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Santos (2011) entende o território como fundamento do trabalho; o lugar da residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida. O território usado é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. Território é o lugar em que desembocam todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem plenamente se realiza a partir das manifestações da sua existência. Mas ele também percebe que o conteúdo do território mudou com a globalização, seja o conteúdo demográfico, o econômico, o fiscal, o financeiro, o político. O conteúdo de cada fração do território muda rapidamente. A presença das empresas globais no território é um fator de desorganização, de desagregação, já que elas impõem cegamente uma multidão de nexos que são do interesse próprio, e quanto ao resto do ambiente nexos que refletem as suas necessidades individualistas, particularistas. Desse modo, Santos aponta para a territorialidade

como sendo a síntese do território que se manifesta como uma das dimensões fundamentais da sociedade.

Haesbaert (2011) por sua vez, amplia criticamente o conceito de território para além das bases materiais. Ele se utiliza do binômio; materialismo-idealismo e a perspectiva integradora de território; espaço-tempo, onde o indivíduo está historicamente circunscrito a determinado grupo social e espaço geográfico.

Desde a década de 1960 o debate sobre o território e a territorialidade humana já acontecia nos debate das ciências sociais. Da sociologia, da geografia, da antropologia, da história, da ciência política, e da psicologia. O diálogo com essas áreas amplia nosso conceito de território.

Território e territorialidade dizem respeito à espacialidade humana, cada uma com enfoque centrado em uma determinada perspectiva. O geógrafo enfatiza a materialidade do território em suas múltiplas dimensões; a ciência política enfatiza sua construção a partir de relações de poder; a economia enfatiza mais a noção de espaço que território, percebe o território como uma das bases da força produtiva; a antropologia enfatiza a dimensão simbólica do território; a sociologia enfatiza as relações sociais em sentido amplo; a psicologia enfatiza o território na construção da subjetividade (HAESBAERT, 2011, p. 37).

Haesbaert (2011) amplia criticamente o conceito de território para além das bases materiais. Ele se utiliza do binômio materialismo-idealismo e da perspectiva integradora de território e também do espaço-tempo, onde o indivíduo está historicamente circunscrito a determinado grupo social e em um espaço geográfico.

Haesbaert (2011) sintetiza o território em quatro vertentes: primeiro, pela vertente política, considera o território como um espaço controlado e delimitado. Em segundo plano apresenta a vertente cultural que considera o território como produto da apropriação simbólica de um grupo. Em terceiro lugar apresenta a vertente econômica onde o território é mostrado como fonte de recursos. Por último, considera a vertente natural, onde o comportamento natural dos indivíduos está ligado á determinado território.

Apontando para uma perspectiva mais integradora do território Haesbaert (2011) considera o território como um espaço que não pode ser considerado nem estritamente político, nem unicamente cultural ou econômico, tampouco unicamente natural. Atualmente é muito difícil encontrarmos um espaço que seja capaz de integrar de forma coesa a multiplicidade das dimensões do território. Talvez seja por isso, que alguns utilizam a noção de espacialidade no lugar de território. A espacialidade aqui entendida como sendo a experiência total dos indivíduos. Desse modo, é necessário admitir a ideia de múltiplos territórios, que é uma nova maneira para entendermos o território de uma forma articulada e integradora. Múltiplos territórios é definido por Haesbaert como sendo uma perspectiva inovadora, com sentido concreto e simbólico. No sentido concreto tem a ver com a dominação e o poder; no sentido simbólico tem a ver com a apropriação, isto é, carregado das marcas do vivido.

Três perspectivas de território são priorizadas por Haesbaert (2011): destaca primeiramente a perspectiva tradicional que é visto como relação de poder para controlar fluxos de pessoas e bens. Na perspectiva de território como rede, o autor considera o território de forma descontínua, porém conectado e articulado entre si. Por último, destaca a perspectiva de territórios múltiplos por causa das múltiplas relações vividas dentro de um mesmo território que são também diversas e complexas.

A territorialidade também é entendida como inerente da condição humana dentro de um processo histórico. A territorialidade segundo Haesbaert (2011) pode ser assumida como sendo a noção mais limitada do território. É uma estratégia para atingir, influenciar ou controlar recursos e pessoas, pelo controle de uma determinada área, e que está associada ao modo como as pessoas lidam com a própria terra, como se organizam no espaço, e o significado que dão para o território. A territorialidade é assim entendida, coo sendo um conjunto de relações estabelecidas pela humanidade enquanto parte de determinada sociedade.

Haesbaert (2011) considera a territorialidade dominante, chamado de Estado Nação, que passa também por conflitos. Isso porque nossas ações estão sendo regidas mais pelas imagens e representações que fazemos do que pela realidade

material que nos envolve diariamente. A nossa vida parece estar envolvida em uma mobilidade constante, que o autor afirma ser muito concreto e simbólico.

O entendimento da territorialidade em Haesbaert (2011) passa assim, por uma estratégia espacial para atingir, influenciar e controlar, mas que pode também ser ativada ou não, dependendo do uso que faz dela. De quem está influenciando e controlando o território.