestão do conhecimento. Esse processo, no entender desta pesquisa, não está suficientemente sistematizado, pelo que se apreende da literatura consultada.

Dessa forma, a vantagem competitiva vai além da gestão da informação, devendo considerar a gestão do conhecimento. Entende-se, aqui, a gestão da informação como a base para a gestão do conhecimento.

Portanto, nesta pesquisa estamos utilizando o conceito de gestão da informação focada no fluxo de informação externa.

c) Inteligência Competitiva como Parte do Processo de Inteligência

Organizacional

Entende-se o processo de inteligência competitiva, que é o foco nas informações do meio ambiente externo, como parte do processo de inteligência organizacional, a partir de uma visão de gestão estratégica. A representação desse processo está na figura 16, p. 81.

81 Foco da Tese

Identificação das

Necessidades de

Informação

Formalização da

Estratégia de Atuação

ANÁLISE

ORGANIZACIONAL

Processo de

Inteligência Competitiva

Foco no

Ambiente Externo

Coleta/

Monitoramento

ANÁLISE

Conhecimento

Interno

ANÁLISE

Tomada de

Decisão

Conhecimento

Externo

ANÁLISE

Informação

Ambiente

Interno

Identificação

das Fontes

Para explicar a figura acima, utiliza-se a visão de Tyson (1998) como ponto de partida, que indica que inteligência competitiva é análise do princípio ao fim, num processo que envolve coleta de informação sobre competidores, consumidores, fornecedores, possíveis concorrentes, possíveis associações e alianças estratégicas. Enfim, esse autor considera, virtualmente, toda e qualquer entidade e evento no meio ambiente externo da organização. Essa consideração está estreitamente vinculada à gestão estratégica.

No entanto, o processo de análise do princípio ao fim entendido aqui, é anterior ao processo de coleta da informação, ou seja:

1º - análise organizacional - a organização precisa responder de maneira formalizada as seguintes perguntas: quem somos? o que fazemos? qual é o nosso negócio? A partir deste ponto, formaliza-se a estratégia de atuação;

2º - análise – qual é o ambiente externo? Isto significa a identificação dos elementos externos que podem impactar a organização. Esse é um processo de análise fundamental para a definição das necessidades de informação externa, e é pouco referenciado, relembrando Herring (1999);

3º- a partir da resposta do 2º passo, ou seja, identificar as necessidades de informação externa, identifica-se as fontes de informação externas – e neste caso, na Internet;

4º - monitoramento permanente das fontes, sem o que não há inteligência competitiva; (Esta

pesquisa vai até este ponto)

5º- análise das informações externas – o resultado dessa análise é um conhecimento sobre o ambiente externo

6º- Esse conhecimento externo vai entrar em um novo processo de análise, aliado ao conhecimento interno, que leva a uma tomada de decisão que provavelmente impactará na estratégia de atuação, formando, dessa forma, um novo conhecimento.

Portanto, a inteligência organizacional é um ciclo de análises que leva ao conhecimento para a tomada de decisão, o que pode implicar na mudança total de estratégia ou, mesmo, na redefinição dos negócios da organização.

d) A Internet

A Internet é o novo ambiente para o qual estão migrando quase todas as atividades humanas. Por isso, presume-se que grande parte das informações necessárias à organização estão disponíveis na rede. Portanto, é um ambiente de informação cuja utilização leva à vantagem competitiva, já que as informações, grande parte, estão disponíveis gratuitamente.

É corrente a afirmação na literatura que cerca de 90% das informações necessárias para um processo de inteligência competitiva estão disponíveis publicamente. Entende-se aqui que a Internet é um meio a mais, que vem reforçar essa declaração.

e) O Conceito de Competitividade

Considera-se necessário, aqui, reforçar o entendimento desta pesquisa com relação ao conceito de competitividade, já que este item é uma síntese dos conceitos que permeiam o trabalho:

Já foi afirmado que o cerne do novo paradigma organizacional é a competitividade.

O ser competitivo entendido, aqui, é a habilidade estratégica que todos devem adquirir, do indivíduo às organizações pequenas, médias ou grandes, de se manter “alerta”, sempre atualizado, ou dentro do “estado da arte” da sua ocupação, portanto, num processo de monitoramento permanente.

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